A COR DA NOITE
Parnaíba-PI, março de 1988.
Quando a tarde cai
E o silêncio vem bater
Nessa vida que sem vida
Sobrevive no sofrer
Na lembrança do açoite
Do grilhão, do preconceito.
Sofro tanto nessa noite
Dor cruel me assola o peito
Por quê a raça pura?
De onde vem essa razão?
Seja qual for pele escura
Tem amor, tem ilusão
Sou tão vivo tão humano
Como qualquer um irmão
Pra quem vive o desengano
Faço aqui minh’oração:
- Ouve o clamor
Deste povo senhor!
- Mostra-te como um Deus
Que não tem cor!