ESPELHOS DE AREIA
Vejo os ricos projetados na manhã
Rejeitados na consciência que lavamos
Em nossa armadura de carne tão afã
As pelejas descomunais que galgamos
Almagando o silêncio com a dor
Convivendo com a íra de cada íris
Com a força de todos os segredos
Encontro a paz nos braços de Ísis
Rejuvenescendo neles todos meus medos
Bem como no perfume oscilante da flor
A fraqueza que o escuro revela
Nas nossas faces tão distorcidas
Em cada relance dessa mazela
Nossas valias todas adormecidas
Nos confins desse grande mistério
Nos espelhos desse nosso deserto
Em cada clamídia que nos infestou
Nos últimos relatos Daquele Livro aberto
A sábia intercessão que Ele anunciou
Na linha partida do nosso hemisfério
No espectro de cada lembrança
Os meus desejos incontidos
Na poeira que leva nossa esperança
Os nossos sonhos adormecidos
Sobre o fogo da nossa memória
O meu pecado assim, tão sacro
Levado a todo o extremo
A todo absurdo que eu acho
Onde se possa destilar meu veneno
Nas garras de toda história