Rei Élfico Da luz das estrelas

Parte 1 O príncipe

Anorie uma terra límpida, verdejante, majestosa como a mãe natureza a criou, com seus rios e lagos imensos, ligados ao oceano de Sekoork, tão azul e transparente quanto suas incontáveis bacias de água doce, tinha uma vasta paisagem ao seu redor.

Enormes árvores que davam frutos, plantas coloridas, venenosas, as que curavam , estavam por toda a parte, entre bosques , montanhas, arbustos, e matas tão fechadas, que as tornavam impenetráveis.

Muitas espécies de seres vivos, desde animais a homens, duendes, fadas que voavam como vagalumes, eram tão pequenas como uma borboleta. Um gigante raro, mas haviam poucos de sua espécie ao sul de Anorie, em meio as terras de Liandon, Lar das imensas borboletas; e ao norte, dominando vastas e belíssimas paisagens, os elfos de luz. Seres magníficos e belos, com seus cabelos longos quase brancos, caídos por sobre as orelhas pontudas, que, ficavam sempre aparentes. Os olhos claros eram de um azul claro ao azul acinzentado e o rosto fino e delicado.

Eles vestiam roupas de um tecido leve e claro. E algumas brilhavam e se arrastavam pelo chão. Outras, eram mais simples, uma veste verde, parecida com um vestido curto, com um cinto envolto no abdômen, uma calça, e botas.

Suas armas eram forjadas por eles mesmo, eram grandes e tão belas quanto sua aparência. Com lâminas afiadas, e muito bem desenhadas.

Os elfos da luz, eram os mais ricos belos e sábios, dotados de poderes, do que outros de sua espécie. eram também os chamados de; " seres bondosos", que ajudavam outras espécies. Incluindo os homens e outras raças.

CKlanyvadari era o reino do rei élfico Zofer e ficava oculto em meio a uma floresta escura, onde o sol mal conseguia tocar o seu solo, com sua belíssima entrada esculpida em fragmentos de cristais, uma incrível fortaleza que formava um grande espelho, e ao refletir a luz do sol, um mosaico colorido brilhante poderia ser visto de longe somente por elfos. Era um lugar muito protegido e de difícil acesso para muitas raças. Aquele que ousasse adentrar em um reino mágico e forte como CKlanyvadari sem a permissão do rei, poderia se arrepender muito e ser preso por guardas élficos.

Zofer o grande rei élfico, usava um sobretudo vermelho e sedoso, que se arrastava pelo chão. Ele caminhava pelo grande salão do trono do rei até chegar a uma pequena criatura que aguardava imóvel e olhava atento enquanto ele se aproximava.

— uma profecia há de se cumprir meu rei. — disse o pequeno ser de grandes orelhas pontudas. ( " Eles são pequenos elfos, de pele escura, cabelos prateados, e olhos azul escuro maiores do que os dos elfos elegantes e belos de Anorie. Vivem nas floresta de Dungann no noroeste, onde habitam muitos de sua raça).

— Que profecia é essa que está falando Orin?

— perguntou Zofer erguendo a sombrancelha.

— Aqui neste reino, me foi informado pelos grandes lá do céu, que nasceria um príncipe com dons incríveis e que muitos lá fora estariam de olho nessa poderosa criança élfica. Ele será a salvação, mas se não tiver controle, será a destruição. — disse Orin pensativo.

— Dom? Isso é algum tipo de brincadeira? Nossa raça, cada um tem um dom.

— Sim, vossa majestade tem dons incríveis, mas seu filho virá para acabar com a escuridão que está por vir em Anorie. Eu espero. — disse Orin olhando para o vazio muito preocupado.

— Não estou compreendendo. — Zofer olhou sério para Orin. — E como sabe que é um menino? Como, se ainda não nasceu?

— Meu senhor, tem que tomar muito cuidado com o príncipe. Ele será diferente, mais do que qualquer um nesta terra . É por isso que vim alertar você meu amigo. Os olhos do mundo estarão sob ele. — explicou o mago elfo.

Antes que o rei pudesse dizer alguma palavra, uma bela elfa de cabelos dourados interrompeu:

—Majestade, chegou o momento.

— Ullah está bem? — preocupou - se o rei.

