"Anos Irresponsaveis"
“Da loucura para a genialidade a apenas um passo.”
Dito popular.
“Faça o que quiseres pois a de ser tudo da lei.” Alester crowley.
“Quando se sabe ouvir não precisa muitas palavras.” IRA!.
“Faça o que o mestre faz e não o que o mestre manda”.
“Escola de rock”.
“Seja você mesmo que seja estranho, seja você mesmo que seja bizarro.”
“Eu nasci assim, Eu cresci assim, Eu sou mesmo assim, Vou ser sempre assim...”
“A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal.”
Raul Seixas.
“A desobediência é uma virtude necessária à criatividade.”
Raul Seixas.
"Todos os conselhos que os pais dão aos jovens têm por objeto impedir-lhes que sejam jovens."
Francis de Croisset
"De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar." Platão.
"O alicerce fundamental da nossa obra é a juventude."
Che Guevara.
"Quando somos jovens, temos manhãs triunfantes."
Victor Hugo.
Ah, os jovens...
dizem que a juventude é muito bela para ser desperdiçada com os jovens.
Mas o que seria do mundo sem os jovens?
Toda a energia, a rebeldia, as aventuras,...
As idéias brilhantes e perigosas, os amores....
Tudo isso é a marca juvenil registrada. E eu chamo esses anos de bagunça, de sentimentos e sensações fortes e alucinantes, de sonhos, esperanças e medos de ...
“ANOS IRRESPONSAVEIS.”
Capitulo 1
“DIA DE AULA”
O mundo jovem sempre começa e acontece na escola, é onde fazemos os primeiros que acabam se tornando sempre, os melhores amigos, é onde começamos a entender e descobri o mundo a nossa volta, mesmo quando não vamos a parte alguma. É onde descobrimos e passamos a entender melhor coisas boas, intensas e perigosas, como beijos, drogas, sexo e outra série de pecados e tentações. E é também onde encontramos os maiores desafios que podem aparecer na nossa vida: valentões, brigas, disputas e outras coisas que testam nossa capacidade, paciência e força de vontade diariamente.
Mas sem mais demoras, vamos iniciar mais um dia de aula de um ano que não será nada fácil.
- Ah segunda-feira!Ninguém merece tamanha desgraça, muito menos eu.
E por falar nisso vocês sabem quem sou eu? Se não sabem devem saber, pois um algum dia serei famosa. Assim espero...
Eu sou Anne, a garota de quinze anos recentemente completados, que tem um tamanho maior do que devia (1,70 para apenas 50 quilos, eu devia ter 60) e olhos cor de mel e um cabelo cacheado terrivelmente volumoso que insiste em nunca ficar arrumado. Não sou uma garota realmente bonita, eu tenho um rosto fino e delicado, como todos dizem, mas meu cabelo que, como já disse, parece uma samambaia estraga tudo; mas na verdade eu nem me importo muito com isso, eu não me preocupo nenhum um pouco com maquiagem ou roupas, eu uso o que der na telha ou o que estiver mais fácil, que é o mais comum. Tem gente que diz que ás vezes pareço um palhaço porque misturo camiseta de estampa com calça xadreza e sapatilha ou tênis all star, ou uma louca quando misturo vestidinho com coturno e jaqueta exercito. Mas eu não dou a mínima. Continuando...
Sou herdeira de Roberto Costa e Sandra Leal, tenho um irmão terrivelmente chato, o Leonardo. Sou do reino poluído de São Paulo e nascida para levantar as seis da matina na segunda feira; e ainda por cima para ir a escola. Dá pra acreditar nisso? Que zica!
Sem contar que a primeira aula é da “bendita” veia Matakari. Calma gente, isso não é palavrão, é só o nome da professora de matemática (e bendita tem que ser colocado entre aspas mesmo, porque aquela japonesa anã e rabugenta, não tem nada de bendita, muito pelo contrário...)
