Maria, José, de Jesus
Quem falava de Maria
Com certeza não sabia
Se Maria vinha, se Maria ia
E a própria Maria
Também não sabia
Da sua vida não sabia
E aquele morro subia e descia
Tristeza, pobreza, mas que agonia
Sofrida era a vida da bela Maria
Maria sonhava de noite
Sonhava de dia
O rosto marcado pelo dia-a-dia
Mas tinha esperança
De tudo mudar
Trem cheio e muito cansaço
Faxina fazia
Na volta pra casa
O sono batia
Dormia no trem
Pra poder descansar
Um dia descendo o morro
Já na luz do dia
Maria cantava, Maria sorria
E tinha motivos pra comemorar
Os olhos brilhavam
O coração forte batia
José era o nome daquela alegria
Finalmente Maria parou de chorar
Quem falava de Maria. . .
Desse grande amor
Veio o filho que tanto queria
José de Jesus, o nome escolhia
Pra ele um futuro
Sem dor e sem cruz
José, carpinteiro
Em biscate, grana conseguia
Comprou logo um berço
E com euforia
Esperava chegar
O seu, José de Jesus
Mas foi num domingo
E a policia chegava de cheio
Ocupando o morro, teve tiroteio
E Maria nem teve tempo de percorrer
Mesmo sem querer
Encontrou uma bala perdida
E por causa dela
Perdeu sua vida
E José de Jesus
Nem chegou a nascer.