— sim está tudo bem. — confirmou ela. — vamos, é preciso que esteja ao lado dela.

Zofer olhou para Orin confuso.

— Tudo bem meu senhor você deve ir. Ullah precisa de você. Eu estarei aqui esperando o rei voltar.

Zofer saiu o mais rápido que pôde atravessando os salões, até chegar a um quarto bem iluminado pela luz do sol. Ullah sua esposa estava na cama e parecia tranquila, com um leve sorriso no rosto ao vê-lo.

As elfas que estavam com ela pediram licença e saíram deixando- os as sós.

— Oi. — disse com um largo sorriso no rosto. Ele notou que haviam muitos panos ali que não dava para ver nada. Apenas notou um pequeno volume nós braços de Ullah que logo revelou o que escondia. Um bebê elfo tão pequeno e frágil.

— Zofer se transbordou de alegria ao ver seu filho. Ele logo o quis pegar em seus braços. Para um elfo, a vida valia mais do que qualquer tesouro no mundo e a maior felicidade que existia para eles que, tão raro era um casal de elfos terem herdeiros. Além de perigoso, a concepção élfica acontecia a cada cem anos.

— Estou feliz, mas dar a luz me consumiu muito da energia espiritual. — disse Ullah esmaecendo o sorriso.

— Você deve descansar. — Zofer curvou-se para dar um beijo em Ullah. — não precisamos nos preocupar mais, um herdeiro é suficiente para este reino. Ele será um grande rei um dia. Cuidarei de você até estar com a energia recuperada.

— obrigada por se preocupar. Eu vou ficar bem.

Ullah olhou para Zofer e depois deitou- se. Ela estava fraca , pois para um elfo era muito difícil ter filhos. Eles perdiam muita energia e seus corpos por terem seus metabolismo lento, acabavam por sofrer muito mais do que outras criaturas como os humanos.

— Você precisa escolher um nome para ele.

— disse ela fitando o belo elfo ainda em pé ao seu lado.

— Sim. — disse Zofer sorrindo e olhando para o filho em seus braços. Ele parecia pensativo, mas virou-se para Ullah e colocou o pequeno elfo ao seu lado. Ela despertou ao sentir a pequena vida e briu os olhos. Tinha os mesmos olhos azuis que seu pai , e o cabelo loiro quase branco.

Ainda que estivesse muito fraca, Ullah conseguiu aninha-lo mais próximo de seu corpo.

Zofer sentou-se a beira da cama e acarinhou o rosto da esposa. Ele estava incomodado com alguma coisa que ela percebeu imediatamente e ficou preocupada.

— O que houve? Aconteceu algo em nosso reino que o fez ficar assim distante em pensamento?

— perguntou Ullah.

— Não é nada sobre nosso reino. — respondeu ele afagando a cabeça dela. — É sobre o que estar por vir. Orin o elfo mago me alertou e contou-me algo sobre uma profecia. Eu não entendi muito o que ele quis dizer com isso mas se trata de nosso pequenino aqui. Ele ainda está aqui esperando. Preciso falar com ele. — Zofer se levantou apressado mas antes que pudesse sair, Ullah segurou seu pulso.

— Traga-o aqui. — pediu ela. Quero saber mais.

— Você não parece estar bem para conversar minha querida rainha.

— Estou bem, apenas direi poucas palavras. Só quero saber o que ele tem a dizer a respeito de nosso filho.

— Vou ver onde ele está. Descanse um pouco até que eu volte. Você não precisa gastar sua energia assim, ficará fraca demais. — Zofer a fitou com um olhar triste, segurando as mãos finas e delicadas. Ele temia que pudesse acontecer algo ruim com ela. — Ao menos suas mãos estão quentes. — disse aliviado.

O rei apressou o passo para o grande salão onde havia deixado Orin esperando, temendo que ele já não estivesse mais ali. Mas para sua alegria, o elfo mago permaneceu no mesmo lugar, quieto e paciente.

— Que bom vê-lo pensei que tivesse ido embora.

— sorriu ele.

— Eu não posso ir sem ver o príncipe. — res-

respondeu Orin ansioso. Muitos anos esperei por esse dia.

— Por esse dia? — perguntou Zofer sem entender do que se tratava.

