ESPELHOS DE AREIA

Vejo os ricos projetados na manhã

Rejeitados na consciência que lavamos

Em nossa armadura de carne tão afã

As pelejas descomunais que galgamos

Almagando o silêncio com a dor

Convivendo com a íra de cada íris

Com a força de todos os segredos

Encontro a paz nos braços de Ísis

Rejuvenescendo neles todos meus medos

Bem como no perfume oscilante da flor

A fraqueza que o escuro revela

Nas nossas faces tão distorcidas

Em cada relance dessa mazela

Nossas valias todas adormecidas

Nos confins desse grande mistério

Nos espelhos desse nosso deserto

Em cada clamídia que nos infestou

Nos últimos relatos Daquele Livro aberto

A sábia intercessão que Ele anunciou

Na linha partida do nosso hemisfério

No espectro de cada lembrança

Os meus desejos incontidos

Na poeira que leva nossa esperança

Os nossos sonhos adormecidos

Sobre o fogo da nossa memória

O meu pecado assim, tão sacro

Levado a todo o extremo

A todo absurdo que eu acho

Onde se possa destilar meu veneno

Nas garras de toda história

DIDO SALVADOR
Enviado por DIDO SALVADOR em 07/08/2008
Reeditado em 14/10/2014
Código do texto: T1116656
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