Um motivo para amar
Recordo-me como se fosse hoje
A neve cobria toda a cidade, o suficiente para que as escolas decretassem feriado. Acordei cedo, o café já estava servido na mesa, mamãe o preparou cedinho, antes de sair para o trabalho. Servi-me com panquecas e cobertura de mel. Em tempos de frio não há nada melhor que chocolate quente e panquecas frescas.
Rapidamente ouço os gritos do meu irmão mais novo, vibrando com a noticia de que não iria à escola também. Allan desceu a escada sorridente e veio até mim, dando um abraço e um beijo de bom dia.
-Não acha que está muito agitado já cedo? Perguntei-lhe.
- Deve ser esse cheiro de café forte, sorriu sarcasticamente.
- Muito espertinho, toma o seu café e depois vai direto para o banho querido, respondi.
Terminei a refeição e voltei para o meu quarto. Teria que ensaiar bastante, desde pequena desejava ser bailarina. E sempre levei os treinos muito a serio.
Ao chegar a noite, algo estranho aconteceu comigo, sentia-me cansada ao ponto de estar entediada com tudo. Talvez fosse por conta dos treinos de ballet, mas de qualquer forma sentia que algo iria acontecer.
No dia seguinte, já na escola, quinze minutos antes da aula de ballet iniciar, comecei a ensaiar sozinha. Notei que alguém estava me olhando pela porta, percebi que não era um alguém, era “o alguém”, simplesmente Adam, o garoto mais popular e bonito do colégio. Ele estava no 3 ano do ensino médio, era mais velho, e tinha uma banda de rock. Fingi não ter notado sua presença e continuei a ensaiar, até que depois de alguns minutos ele foi embora.
Assisti todas as aulas e, na hora do lanche sentei-me com minha melhor amiga, vitória, adorava ela, apesar de sermos um pouco diferentes, combinávamos muito bem; após alguns minutos conversando, Vitoria se retirou para ir ao banheiro; logo em seguida, alguém sentou. Ergui os olhos e quase desmaiei ao vê-lo, era Adam. Parecia sorridente e sua presença fez com que eu ficasse vermelha de vergonha, Apreensiva e ao mesmo tempo apavorada. Adam bebeu um gole de suco e perguntou;
---Sempre almoça sozinha?
---não, com minha amiga vitória – respondi
---Hum! Então você dança?
---Bom... Eu tento- disse sorrindo.
---Nossa, desculpa pela falta de educação, me chamo Adam, e você? – disse isso enquanto sorria, e percebi que seu sorriso era lindo.
---prazer, Lia, mas quem não conhece você? O garoto mais bonito do colégio, o conquistador das meninas, retrucou com ironia.
---bom Lia, queria saber se você aceitaria ir ao cinema comigo hoje. Aceita?
---sim, topo. Mas você não está zoando comigo não é? Tipo, cara tanta garota interessante na escola e você foi se interessar logo por mim. Isso é um trote?
-Adam olhou-me admirado e respondeu:
- claro que não. Lia você é muito gata e eu já te observo de algum tempo, sabe eu não sou tudo aquilo que falam pelos corredores dessa escola. Eu só sou um cara normal e essas garotas malucas e desesperadas não fazem o meu tipo.
- Hum, mas...ok senhor normal irei acreditar em você, respondi.
---ok! Te pego as oito em ponto-falou isso e saiu.
VITORIA voltou, e como eu já previa, perguntou o que ADAM queria, quando respondi que ele havia me chamado para sair, ela ficou surpresa, porem suspeitou, pois poderia ser zoaçao , então me avisou para ficar atenta e tomar cuidado, mas também me desejou boa sorte.
Quando chegei em casa, tomei um banho bem longo, e fiquei pensando no que Vitoria havia me dito, pois, poderia ser verdade, além do mais, eu não era popular como ele, porem queria tentar, não tinha nada a perder saindo com ele.
As oito, como combinado, ADAM foi me buscar em minha casa, quando bateu na porta, meu pai o entendeu e lhe informou que eu já iria descer, mas antes, ele ia faze-lo algumas perguntas. Quando desci, os dois estavam rindo, então conclui que ADAM tinha causado boa impressão, fiquei bem contente com essa conclusão.
