"Meninas de Sallen" cap. 2
capitulo dois
“BEM VINDOS A SALLEN”
-muito bem Mary, chegamos!-disse a mãe excitada.
Mary olhou pela janela enquanto o carro passava pelas ruas, o lugar parecia extremamente pacato, aquele tipo de lugar em que não acontece nada, e a única atração é um cinema velho com filmes antigos; as pessoas, que paravam para olhar o caminhão de mudanças de boca aberta, parecia um povo pacato, porem, tinham cara de quem adorava uma fofoca, pois já começavam a cochichar entre si, principalmente as mulheres.
-me parece uma droga!- suspirou Mary.
-Ora Mary não faça julgamento precipitado, o lugar pode ser ótimo.-disse Rita começando a se aborrecer com a filha.
-Hum...
O caminhão passou por ruas de casas simples, onde pessoas cuidavam de jardins e crianças brincavam; passaram pela rua principal onde havia a escola, mercados, salões de beleza, farmácia, etc, o centro comercial da cidade em apenas uma avenida; dobraram a esquerda e seguiram por uma rua que era sem saída; já chegando a seu final havia uma casa grande cor de rosa com um grande numero doze dourado na porta, e na calçada havia uma menina sentada, quando o caminhão e o carro passaram ela levantou a cabeça e olhou boquiaberta como todos os outros; por um momento o olhar da garota se fixou em Mary, Mary manteve o olhar e como se de repente tivesse notado o que estava fazendo a menina olhou para o outro lado.
-ah chegamos!- exclamou Rita quando o caminhão parou.
Mary olhou para a casa onde o caminha havia parado, praticamente a ultima casa da rua: era bonita, grande, branca, um belo jardim, varanda, até que não era tão ruim assim, pensou Mary, ela nunca tinha vindo na casa da avó, era sempre esta que ia visitá-los, por isso não tinha idéia de que a avó que lhe dava arrepios morava numa casa tão bonita.
-ah que bom que vocês chegaram!- gritou uma voz rouca e aguda do outro lado.
Mary olhou para frente do caminhão, e viu uma outra casa, fechando a rua: grande, porem velha, a madeira das janelas caindo aos pedaços, um jardim com roseiras mortas, parecia uma casa mal assombrada, por um momento ela pensou que uma bruxa morava ali.
-ah mamãe como vai?!- perguntou Rita correndo para abraçar a própria mãe.
-Vai dizer que eu vou morar nisso ai?!- Mary disse sem se conter, apontando com desgosto para a casa.
-Aham, ai mesmo.- respondeu o cara que descia do caminhão.
-Eu não acredito!- suspirou ela como se tivesse chegado ao fim de seu poço.
-Ei Mary venha cumprimentar sua velha vó!- disse a velha Matilda com sua voz meio rouca e aguda.
-Estou indo vovó.
Com certo desanimo Mary caminhou até a fachada da casa numero treze e abraçou a avo que cheirava totalmente a mofo, e lhe deu um beijo sem graça na bochecha velha e magra. Realmente, Mary não sabia como Matilda ainda estava viva, devia ter seus oitenta e poucos anos, mas sua aparência dizia duzentos e cacetada; com seu vestido branco encardidissimo, os cabelos também brancos, desgrenhados e sujos, as unhas grandes e sujas, vovó Maltida mais parecia uma bruxa mendiga do que uma avó; Mary lembrava-se bem da avó de Lisa, sua melhor amiga, a boa velhinha Dalva era gordinha, de cachos brancos e fazia tricô e pãezinhos quando a turma ia na casa de lisa, agora Matilda, provavelmente nem sabia cozinhar quem dirá faze tricô ou pãezinhos.
- venha entrem, eu vou fazer pãezinhos parar comermos.- disse vovó soltando Mary.
“hum...vamos averiguar”.- pensou Mary.
- senhores podem colocar as coisas aqui dentro.- disse Rita aos homens do caminhão.
Mary ainda não entendia porque a mãe não tinha vendido os moveis também já que vendeu todo o resto.
Vovó abriu a porta velha que, sabe deus como, ainda estava quase inteira, e as convidou a entrar.
Antes de faze-lo Mary deu uma ultima olhadinha na sua nova rua, não havia ninguém, exceto a garota que continuava sentada na calçada. Quando Mary olhou para ela a garota esboçou um pequeno sorriso, Mary assustou-se com o sorriso, não esperava isso, mas retribuiu e entrou imediatamente.
Agora sabia porque a mãe trouxe os móveis. A casa da vovó era totalmente empoeirada, o assoalho do chão estava coberto de pó e rangeu sob o pisar dos coturnos de Mary; os moveis eram super velhos e estavam no ponto de jogar fora. Sem contar que nas paredes além do papel velho que descascava havia uns quadros que arrepiaram Mary da cabeça aos pés. Acima da lareira velha havia um de uma mulher de cabelos intensamente negros, olhos mais negros ainda, tão profundos e negros quanto uma noite sem estrelas; ela era branca como a lua, usava um grande vestido vermelho e um grande colar de ouro com uma pedra de rubi. Era um belo quadro, mas olhando muito nos olhos da mulher Mary sentia como se ela estivesse viva, ali no quadro observando Mary, a mãe, a avó e os homens da mudança que entravam com os móveis. Realmente era de arrepiar.
Mas não era o único, havia outro, do outro lado da sala, em que havia um gato preto deitado em uma almofada vermelha, os olhos do gato eram verdes, como duas esmeraldas e também se o olhasse muito Mary sentia como se gato estivesse vivo naquela almofada olhando para ela, sentiu um leve arrepio, sacudio a cabeça e foi até a cozinha onde estavam a mãe e a avó.
A cozinha da avó era pequena, havia apenas um fogão velho, uma geladeira mais velha ainda, uma mesa de centro e um armário que cobria quase toda a cozinha. Neste havia vários vidros com coisas nojentas e pegajosas dentro, caldeirões, chaleiras, velas, e varias outras coisas estranhas que Mary achou que não deviam ficar no armário.
-que coisas são essas?- perguntou ela enojada com as coisas estranhas que havia dentro de uns vidros.
-Depois lhe digo.-respondeu vovó dando um tapa em um vidro em que havia umas coisas verdes parecendo grandes lesmas gordas.
Tão rápido que Mary nem se deu conta direito, vovó Matilde fez mais de uma dúzia de pãezinhos de milho que por sinal ficaram uma delicia.
-como fez tão rápido?- perguntou ela com a boca cheia de pão.
Vovó olhou para ela e apenas sorriu, um sorriso gentil, e Mary reparou que apesar de sua sujeira e o vestido velho, vovó Matilda até que tinha um rosto bondoso e gentil.
-segredo de família, vou lhe ensinar quando tivermos mais tempo.
-Ok.- concordou Mary, de repente sentindo que começava a gostar da vovó Matilda.
Depois de comer alguns pãezinhos e um copo de leite quente, Mary resolveu ir explorar a nova casa, afinal, nunca esteve na casa da avó e tinha que conhecer seu novo lar.
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claro que com bons comentarios eu posto o próximo mais rapido.
ps: no próximo a coisa começa a esquentar.