Catingueira torturada

Nas sombras ralas

No emaranhado

Os galhos torrados

Marrons pela seca

São trilhas estreitas

Com bicho a espreita

Querendo um bocado

O céu azul é castigo

do pássaro, gemido

um lamento final

a terra rachada

Reclama prostrada

Da espera sem fim

Todos olhando pra mim

Catingueira torturada

Mata fantasma, anã

Tímida à beira da estrada

Numa esperança vã

Somos pau de mesma cepa

Bravos heróis da espera

Que resiste era após era

Reis do eterno amanhã

Torturada catingueira

Hibernando ressequida

Esperando aquele dia

Que a chuva lhe traga a vida

Pobre de quem não agüenta

Triste de quem não retorna

Catingueira amargurada

No dia de sua glória