— O futuro, eu vi algumas pequenas coisas. Não posso falar o que é senão posso ser punido.

— Punido? Por quem? — quis saber Levonhard.

— Talvez a mãe natureza, nossa árvore da vida tenha que guardar algumas coisas que não podemos saber. Ela me deu o dom de prever o futuro, no entanto, não poderei contar pra todo mundo quem vai viver ou morrer. Se haverá paz ou guerra. Eu posso ajudar, em algumas coisas ... Contei sobre a luz das estrelas, que veio encarnado como seu filho para mudar nosso mundo.

— Luz das estrelas? Mas do que é que você está falando Orin? — Zofer ficou mais confuso do que estava.

— Me desculpe, Luz das estrelas é um espírito élfico que veio a milhares de anos para ajudar nosso planeta a ficar em paz, assim como outros também vieram. Eu o conheci em todas as eras. Ele sofreu muito evoluindo de um animal para elfo. Agora aqui, ele é grandioso e todos tem respeito a ele. E o que eu posso lhe dizer é que Elmaeturer, ( Luz das estrelas, ) será um grande rei que toda Anorie, Lasklar, Tuinien, Liewander, Allayenn, serão seus amigos e servos.

— Eu estou sem palavras. — disse Zofer tentando digerir o que Ori disse enquanto andavam em passos lentos.

Eles andaram mais um pouco e chegaram ao quarto onde Ullah se encontrava com seu filho.

Zofer aproximou- se da cama e ao seu lado Ori

Sorridente para ela.

— Está bem querida Ullah? Sua aparência está ótima Logo sua energia voltará ao normal. Não faça muito esforço e tudo ficará bem.

— Olá querido Orin. Muito obrigado . Você esteve muito tempo sem aparecer por aqui em nosso reino. — disse Ullah sorrindo.

— sim, é verdade. Eu me ausentei um pouco pois estava com alguns problemas... Meus amigos elfos magos estavam vagando por outros continentes. Eles quase nunca saem de Anorie e eu quis saber o motivo de estarem em falta aqui. Nada com o que se preocupar.

— Há, eu estava esquecendo. — disse Orin apressado, abrindo uma parte do seu longo sobretudo e tirando de dentro um pequeno filhote do tamanho de sua mão. Era branco como a neve e tinha olhos grandes e azuis e uma calda muito longa. Suas orelhas grandes e arredondadas tinham uma mancha preta, que se movia frequentemente com as vibrações das vozes.

— Esta aqui é Arraia, um pequeno Kanoullo muito raro das terras mágicas de Qwente. Lugar que quase ninguém consegue ver por ser muito escondido. É um paraíso que eu identifico ser muito parecido com suas terras. Pertence a raça de felideos de toda Anorie, mas esta espécie não se encontra em mais nenhum lugar senão em Quentor. Eu trouxe como presente este guardião para seu filho. — Ori estendeu sua mão para o rei que olhava de cima a pequena e minúscula criatura.

— Arraia? — ele pegou o animal, que logo se aninhou em suas mãos.

— Mas não se engane com seu pequeno tamanho. Esta ficará bem grande no passar de cem luas. É um tempo demorado, até parecido com o dos elfos. Ela crescerá ao lado de seu filho. — explicou Ori com um bom senso de humor.

— Eu agradeço pelo presente. Vamos lembrar sempre de você.

Obrigado meu amigo vocês estão sempre em meu coração... — ele parou por um segundo e voltou os olhos para a pequena criança élfica ao lado de Ullah. — Mas antes gostaria de poder carrega-lo.

— pediu ele.

— Sim, claro. — assentiu Zofer com um largo sorriso.

Ori pegou o príncipe e embalou em seus braços curtos o observando.

— Sim, meu amiguinho você será um grandioso rei. Sem dúvidas alguma. Nós magos elfos estaremos com você sempre para guia-lo

— Ullah ficou feliz por aquelas palavras, pois sabia que o mago elfo era um poderoso ser que podia tanto abençoar quanto amaldiçoar alguém. Mas Orin tinha um bom coração e era amigo dos elfos da luz há milhares de anos.

