A "MORTE" DO BOI NEGUINHO

A “MORTE” DO BOI NEGUINHO

Eduardo Mendonça

Intérpretes: Guel e Lívia

SOU FILHO DO INTERIOR, DO NORDESTE BRASILEIRO.

FUI UM GRANDE PROFESSOR NA PROFISSÃO DE CARREIRO

ANDEI POR TODO O SERTÃO COM UM SÁBIO BOI PANTANEIRO

EU AJUDEI DIVULGAR, MEU POVOADO BARREIRO.

SEM VAIDADE EU CONFESSO QUE MEU BOI FOI UM SUCESSO.

POR ESTE SERTÃO INTEIRO...

VEJAM BEM COMO O DESTINO MUDA A VIDA DA GENTE

MINHA FILHINHA QUERIDA APARECEU BEM DOENTE

MINHA LAVOURA PERDIR POR UMA SECA INCLEMENTE

SEM DINHEIRO E CONDIÇÃO, TUDO ACABOU DE REPENTE.

MAS POUCO TEMPO DEPOIS, TIVE QUE VENDER MEU BOI.

PRA NÃO SER UM INDIGENTE...

ABORRECIDO COM A SORTE DALI RESOLVIR MUDAR

NA CIDADE DE IRECÊ COM A FAMÍLIA EU FUI MORAR

POR EU SER UM BOM VAQUEIRO, LOGO ALI FUI TRABALHAR.

EU CUIDEI DE UMA FAZENDA, PRA MEU PÃO PODER GANHAR.

POR EU SER UM HOMEM FORTE, SEPARAVA O GADO DE CORTE.

PRO PATRÃO NEGOCIAR...

VEJAM BEM COMO ESSA VIDA É TÃO CHEIA DE LIÇÃO

NA CIDADE DE IRECÊ TEVE UMA GRANDE EXPOSIÇÃO

E DE LONGE EU VI UM BOI, QUE ERA PRETO IGUAL CARVÃO.

QUANDO ME APROXIMEI SENTIR GRANDE EMOÇÃO

ALI MESMO NUM CANTINHO, MEU QUERIDO BOI NEGUINHO.

ESTENDEU-ME A SUA MÃO...

O FAMOSO BOI NEGUINHO ERA A GRANDE ATRAÇÃO

ERA O BOI MAIS VALIOSO NESTA GRANDE EXPOSIÇÃO

ALI SERIA VENDIDO PARA OUTRA REGIÃO

DE REPENTE HOUVE UM TUMULTO, UMA GRANDE CONFUSÃO.

EU NEM SEI BEM COMO FOI, ATIRARAM NESTE BOI.

QUE SANGRANDO FOI AO CHÃO.

EU CORRIR PARA O SEU LADO NUMA GRANDE AFLIÇÃO

ABRACEI-LHE ALI CHORANDO, NÃO CONTIVE A EMOÇÃO.

NEGUINHO ME RECONHECEU E LAMBEU A MINHA MÃO

SEM PODER SALVAR A VIDA, DESTE BOI DE ESTIMAÇÃO.

SAIR LOGO SEM DEMORA, COM A FAMÍLIA FUI EMBORA.

E VOLTEI PRO MEU SERTÃO...

DE REPENTE EU VI MINHA MÃE SEGURANDO A MINHA MÃO

EU ESTAVA NUM BANQUINHO BEM EM FRENTE AO FOGÃO

MEU FILHO QUE ACONTECEU? POR QUE TANTA AFLIÇÃO?

VOCÊ TAVA AQUI SONHANDO, GRITANDO: NÃO MORRE NÃO.

OH! MEU FILHO TÃO QUERIDO, O QUE TEM ACONTECIDO?

POR QUE TANTA AGITAÇÃO?

EU CONTEI A MINHA MÃE ESTE SONHO TRAIÇOEIRO

ERA ALTA MADRUGADA E FUI VER MEU BOI CARREIRO

AINDA BEM QUE FOI UM SONHO, NADA ERA VERDADEIRO.

ABRACEI MEU VELHO BOI, QUE DORMIA NO TERREIRO,

E ALI MESMO NA COZINHA, EU BEIJEI MINHA FILHINHA.

E ACABOU MEU DESESPERO.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 01/10/2008
Código do texto: T1205305