TEREZINHA
I
O primeiro me chegou,
como quem vem do analista.
Trouxe bolas controladas
e histórias de alcoolistas.
Me contou dos seus delírios
e as amnésias que ele tinha.
Me mostrou sua barriga,
e a cirrose aparecia!
Me encontrou já tão chapada,
que fui lambida por um cão.
Mas não me sobrava nada.
Indignada, eu disse não!
II
O segundo me chegou,
já pensando em parar.
Trouxe um barril de chopp,
tão quente de fermentar.
Procurou um anti-ácido;
vomitou toda bebida.
Resolveu se converter.
Resolveu me dá uma bíblia.
Me encontrou já embriagada,
que eu orava com um “limão”.
Mas o cara só rezava.
Com sede, eu disse não!
III
O terceiro me chegou,
como para me internar.
Com o bafo de tequila,
nem tentou me aliciar.
Deu-me um trago do seu éter,
entendi o que ele quiz.
Ele estava meio alto.
Mas eu juro, fui feliz!
Me amparou em seu abraço
e antes que eu dissesse não,
vasculhou em mim à veia...
Pedi mais um “mata-leão”!
*PARÓDIA DA MÚSICA “TERESINHA” DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA.
(RODRIGO DE PINTO)