Açoite
Sou filho da noite
Órfão na madrugada
Resumo do açoite
Alma massacrada
Seguindo o caminho das águas na sarjeta
E na sarjeta sendo atirado
Produto de um mundo revoltado
Um barquinho à deriva
Alma que talvez nunca mais viva
Sem velas, sem leme
Mutilado
E mesmo assim atravessando esquinas
Desviando o curso
Escapando dos bueiros
Resistindo aos dejetos dos banheiros
Em cada três afundadas a tentativa da subida
E mesmo na superfície
Não serei livre da imundice
De ser náufrago nesta sociedade
Que dá votos de confiança à maldade
E condena o cidadão
Fazer o que se somos reféns?
Desta hipocrisia que vai e vem
Deixando-nos do lado oposto ao da razão