VAQUEIRO

Êh, vaqueiro do meu sertão...

Em dias tropicais... Chove,

Não chora, se chove, não molha,

Se molha, não da p’ra perceber.

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Meu sertão é de vaquejada...

E de dor no coração; ai, meu sertão.

Meu sertão de madrugada...

Os sonhos de um novo chão.

Ai, meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Os tropeiros na cavalgada,

Tocand’o gado pelo sertão...

Embrenhando-se dentro da mata

E derramando suor no chão.

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Toca o berrante, êh, vaqueiro!...

Conduzindo o vacum, a boiada,

Com seu semblante guerreiro,

No trote árduo dessa jornada.

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Caminhando pelo cerrado,

Arrastando botas pelo chão;

Segurando em seu cajado...

Vai rimando esta canção.

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Aboio a boiada, êh, boi, êhhhh, boi...

Apeia desse galope, êhhhh, vaqueiro!

Arrei’o carro de bois, êhhhhhh, boi...

Êhhhhh, boi, êhhhhh, boi, boiadeiro.

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Violeiro trov’a viola

Nas noites claras de luar...

Cantando repente e moda

No choro triste o seu cantar.

Não chores não,

No meu sertão

Não chove não;

No meu sertão...

E, quando é chegada a hora...

Vaqueiro bravo do sertão!...

Nos dias que o sol assola,

Manobra o gado neste refrão...

No meu sertão

Não chove não,

No meu sertão

Não chove não...

Paulo Costa

1976.

Pacco
Enviado por Pacco em 11/02/2009
Reeditado em 06/10/2011
Código do texto: T1433085
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