ODISSÉIA DOS MITOS
Entre o real e o inanimado
Entre a matéria e o abstrato
No silêncio, no espanto do segredo desvendado
Homens e mitos, lendas do mundo
Palavras e assuntos são mistérios profundos
No vôo dos pássaros, nas asas da imaginação
Asas de cera que derretem de volta ao chão
No sonho de Babel que se erguia ao léu
Em busca da porta do Céu
Homens de barro, de pedra e de suor
Que com um sopro de Deus retornam ao pó
Sacrifícios em carne viva, em busca do bem e do mal
Necromancia em cantos do fundo do quintal
Na sombra da noite do dia medonho
Do sonho tristonho e da vida infernal
Em cada floresta encantada
Histórias de bichos, estórias de fadas
Por cima ou por baixo das águas turvas
Por dentro ou por fora das velhas tumbas
As mesmas palavras, as mesmas cabalas
No vento do sopro de Seth
Na ponta da lança que fere
Nos conselhos do velho beato...
Vai-se o homem e fica o mito
No rumo do destino já traçado
No silêncio dos discos planando nas plainas
Em poucas palavras, em gestos, em falhas
Em talhos no corpo do homem inocente
Na ponta do lápis, em cartas marcadas
O mal se alastra por cima da gente
Batalhas em busca de paz, em busca de glória
Entre a verdade e a mentira da história
Na certeza do futuro que já passou
Em cada estrondo que se ouviu
Em cada botão que a mão ativou
Em migalhas como recompensa
Pela falta daquilo que se pensa
A esperança reduzida à esperança
Nos olhos do ancião e em cada choro de criança
A herança nuclear do que sobrou
Homens e mitos, lendas do mundo
Amor e traição no mesmo assunto
Segredos secretos, livros abertos
O bem e o mal tramando notícias
De glórias, agonias e lamentos profundos.