ROSA DOS VENTOS ( Chico Buarque).

Para Diego Durigon e todos que curtem a música e a poesia de CHICO BUARQUE.

E do amor gritou-se o escândalo

Do medo criou-se o trágico

No rosto pintou-se o pálido

E não rolou uma lágrima

Nem uma lástima

Pra socorrer

E na gente deu o hábito

De caminhar pelas trevas

De murmurar entre as pregas

De tirar leite das pedras

De ver o tempo correr

Mas, sob o sono dos séculos

Amanheceu o espetáculo

Como uma chuva de pétalas

Como se o céu vendo as penas

Morresse de pena

E chovesse o perdão

E a prudência dos sábios

Nem ousou conter nos lábios

O sorriso e a paixão

Pois transbordando de flores

A calma dos lagos zangou-se

A rosa-dos-ventos danou-se

O leito dos rios fartou-se

E inundou de água doce

A amargura do mar

Numa enchente amazônica

Numa explosão atlântica

E a multidão vendo em pânico

E a multidão vendo atônita

Ainda que tarde

O seu despertar

LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 29/08/2008
Reeditado em 30/08/2008
Código do texto: T1152204
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