UMA NOVA REALIDADE ( sertão efêmero)
No passado, em tempos nem tão distantes
O meu sertão vivia mais tranqüilo
Apenas o Sol era o grande inimigo
Que sem a chuva vivia a nos calejar.
O chã sofrido se recusava a brotar
O pão sagrado para a gente sobreviver
Que sem a água e a falta do que comer
Morria bicho, morria gente todo dia
E era aquela agonia em cada novo amanhecer!
No meu sertão está tudo tão mudado
Não mais preservaram a batida do pilão
Todos só falam do estrondo do canhão
Que acaba com uma multidão de uma vez só...
Que é bem pior que o inimigo natural
A estiagem infernal que reduz tudo a pó
E é bem melhor, ainda que na última fruteira
Dormir ao canto do rouxinol
E vim acordar na última fronteita
Com as trombetas de Jericó!
E aprendemos a conviver com o inimigo
O pesadelo do mundo vim a explodir
Pois, sabemos que o que contece por lá
Também acaba afetando por aqui...
E as crianças não têm mais atiradeiras
E até mudaram o modo de falar...
Vivem sentadas em frente à televisão
Vendo esses filmes de ação
Com suas terríveis técnicas de matar!
O vídeo game é o jogo preferido
A internet na hora de se comunicar.
Mas, enfim, percebemos que o sertão só é sofrido
Porque viveu sempre esquecido
E, quem sabe agora esclarecidos
A gente aprenda a votar.
E aprendemos a conviver com a visão
Uma ação em que nada deve impedir
Uma missão que sempre esteve em nossas mãos
E, se anda tudo azul no sul que pinte por aqui.