Fomos ao cinema, o filme era uma comedia romântica bem legal. Durante o filme, senti que ele segurara minha mão. Fiquei congelada e ao mesmo tempo com uma sensação boa. Depois do filme, ele me levou para um passeio pelo parque, conversamos bastante, estava frio, então Adam me cobriu com seu casaco e, de repente ele parou na minha frente. Senti que minha vida iria mudar completamente a partir dali, estava olhando para baixo, ate criar coragem, erguer a cabeça e olha-lo nos olhos, ate que enfim, demos o nosso primeiro beijo.
‘ após cinco dias, depois daquele encontro, algo inevitável aconteceu comigo. Estava pálida e emagrecendo. Neste dia, não fui a escola, Adam me enviou uma mensagem por celular perguntando se estava tudo bem, e eu respondi que sim, pois não queria preocupa-lo.
Mais tarde minha mãe me levou ao hospital.
Fiz uma bateria de exames, e somente depois de dois dias, saberíamos o que eu tinha.
No dia seguinte, Adam foi jantar na minha casa, me levou flores, as preferidas, orquídeas. Meus pais adoravam ele, meu irmão principalmente, ele era educado, divertido, inteligente e prestativo, qualidades que todos nos admirávamos muito.
Depois do jantar, eu e Adam fomos para o quintal e nos deitamos na grama. Ele me perguntou o motivo de ter faltado a escola e eu contei-lhe que não era nada de mais, apenas tinha ido ao hospital, fazer alguns exames porque estava me sentindo mal, mas que ele não deveria se preocupar.
Minha mae e eu fomos buscar os resultados dos exames, e la o medico nos deu o terrível diagnostico, eu estava com câncer em um dos meus pulmões. Quando chegamos em casa minha mae estava em choque, eu tinha apenas 16 anos, era uma garota saudável, ate aquele dia. Adam soube da noticia e foi me visitar. Enquanto conversamos, tive que ir ao banheiro, vomitei todo o almoço, depois senti uma grande falta de ar.
Meu pai junto com ele, me levaram as presas para o hospital. Na emergência me deram oxigênio para eu conseguir respirar e dormir um pouco.Adam entrou no quarto para me ver, enquanto meu pai conversava com o medico na sala de espera. Sua mãe entrou no quarto e o viu chorando segurando minha mão branca e gelada, sentou-se do seu lado e disse;
---filho, não chores, você ainda e novo e independte do que acontecer, muitas coisas boas ainda irão vir pra voçe.
---não, mae eu a amo muito.
---ADAM, você é bonito, inteligente, saudável, merece alguém melhor.
---não, amo a LIA, desde o primeiro dia que a vi, não vou abandona-la nunca.
---e se ela morrer?
---ela não vai, é forte, eu sei disso.
A mae dele se retirou do quarto e foi embora do hospital. Mais tarde, Vitoria chegou no hospital, Adam ainda estava no quarto, quando ela entrou, e eu já estava acordada, ela perguntou como eu tinha ido parar la, e Adam contou tudo, ela ficou bem triste, mais, tentou não demonstrar. Eles me animaram muito, e depois foram embora, para que eu pudesse descansar.
No dia seguinte, bem cedo, ele foi me visitar, eu já estava acordada, ele levou o violão e cantou uma musica, que havia feito especialmente para mim, chamada, viva para amar, me alegrou muito, pois era muito bonita.
Depois de sete meses de radioterapia e quimioterapia, os remédios estavam finalmente surtindo efeito, eu estava bem melhor, e meu amor continuava do meu lado, mesmo eu não sendo mais a mesma de antes.
Adam, agora fazia parte da família, eu o amo muito, ele estava sempre comigo, me ajudando a vencer minha terrível doença, simplesmente agia como se eu não estivesse doente, ele era meu tudo.
Enfim, eu pude voltar para minha casa, após dez intensivos meses de tratamento, o hospital tinha virado minha segunda casa, então foi um alivio poder ficar somente em casa.
Adam estava muito feliz, assim como toda minha família. Posso dizer que consegui por causa da ajuda deles, principalmente, pelo amor de Adam que me fez perceber que eu tinha que lutar, pois tinha um motivo para viver, um motivo especial, chamado, amor.