A História de Astride. Capítulo 3, A-...

Capítulo 3.

A

No auge do reinado de Maximilianus, o Continente Verde floresceu em uma era de paz e prosperidade sem precedentes. Os homens-pássaro haviam sido exilados para o Oriente, onde suas ilhas e montanhas flutuantes os mantinham distantes das disputas no continente, e os homens-peixe, agora confortáveis nas profundezas dos oceanos, não mais emergiam para ameaçar as terras humanas. Essa nova tranquilidade permitiu que Astride, Valecor e Pedraluz crescessem e prosperassem como nunca antes.

Astride, o coração do continente, era o reino mais próspero e influente, abrigando o Cristal de Luz no Topo dos Ventos, uma montanha imponente que se erguia no centro do continente. A capital de Astride, chamada de Cidade Real, ficava bem no alto da Montanha Real, com suas muralhas de pedra branca brilhando sob o sol, como se refletissem a pureza do Cristal de Luz. As ruas da Cidade Real eram pavimentadas com mármore, e os telhados das casas reluziam dourados ao longe, uma visão grandiosa para qualquer viajante que se aproximasse.

Descendo pela Montanha Real, havia a Praia da Cidade Baixa, um refúgio de paz e lazer para os habitantes de Astride. A Cidade Baixa, apesar de ser habitada pelos pescadores, artesãos e comerciantes, era vibrante e próspera. Suas praças movimentadas eram cheias de barracas de mercadores que traziam tesouros das regiões mais distantes do continente, além de artistas que exibiam suas criações em madeira, pedra e tecido. A praia de areia dourada e águas cristalinas era um lugar onde o povo se reunia para celebrar festivais, especialmente durante o solstício, quando o Cristal de Luz refletia sua energia na água, criando um espetáculo mágico de cores e luz.

Subindo a Montanha Real, havia uma vasta e exuberante floresta, a Floresta de Cristan, que cobria as encostas com árvores ancestrais e plantas medicinais raras. Era uma região respeitada e protegida, pois se acreditava que ela carregava a bênção do Cristal de Luz. A floresta se estendia até os Portões da Cidade Real, os imponentes portais que marcavam a entrada da capital. A presença de templos e santuários ao longo das trilhas da floresta revelava o respeito dos habitantes pela natureza e pelos espíritos ancestrais.

A norte de Astride, Valecor era o reino militarmente mais poderoso do Continente Verde. Governado pelo imponente Rei Edrion, Valecor era conhecido por suas fortificações intransponíveis e seu exército disciplinado, um dos mais respeitados em todo o continente. A capital de Valecor, chamada Fortaleza de Arktos, estava situada no alto de uma vasta colina, cercada por muros maciços de pedra cinza. As torres de vigia se estendiam para o céu, sempre de olho nas terras ao redor.

Apesar de sua reputação como uma nação guerreira, Valecor não era apenas um reino de aço e espadas. Seus campos férteis e cidades florescentes eram conhecidos por sua produção de grãos, vinhos finos e metais preciosos. A Cidade de Crasna, uma das maiores do reino, era famosa por suas minas de ouro e prata, atraindo mercadores de todo o Continente Verde e além. Durante o reinado de Maximilianus, Valecor manteve uma relação de forte aliança com Astride, e o comércio entre os dois reinos floresceu, trazendo ainda mais riqueza e prosperidade.

Ao sul de Astride, Pedraluz era governado pelo sábio e generoso Rei Aldebrand, conhecido por sua paixão pela magia e pela beleza natural. Pedraluz era famoso por suas minas de pedras preciosas, que produziam as mais finas joias e cristais de todo o continente. A capital, chamada Cidade de Lapis, era um lugar mágico, onde as casas eram construídas com pedras luminescentes que brilhavam à noite, como se a própria terra estivesse imbuída de magia. Lapis era um centro de artes e estudos, atraindo sábios, magos e artesãos de todas as regiões.