Mas vamos nessa né; fazer o que?
- oi gente!- cumprimentou a Lara, fresca.
Ah! Lara, não a suporto, é a paty da classe, só usa rosa, (rosa pink, rosa bebê, rosa assim rosa asado; o caderno dela é rosa, a caneta dela tem pelos rosas, é tudo rosa, até o aparelho de dente dela é rosa!) Sem contar que ela é muito fresca, acha que é a “deusa” do pedaço e esta sempre criticando os outros: os que se vestem da maneira que ela considera mal, os que fazem coisas diferentes e são diferentes, aqueles que não seguem a moda, que não dão bola para os padrões e nem para essas regras de beleza estúpidas impostas por essa sociedade que se esconde atrás de estereotipos.
Ela é uma garota completamente insegura, ela tem medo de se mostrar como realmente é, provavelmente medo de não ser aceita pelos outros, de não ser popular, e para que isso não aconteça, ela se esconde atrás de muita maquiagem, lake, dinheiro e muuitos espelhos. Mas na verdade ela tem um lado bem descolado e legal que ela mostrou apenas uma vez, isso ainda porque estávamos em uma festa. Eu acho que se ela passa-se uma semana comigo ela ficaria muito legal. Na verdade, devo confessar que no fundo ela tem algo de legal, só precisa colocar esse lado dela para fora.
Ela nem se parece com as garotas que andam com ela: a Rafaela, uma loirinha bem simpática e assanhada, quer dizer, antes ela era bem santa, mas resolveu mostrar a verdadeira face; o que a deixou ainda mais legal.Também tem a Eduarda, ela é evangélica e certinha, não gosta de besteiras, mas é super legal. E por fim a Regina, ela é danada mas também é elegante e super bacana, porém tem mania de mandar em tudo, e quando essas quatro vão fazer trabalho juntas é um vulco-vulco danado.
Sem contar que a Lara e a Regina são bem falsas, muitas vezes elas tiraram a Rafaela e a Eduarda do grupo na véspera da entrega do trabalho, obrigando-as a fazer alo de última hora. E elas duas falam muito mal dos outros pelas costas, são duas cobras, falam mal até uma da outra um minuto depois de terem dito “você é minha melhor amiga”.São horríveis!
Mas vamos lá né Anne, fale “oi” para a paty.
- e aí Lara!- respondi por último e de mau-humor.Não sei se vocês repararam, mas estou com um terrível mau humor, em geral sou bem humorada.
- aí Anne sua roupa está tão fashion!- disse Lara fresca.
“Isso é mentira! Não me arrumei direito hoje, na verdade nunca me arrumo direito, não tenho paciência para isso.”
- Ai obrigada hanewy!- falei no mesmo tom fresco.- a sua também. Mas agora excusa-me, please?Thanks.
“Não consigo te suportar sua fresca imbecil!”.
- Nossa Anne, -gritou um garoto apelidado de Gordão, é da minha sala.- caiu da cama hoje?! Seu cabelo ta uma arapuca!
- Vai encher a mãe otário!- gritei pra ele.
- Uí!Ta de Chico?-gritou ele.
Mostrei-lhe o dedo do meio e saí andando para sala de aula.
A professora Matakari já estava na sala e enchia lousa de contas complicadas.
- e aí coisa feia?
Calma! Esse esta perdoado. Não é um panaca, é o Mauricio, ta ele também é um panaca, mas não é um panaca qualquer, é o meu melhor panaca, quer dizer, meu melhor amigo.Ele é uma criatura morena de olhos míopes e nariz de rato.
- E aí mau.-respondi entediada.- a veia começou cedo hoje.-cochichei para ele.
- pois é, - concordou ele.- acho que a noite dela não foi boa.
- Rsrsrsrs.
Esse tipo de comentário na aula da professora matakari chega a ser elogio se comparados com os outros que fazemos.
