"Anos Irresponsaveis" parte 4.

Capitulo 4

“TORTURA EMBELEZANTE”

Chegamos em casa e esperamos meu irmão se mandar para começarmos o trabalho.

- Bem Aline. - comecei. -A questão é simples: você só tem que me ajudar a ficar razoavelmente bonita para ir ver o ruivão. Ok?

- Ok. Mas por onde eu começo? -Perguntou ela desnorteada.

- Que pergunta patética Aline. -Mas respondi a pergunta meio acanhada e envergonhada. -Me ajude a arrumar o cabelo. E ANDE LOGO!

Ela pegou um pente e começou.

- AI! -Gritei quando ela enterrou o pente no meu coro cabeludo. -Devagar, não me mate.

- Desculpe, mas a arapuca aqui esta braba.

- Ok, não fale que meu cabelo é uma arapuca, ele fica chateado. Trabalhe.

- Ok.

Mais uma vez ela enterrou o pente no meu cabelo e o foi penteando, ou tentando pentear.

- AI!

- Desculpe.

Pente.

- AI!

- Desculpe.

Pente.

- AI!

- Desculpe.

Pente.

- AI!

Depois de meia hora eu estava com a cabeça toda dolorida e meu cabelo quase todo estava no pente, de dentes realmente grandes, no chão e na mão da Aline.

- É não foi tão difícil assim. – Disse Aline displicente.

- NÃO FOI DIFICIL?! –Gritei ao ouvir essas palavras.- É POR QUE NÃO FOI COM VOCE SUA VACA! MINHA CABEÇA ESTA DOENDO MAIS AGORA DO QUE QUANDO EU ROLEI A ESCADA DO QUINTAL A BAIXO! E MEU CABELO ESTA EM TUFOS NO CHÃO E EU VOU CHORAR! BUÁ! BUÁ!

- Ah Anne não chora. -Tentou me consolar Aline.- Já acabou. E olha só como você esta bonita.

Olhei-me no espelho e chorei ainda mias.

- BUÁ! BUÁ! BUÁ!

Meu cabelo ainda estava cheio e meus cachos haviam sido esticados a força e pareciam ter levado um choque. Sem contar que agora ele estava meio quadrado uma coisa bem estranha que me deixou com vontade de esganar a Aline.

- É talvez não esteja tão bonito assim. -falou ela por entre os dentes. - MAS SEMPRE TEMOS OUTRA OPÇAO!- Gritou ela acenando com as mãos quando eu dei dois passos em direção a ela.- Que tal lavarmos ele e passarmos um creminho, heim?

- É, quem sabe. – suspirei .

Fomos para o banheiro.

Eu ia tirar a camiseta quando ela enfiou minha cabeça embaixo do chuveiro e quase me afoguei; tentei gritar mas entrava rios de água em minha boca e só saia sons inteligíveis; eu acenava freneticamente com as mãos mas ela não me dava atenção, se preocupava em esfregar meu coro cabeludo com os dedos gordos.

A água entrava em rios na minha boca , eu não conseguia respirar direito, eu arfava sem ar e minhas pernas ficavam bambas. Quanto mais ela enfiava minha cabeça na água mais eu tinha medo e a certeza de que iria morrer.

- Não precisa todo esse escândalo Anne. -falou ela tranqüila. – Você esta até tremendo.

- Al... Ali...ALINE!

- O que é?! -Gritou ela tirando minha cabeça de baixo d’’água.- Meu Deus você esta branca como giz! O que foi?

- POR QUE VOCE NÃO ME DISSE QUE IA LAVAR MEU CABELO DESSE JEITO?! - Gritei enquanto tentava respirar, me acalmar e me sentava na tampa do vaso.

- QUAL O PROBLEMA?

Eu olhei para ela com cara de ódio e gritei:

- VOCÊ SE ESQUEÇEU QUE EU TENHO TRAUMA DE ÁGUA?? DESDE QUE AQUELA VACA...AAAHH! QUE RAIVA!!

- Ah, é mesmo!! -Exclamou ela ficando vermelha de repente. – AI Anne me desculpe, eu me esqueci, eu fiquei empolgada com a coisa, me desculpa, sério...

- Ok, não em problema, mas se controle agora oK?

- Certo. Vamos continuar ou você quer parar por aqui?

- Não, é claro que vamos continuar. – Levantei-me recuperada.- Já chega de lavar o cabelo , passe creme e penteie novamente.

- Ok, vamos nessa!

Ela passou mais creme em meu cabelo em um minuto do que eu em minha vida inteira e o penteou novamente.

Como eu imaginei não foi tão ruim dessa vez, mas foi ruim: porque agora o cabelo apesar de molhado estava embaraçado por causa da lavagem e tinha uns nós nas pontas que faziam o pente enganchar.

- AI!

- Calma já vai acabar.

Numa ultima penteada ela passou o pente da raiz ate a nuca, sem respeitar os nós e embaraços. E foi que foi.

- AAIII!

- PRONTO, ACABOU!

- Ah, graças a deus! Deus é pai!

- Muito bem Anne, agora vamos ver uma roupa mais bonita!

Eu me levantei e olhei para ela com uma cara de buldogue raivoso.

- Eu mal me recuperei de um trauma e você já quer me colocar em outro?

- É.....vem.

Tiramos todas as roupas do guarda-roupa e eu tive que aturar meia hora de “essa não”, “isso não combina com seus olhos”, “não se pode usar rosa com verde Anne”, “nada de saia pinçada com tênis”, “nada de vestido de alça com botas”...

“não, não, não, não, não, não, não, não, não,...”

- AH ALINE CALE A BOCA! -Gritei não agüentando mais tantos nãos. – Olha, eu sei que eu pedi a sua ajuda mas você não concorda com nada!

- É porque nada que você escolhe é bom, não combina. - Disse ela displicente.

- olha por que você não põe essa calça de coro com esse top vermelho e o suspensório de lacinho?

- Eu coloco, mas só se você parar de falar assim, esta começando a parecer a Lara.

- Ok, você vai ficar parecendo uma boasuda. E faz um rabo- de- cavalo no cabelo.

Fiz o bendito a rabo e depois de uns últimos toques, no caso um batom vermelho bem forte, finalmente saímos de casa.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 30/01/2008
Reeditado em 06/04/2009
Código do texto: T839908