COMA

O fim é o começo de tudo

O caminho é longo e escuro

A chuva castiga meu corpo nu

Meu rosto sem expressão

Indica que a loucura não mais me quer.

Todas as formas de vida

Me foram roubadas

Não encontro indícios

De voltar à realidade

O medo toma forma de risadas

Que ecoam por toda parte dessa desolada paisagem

Que destino obscuro escolhi...

Minhas mãos debilitadas tremem

Quando caio no chão

Grito sem voz

E a risada torna-se gargalhada

Esse castigo não foi feito para mim

Esse inferno que me encontro

Não é meu

Tento me levantar

Enquanto a dor percorre meus ossos

Ao longe um vulto acompanha meus passos

Sem perceber perpetuo o que me foi designado

Caminho para encarar a morte

A cada passo sinto-me revigorar

Sinto a força voltar ao meu corpo.

A risada que atormentava meus ouvidos

Tornou-se uma sinfonia

A chuva que teimava cair cessou

E o sol novamente brilhou

O vulto da morte que pensei que iria me levar

Abriu-me as portas da vida para eu voltar

Devagar abri os olhos

Ouvindo distante o som ritmado dos equipamentos

Com a visão ainda turva

Procurava descobrir onde eu estava

E por um minuto me permiti sorrir

A vida novamente

Brilhou para mim.