- E ai Anne.- o William, outro amigo.
Vocês devem estar se perguntando:
“Quantos amigos ela tem?”
Então vou contar-lhes logo a nossa história.
Como eu já disse, o Mauricio é o meu melhor amigo e andamos, ou melhor, fundamos o grupinho mais bagunceiro do ensino médio. Somos Mauricio, eu, o Rafael, que é um garoto realmente inteligente, é o único que consegue ficar acordado na aula da Matakari e percebe que ela fala português e não japonês como o resto pensa, e ele também manja muito de tecnologia. O outro é o Willian, ele tem mó jeito de motoqueiro: ele é gordinho e sempre usa uma jaqueta de couro; ele também é muito inteligente, é escandaloso e só fala besteira, mas é muito legal. Tem o David, ele é muito histérico e escandaloso, na verdade parece um gay, mas só parece; ele vive tarando as meninas da sala. E também tinha o Michael, ele era realmente chato, e na chatice dele não tinha nada de engraçado; ele tem muitas brincadeiras idiotas e sem graças como bagunçar o meu cabelo e empurrar os outros. Mas esse ano ele foi para outra sala: o 1º B, os inimigos eternos do 1ºA, ou seja, nós! Travamos competições e disputas para ver qual turma é melhor desde a quinta série.
E por fim a Aline, uma gordinha que conseguiu ficar com os cachos loiros depois de muitas tentativas, ela é muito animada, sempre querendo aprontar alguma coisa, mas tem uns momentos meio deprê e confusos, quando ela briga com a mãe dela (sempre) e com relações aos garotos, que sempre causam uma confusão na cabeça dela.
Ela era do grupo das patys, e era quieta, certinha, bem comportada, uma menina exemplar que seguia ao pé da letra as regra de sua igreja rigorosa. Porém, na sétima série ela começou a falar com nós, coisa que ela nunca tinha feito em dois anos, é isso mesmo dois anos! E logo a coisa desandou. Não sei porque mas temos certo declínio para levar as pessoas para o lado errado. Mas em todo caso, nós logo começamos a chamá-la para fazer trabalhos com nós, a convida-la para ver filmes, ir a lanchonetes e até pagamos uma excursão que teve na escola para ela; foi para um parque de diversões que é o bicho. Sendo assim ela se sentiu acolhida por nós, e não uma excluída como se sentia no outro grupo; e começou a andar com a gente.
Ela perdeu aquela cara de cão deprimido que ela tinha, e passou a ser uma bagunceira assanhada; porém, ela é bv (boca virgem), mas ela se esforça pra perder isso. Ela continua a ir para a igreja, mas não segue mais as regras. Ao menos não como antes.
É isso ai, esses somos nós, as pestes do ensino médio.
Vocês devem estar se perguntando: “por que pestes?”.Então me deixe contar isso também.
Na quinta série eu era quieta e cdf, sempre com um livro na cara, não conversava com quase ninguém, exceto os outros nerds que sentavam perto de mim; e o mesmo se pode dizer do Rafael, que por sinal era um dos outros nerds. O Michael era meio burro e bagunceiro e os outros estudavam no período da tarde.
Na sexta série o pessoal veio para de manhã, e eu, Rafael e o Michael nos juntamos no fundão da sala e desatamos a contar piadas, a dar risadas e outras bagunças; e já começávamos a atrair olhares.
Sem contar que no final da quinta série algo de mágico aconteceu comigo: o todo poderoso rock n’ roll dominou minha alma, veia,sangue e coração; e sendo assim segui o exemplo de muitos tios e tias: me tornei uma metalleira de primeira escala! Afinal na existe nada melhor o que trancar o irmão no banheiro e sentar na frente do pc com um bom ac\dc ou black sabbath no ultimo volume. Ai ai.....
Mas voltando ao assunto principal, logo eu, o Rafael e o Michael nos tornamos as pestes do fundo da sala, mas mantendo as boas notas, é claro, exceto o Michael , que na verdade nunca teve boas notas.
