O anjo Ruivo
Em meio à exuberante paisagem do interior do Amazonas, na comunidade Menino Jesus, Yago, um menino de cabelos ruivos e olhos brilhantes, vivia cercado pela natureza. Filho único de pais católicos, sua mãe, Sil, trabalhava como secretária na paróquia local, enquanto seu pai, conhecido como Cheiro, dirigia um táxi. Yago era incansável, sempre em movimento, e sua frase favorita era: "A minha sorte sou eu mesmo que faço."
Seus amigos o consideravam um raio de luz, e ele tinha uma legião deles. Juntos, eles exploravam os campos, corriam atrás do gado, montavam cavalos e mergulhavam no rio. Yago também desempenhava várias funções na comunidade: entregador de comida no restaurante da tia Marta e frentista no posto de gasolina do tio Feitosa. Sua alegria contagiava a todos, e ele semeava felicidade por onde passava.
No entanto, o destino reservou uma tragédia. Em um final de semana, Yago convidou seu primo Rafinha para uma viagem de moto até Manaus. A velocidade da moto trazia a adrenalina viva de quem busca a felicidade em momentos intensos. Mas, em uma curva sinuosa, a roda traseira travou, e a fatalidade aconteceu. Yago não resistiu à parada cardíaca resultante do acidente, enquanto Rafinha sobreviveu com o braço quebrado.
A comunidade ficou em choque com a partida do "menino anjo". Amigos se reuniram na pequena praça onde costumavam brincar com Yago, compartilhando histórias e lembranças. Lágrimas foram derramadas, abraços trocados e risadas lembradas. A saudade permaneceu como uma estrela brilhante no céu noturno daquela comunidade.
Sil, a mãe de Yago, enfrentou a perda com tristeza e fé. Ela continuou frequentando a paróquia Menino Jesus, rezando por seu filho todas as noites. Uma foto de Yago adornava um pequeno altar em sua casa, com uma vela acesa em sua memória. A comunidade compartilhou histórias sobre o menino cheio de luz que agora brilhava no céu. Sil acreditava que, um dia, se reuniria com Yago no paraíso, e essa esperança a ajudava a seguir em frente, mesmo com o coração partido.
A missa e o cortejo fúnebre honraram a memória de Yago. Todos tinham a certeza de que o céu ganhara uma nova estrela e um novo anjo.
A volta de Yago em sonhos
Na noite após o funeral, Sil adormeceu em meio a lágrimas e lembranças de Yago. De repente, um brilho dourado inundou seu quarto e a figura angelical de seu filho surgiu diante dela. Yago, com suas asas brancas brilhantes e um sorriso radiante, abraçou sua mãe com amor e ternura.
"Mãe, não chore mais", disse Yago com a voz suave como um canto celestial. "Estou bem, mais feliz do que nunca. O céu é um lugar maravilhoso, cheio de luz, paz e amor. Aqui, ajudo outros anjos a cuidar das pessoas e espalhar felicidade pelo universo."
Sil, ainda incrédula com a presença do filho, tocou seu rosto e perguntou: "Mas como você está aqui, meu filho? Sentia tanta saudade..."
"Estou sempre com você, mãe", respondeu Yago. "Nossos corações estão conectados, e o amor que nos une jamais se romperá. Posso te visitar em seus sonhos, para que você saiba que estou sempre ao seu lado."
Yago então descreveu as maravilhas do céu, os jardins floridos, os rios de cristal e os animais luminosos que vagavam livremente. Ele contou sobre os anjos que cantavam músicas celestiais e sobre a sensação de paz infinita que reinava em todo lugar.
"Mas, meu filho, como posso viver sem você?", Sil questionou, com a voz embargada pela emoção.
"Olhe para o céu, mãe", Yago a aconselhou. "Sempre que se sentir triste ou sozinha, lembre-se de que estou lá, te observando e te enviando luz e amor. Minha alegria é a sua felicidade, e continuarei te protegendo de onde estiver."
Com um último abraço apertado, Yago se despediu de sua mãe, prometendo voltar em seus sonhos. Sil acordou com um sorriso sereno no rosto, o coração transbordando de amor e esperança. Ela sabia que Yago estaria sempre com ela, mesmo que em um plano diferente.
A partir daquele dia, Sil encontrou conforto na lembrança das visitas de Yago em seus sonhos. Ela olhava para o céu com a certeza de que seu filho era um anjo radiante, iluminando seu caminho e cuidando dela com amor infinito. A dor da perda ainda existia, mas a fé e a esperança de um dia se reencontrarem no paraíso acalentavam seu coração.