Esquina Confuciana
Era uma vez um menino chamado Draven Jovan.
Em um dia chuvoso do inverno na Nexônia, Draven chegou à escola em uma carruagem antiga, protegido por sua capa de chuva e botas galochas. Sua mãe cuidava para que ele não se molhasse. Ao descer, agradeceu ao cocheiro e entrou na escola.
Antes de ir para a sala de aula, Draven retirou a capa molhada e as botas, colocando-as em um armário.
Dirigindo-se à sua carteira, percebeu haver uma discussão animada no canto da sala conhecido como a Esquina Confuciana. Era naquele cantinho, com uma parede cheia de pôsteres científicos e uma grande janela que dava vista para o jardim, que os alunos mais curiosos se encontravam para debater temas ligados à ciência.
Draven cumprimentou os colegas e se encostou em uma das carteiras, apoiou as mãos para trás e cruzou as pernas, demonstrando que estava pronto para ouvir com atenção o que os outros diziam. Sua chegada foi notada, e os outros abriram espaço para ele participar da conversa.
— Tenho certeza de que os primeiros seres vivos da Terra foram os Triceratops. Eles eram grandes, fortes e dominavam a Terra! — disse Mariya Khlara, uma entusiasta dos Dinossauros Ceratopsídeos, com um sorriso entusiástico e olhos brilhando. Mariya, com sua pele morena e cabelos lisos, era admirada por ser aplicada e talentosa. Ela amava as artes e era conhecida como a conciliadora da sala.
— Você está errada, minha querida Mariya. Os verdadeiros pioneiros foram os Estegossauros, os primeiros a caminhar sobre a Terra — disse Khaled Valyn, sorrindo e levantando as sobrancelhas. Khaled era o mais deslocado da sala. Bom de bola, vivia sempre bem-humorado. Nunca esquecia de usar o kufi e um lenço em volta do pescoço. Todos gostavam dele.
— Eu acredito que os primeiros seres vivos foram os Velociraptores — disse Luken Kaell com timidez, olhando ao redor tentando captar as reações dos amigos. Luken, o mais novo dentre eles, era um dos filhos do Padre da ilha. Apaixonado por futebol, não havia quem conhecesse melhor do que ele os detalhes da Canarinha na Copa do Mundo de Futebol de 1970, vencida pelo Brasil, e como lidar com a ciência da computação.
— Concordo. Os Velociraptores eram muito ágeis e velozes — disse Ivy Nerys, com um olhar de aprovação e um sorriso encorajador para Luken. Ivy era negra, a mais rica entre os demais colegas, circunstância que não a impedia de ser a mais popular da sala.
— Não acredito que os Dinossauros foram os primeiros seres vivos. Não há evidências científicas de que tenham sido. Acho que antes deles, houve outras formas de vida, como os Trilobitas e as Bactérias — ponderou Isla Raelyn franzino a testa e com um olhar de determinação. Isla era filha de um casal de pequenos agricultores japoneses. Apesar de ser adotiva, tinha, é verdade, alguns traços orientais em seu rosto delicado. Ela amava música pop contemporânea e era ela quem alegrava as festas, cantando e interpretando astros famosos da atualidade.
Draven, o pensador da turma, ao ouvir tudo aquilo, acrescentou por fim, com ar conciliador, logo após a chegada da colega Ellara Ember:
— Meus queridos amigos Isla, Ivy, Mariya, Khaled e Luken. Talvez nunca saibamos com certeza quem foram os primeiros seres vivos da Terra. A ciência está em constante evolução. Mas é fascinante refletir sobre isso.
— A ciência está em constante evolução. Parece que, a cada dia, novas descobertas vêm à tona, apesar dos esforços do enigmático Barão Olivier La Fleur para mantê-las ocultas — disse Ellara, com o olhar firme em Mariya e Luken, logo após se desculpar pelo atraso.
A discussão seguiu animada, com cada um contribuindo com suas teorias e opiniões sobre a origem dos primeiros seres vivos da Terra.
Com o som do sino ressoando indicando que havia chegado a hora de começar a aula de história, os alunos se dispersaram para suas carteiras.
Naquela manhã muito especial, com todos vestidos com hijabs, lenços e kufis, explorariam com a professora Nyla Linnea temas ligados à história das religiões.