A Torre de Cristal, localizada no coração da cidade, era o lugar onde os magos de Pedraluz estudavam e praticavam suas artes. Essa torre era cercada por um grande jardim botânico que cultivava plantas raras e mágicas, muitas delas encontradas nas terras ao redor da capital. Pedraluz, embora não tivesse o poder militar de Valecor, se destacava como o centro cultural e intelectual do Continente Verde, mantendo uma forte aliança com Astride e ajudando a desenvolver os conhecimentos sobre o Cristal de Luz e suas propriedades.

Sob o reinado de Maximilianus, Astride prosperava como o centro político e espiritual do Continente Verde. As riquezas de Valecor e a magia de Pedraluz complementavam o poder central de Astride, criando um equilíbrio de poder entre os três reinos. Comércio, cultura e cooperação definiam essa era dourada, com caravanas viajando de um reino ao outro, transportando mercadorias, ideias e novas descobertas.

No entanto, fora dessas cidades humanas, as terras ainda eram habitadas por gnomos, fadas e bruxas, que viviam em harmonia com os reinos humanos, mas também mantinham seus próprios territórios independentes. Os gnomos controlavam vastas cavernas cheias de tesouros ocultos nas montanhas ao oeste, as fadas protegiam as florestas encantadas do leste, e as bruxas, misteriosas e poderosas, viviam em áreas isoladas, mantendo uma vigilância atenta sobre os eventos no continente.

No Topo dos Ventos, da Montanha do Meio, o Cristal de Luz continuava a brilhar intensamente, símbolo de paz e prosperidade para o continente. A Cidade Real de Astride, com seus portões monumentais e templos brilhantes, permanecia como o ponto central dessa nova era de prosperidade. As florestas ao redor da montanha eram reverenciadas, e os habitantes viviam em harmonia com a natureza, sentindo-se abençoados pela presença do Cristal.

Maximilianus, agora no auge de seu poder, olhava para o futuro com otimismo. Ele sabia que, embora o continente estivesse em paz, sempre haveria desafios e ameaças. Mas, com a força de Astride, Valecor e Pedraluz, ele acreditava que o Continente Verde prosperaria por gerações, e o Cristal de Luz continuaria a ser o farol de esperança para todos os povos do continente.

...

Após a morte de Maximilianus, o rei que levou o Continente Verde a seu auge de prosperidade e paz, seu legado foi mantido por uma sucessão de monarcas que governaram Astride por mais de três séculos. Cada um dos três reis que se seguiram a Maximilianus — Gregorios, Aurelios e Christoforo — desempenhou um papel crucial na preservação e transformação do reino, com seus reinados moldando a história do continente e preparando o terreno para o futuro de Astride.

O primeiro a suceder Maximilianus foi Gregorios, um líder sábio e cauteloso. Gregorios assumiu o trono em uma época de estabilidade, mas ele sabia que manter a paz não seria uma tarefa fácil. Ele era profundamente respeitado por sua capacidade de negociação e de manter alianças. Durante seu reinado, ele reforçou os laços com os reinos vizinhos, especialmente com Valecor e Pedraluz. Ele sabia que a unidade entre os reinos humanos era fundamental para garantir a proteção contra quaisquer ameaças externas.

Embora Gregorios fosse mais conhecido por suas habilidades diplomáticas do que por sua força militar, ele também reforçou as defesas de Astride, garantindo que as fortificações da Montanha Real continuassem a ser intransponíveis. Sob sua liderança, os exércitos de Astride foram mantidos em alta prontidão, não para atacar, mas para dissuadir potenciais invasores. Gregorios também investiu em melhorar as condições de vida em todo o reino, desde as áreas costeiras até os interiores florestais, com foco em garantir o bem-estar de seu povo.

Durante seu longo reinado, Gregorios supervisionou a consolidação da Praia da Cidade Baixa como um grande centro de comércio marítimo. Com os homens-peixe afastados, as águas costeiras de Astride se tornaram rotas comerciais seguras, conectando o reino com as terras distantes. Os portos cresceram, atraindo comerciantes de outros continentes, e a economia de Astride prosperou. A Floresta de Cristan, na encosta da Montanha Real, tornou-se um lugar sagrado onde rituais e festivais eram realizados em homenagem ao Cristal de Luz.

