NOVELA

Preciso dizer que não gosto de novela

Portanto não quero que não me queira

sem eu saber se você me quer

Eu não quero final feliz

nem ficar triste por ter outra mulher

Só quero que nada termine

e que a gente comece a nossa eternidade, rapaz...

Não é assim que se chamam

aqui na Bahia

as meninas e os marmanjões?

Pela delicadeza do seu dedo

que me parece tão estranho quanto sua voz

e seu cabelo que volta e meia muda de cor

Um horror é ser vilão nessa estória

Preciso dizer que é tudo baboseira

o que dizem sobre a revolução dos contrários

e sobre o amor ser o seu inverso

e sobre algo no Brasil

além de verão úmido e secura de inverno

E o inferno, meu amor, são os outros

que não entendem o quanto sou céu.

E de manhã acordo com gosto

de matemática na boca

Que tortura, eu preciso a ver e cantar

E dizer mais uma vez que nada há

Que da minha boca saia a teus ouvidos

Senão o que digo a terceiros pra te impressionar