Até que atraídos, por nosso jeito e gostos, se juntaram a nós o Mauricio, que na verdade já havia estudado comigo na 2º, 3° e 4ºsérie embora não falasse muito comigo; e o Willian e por último a Ângela , ela foi à última a entrar e a 1º a sair, por causa de uma treta que tivemos.
A Aline e o David não andavam com nós, a Aline ainda andava com as patys, de onde a Ângela também saiu e para onde nunca mais voltou; na verdade depois que ela saiu do nosso grupo, que a essa altura já era famoso, (no começo da sétima série), nunca mais entrou em outro grupo. Nem no das galinhas, nem no dos nerds, no dos retardados, os atletas e muito menos no dos vândalos, o nome diz tudo, né? (o gordão faz parte desse grupo).
Ou seja, ela ficou só ela, ela mesma e Deus.Amém.
Quando a Aline e o David se juntaram a nós já estávamos em outubro e logo as aulas acabaram, mas não sem antes explodirmos com o saco dos professores, levando-os a nos trocar de lugares, colocando eu e o Mauricio na frente e os outros um de cada lado da sala.Exceto a Aline que já se sentava na frente.E também sem antes transformar a Aline em uma peste, também.(o David já era uma peste).
Na oitava série foi um resumo de tudo: bagunça, piadas, castigo dos professores, algumas tretas, coisa que nunca tinha acontecido antes, alguns cigarros e várias outras coisas ilegais, em sua maioria.
E agora estamos aqui, no primeiro ano do ensino médio, abalando geral novamente. É claro que não dá para abalar muito na aula de matemática, principalmente quando a professora já esta de pé virado.
Mas Deus é pai e logo se passaram as aulas de matemática, biologia com o panaca do professor Ademir, ele é um evangélico tão certinho que chega ser irritante, e é cheio de quere ser pastor e ficar tentando levar os alunos para a igreja, em geral o nosso grupo. E história com o Jorge, ele é um pinguço que não ensina porra nenhuma de história, passa as aulas contando piadas totalmente sem graça, ou falando da vida dele, coisa que ninguém quer saber.Oh zica!
E finalmente chegou o intervalo, sagrado intervalo!
Porém, a primeira pessoa que eu vi não melhorou muito meu humor: Monique Scarpa.
Monique é a líder da torcida, é a garota mais arrogante, esnobe, metida, chata, purgante, falsa, loira, sarada, cretina, galinha e safada que alguém pode conhecer.
Monique dedica sua vida a desfilar pela escola com a saia curta e a regata decotada que a torcida usa, provocando os garotos, até mesmo os retardados, só pra depois agarrar o Erick, (seu namorado alto, forte, loiro, burro, capitão do time de futebol, chato e grosseiro) e deixar os outros garotos de cara no chão, ou então para serem ameaçados por Erick, por estarem olhando para ela.
Ela encanta os garotos e humilhas as meninas, zoando todas por causa de uma roupa, um cabelo, por serem gordinhas ou muito magras e humilha até mesmo as outras quatro garotas da torcida (Laís, Melissa, Débora e Jack) que não passam de galinhas, burras e submissas a Monique.
Mas bem, estávamos a caminho da cantina quando ela nos avistou, deu uma gargalhada alta e falsa, jogou os longos cabelos loiros para trás e falou com a Jack, uma morena, de cabelos enrolados e seios e bumbum grandes:
- haha, desde de quando estão vendendo milho aqui, para aparecer esse espantalho?
As outras riram para acompanhar a líder e eu senti uma forte tentação em voar no pescoço daquela vaca e bater aquela cabeça loira no chão até ela desmaiar.
- não da bola Anne, continua andando.- aconselhou Aline me pegando pela mão quando percebeu que eu me desviei alguns passos na direção de Monique.- você não pode se descontrolar toda vez que ela jogar uma piadinha, você sabe, infelizmente vai ser sempre assim.