— Eu ficarei perto de CKlanyvadari observando... — Orin parou por um segundo, sem saber como chamar o elfo, e o entregou para Zofer, que ainda segurando Arraia a colocou no colo de Ullah, que logo a segurou nas mãos acarinhando seu pelo macio.

— Há é claro, eu me esqueci, batizei- o como Levonhard. — disse ele rapidamente indo em direção a Ullah.

— Levonhard? É um nome bonito. — ela disse olhando para Zofer.

— Interessante, não se vê nome como este hoje em dia. Mas é um belo nome para alguém como ele.

Ullah querida, seja forte. Estarei sempre por perto se precisarem.

— Eu o agradeço. — ela sorriu enquanto o bruxo elfo segurava a suas mãos. Ele as beijou e se despediu.

Zofer colocou Levonhard de volta na cama ao lado de Ullah e acompanhou Ori até a saída do quarto.

Eles andaram de volta para o salão do trono do rei, onde ficava a saída mais próxima para fora do palácio. Logo a frente tinha um jardim florido com espécies de flores brilhantes e coloridas, e plantas que se penduraram nas paredes e pilastras de mármore. Uma grande bacia d'água passava por baixo de uma ponte de madeira, que levava para uma segunda porta de entrada fora do palácio.

Muitos pássaros passavam por alí, eram de vários tamanhos, pequenos, grandes e médios. Alguns tão minúsculos que um homem não conseguiria vê-los. Outros animais também eram vistos escondidos nas plantas, como os lemures peludos, que tinham olhos grandes, orelhas pontudas e uma calda longa que os ajudava a se equilibrar em galhos de árvores.

Zofer não se importava em ter esses animais em seus jardins, embora tivesse muitos deles por todo o seu palácio, ele só não gostava quando faziam bagunça e espalhavam frutas e flores pelo chão. Ainda assim o rei tinha elfos da limpeza, que estavam sempre a serviço, trabalhando para manter o palácio limpo.

—Bom meu amigo, não precisa ir comigo até o portão de entrada. Eu sigo daqui sozinho. — disse Ori fazendo uma reverência para Zofer.

— Não é preciso que se curve para mim. — disse ele com um largo sorriso.

— O senhor é o rei. Nós magos elfos temos esse respeito.

— Você é um amigo, não precisa dessas reverências.

Orin olhou para ele e depois sorriu. — Aqui partirei. Tenha muito cuidado com Levonhard. Ele será um tesouro que todos irão almejar. - advertiu ele.

—Eu farei o possível para protegê-lo. Aqui ninguém entra. — Zofer olhou para o horizonte, onde o por do sol se escondia atrás das montanhas longínquas do sul.

— Estas terras são mágicas, traidores não irão se aventurar aqui. Porém se fique atento meu amigo, coisas ruins podem acontecer. Tudo que tem poder demais, e bondade, acabam sendo alvos de pessoas más a nossa volta.

O rei despediu-se do elfo bruxo e continuou a caminhar pela floresta sozinho, apreciando seus belos jardins floridos, que ocupavam grande parte do reino, com as mais belas cores vivas e cheiros adoráveis que exalavam por onde quer que fosse.

Um jovem garoto, magro, tinha os cabelos escuros na altura do queixo, vestindo roupas elficas de seda e botas, era praticamente da família, mas não era um elfo. Estava escondido atrás de uma árvore com seu arco e flecha nas mãos. Não vira o rei e estava caçando alguns pequenos animais sem o consentimento do rei.

Zofer que estava por perto, andou alguns passos até aquele jovem estranho e o assustou com sua presença.

—Não deveria estar caçando em minhas terras. Animais deste lugar são preciosos para meu reino.

Eu já o alertei sobre isso Sparkle Finns. — disse Zofer olhando para ele com um olhar sério de quem não aprovara suas atitudes.

— Desculpe meu senhor. Eu me empolguei um pouco. Não estou matando, só treinando a mira do alvo. —sorriu Sparkle Finns um pouco sem graça.

Ele devia obediência, além de tudo, era com o rei Élfico que estava falando. Ninguém poderia subestima-lo.

— Meu senhor, parabéns pelo seu filho... Eu vou ensina-lo muitas coisas. Vamos andar pela floresta e caçar goblins e gnomos... — Sparkle atropelou as palavras, tanto, que ficou sem ar.

