Açoite

Sou filho da noite

Órfão na madrugada

Resumo do açoite

Alma massacrada

Seguindo o caminho das águas na sarjeta

E na sarjeta sendo atirado

Produto de um mundo revoltado

Um barquinho à deriva

Alma que talvez nunca mais viva

Sem velas, sem leme

Mutilado

E mesmo assim atravessando esquinas

Desviando o curso

Escapando dos bueiros

Resistindo aos dejetos dos banheiros

Em cada três afundadas a tentativa da subida

E mesmo na superfície

Não serei livre da imundice

De ser náufrago nesta sociedade

Que dá votos de confiança à maldade

E condena o cidadão

Fazer o que se somos reféns?

Desta hipocrisia que vai e vem

Deixando-nos do lado oposto ao da razão

Sandraiky
Enviado por Sandraiky em 04/03/2009
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