Após a morte de Gregorios, Aurelios, seu filho, ascendeu ao trono. Enquanto Gregorios foi o guardião da paz e da estabilidade, Aurelios era um rei visionário que via a necessidade de reforma e inovação. Ele acreditava que Astride poderia se expandir ainda mais, não através da conquista, mas através do avanço da magia, das artes e do conhecimento.

Aurelios, fascinado pelos segredos do Cristal de Luz, passou grande parte de seu reinado incentivando os magos e estudiosos de Pedraluz e outros lugares a virem para Astride e mostrarem o que estudaram sobre o Cristal. Ele estabeleceu a Ordem dos Guardiões de Luz, uma irmandade de sábios e magos dedicados à proteção e ao entendimento profundo do Cristal. A Torre dos Guardiões foi construída em Cidade Real, um imponente edifício próximo ao palácio, onde se realizavam estudos sobre a magia dos elementos e a influência do Cristal de Luz sobre o equilíbrio do continente.

Durante o reinado de Aurelios, a magia floresceu como nunca antes. Os magos de Astride começaram a dominar novas formas de conjurações, integrando o poder do Cristal nas suas práticas, o que resultou em um grande desenvolvimento tecnológico e mágico. Aurelios também incentivou a construção de grandes monumentos e templos, muitos dos quais foram erguidos nas colinas ao redor da Montanha Real, dedicados aos antigos deuses e ao Cristal.

Aurelios, no entanto, era mais idealista do que seu pai e às vezes ignorava os aspectos práticos do reinado. Embora sua visão de um reino iluminado fosse inspiradora, sua falta de atenção para as tensões internas criou alguns descontentamentos. As classes nobres, que controlavam terras e exércitos, começaram a questionar a ênfase excessiva de Aurelios na magia e nas artes em detrimento das defesas militares. Apesar dessas críticas, Aurelios foi um monarca amado por grande parte do povo, especialmente pelos magos, estudiosos e artistas, que viram seu reinado como uma era dourada de descobertas e avanços.

Quando Aurelios faleceu, semeando dúvidas quanto ao futuro da segurança do reino, Christoforo, seu filho, assumiu o trono. Christoforo era um líder pragmático, muito diferente de seu pai. Ele reconhecia a importância das inovações mágicas e culturais trazidas por Aurelios, mas sabia que o reino precisava de estabilidade política e de uma liderança forte para manter o controle das regiões afastadas de Astride.

Christoforo passou os primeiros anos de seu reinado restabelecendo a ordem no reino e restaurando a confiança dos nobres. Ele trabalhou para reforçar as defesas de Astride e Valecor, fortalecendo as alianças militares e restabelecendo a Guarda Real, que havia sido negligenciada durante o governo de seu pai. As fortificações de Astride foram expandidas, e Cavaleiros da Luz foram treinados para proteger o Cristal a todo custo. Ao mesmo tempo, ele manteve o apoio à Ordem dos Guardiões de Luz, compreendendo a importância do estudo do Cristal para o equilíbrio do continente.

Durante o reinado de Christoforo, o equilíbrio entre as esferas mágicas e militares foi alcançado. Ele permitiu que as inovações culturais de Aurelios continuassem, mas também garantiu que o exército de Astride permanecesse forte e vigilante. Ele soube administrar os conflitos internos entre os nobres e os magos, agindo como um mediador habilidoso. Sua visão era clara: Astride precisava de força e sabedoria para manter o equilíbrio do poder no Continente Verde.

Christoforo também consolidou ainda mais os laços com os reinos vizinhos, especialmente com Valecor, governado agora pelo bisneto de Edrion, um rei que partilhava a visão de força militar. Com Pedraluz, os laços culturais e mágicos continuaram a florescer, e o comércio entre os três reinos manteve o continente próspero.

Christoforo também foi responsável por grandes reformas na infraestrutura de Astride. Ele revitalizou as estradas que conectavam a Cidade Real à Praia da Cidade Baixa e aos portos comerciais, garantindo que o comércio terrestre e marítimo continuasse a prosperar. A Floresta de Cristan foi protegida por novos decretos, garantindo que suas riquezas naturais fossem preservadas e que o local continuasse a ser um santuário sagrado.