- Ah não vai não.- falei irritada.- um dia ainda faço ela pagar por todas aquelas piadinhas e por ter feito aquilo comigo na oitava série.
- Ah Anne, isso já tem mais de um ano,- disse o William entrando na fila do lanche.- deixa pra lá, não vale mais a pena ficar pensando nisso.
- É porque não foi com vocês.- respondei apanhando uma bandeja, as mãos tremendo de raiva.- eu ainda faço ela pagar caro!
Ninguém falou mais nada e eu me acalmei, tirei Monique e a pilantragem que ela armou pra mim um ano atrás da cabeça e fomos nos sentar na cantina.
Bem, deixe-me explicar uma coisa, o lugar onde uma pessoa senta na cantina é tão importante quanto á carteira de identidade, é através do seu lugar e das pessoas que estão com você que você será classificado na escola. E na escola só existem as seguintes classificações: (por onde de importância) no topo estão os atletas, a torcida, as patricinhas, os descolados que dão festas, os descolados que vão ás festas e os inteligentes descolados. No meio está o pessoal que é legal mas não faz nada de importante, o pessoal que às vezes fala com os importantes, as galinhas, o pessoal que é bonito, não são tão bonitos quanto os do topo, mas são bonitos, os loucos, que em geral costuma ser agente e os homossexuais descolados. E no rodapé da pirâmide escolar estão os nerds, o pessoal feio, o pessoal gordo, os drogados, os anorexios, os homossexuais que não fazem sucesso e os excluídos. (não me pergunte porque eles são excluídos, simplesmente são).
Ah sim, eu já ia me esquecendo de uma parte muito importante: os valentões!
Os valentões são compostos por atletas mal encarados, alguns drogados e uns otários que não tem mais o que fazer e infernizam a vida dos outros. Valentões não estão no topo, nem no meio, nem no rodapé. São um caso aparte, estão mais pra sessão dos “cuidado, não se aproxime”, mas todos os conhecem e todos, exceto o “topo” temem eles.
Mas bem, estamos na mesa dos doidos e não somos tão perturbados assim pelos valentões, o máximo que acontece é uma piada de humor cruel ás vezes.
- e ai, quais são os planos para hoje?- perguntou o William enchendo a batata frita de ketchup.
- eu vou pro meu curso, não posso faltar, estou aprendendo muita coisa louca sobre pc, to louco pra chegar logo no fim.- respondeu o Rafael empolgado.
- é, e eu nem sei por que estou perguntando isso, -falou o William.- eu também não vou poder sair, tenho que ajudar minha mãe no trabalho.
A mãe do William trabalha com roupas e ele costuma ajuda-la para ganhar um cachê.
- Eu não tenho nada para fazer hoje.- disse Aline.
- Aline, você nunca tem nada para fazer.- falou o David sarcástico.
- e você é muito ocupado né, seu vagal?
- eu pretendo dormi o dia inteiro.- falou o Mauricio.
- E você Anne?-perguntou Aline.
- Não sei, - respondi pouco empolgada.- talvez eu de uma passada no parque.- falei por falar.
- Legal! - exclamou Aline.- boa idéia, posso ir?
- Claro. - respondi.- podemos ir nós quatro. Isso se você não achar que dormi é melhor do que ir ao parque, né Mauricio.
- Na verdade eu acho que dormi é melhor do que ir ao parque sim, mas eu vou do mesmo jeito.-responde Mauricio monótono.- ei vocês ficaram sabendo que vai ter cover dos Ramones lá na Led?
Led Slay era uma casa de shows que apresentava bandas covers, cola muito motoqueiro e gente de alto escalão. Mas ás vezes colávamos lá também.
