O VELHO CIGANO
Eu conheci um velho cigano
Um pouco de tudo ele era
Era meio sorriso, era meio pranto
Meio diabo e também meio santo.
Cabelo comprido e de anéis nos dedos
Que tinha coragem e também seus medos
Meio perverso e meio cristão
E que enxergava tudo em minha mão!
Falava da alma e das coisas incertas
Dos muros erguidos e das portas abertas
Era meio homem, era meio cão
Meio beija-flor e também gavião.
O segredo da luz ele conhecia
Da força da mente e da energia
Era meio peixes, era meio leão
Era meio céu e também meio chão.
Apontou meus defeitos que eu nem percebia
Falou-me de coisas que eu nem conhecia
Era meio Freud, era meio Platão
Um pouco de Ghandi e de Napoleão!
Revelou os sonhos que eu nunca sonhei
Apagou o arco-íris que um dia pintei
Era meio iceberg, era meio vulcão
Era meio brisa e também tufão.
O velho cigano que eu conheci
Falou-me de coisas que só agora entendi
Da presença ou ausência que nos acompanha
Nas coisas nefastas e em cada coisa santa.
Das coisas ocultas ele sabia de có
Do carma, do espírito e da carne em pó
Era meio Crowley, era meio Frei Damião
Era meio Claplin e também Salomão.
Hoje o velho cigano sumiu
Pegou uma carona no tempo e partiu
Ficaram as palavras, ficou a lição
De vida , de morte e de salvação!
O velho cigano não mais voltará
Foi com suas palavras para um outro lugar
Foi levado por um anjo ou talvez um dragão
Em um novo começo de uma velha missão!
Hoje o velho cigano sumiu.