Na sua chama
Uma tristeza daquelas
Me aconteceu de repente
Veio entre outras mazelas
Uma saudade doente
A envolver-me num pranto
Que a muito tempo
Eu guardava
Por sorte estava sozinho
E ninguém viu que eu chorava;
Exorcisei a tristeza
Que no meu peito doia
Juntei com a minha saudade
Queimei com álcool e poesia,
Um pranto descompassado
Manchava a fotografia
Na qual em versos quebrados
Narrava a minha agonia;
Eu fiz um verso espremido
No canto do seu retrato
eu dei um grito escondido
Na solidão do meu quarto
Fiz uma festa com o drama
Do jeito que sempre faço;
Tomei um porre de brahma
Em homenagem ao espaço
Que guardo na minha cama
E à tatuagem do braço
Marcado na sua chama
Preso pra sempre em seu laço.
Autores: Vander Dunguel e São Beto