— Fico feliz que esteja entusiasmado com Levonhard, mas deve saber que ele é um príncipe e não poderá se divertir tanto assim. No entanto poderão treinar muito arquearia e lutar juntos.

— Seria uma honra. — disse Sparkle fazendo uma meia reverência. - ainda serei um grande guerreiro. — acrescentou ele firme em suas palavras.

— Você está se tornando um grande guerreiro, eu posso ver como está ágil com o arco. Você já está aqui há pouco tempo e se for bem sucedido será recompensado, podendo se tornar um grande homem. — Zofer por um momento parou e olhou mais a frente uma enorme árvore brilhante. ( Era Maghogh , a primeira árvore nascida de seu reino. Seus troncos grossos se estendiam até uma passagem de água, que a alimentava durante anos.

Ela mantinha as outras árvores e plantas vivas, sem ela CKlanyvadari não existiria. E estava mais brilhante do que os cristais do palácio do rei. Devido ao nascimento do príncipe Levonhard, a árvore permanecerá assim até ele completar a sua maturidade adulta com cem anos de idade.)

— Como ela está linda! Nunca vi essa árvore assim antes. Eu costumo a ficar sentado ao seu lado ao entardecer, mas o que acontece com ela? — seus olhos negros brilharam ao ver tamanha luminosidade.

— Coisas de família. Quando nasce um príncipe ela brilha. Sua luz reluzente ficará assim, até Levonhard se tornar adulto.

— Vai demorar muito. — disse Sparkle Finns mais sério. — Ainda tenho muitas dúvidas sobre elfos. — disse curioso.

— O tempo dos homens demora a passar, mas o tempo para nós elfos, passa rápido demais. É como um piscar de olhos. — explicou Zofer com um meio sorriso.

— Meu senhor, estou tão feliz aqui. Onde eu estava não me sentia feliz. Agora a felicidade aqui é grande demais. Obrigado por me acolher e me tirar daquele lugar. — Sparkle saiu de perto do rei e foi em direção a um tronco de Maghogh e se sentou.

— Agradeça a sua rainha. Foi ela que o viu no meio daquela guerra e o tirou de lá. — Zofer olhou para Sparkle Finns depois de muito tempo sem fazer contato visual.

— Você parece querer esquecer o que já foi. — Zofer ficou sem expressão alguma.

— Sim, o senhor tem razão. Não quero me lembrar o quanto eu fui maltratado quando era criança. Minha madrasta só me batia enquanto meu pai não acreditava em mim. Azkar nunca foi o meu lugar.

— É uma terra rica de ganância e poder. Nem a magia dos elfos e dos magos entram lá. Por isso você deve ter tido os piores pais. — Zofer continuou a olhar para Sparkle Finns como se já soubesse toda a vida passada dele.

— Minha mãe morreu quando eu nasci. Por isso não a conheci. Meu pai, um bêbado terrível, não estava nem aí para mim. Era amante de ouro. Eu só ficava jogado por aí sem banho, sujo.... Agora eu quero viver como elfo, sei que nunca serei um mas, posso viver como um. — e uma lágrima caiu de seus olhos ao lembrar de sua vida sombria e triste.

— Você já é parte da minha família e poderá ficar aqui o quanto desejar.

— Obrigado senhor.

— Bom, deixe esse agradecimento pra depois . Quero que conheça um lugar. — disse Zofer abrindo uma parte de suas vestes e pegando um pequeno objeto brilhante de cor dourada. Ele elevou aquele instrumento próximo a boca e o tocou. A música saiu suave e ecoou como um trovão por toda a floresta. O rei Élfico parou, e esperou olhando para a mata fechada.

Sparkle Finns não entendeu muito bem o que Zofer estava fazendo, apenas observou e esperou. Ele não entendia muito de música élfica e não sabia tocar um instrumento musical se quer. Estava ainda aprendendo com os elfos a escrita kindon,

um alfabeto criado por um antigo elfo ( Olieff ) muito sábio, descendente de elfos bruxos.

Por de trás dos arbustos floridos surgiram duas criaturas grandiosamente lindas, uma era branca e a outra era de um cinza prateado muito claro e em sua cabeça uma ponta afiada, em espiral de um dourado brilhante, que podia iluminar qualquer escuridão.