- vou tentar convencer minha mãe me deixar ir,- continuou Mauricio.- ela continua implicando comigo, com esse negócio de rock, continua dizendo que é coisa do demônio, que eu não devo me misturar, que tem muito drogado e blá, blá, blá! Nada que deva ser levado em consideração é claro. Mas vou tentar ir.
- A sua mãe pode falar bastante, mas ao menos ela te da um pouco de liberdade,- disse Aline.- a minha mãe quase nunca me deixa sair, vocês sabem, e eu sempre tenho que inventar uma mentira, como ir ao shopping e tal, porque se um dia eu pedir pra ela me deixar ir a Led ela é capaz de me dar uma tijolada na cabeça e me trancar no quarto pra sempre.
- Sua mãe é meio ditadora né Aline?- perguntei zoando.
- Ditadora? Não, acho que se ela fosse tipo o Hitler eu ainda conseguia chamar um americano bonitão pra dar jeito nela, ela é pior. Tipo, ela quer ser muito protetora, acho que pensa que se eu me misturar muito com o “mundo” , como ela diz, vou acabar desandando na vida, sei lá: ficando grávida, drogada, virar mulher de bandido, morrer ou coisa do tipo.
- Ah sim, eu entendo.- disse o William.- quer dizer, que coisa besta né uma mãe se preocupar para que a filha não fique grávida, drogada, vire mulher de bandido, ou morra né? Ela é realmente uma tola.
Abafamos risadinhas.
- haha, podem fazer piadas, mas vocês sabem do que estou falando.- disse Aline ficando levemente exaltada.- é normal ela se preocupar é claro, mas no meio dessa preocupação ela não esta me deixando aproveitar a minha vida. Me trancando e me proibindo de tudo ela só vai fazer eu ficar com raiva dela. Ela não me da votos de confiança, acha mais fácil berrar comigo e me trancar do que confiar em mim e me ensinar a viver no mundo de hoje. Se eu virar uma tapada que não sabe nem pegar um ônibus ou uma revoltada que mata a mãe com facadas no meio da noite a culpa vai ser dela!
- Deus!- exclamou o Mauricio e virou a lata de refri na boca.
O sinal anunciando o fim do intervalo tocou e nos vimos obrigados, pelo Odair o inspetor mais chato do mundo, a voltar para a sala de aula.
A professora Luceni (inglês) chegou rápido e logo desatou a ditar um texto em inglês nos fazendo copiar todinho em português.
As aulas passaram logo e tão logo nos vimos na calçada da escola olhando os carros que passavam
- oh, nem lembrava que o sol ainda brilhava aqui fora!- exclamou o William melancólico.- espero que um dia possamos ver o sol e a luz sem estar dentro desse prédio que nos sufoca a liberdade!
- Amém!- gritamos juntos ao final da oração.
- bem, eu vou me mandar. – disse o Rafael. – vocês sabem né, sou um cara muito importante e não posso passar mais que cinco horas com gentalhas como vocês.Tchau!
- falo o metido. – respondemos.
- eu também vou porque minha mãe deve estar terminando de preparar o almoço e eu quero o pegar ainda quente.- disse o William afobado. – tchau pra vocês!
- tchau gulosinho da mamãe.
E ficamos apenas o Mauricio, Aline, David e eu.
- e agora o que vamos fazer? – perguntou Aline entediada.
- eu vou pra casa almoçar e às duas horas eu vou pro parque.-respondi.
- eu vou fazer o mesmo.-respondeu ela.
- nós também.-falaram o David e o Mauricio.
E fomos cada um pro seu canto.
Capitulo 2
“ESMERALDAS NO PARQUE”
Minha rua estava um furdunço, gente indo e vindo por todos os lados, as crianças correndo e brincando, mas minha casa que ficava no “subsolo” estava silenciosa como um túmulo.
