A CIDADE DOS ANJOS
Os dados rolando, a sorte lançada
O ás de espadas cravado no peito
A dor da semente perdida
O dedo na mesma ferida
E cada palavra, em cada conceito.
No barulho o silêncio da dor
Em busca da vida, do pouco da paz que sobrou.
Riquezas perdidas, tristezas encontradas
Nas frias calçadas das grandes cidades inacabadas
Os esquecidos que pedem para sobreviver!
A cidade que cria, a cidade que mata
A falta de sorte de quem não pediu pra nascer
O destino traçado, trazendo desgraça
Para quem não sabe o sentido da palavra viver!
O tempo sem hora marcada
O espaço sem ponto de chagada
A tela da vida que retrata a morte
Em castelos necrópsios, em tristes mansardas.
Em mesas fartas as mentes voltadas
Apenas para aquilo que se tem
Em busca de mais sem olhar para trás
E nem para os lados também!
O sorriso profano de quem prometeu
O abraço de Judas de quem esqueceu
Dos dias azuis que com certeza nunca vêm!
A cidade que cria, a cidade que mata
A falta de sorte...