O CANTADOR
Bom dia povo da minha terra, eu nasci detrás da serra,
escutando os passarinhos me tornei um cantador...
E com lascas de madeira e o choro da seringueira
fiz as curvas da viola onde navego o meu amor...
oh meu amor...
Cantei na roça e na cidade pro prefeito e o santo padre,
pra quem tarde deita e cedo acorda pra plantar a flor;
quem me vê lembra a cigarra, é que o sonho me agarra,
com as estrelas lá do alto fiz meu cobertor...
oh meu amor...
Vem cá, vem cá cantar, descansa um pouco na varanda
que essa vida doida anda, é preciso consertar
pra não parar a carroça do futuro,
ainda ontem sobre o muro
o menino a perguntar...
De que jeito o peão roda, se depende só da corda
que a gente tem que puxar...
O que é que eu vou dizer se o dito fica por não dito,
e o Benedito diz que o grito que o boi berra lá serra
ainda se escuta...
Vá buscar uma lasca e faça uma viola
pra cantar o mais que possa antes do mundo se acabar...
Eh boi...
Preto Moreno