Finns não pode acreditar no que seus olhos estavam vendo. Eram unicornios belos que ele nunca vira em sua vida. Tinha uma crina grande que escorria em seu forte pescoço. Era tão lisa quanto os cabelos élficos, e se moviam com um único movimento. Os olhos azuis, como o céu no verão em Anorie, eram mais pequenos que os cavalos de todo o reino.

Aproximando -Se do rei, os dois unicórnios abaixaram a cabeça e esperaram que ele os tocasse. Eram animais dóceis e amavam a companhia de seus donos. Zofer acarinhou os dois animais segurando suas rédeas e admirando sua beleza.

Sparkle Finns ficou imóvel com a grande beleza dos animais. Estar perto deles era como entrar em outra dimensão de paz e pura luz.

— Bom, aqui estão nossos unicórnios. — disse Zofer abrindo um largo sorriso.

— Isso é incrível ! Eu já ouvi falar de unicórnios, mas nunca vi um de perto. — Sparkle aproximou- se dos animais.

— Tudo bem, você pode passar a mão neles.

— Zofer puxou um dos animais para ele. — este aqui, é seu, como um presente a sua lealdade.

— Meu senhor, eu não posso aceitar... É maravilhoso, nunca me deram nada...

— por favor aceite o meu presente como o seu aliado e companheiro de guarda e guerra. — disse Zofer puxando o unicórnio prateado.

— Nossa, é incrível! São raros demais de se ver?

— Sim. — respondeu Zofer.

Eles são primos dos cavalos, mas são animais que ficam escondidos em um lugar na floresta. São valiosas criaturas, sua pele e seu sangue valem muito para quem faz essas maldades com eles. Estão ameaçados e quase extintos. Tenho muitos deles, protegidos em minhas terras.

— A vida deles se iguala a minha. Maltratados e usados como um sapato que quando velho joga- se fora. — Sparkle por um segundo se lembrou de sua vida sofrida quando criança e abraçou o unicórnio como se esse gesto ajudasse a se curar do passado.

— Finns, você agora mora aqui e não terá nenhum mal que venha sobre sua alma. Neste reino, nenhum ouro amaldiçoado entrarás. — assegurou Zofer para que ele se sentisse seguro.

O rei Élfico montou em seu unicórnio branco, e cavalgou levando Finns com ele.

Eles correram para muito longe do palácio onde a floresta se fechava cada vez mais. As plantas faziam do caminho um túnel se fechando dentro da escuridão quase impossível de se enxergar a olhos humanos. Mas o chifre do unicórnio iluminou a pequena passagem como mágica, irradiando uma luz dourada do unicórnio branco e uma luz branca do unicórnio prateado.

O jovem Sparkle Finns quase chegou a tocar o chifre iluminado do animal maravilhado com a luz que daquele espiral emanava, mas não o fez, apenas sentiu o vento esvoaçar seus cabelos curtos e suas vestes voarem como pássaros em vôo rasante.

A passagem quase bloqueada pelas folhagens e plantas terminou em um lindo e verdejante lugar, onde o sol entrava e refletia a luz em um belo lago Verde esmeralda.

Zofer puxou a rédia do unicórnio para que ele parasse, assim como fez Finns em seguida.

— Esse lugar é incrível! — disse Sparkle Finns com um largo sorriso. E desceu do unicórnio acompanhando seu rei.

— Aqui jovem, é o meu lugar preferido para descansar. Toda minha família vem aqui para cantarmos e tocar música. Tudo aqui é mágico e confortável. Eu lhe trouxe aqui para reparar suas dores físicas e mentais. Você verá a cura nos animais nos frutos, na grama e em toda a natureza. Fecha teus olhos e se desconecte com seu passado. Deixe o passado ser limpo, apenas coisas ruins ir embora. — Zofer por hora fechou os olhos e sentiu a pureza de toda aquela beleza. Seu longo cabelo dourado se moveu com o sopro delicado do vento. E num segundo, ele se abaixou e pegou alguma coisa no chão e se ergueu novamente. Um lindo coelho marrom, quase sumiu em sua selethemar ( cobertura de honra ). Ele passou a mão em seu pelo macio enquanto andava para perto de um tronco onde se sentou.

