O HERÓI DO SERTÃO

O HERÓI DO SERTÃO

Eduardo Mendonça

O SENHOR JOSÉ MATEIRO UM HOMEM DE POSIÇÃO

O SEU DEUS ERA O DINHEIRO NÃO TINHA RELIGIÃO.

FALAVA MAL DE VAQUEIRO DIZENDO PRA O TIÃO

QUE ERA TUDO CACHACEIRO... MALTRATANDO A PROFISSÃO.

DURANTE O MÊS DE JANEIRO FOI SÓ CHUVA COM TROVÃO

A ÁGUA DO RIO PINHEIRO COBRIU TODO O RIBEIRÃO.

FOI UM GRANDE AGUACEIRO NÃO VIA MATO, NEM CHÃO.

FOI UM GRANDE DESESPERO... NAQUELE POBRE SERTÃO.

JOSÉ MATEIRO MORAVA AO LADO DO RIBEIRÃO

POR ALI NINGUÉM PASSAVA NÃO TINHA MAIS SALVAÇÃO.

SUA FILHINHA CHORAVA COM FEBRE, SEM SOLUÇÃO,

JOSÉ MATEIRO GRITAVA... “NOS SALVE DEUS DO SERTÃO”.

DO OUTRO LADO MORAVA O BOM VAQUEIRO TIÃO,

A SUA CASA FICAVA NO ALTO DO RIBEIRÃO.

OUVIU JOSÉ QUE GRITAVA PEDINDO POR SALVAÇÃO

MAS A ÁGUA JÁ ESTAVA... ENCOBRINDO O SEU PORTÃO

TIÃO CORREU NO QUINTAL COM SEU CAVALO ALAZÃO

NO MEIO DO TEMPORAL FOI SOCORRER SEU IRMÃO.

O SEU VALENTE ANIMAL NADAVA COM PRECISÃO,

FORAM SALVOS AFINAL... PELO VAQUEIRO TIÃO.

TIÃO PEGOU A MENINA, QUE PASSAVA MUITO MAL,

ATRAVESSOU A CAMPINA E LEVOU PRO HOSPITAL.

JOSÉ MATEIRO CHORAVA NA PORTEIRA DO CURRAL,

SUA ESPOSA SÓ REZAVA... NO MEIO DO TEMPORAL.

ELA FICOU INTERNADA TIÃO DEPRESSA SAIU,

PARA BUSCAR SUA MÃE, POIS A MENINA PEDIU.

VOLTANDO NAQUELA ESTRADA, UM FORTE RAIO CAIU,

SEU CAVALO ESPANTOU... NA CORRENTEZA SUMIU.

O SEU CAVALO ALAZÃO DO OUTRO LADO SAIU

CHEGANDO LA NO PORTÃO E TIÃO NINGUÉM LHE VIU.

A FAMÍLIA DO VAQUEIRO COM O POVO SE REUNIU

FORAM ACHAR NO OUTRO DIA... LÁ NUMA CURVA DO RIO.

NUM GALHO O CORPO ENRROSCADO UM COMPANHEIRO QUE VIU

ERA O AMIGO DE CAMPO, SENTIU GRANDE ARREPIO.

PUSERAM UMA CRUZ NO CHÃO DAQUELE LUGAR SOMBRIO

TODOS QUE SOUBEM A NOTÍCIA... NÃO TEVE QUEM NÃO SENTIU.

O VAQUEIRO VERDADEIRO SABE HONRAR A PROFISSÃO

É AMIGO E COMPANHEIRO EM QUALQUER SITUAÇÃO.

PRA O AMIGO ZÉ MATEIRO FICOU GRAVADA A LIÇÃO:

“NÃO FALE MAL DE VAQUEIRO... É NOSSO HERÓI DO SERTÃO”.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 27/09/2008
Código do texto: T1198849