Rock das Metáforas
Do translado poético
Dois mutilados dão-se inteiros
Cobrem seus vazios
Personificam a felicidade
Sem o estrabismo dos abismos
O lirismo de alma limpa
Voa na pureza de quem lê
E na bondade do que vê
Dá-se adeus aos chavões e preconceitos
Dos que são reféns dos escritos
Delícia dos leitores e dos críticos
Tudo está por trás do olhar...
A aposta das escritas
Germina na alma generosa
De quem consegue ir além
Da emoção que as palavras bordam
Sentimentos transbordam
Pelo tormento dos eternos amadores
Entre a linha tecida pela emoção
E a sintonia da oração
Como se fosse junto algo bendito
Na temperatura que o sol aquece
No calor que o frio pede como rito
Na terra arada sob a chuva que caiu
O frescor do vento resfria os lamentos
Assopra a brisa e no chão deita a semente
O orvalho faz amor com a madrugada
A água lambe as calçadas
Junto à sombra que encobre a solidão...
O doce do mel escorrido
Esgota a lesão do peito ferido
E a gota selvagem mata a sede da folhagem
Num sopro de vida que adia sua morte vadia
O estampido do amor bandido
Dá ao luar sua devida imersão
Engolindo envergonhado lágrimas em comunhão
Como a última maneira de metralhar a dor...
No refúgio de um dia cansado
O cheiro da lástima no travesseiro
O tormento de um amor inventado
Verte o suor da febre no pano passado
O anseio dos coitados
No devaneio do não desengano
Os equívocos sustentados no querer
Come a fúria inerte represada do prazer
Estanca-se a poesia na raiz
Brota um duelo de inatingível ebulição
Onde os sentimentos deitam sua cota
Nos braços da inalcançável sedução...
Dueto: Enise & Hilde
Veja o poema em vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=VK-P5_pMNqw