"Anos Irresponsaveis" parte5.

Capitulo 5

“CINCO MINUTOS DE FAMA”

- Será que ele vai estar ai? - Perguntei quando entravamos no parque.

- Não sei. - Respondeu Aline. – Espero que sim.

- Eu estou bonita?

- Esta. Esta parecendo uma putona.

- O QUE?! VOCE ME TORTUROU TODO AQUELE TEMPO PARA ME DEIXAR PARECENDO UMA PUTA?!

- Não, mas você está bonita.- disse ela vendo minha cara e se afastando.

- Que bom!- suspirei.

Continuamos andando e quando viramos na curva meus sonhos se realizaram: lá estava o belo ruivo com seus olhos verdes e o caderno de desenhos, praticamente do mesmo jeito que eu o deixei na véspera.

Quando passamos e ele nos olhou, eu murmurei um oi tímido.

- Oi.- Respondeu ele.

Eu não sabia o que fazer e continuei andando, minhas pernas estavam tremendo pra andar rápido, mas pareciam duras demais para sentar-se ao lado dele.

- Você não vai falar com ele? -Perguntou Aline indignada.

- Ai eu não sei o que falar!- exclamei quase entrando em pânico.- você sabe que não sou boa nessas coisas.

- Mas como então você já ficou com tantos garotos?- perguntou Aline sem entender meu pânico.

- Que tantos garotos Aline? Até hoje só peguei três garotos, e foram eles quem chegaram em mim, a única coisa que eu tive que fazer foi beijar. Eu não sou boa com essas coisas de garotos, não sei o que falar, como agir, posso pagar um grande mico.

- Bem, já que você esta achando muito difícil simplesmente sentar ao lado dele então vamos pensar em algo.- disse Aline colocando a mão no queixo e pensando.

- Pensar em que?- perguntei debilmente perdida.

- Em algum modo de você se aproximar dele, né dar?!- respondeu ela com um ar de “não é obvio?”

- Ah ta!- ai como sou idiota.

- Eureca! Tive uma idéia! –gritou Aline como se tivesse descoberto a América.

- Vamos comprar uns sorvetes e nos sentar ao lado dele para toma-los, ai você puxa assunto como quem não quer nada, sabe.

- Ah, ótima idéia Aline, até que fim você pensou.- disse eu me alegrando. Mas a alegria fugiu novamente.- só que tem outro problema.

- Ah não, o que é agora?- perguntou Aline desgostosa.

- O que eu vou falar?- murmurei como se fosse uma criança com medo de levar um tabefe da mãe.

- Puxa Anne, eu não sabia que você era tão tapada assim!- disse Aline irritando-se.

- Obrigada!(eu acho).- respondi sem graça.- mas veja bem Aline, você me conhece, eu sou meio macho, não tenho jeito com meninos, nunca sei o que falar ou o que fazer, não tenho esses dotes de meninas sabe, preciso de ajuda!!

- Ok, eu te entendo. Mas olha só, não adianta agente ficar pensando no que falar, porque não o conhecemos e não temos assunto sabe. Então quando agente sentar lá você fala oi ou fala “nossa, você aqui de novo?”, sabe, não pode parecer forçado, tem que parecer casual.

- Esta bem, acho que entendi.- disse ainda meio insegura, tentando guardar tudo aquilo na minha cabeça que pareceu ficar muito pequena de repente.

- Então vamos comprar os sorvetes.

Compramos os sorvetes de chocolate com granulado e nos sentamos ao lado dele.(Nunca vou descobrir como minhas pernas não travaram e eu não tenha caído de cara bem na frente dele).

Ficamos alguns minutos lá, ele desenhando e eu e a Aline tomando nosso sorvetes, até que ela me deu um cutucão nas costelas me obrigando a falar.

- Aceita? – Perguntei mais tímida que tudo, oferecendo o sorvete a ele.

- Não obrigada.- respondeu ele com aquela maravilhosa voz doce e calma.

- Ah...posso ver o seu desenho? – perguntei com um grande esforço, me achando meio impertinente.

- Claro.

Ele me mostrou a folha que ele usava e nela estava desenhada uma mulher que usava uma saia que ia até o joelhos e uma camisa branca, parecia uniforme de colégio de freira.

- puxa você desenha roupas? esse desenho esta bem legal.(não estava tão bom assim, quem sabe algo mais ousado)

- obrigada! Eu gosto muito desse tipo de roupa: certinha, sabe, não gosto de roupas ousadas.- disse ele sonhador observando o desenho.

- Ah é? hãm-ham.- dei um sorriso amarelo e olhei de esguelha para a Aline.

- Bem, agora tenho que ir.- falou ele levantando- se.- Tchau!

- tchau. – respondi deprimida com a partida dele. – ei, você vem sempre aqui?- lembrei-me de perguntar, não sei com que coragem.

- Sim, todo dia esse horário.- respondeu ele para minha felicidade. – esse lugar me trás inspiração.

- Ah puxa que bom!- gritei sem me dar conta, e de repente me senti toda vermelha.- tchau!- falei antes que saísse mais alguma besteira da minha boca.

- Tchau!

Ele fez a curva e sumiu de vista.

- legal! – exclamei aborrecida. - ele gosta de roupas certinhas e eu estou parecendo uma puta!

- Ora, eu não sabia.- defendeu-se Aline.

- é eu sei. Merda, ele foi embora!- resmunguei.

- ah, não foi tão ruim assim.- disse Aline me consolando.- e você foi bem, conseguiu falar, e acho que ele gostou quando você disse “puxa que bom!”.

- Rsrs, você acha?- perguntei.- morri de vergonha quando me dei conta.

- Não, ele deu um sorriso de quem gostou.

- Ao menos isso né, deu pro gasto. Pena que eu tive que passar por tudo aquilo para ter só cinco minutos de fama.

- ah, não fique se lamentando, agente volta outro dia, ok? Vem, vamos embora.

- Vamos.

Cheguei em casa e me tranquei no meu quarto e não dei atenção ao meu irmão, mas o coloquei para fazer o jantar.

“Ah, que droga!- pensei com meus botões.- ele devia ter ficado um pouco mais.”

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 31/01/2008
Reeditado em 06/04/2009
Código do texto: T840861