Christoforo reinou com sabedoria e força por muitos anos, mas, como todos os reis, seu tempo chegou ao fim. Com sua morte, seu filho Ambrósio assumiu o trono de Astride. O reinado de Ambrósio marcaria uma nova era para o continente, onde as decisões tomadas moldariam o futuro do Cristal de Luz e de todo o Continente Verde.

...

A história de Ambrósio começa de maneira imponente, revelando sua origem como filho do venerado rei Christoforo e da rainha Maria. Criado no coração do reino, ele cresceu no majestoso castelo que se erguia no centro da Grande Cidade de Astride, cercado pela sabedoria de seu pai e pela elegância e diplomacia de sua mãe. Sua vida parecia destinada à paz e prosperidade, herdando um reino forte e próspero, até que um incidente imprevisto mudou o curso de sua trajetória.

Foi na Praia da Cidade Baixa, um dos principais pontos de comércio e interação com o mundo além das fronteiras de Astride, que ocorreu o inesperado: um homem-peixe chamado Noereu surgiu das profundezas do oceano. Seu aparecimento trouxe agitação entre os moradores e guardas da cidade, pois os homens-peixe há muito tempo haviam se retirado para as profundezas dos mares, afastados de qualquer interação com o continente.

Noereu, lutando bravamente, conseguiu invadir o castelo. Ele trazia uma mensagem urgente para o rei Christoforo. Os Povos dos Fundos dos Mares, preocupados com a recente atividade dos homens-pássaro, pediam uma nova aliança com Astride para enfrentar essa ameaça crescente. Ele descreveu como os homens-pássaro, banidos para o Oriente séculos antes, estavam mobilizando forças novamente, ameaçando tanto os territórios terrestres quanto as águas costeiras.

Essa revelação caiu como uma tempestade sobre o conselho de Astride. O surgimento de Noereu marcava não apenas o recomeço de uma guerra antiga, mas também a retomada das relações diplomáticas entre os homens da terra e os homens do mar. Era um momento decisivo para Ambrósio, que, embora ainda jovem, começou a vislumbrar a complexidade das responsabilidades que um dia herdaria. Ele assistia a tudo atentamente ao lado de seu pai, observando como o rei equilibrava sabedoria, estratégia militar e diplomacia em tempos de crise.

Christoforo, após ouvir as palavras de Noereu, convocou um conselho extraordinário com seus principais generais e conselheiros, assim como os representantes de Valecor e Pedraluz, para discutir a resposta ao pedido de aliança. Astride estava novamente em uma posição crítica: defender sua terra e proteger o Cristal de Luz contra a fúria renovada dos homens-pássaro.

Assim, Ambrósio, que até aquele momento crescera em tempos de paz, viu-se à beira de uma guerra iminente que colocaria à prova o legado de seu pai e moldaria o destino de seu futuro reinado. O incidente com Noereu foi apenas o primeiro sinal do conflito que se aproximava, e ele se tornaria uma figura central nessa nova era de confrontos e alianças.

...

A história deste livro começa com a chegada inesperada de Noereu, um homem-peixe dos Povos dos Fundos dos Mares, na Praia da Cidade Baixa de Astride. Ele trouxe consigo não apenas uma mensagem urgente, mas também um evento que mudaria o curso da história de todo o Continente Verde.

Após sua exaustiva jornada do fundo do oceano, Noereu invadiu o castelo no centro da Grande Cidade de Astride, onde o rei Christoforo e a rainha Maria governavam com sabedoria e justiça. Com o ar ainda úmido e suas escamas cintilando sob a luz da manhã, Noereu entregou uma carta lacrada ao rei. Esta carta, escrita pelos líderes dos Povos dos Fundos dos Mares, continha um pedido formal para uma audiência diplomática com o rei de Astride.

