PEDAÇOS DA MINHA VIDA

(HOMENAGEM AO GRANDE VAQUEIRO JOÃO DE LILI, NO POVOADO SÃO BENTO).

NO TEMPO DA MOCIDADE

EU VIVI UM BOM MOMENTO

NA FAZENDA DA SAUDADE

QUE NÃO SAI DO PENSAMENTO.

PULSA FORTE O CORAÇÃO

QUANDO VEM A RECORDAÇÃO

DO MEU QUERIDO SERTÃO

MINHA TERRA, MEU SÃO BENTO.

DA MINHA VIDA DE VAQUEIRO

EU TENHO MUITA LEMBRANÇA

EU DORMIA NUM BAIXEIRO

TODO CHEIO DE ESPERANÇA.

ENFRENTAVA A MADRUGADA

COM MEU PAI E A PEONADA

APRENDI A TOCAR BOIADA

QUANDO AINDA ERA CRIANÇA.

NESTE TEMPO JÁ PASSADO

ERA BOM DE SE VIVER

PAI E MÃE AO NOSSO LADO

NOS ENCHIAM DE PRAZER.

TUDO HOJE É SÓ LEMBRANÇA

ACABOU-SE A ESPERANÇA

DESSE TEMPO TÃO CRIANÇA

EU JAMAIS VOU ESQUECER.

TUDO TRAZ RECORDAÇÃO

NO RECANTO DO PASSADO

O TEMPO DE SÃO JOÃO

ERA BEM COMEMORADO.

PAI JUNTAVA A FILHARADA

LÁ NA FRENTE DA CALÇADA

UMA FOGUEIRA ERA QUEIMADA

SOB O CÉU TÃO ESTRELADO.

É GRANDE A RECORDAÇÃO

DA MINHA TERRA NATAL

LA DO VELHO CASARÃO

SÓ EXISTE UM SINAL.

POR ALI MEU BOM VAQUEIRO

O MEU PAI, MEU COMPANHEIRO

TINHA OVELHAS NO CHIQUEIRO

E MUITO GADO NO CURRAL.

NOSSO QUERIDO LILI

UM VELHO DE TRADIÇÃO

FOI COM ELE QUE CRESCI

COMO HOMEM E BOM CRISTÃO.

COM ESTE VELHO NO PASSADO

EU ANDAVA LADO A LADO

APRENDI A FERRAR GADO

E TAMBÉM SER BOM PEÃO.

NOS SERVIÇOS LA DA ROÇA

COM OS IRMÃOS A TRABALHAR

NOSSA MÃE LA DA PALHOÇA

CHAMAVA-NOS PRA ALMOÇAR.

POR AQUELE SOL BEM QUENTE

PAI CANTAVA ALEGREMENTE

BETO CORRIA NA FRENTE

ERA O PRIMEIRO A CHEGAR.

JUNTO COM OS EMPREGADOS

NA MESA A GENTE SE REUNIA

APESAR DE BEM CANSADOS

TUDO ERA FESTA E ALEGRIA.

PAI TIRAVA O SEU GIBÃO

E NUM GESTO DE GRATIDÃO

REZAVA UMA ORAÇÃO

E O ALMOÇO MÃE NOS SERVIA.

NA MINHA CASA EU TINHA ESTUDO

TINHA PAZ E TINHA AMOR

COM MINHA MÃE EU TINHA TUDO

E MEU PAI ERA UM PROFESSOR.

ERA UMA CASA CHEIA DE POBREZA

MAS EU VIVIA NA RIQUEZA

POIS O PÃO EM NOSSA MESA

NESTE TEMPO JAMAIS FALTOU.

OS MEUS PAIS JÁ FORAM EMBORA

DESTA CASA DE BONDADE

ESTÃO COM NOSSA SENHORA

NO REINO DA ETERNIDADE.

DEIXARAM-NOS UMA LIÇÃO

DE AMOR E UNIÃO

E PRA CADA UM IRMÃO

DEIXOU UM FARDO DE SAUDADE.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 06/11/2008
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