UM PASSE DE MÁGICA
UM PASSE DE MÁGICA
Cardoso I
Agatha sempre acreditou em bruxas. Enquanto seus amigos zombavam de suas histórias sobre feitiçaria e encantamentos, ela se recusava a desacreditar. Seu coração dizia que havia algo mais no mundo, algo que a maioria das pessoas simplesmente não enxergava.
Certo dia, sua escola organizou uma visita ao Museu de História da cidade. Agatha adorava lugares antigos, e sua empolgação aumentou quando soube que haveria uma exposição sobre mitos e lendas. Mas o que deveria ser apenas um passeio se tornaria o maior acontecimento de sua vida.
Ao se afastar do grupo para explorar melhor a seção de artefatos mágicos, Agatha parou diante de um espelho grande e empoeirado, emoldurado por ouro e símbolos desconhecidos. Havia uma placa ao lado:
"O Espelho das Sombras – Diz a lenda que aqueles que olham fundo em seu reflexo podem ver o que não pertence a este mundo."
Ela se inclinou para observar melhor e sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Algo se mexeu dentro do espelho.
— Você acredita em bruxas, menina?
A voz veio de dentro do vidro. Agatha recuou, o coração disparado. No reflexo, uma mulher de longos cabelos negros e olhos brilhantes a encarava.
— Quem... quem é você? — Agatha gaguejou.
— Meu nome é Samanta. E acho que está na hora de você descobrir a verdade.
Antes que pudesse gritar, o espelho brilhou intensamente e a puxou para dentro.
O OUTRO LADO
Agatha abriu os olhos e encontrou-se em uma floresta escura e silenciosa. A lua iluminava um céu estrelado, e o vento carregava um cheiro de terra molhada.
— Bem-vinda ao meu mundo — disse Samanta, parada à sua frente.
A bruxa trajava um vestido escuro e usava um colar com um cristal brilhante.
— Onde eu estou? — Agatha perguntou, tentando manter a calma.
— Em um lugar entre os mundos — respondeu Samanta. — Você sempre quis saber se bruxas existem, não é? Agora está prestes a descobrir.
Agatha sentiu um misto de medo e empolgação. Estava realmente diante de uma bruxa!
— E agora? O que acontece comigo?
— Agora, minha cara, nós vamos nos divertir um pouco.
Samanta estalou os dedos e, de repente, um vórtice surgiu no céu, puxando as duas para cima. Elas voaram pelo ar como folhas ao vento e, em um piscar de olhos, aterrissaram em uma vila peculiar.
As casas eram feitas de madeira retorcida, e luzes coloridas dançavam no ar como vaga-lumes. Pessoas vestindo roupas antigas caminhavam pelas ruas, algumas carregando livros flutuantes, outras conversando com corvos falantes.
— Uau! — Agatha arregalou os olhos.
— Esse é o Mercado Mágico — explicou Samanta. — Aqui você encontra de tudo: poções, ingredientes raros, feitiços antigos…
— E você me trouxe aqui para...?
Samanta sorriu de lado.
— Para uma pequena aventura.
A AVENTURA COMEÇA
As duas caminharam pelo mercado, e Agatha se maravilhava com tudo ao seu redor. Mas, de repente, um grito ecoou:
— Peguem o ladrão!
Uma criatura pequena, de pele azulada e orelhas pontudas, corria com um saco cheio de itens brilhantes. Atrás dele, um grupo de comerciantes gritava furioso.
— Ele está fugindo! — Agatha apontou.
— Então vamos pegar ele — disse Samanta.
— O quê?! Como?
Mas Samanta já estava em ação. Ela balançou os dedos no ar e sussurrou:
— Fulgura vinculum!
Uma corda brilhante surgiu no ar e se lançou contra o pequeno ladrão, prendendo suas pernas. Ele tropeçou e caiu no chão com um baque.
Os comerciantes chegaram esbaforidos e olharam para Samanta com gratidão.
— Obrigado, bruxa Samanta! Esse diabrete vem nos roubando há semanas!
O pequeno ser olhou para elas com olhos brilhantes.
— Eu não sou mau! Eu só queria comida…
Agatha sentiu pena.
— Samanta, será que ele não pode trabalhar para os comerciantes em vez de ser punido?
Samanta ergueu uma sobrancelha.
— Você tem um bom coração, garota.
Ela olhou para os comerciantes, que murmuraram entre si e acabaram concordando.
— Muito bem, diabrete — disse um deles. — Você vai trabalhar na feira e, em troca, terá comida.
O ser azul sorriu.
— Obrigado!
Enquanto o mercado voltava ao normal, Agatha olhou para Samanta.
— Isso foi incrível!
— Eu disse que seria divertido. Agora, que tal aprender um feitiço?
Os olhos de Agatha brilharam.
E assim, a aventura de Agatha e Samanta estava apenas começando…