A carta deixava claro que os embaixadores submarinos, figuras de grande prestígio e autoridade entre o povo do mar, desejavam vir ao reino para discutir uma aliança militar e diplomática. A ameaça dos homens-pássaro, exilados para o Oriente, havia se tornado novamente uma realidade. Estes antigos inimigos estavam mobilizando forças, e os povos submarinos temiam que suas terras costeiras e profundas estivessem em risco. Eles sabiam que, sozinhos, não poderiam enfrentar a investida. A aliança com Astride era vista como uma solução necessária e urgente, pois esta seria a principal afetada no Continente Verde, em vista de sua relação com o Cristal de Luz.

Christoforo, conhecido por sua prudência e habilidade diplomática, imediatamente entendeu a gravidade da situação. Ele reuniu seus conselheiros e generais para uma reunião de emergência, e com o apoio da rainha Maria, começou a organizar os preparativos para receber os embaixadores submarinos. A audiência prometia ser um marco na história de Astride, pois pela primeira vez em décadas, as nações do mar e da terra se uniriam novamente em face de um inimigo comum.

Essa carta, carregada por Noereu, marcava o início de uma nova era de alianças e conflitos. E foi nesse momento crucial que Ambrósio, filho de Christoforo e Maria, observou de perto o manejo de seu pai diante de uma crise iminente, sabendo que um dia seria sua responsabilidade manter o equilíbrio entre a paz e a guerra no vasto e complexo Continente Verde.

B

Trevius, o mago negro, liderava o exército ninja que havia surpreendido Astride com um ataque furtivo e letal. No meio das sombras, ele já havia traçado seus planos há tempos, e agora, enquanto a noite envolvia o porto de Astride, seu navio misterioso estava pronto para zarpar. Ao comando de sua voz grave e sombria, as velas se ergueram, e o destino do grupo que embarcara era selado.

A bordo do navio, um grupo heterogêneo de viajantes, todos com papéis cruciais em uma jornada perigosa, se preparava para uma missão que poderia alterar o destino do Cristal de Luz e do mundo como o conheciam. Cada um deles, por diferentes razões, fora atraído para o caminho sombrio traçado por Trevius, e agora rumavam para as terras esquecidas da Antiga Elydora.

Noereu, o primeiro homem-peixe a aparecer nesta história, parecia carregado de um peso silencioso. Seu papel de intermediário entre os Povos dos Fundos dos Mares e os humanos o havia levado a uma posição complexa. Agora, envolvido em uma missão cujas consequências ele ainda não compreendia totalmente, Noereu observava as águas enquanto sentia as correntes do destino o puxarem para algo ainda maior.

Kaelan, oriundo de Valecor, e Drakar, de Pedraluz, dois guerreiros lendários, estavam ali com uma lealdade quase cega à causa. Embora tivessem suas diferenças, ambos sabiam que o equilíbrio de poder no Continente Verde dependia do resultado dessa missão. Eles traziam a força de dois dos reinos mais poderosos para este grupo heterogêneo.

Magiori, o sábio que havia alertado o rei Ambrósio sobre a presença de Kaelos, o Espírito das Sombras, sentia que as forças antigas estavam começando a se mover. Sua mente estava ocupada com os segredos que envolviam o Cristal de Luz, e ele sabia que esta jornada talvez os levasse a encarar a verdadeira escuridão que Kaelos representava.

Rami, o conselheiro de Ambrósio, sentia a responsabilidade de representar o rei e proteger o reino de Astride em seu coração. Leal e astuto, ele sabia que a política e a guerra estavam entrelaçadas, e que, sem sua perspicácia, este grupo poderia facilmente se perder nas teias do poder.

Entre eles, Thalassa, uma amazona de renome, não podia deixar de exibir seu espírito destemido. Seu passado era de luta, e seu futuro parecia igualmente sombrio, mas ela confiava na sua força e na habilidade de seus companheiros. Ela sabia que, no campo de batalha, precisaria mais do que força física para vencer as ameaças que enfrentariam.

Bromnar, o anão, era pequeno, mas sua coragem e habilidade com o martelo não tinham igual. Ele já havia lutado em inúmeras guerras e sabia que o terreno desconhecido poderia trazer tanto a morte quanto a glória. Seu humor mordaz e sua determinação feroz eram os únicos confortos que levava consigo nesta viagem.

