VAQUEIRO
Êh, vaqueiro do meu sertão...
Em dias tropicais... Chove,
Não chora, se chove, não molha,
Se molha, não da p’ra perceber.
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Meu sertão é de vaquejada...
E de dor no coração; ai, meu sertão.
Meu sertão de madrugada...
Os sonhos de um novo chão.
Ai, meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Os tropeiros na cavalgada,
Tocand’o gado pelo sertão...
Embrenhando-se dentro da mata
E derramando suor no chão.
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Toca o berrante, êh, vaqueiro!...
Conduzindo o vacum, a boiada,
Com seu semblante guerreiro,
No trote árduo dessa jornada.
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Caminhando pelo cerrado,
Arrastando botas pelo chão;
Segurando em seu cajado...
Vai rimando esta canção.
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Aboio a boiada, êh, boi, êhhhh, boi...
Apeia desse galope, êhhhh, vaqueiro!
Arrei’o carro de bois, êhhhhhh, boi...
Êhhhhh, boi, êhhhhh, boi, boiadeiro.
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Violeiro trov’a viola
Nas noites claras de luar...
Cantando repente e moda
No choro triste o seu cantar.
Não chores não,
No meu sertão
Não chove não;
No meu sertão...
E, quando é chegada a hora...
Vaqueiro bravo do sertão!...
Nos dias que o sol assola,
Manobra o gado neste refrão...
No meu sertão
Não chove não,
No meu sertão
Não chove não...
Paulo Costa
1976.