Eu gosto muito da minha casa, ela parece àqueles porões de rock; é em um portão fininho que fica entre duas casas enormes, e tem uma escada de vinte degraus que leva a um corredor estreito e comprido; e do lado direito tem as portas e janelas e lá no fundo tem uma pequena varanda. E também quando esta a noite fica ainda mais parecida com um porão, porque fica tudo escuro e quem esta lá encima não consegue ver nada lá em baixo.
Como sempre não havia ninguém em casa; minha mãe esta trabalhando, ela é separada do meu pai que mora do outro lado da cidade; e meu irmão, Leonardo, devia estar na casa de algum colega chato; daqui a pouco ele chega para se aprontar para ir a escola.
Ele só tem doze anos mas já é realmente chato, vive metendo o bedelho nos meus assuntos, e sempre fala tudo o que eu faço e falo para minha mãe. É um cagueta guloso e chato!
- Ah deixe-me preparar algo para almoçar.
Na altura que a omelete queimava Leonardo chegou suado e vermelho.
- ih eu estou atrasado. -exclamou ele correndo para o chuveiro.- faz um para mim também. Ouviu? –pediu ele petulante.
- Não vou não. - Respondi firme. - você que faça se quiser. Quem mandou ficar na rua ao invés de vir almoçar? E você não tem tempo para comer.
- eu vou contar pra mãe.- ameaçou ele abrindo o chuveiro.
- Corre lá. Estou morrendo de medo, seu bocó. Não sabe se defender sozinho? Tem Que correr pro colo da mamãe? Seu frouxo!
- vai cagar sua otária!
- não, obrigada já fiz isso hoje. -respondi sarcástica.- mas você deveria fazer, quem sabe assim essa sua pança de almôndega diminui.
Ficamos discutindo até que deu a hora dele ir parar escola; o que não demorou muito. Graças a Deus!
Assim que terminei meu almoço patético eu fui para a escola e encontrei a Aline, o David e o Mauricio.
- E ai cambada! - cumprimentei. – Simbora?
- Simbora!
Caminhamos tranqüilamente pela rua quando Aline começou a conversa
- Ei hoje quando eu estava voltando para casa um cara bem bonitinho ficou me secando.
Ela não disse mais nada até que o David perguntou:
- E...?
- Nada, só isso. – respondeu ela sem graça.
- Você nem falou com ele?- perguntou Mauricio indignado.
- Não. – respondeu ela ainda corando.
- Sabe Aline, é por isso que você é bv, -disse o David num tom de quem sabe das coisas. -você tem que investir, ser igual à Anne...
- O que você quer dizer com isso?- perguntei apesar de saber a resposta.
- Não é obvio?- Respondeu ele sarcástico. – sabe os homens gostam de garotas que chegam chegando Ok?
- Olha Aline, - falou Mauricio. - se eu fosse você considerava isso, por que o David sim sabe catar homens.
- É, e também sei catar sua mãe! -retrucou o David.
- deixa meu pai saber disso! – falou Mauricio rindo.
Chegamos no parque compramos sorvetes de chocolate com castanhas e fomos andar tranqüilamente pelas trilhas onde, crianças andavam de bicicleta e babás levavam bebes, babões e fedorentos em carrinhos coloridos.
Fizemos uma curva e íamos nos sentar no banco de sempre quando nos deparamos com uma coisa maravilhosa: um carinha de óculos e cabeleira ruiva estava sentado no nosso banco preferido, ele era lindo, tinha olhos verdes como esmeraldas e uma pele lisa e aparentemente macia como bumbum de neném, cachos vermelhos como o fogo que arde no fundo dos corações apaixonados! S2
Quase sofri uma parada respiratória.
Ah...foi um momento incrível, olhei para os olhos dele e senti uma mistura de calor, felicidade a agonia subir pelo pé da barriga. Não consegui segurar um suspiro.
- Oi. – falou ele sem graça quando paramos próximos, tinha uma voz doce e um ar inteligente. - Posso ajuda-los?