Enquanto o navio se distanciava das luzes do porto, eles seguiam rumo a um porto perdido da Antiga Elydora, uma terra cujas ruínas ainda respiravam o poder de tempos antigos. De lá, seu destino final seria a Montanha das Paixões das Trevas, um lugar envolto em lendas e terrores, onde residia a mítica Mulher-Cavaleiro, a criatura amaldiçoada por Kaelos, destinada a proteger o Cristal de Luz e esperar o retorno de Pyrron.

O ar estava pesado com antecipação, pois todos sabiam que a jornada à frente não seria fácil. O destino do Cristal de Luz e o equilíbrio entre os elementos e as forças que governavam o mundo dependiam de cada passo que dariam daqui em diante.

...

Antes de ser o portador de mensagens vitais entre os Povos dos Fundos dos Mares e os humanos, Noereu era um guerreiro silencioso das profundezas. Sua vida era pacífica nas águas cristalinas, cercada pelas antigas cidades submersas que o fascinaram desde a juventude. Ele era um explorador nas suas primeiras décadas, navegando pelos abismos mais profundos e descobrindo os mistérios que o oceano escondia. Noereu nunca imaginou que se envolveria nos conflitos da superfície, acreditando que a vida subaquática estava isolada dos problemas dos reinos acima das ondas.

No entanto, quando os homens-pássaro começaram a perturbar as águas costeiras, Noereu foi convocado pelos anciões de sua cidade para uma missão sem precedentes. Ele se tornou o emissário de uma antiga aliança e o primeiro homem-peixe a pisar na terra firme em gerações. Embora sua mente estivesse focada em proteger seu povo, Noereu nutria uma curiosidade secreta pelo mundo da superfície. Suas expectativas para a missão eram simples: garantir a proteção dos oceanos e retornar ao mar, mas, no fundo, ele se perguntava o que mais o aguardava fora de suas profundezas.

Kaelan, antes de embarcar nessa jornada com Trevius e o grupo, era o orgulho do exército de Valecor, um dos maiores reinos do Continente Verde. Ele vinha de uma longa linhagem de guerreiros, treinado desde a infância para servir e proteger seu rei e seu reino. Sua vida era pautada por honra, dever e disciplina. Kaelan era conhecido pela sua habilidade com a espada e sua bravura no campo de batalha, mas também por seu coração obstinado. Ele acreditava no poder das alianças, mas apenas quando estas favoreciam seu reino.

Ele cresceu admirando as façanhas de seus ancestrais e sonhava em se tornar uma lenda por direito próprio. Quando o chamado para a missão chegou, Kaelan viu uma oportunidade de provar que seu nome ficaria gravado nos anais da história. Sua expectativa era vencer os homens-pássaro, restaurar a glória de Valecor e retornar triunfante, mas Kaelan também carregava uma inquietação: ele sabia que o caminho à frente era imprevisível e que a própria honra poderia ser posta à prova.

Enquanto Kaelan buscava glória, Drakar, de Pedraluz, buscava compreensão. Ele era um estrategista nato, mas, ao contrário dos guerreiros impulsivos, sua mente estava sempre mergulhada na filosofia e no significado mais profundo da guerra. Nascido no reino das montanhas, Drakar foi criado entre as bibliotecas e salões de pedra de Pedraluz. Ele estudava as estrelas, o movimento dos ventos e o comportamento das forças mágicas que governavam o mundo. Sua curiosidade o levou a tornar-se um estudioso da história antiga e dos poderes que envolviam o Cristal de Luz.

Antes de se juntar ao grupo de Trevius, Drakar estava obcecado com a ideia de que o Cristal representava mais do que um simples artefato de poder. Ele acreditava que o equilíbrio entre os elementos estava sendo ameaçado, e que a solução para a paz estava escondida nas histórias antigas, nas quais ele havia se imerso por anos. Agora, ele via a missão como um caminho para provar suas teorias e talvez revelar segredos maiores do que qualquer rei pudesse imaginar.