— Majestade, esse lugar é lindo! Podemos entrar nessas águas cristalinas? — perguntou interessado.

— Sim, você pode tomar um banho e limpar o seu corpo se quiser.

— O senhor já entrou alguma vez? — Sparkle ficou curioso.

— Sim muitas vezes. Mais quando eu era um jovem como você.

— Eu gostaria de experimentar. — disse Sparkle Finns olhando animado para Zofer.

— Isso vai ser bom para sua mente, seu corpo e sua alma. Aproveite e divirta-se!

— Obrigado senhor. — agradeceu ele.

O rei élfico contemplava o silêncio e a tranquilidade que aquele oasis oferecia, sem se preocupar com guerras e conflitos, era um lugar de descanso para repor energia e curar ferimentos.

Porém ele não podia baixar guarda. Como rei, seu dever era proteger seu reino e ficar atento a floresta de invasores e curiosos admiradores de elfos.

Sparkle Finns nadava para longe até sumir de vista. Ele parecia estar mais feliz como nunca estivera. A tristeza que dominara seu ser, agora se desfazia como a névoa sob a montanha. Uma luz acendeu em sua alma trazendo de volta a alegria e a vontade de viver.

Essas eram águas mágicas do reino de CKlanyvadari, como muitos outros reinos élfico tinham, lagos e rios purificados e curadores, que muitos povos procuravam. ( " Entre eles, a raça dos homens " ). ( " Eles eram os que mais se perdiam nas florestas élfica e alguns, dependendo do reino, eram capturados e aprisionados até a ordem do rei para liberta-los " ).

Parte 2. Caçando

Quatro anos se passaram e Levonhard ganhara seu primeiro arco e flecha, presente de seu pai feito na oficina de seu reino. Era tão pequeno quanto ele, e sua cor dourada, tinha nas duas pontas finais um desenho de uma asa de pássaro. Um símbolo da natureza que a maioria dos elfos amavam. Eram desenhados em punhos de espadas e todos os tipos de arcos, marcando assim, sua origem de fabricação.

Desde muitos cedo o príncipe aprendia a arte da arquearia para se tornar um grande arqueiro. Zofer estava muito ansioso para ver seu filho Levonhard torna-se o melhor dos guerreiros de seu reino. Ele seria seu companheiro de guerra e o ajudaria a proteger seu território de goblins, trolls e pequenos anões interesseiros que poderiam roubar armas elficas valiosas.

Sparkle Finns observara de longe o rei e seu filho sem entusiasmo nenhum ao vê-los praticando arquearia no campo de treinamento. Ele sentiu como um perdedor, que antes era o preferido, agora, perdera a chance de se tornar um sucessor. Lembrou-se dos lugares que fora com Zofer e de alguns trolls que eles enfrentaram em Dorfling a cidade abandonada e esquecida pelos homens. Tantas coisas que fizeram juntos, coisas que ele nunca teve com seu pai. As lembranças foram esquecidas de imediato ao sentir a tristeza lhe tomar o corpo. Sparkle Finns se cansou do passado e se permitiu apenas viver o presente, com os elfos e se conformar que ele seria apenas um soldado do rei.

Zofer aproximou- se depois de algum tempo com Levonhard.

— Jovem Sparkle Finns, gostaria que se juntasse a mim e a meu filho para uma caçada.

— disse o rei animado.

— vamos caçar goblins? — perguntou se divertindo antes mesmo da resposta do rei.

— Bom, não era isso que eu tinha em mente, mas podemos ver se tem alguns na fronteira.

— Isso vai ser divertido! — e quase pulou de alegria como uma criança.

Zofer carregou Levonhard no colo e seguiu para o estábulo onde os cavalos ficavam. Ao seu lado, Sparkle Finns contava a ele os lugares de sua floresta que havia ido. ( A clareira era um bom lugar para aprender a arte da caça, um espaço onde as árvores raream, e não há lugar para se esconder. Os jardins longe do palácio, cada um mais encantador do que outro com suas piscinas verdejantes de águas transparente e as flores perfumadas e coloridas ).