- Não obrigado, - Respondeu Mauricio curto e grosso.- Só estamos passando.
Continuamos nosso caminho, porem, eu senti que alguém me observava, e então olhei para trás e vi que ele estava me olhando, quando notou que eu o olhava ele sorriu, um sorriso de deus, e murmurou um “tchau” tímido.
Virei-me para frente empolgada e falei excitada:
- Gente, ele estava olhando para mim!
- Fascinante! – Exclamou Mauricio sarcástico
- Serio? – Quis saber Aline interessada. -Ele é lindo! Estava olhando mesmo? Que legal, vamos voltar e falar com ele?
- Ah não. -Respondi pensando com medo na idéia, apesar de nunca ter ficado com medo de chegar em um garoto. – Eu não vou saber o que falar, posso travar, e ficar lá olhando pra ele; ele vai pensar que sou uma imbecil.
- E não é? – perguntou o David irônico rindo com o Mauricio.
- sabe David, - falei me irritando com os dois.- Eu não tenho culpa se ele não quis você. Mas não fica triste, quem sabe ele não tem um amigo viado pra você!
Aline riu com gosto.
- E será que ele gostou mesmo de você? -retrucou David. -eu acho que ele estava era desenhando a caricatura de um traveco e olhou para você para ter uma inspiração.
Mauricio gargalhou.
- Em primeiro lugar, - Comecei. - Se ele estivese desenhando um traveco ia ter falado com você, mas não pra te desenhar, mas sim para pedir o telefone da sua mãe e marca uma hora.- Aline explodiu em uma gargalhada histérica. -E se ele não tivesse gostado não teria sorrido pára mim seu tapado.
- Poderia ter achado você, com esse cabelo de fuá, engraçada e ter pensado: “se o cabelo dela é essa arapuca, imagina só como não deve ser o da mãe dela?” – Mauricio sentou-se de tanto rir.
- Não teve graça. -disse Aline me apoiando.
- Teve sim. -respondeu David vitorioso. - Esse jegue esta rindo.
Mauricio se recuperou imediatamente de sua crise de risos.
- Quem é jegue aqui? Seu gay filho de um traveco desdentado.
- É sua mãe! Aquele hipopótamo terrestre!
- Parem de xingar as mães.
- ah cale a boca cabelo de ninho de passarinho.
- O cabelo dela não é um ninho.
- E você sua gorda?...
- Gorda é quem te cria!
&###`^^`(*) (*&&*%#$#$@#@##!!!!!!!!!!!!!!!!)!
E assim se seguiu uma discursão de muitos palavrões e insulto à família ate que o guarda local resolveu entrar na dança.
- Seus vândalos mal educados! -Gritava ele e recebia o apoio moral das babas que concordavam fervorosamente com a cabeça. -Vocês não respeitam as crianças e idosos que estão aqui? Isso não é a casa de vocês, se vocês querem fazer baixaria vão para suas casas! Agora sumam daqui!
Saímos andando de cabeça baixa e quando viramos na curva o Mauricio gritou:
- Eu quero é dar uma rapidinha com aquela vadia que você chama de mãe, seu corno!
E saímos correndo feito balas, sem parar para ver se ele nos seguia e muito menos o gatinho ruivo; só paramos quando já estávamos a seis quarteirões de distancia do parque, do outro lado da avenida, ao lado do posto de gasolina, perto da padaria da rua da casa do David.
- Essa foi demais! – exclamou a Aline se dobrando de rir
- É, jogada de mestre. -falei estendendo a mão para Mauricio.- Companheiros?
- Companheiros. -concordou Mauricio apertando minha mão.-Não tenho outra escolha né?
- Há seu gay infeliz!
#$#$¨%%&*&¨*(*()¨&$%¨%#$#$%#%#$%*&).
E saímos discutindo avenida á fora, somente para atrair olhares e resmungos, nos rachando de rir. AI COMO EU SOFRO!