Magiori sempre foi uma figura enigmática. Nascido em terras onde a magia corria livre, ele desenvolveu desde cedo a habilidade de ver além do mundo físico. Como um oráculo e conselheiro, ele havia alertado o rei Ambrósio sobre a ameaça de Kaelos, o Espírito das Sombras, uma entidade que poucos acreditavam ser real. Magiori, no entanto, sempre soube que Kaelos estava esperando um momento de fraqueza para emergir.

Antes de se envolver na política do reino, Magiori passou anos em solidão, viajando entre os reinos e mergulhando nas artes mágicas proibidas. Ele buscava compreender o equilíbrio entre a luz e as sombras, e acreditava que sua visão era crucial para manter o mundo seguro. Ao embarcar nessa jornada, Magiori via a missão como uma chance de provar que suas previsões estavam corretas e de enfrentar a entidade que sempre o assombrara em visões.

Desde jovem, Rami era um homem que servia com lealdade e sabedoria. Como conselheiro de Ambrósio, ele desempenhou um papel central em manter o reino de Astride seguro e próspero. Seu talento para a política era evidente, mas Rami nunca sonhou em obter poder para si. Ao contrário, seu maior sonho era garantir que o reinado de Ambrósio fosse lembrado pela paz e justiça.

Antes de sua vida na corte, Rami tinha sido um humilde estudioso. Ele viajou entre os reinos aprendendo sobre a natureza dos governos e como eles poderiam se tornar máquinas de destruição ou de prosperidade. Agora, ao embarcar na missão, ele sabia que a diplomacia e a estratégia seriam tão importantes quanto a força bruta. Ele esperava, acima de tudo, preservar a paz e evitar que o Cristal caísse nas mãos erradas.

Thalassa era uma guerreira feroz, vinda de uma tribo de amazonas. Sua vida até aquele momento havia sido uma série de batalhas, tanto internas quanto externas. Ela nasceu para lutar, mas lutava não apenas com armas, mas com um desejo ardente de entender seu propósito no mundo. Desde jovem, ela liderava incursões em defesa de sua tribo, mas sentia que havia algo maior além dos horizontes de sua floresta natal.

Quando a oportunidade de se juntar à missão apareceu, Thalassa viu um caminho para finalmente testar seus limites. Mais do que uma guerreira, ela desejava ser uma guardiã do equilíbrio, proteger os que não podiam se proteger e descobrir o verdadeiro propósito da sua força. Sua esperança era que, ao final dessa jornada, ela encontrasse um significado maior para sua existência.

Antes de entrar nessa missão, Bromnar já era uma lenda entre os anões de sua montanha. Ele havia lutado em batalhas infindáveis, derrubado criaturas imensas e visto reinos surgirem e caírem. Bromnar tinha o espírito de um guerreiro que não conhecia medo, mas, no fundo, o que ele mais desejava era paz. Ele lutava por seus amigos, por sua honra e, em algum lugar em seu coração, por um futuro em que não precisasse mais erguer seu martelo em guerra.

Sua lealdade ao grupo era inabalável, mas sua esperança era que essa jornada fosse a última grande batalha de sua vida. Ele sonhava em voltar para sua montanha e viver em tranquilidade, forjando armas e cantando as canções dos velhos tempos, sem mais a necessidade de lutar.

Selvéria, a bruxa, sempre caminhou entre o mistério e o medo. Sua vida foi marcada por visões perturbadoras desde a infância. Ela era uma profetisa, mas seu dom era mais uma maldição do que uma bênção. Suas previsões eram sempre de tragédias e desastres, e o seu maior fardo era carregar o conhecimento de que o Cristal de Luz não era apenas um símbolo de esperança, mas também a chave para um poder antigo e perigoso.

Antes de se envolver com o grupo, Selvéria vagava pelos reinos, temida e respeitada por onde passava. Sua visão sobre o Antigo Rei do Mundo Alado e o destino do Cristal a levaram a crer que ela estava destinada a impedir uma catástrofe. Embora suas profecias fossem sombrias, ela carregava a esperança de que, se sua visão fosse corretamente interpretada, ela poderia salvar o mundo de um destino pior do que a morte.

Estoriomance
Enviado por Estoriomance em 11/10/2024
Reeditado em 21/10/2024
Código do texto: T8171085
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