Um Caso pra Sherlock
Troquei todo o meu armário
Gastei todo o meu salário
Modifiquei meu cenário
Pelo mundo caminhei
Apostei na minha sorte
Acionei meu lado forte
Aprofundei meus decotes
O meu pudor subornei
Pesquisei no Planetário
Falei com gênios e otários
Usei guias, dicionários...
Nossa, como eu procurei!
Conversei com Afrodite
Ela me deu uns palpites
Bolei festas, piqueniques
e mesmo assim não achei.
Já nem sei mais que miragem,
que licor, que flor, viagem,
que magia, que massagem,
o que usar e dizer.
Esse tal de amor, menina,
é como o Mapa da Mina,
o velho ET de Varginha,
a alpina flor de um rei.
Alguém já me deu um toque:
- Achar depende de sorte,
é um caso pra Sherlock.
Mas nisso eu nem me liguei.
Pode ser uma bobagem,
uma cena de filmagem,
no espelho uma imagem,
um delírio que eu sonhei.
Pode estar no Everest,
num abismo, no agreste,
nas mãos de um extraterrestre
ou nas terras-do-não-sei,
que essa procura não morre.
Dessa espera tomo um porre
Essa dor me mata aos goles
Esse mal me dá prazer.