Haviam alguns elfos de armaduras trabalhan-

do nos cuidados dos animais. Alguns limpavam o lugar enquanto outros alimentavam e treinavam os animais. O rei passou por eles e escolheu um cavalo no final da baia e ele mesmo colocou a cela e o cabresto. Depois olhou para Sparkle Finns acenando com a cabeça para ele se aproximar. O jovem logo correu muito saltitante e feliz. Levonhard achou engraçado o jeito dele de atender o seu pai. Tinha um grande respeito pelo rei e seu filho. Zofer observou aquele garoto e pensou o quanto os humanos eram uma raça muito diferente dos elfos. Eram mais agitados em sua infância, e fácil de agradar dependendo do que você oferecia...

Mas o rei Zofer também percebeu que não era fácil uma criação humana e ter trago Sparkle Finns para seu reino em uma parte especial de sua vida com seu filho Levonhard, seria uma missão um tanto complicada a se cumprir. E na cabeça de um rei elfo jamais seria possível confiar cem por cento em um homem. Finns teria uma vida totalmente élfica e não poderia ir contra as leis do rei. Ao menos que quisesse ser punido.

— Estão prontos os cavalos. — disse o rei Zofer terminando de colocar a cela no segundo cavalo.

— Este é o seu. — disse o rei mostrando a Finns o cavalo marrom manchado de branco. Era tão grande o animal que ele não conseguiu montar. Precisou da ajuda de Zofer para subir na cela.

— não se envergonhe com isso garoto, um dia estará grande o suficiente para conseguir montar um cavalo. — disse o rei sorrindo para ele. E subiu no cavalo com Levonhard logo depois.

— Vamos! — disse o rei movendo a rédia para que o cavalo virasse, depois tocou de leve os pés

na barriga dele para que corresse e saísse do estábulo.

Sparkle Finns foi atrás com seu animal que sapateava e relinchava. Ele era forte e muito musculoso e um pouco arisco. Mas logo se acalmou quando Finns o acariciou e lhe deu uma maçã que ele havia pegado de uma árvore antes de chegar ao estábulo.

Eles seguiram por um longo caminho sem se perder na floresta, pois Zofer conhecia todo o seu reino e sabia dos lugares perigosos e das armadilhas que ela poderia coloca- los. Mas ele foi além de suas terras, queria fazer algo diferente do que fazia todo dia.

Saindo de CKlanyvadari, Zofer e Sparkle Finns galopavam em seus cavalos para muito longe até chegar a uma clareira desconhecida. O rei nunca havia pisado naquele lugar, então andou com mais cuidado. Depois desmontou do cavalo e esperou Finns fazer o mesmo.

— É melhor tomarmos cuidado. — advertiu Zofer percorrendo o olhar por todos lados.

— Isso é incrível majestade! — Sparkle Finns sorriu animado. — Podemos caçar por aqui. Deve ter muitos monstros neste lugar.

— Sim, deve haver alguma coisa aqui, mas está muito silencioso. Não podemos baixar a guarda.

— ele olhou como se estivesse prevendo o que poderia acontecer.

— Se quiser eu posso verificar a área primeiro.

— Sparkle ficou ainda mais animado.

— Fique tranquilo Finns, é melhor ficarmos juntos e não nos separar.

Zofer continuava a olhar ao redor deles muito desconfiado daquele silêncio todo. Nenhum som de pássaro cantando ou animal algum.

Levonhard quis descer de seu colo mas permaneceu perto dele. Uma criança élfica inocente que não sabia dos perigos que os adultos enfrentavam e nem mesmo a preocupação de seu pai com o olhar fixo em um lugar mais fechado da clareira.

— Pai, o que está acontecendo? — perguntou Levonhard com um olhar de medo.

— Eu não sei se foi uma boa idéia virmos aqui. — respondeu ele com uma voz mais baixa como se estivesse com medo de alguém escutar.

— Talvez seja só impressão sua. Não tem nada aqui. — Sparkle Finns andou um pouco mais longe do rei e do príncipe sem temer nada e sentou no que parecia ser uma pedra.

Bruna A S
Enviado por Bruna A S em 05/04/2024
Reeditado em 02/11/2024
Código do texto: T8035620
Classificação de conteúdo: seguro
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