Cacos de Vidro

Era como se um caco de vidro tivesse se alojado no meu peito

Um estilhaço, um pedaço do seu mau-jeito, havia tempo

No início só havia medo até o dia que eu quis acordar cedo

Madruguei no escuro do quarto vazio

Funciona assim: você sempre foge

Mas ainda é parte de mim

Na roda da fortuna faço tantas apostas falidas

Que te espero em vão mergulhado num mar de esperanças perdidas

Conto o tempo nos ponteiros do relógio, no alumínio da pia

Nos faróis vermelhos, nas rodas do dia

Nos maços de cigarro, nos amaços da desalegria

E uma onda vem de fora a fora num arrastão de nostalgia

Se eu fosse uma estrela, você era firmamento

Se eu fosse chão de barro, você era de cimento

Se eu fosse evaporado, você era caloria

Se eu fosse turbilhão, você era calmaria

Você sempre foi oposta à minha forma pensamento

Eu rolava como pedra e você vinha como vento

E dançava nessa valsa de canções e de silêncios

Se eu fosse como água, você era rompimento

Eu sonhava

Eu sonhava

Eu sonhava

Eu sonhava

Quando em olhos me fechava

Com você eu sonhava

Eu sonhava

Que voava

Que voava

Que voava

Eu sonhava que voava

Mas em cacos de vidro eu pisava

Mas em cacos de vidro eu pisava

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Gabriel Caetano
Enviado por Gabriel Caetano em 29/05/2008
Reeditado em 30/05/2009
Código do texto: T1010340
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