Cine Largo
E sigo meu caminho tão atento ao som de um blues,
Em ruas tão estreitas que me levam a pensar,
Se já estou cercado de vontades, é um convite, sim.
Tão cheio de sarcasmo, sigo rindo, hoje vou gozar.
E já a meia-noite o esperado vira um cinema,
Um trash, ou lado B tomado de erotismo e terror,
A crua realidade; vou vivendo e logo me envenena,
O lado underground da cidade tem o melhor sabor.
Os melhores momentos que observo tão aleatórios,
Vendo brigas de ruas ou senhoritas a se oferecer,
Os bares sempre abertos e a cerveja um preço amigável,
O instinto despertando fazendo o monstro aparecer.
Olhando para todas, tenho escolha mesmo embriagado,
Os trocos que me restam são tomados em troca de favores,
Não! Não!
Jogado a parede, tão excitado, eu sou como um brinquedo,
Filmando aquela cena, tão expressivo, viro um ator.
Exausto e relaxado um sorriso escapa tão sem graça,
Completo o serviço, ela se retira lentamente,
Jogado pelo chão, tenho dificuldade ao levantar,
Seguindo meu caminho, ao som de um blues, vivendo um passo a frente.