Rei Élfico

Parte 1.

Seis exércitos élficos estavam de frente para o inimigo. Os primeiros , o exército do rei Zofer com maior número de toda a terra de Anorie, eram os elfos de luz com suas armaduras douradas. O segundo e o terceiro eram os Mallanis elfos negros, pela cor de seus cabelos eram assim chamados, formavam um mar prateado com uma pequena formação de cavalos brancos postos a frente, regidos pelo rei Randi. O quarto, eram os Anquills, elfos da floresta do oeste.

Seu rei era Norie, um dos mais antigos elfos. O quinto eram os elfos verdes, mais agressivos e mais isolados dos outros povos. Seu rei era Irendi e não tinha tanta força em seu exército. Eram considerados os menos experimentes. E o sexto eram os Nevari, elfos da luz da terra do sul, os mais amigáveis entre eles. Se preocupavam com todas as raças existentes em Anorie.

Todos com suas espadas e arco e flecha esperando o primeiro ataque. Seu inimigo os goblins, criaturas horrendas e desfigurada, estavam em massa com um exército de trolls, ogros, entre outras criaturas mutantes , atacaram primeiro.

A chuva caia em meio ao campo de batalha fortemente, deixando mais pesada as armaduras dos exércitos.

Um estardalhaço de espadas, batendo umas com as outras ferindo elfos e goblins. Uma luta pelo poder e posse de um continente imenso e magnífico como Anorie.

E mais exércitos se juntaram a eles, os Ians Iquens outra raça de elfos muito diferentes, quase nunca vistos nas terras de Anorie. vindos da montanha de fogo, chegaram em grande massa trazendo catapultas, lanças e animais grandes e peludos com chifres enormes, que correram derrubando uma boa parte do exército inimigo.

Alguns dos homens partiram para o lado dos goblins, traindo seus amigos por sua ganância pelo poder e tesouro. Entre eles Sparkle Finns, um homem muito respeitado das terras de wuenollie, era líder de seu povo, mas não era nenhum rei importante . Tinha um enorme apreço pelos elfos, pois fora criado pelo rei Zofer quando perdera seus pais. Aprendeu o idioma élfico e sua escrita com ele e a manusear espadas e arco e flecha. Ficou muito tempo em CKlanyvadari até o príncipe Levonhard completar sete anos, depois foi morar em wuenollie onde foi reconhecido como ( o homem amigo dos elfos ). Lá teve muitas experiências e ensinamentos diferentes, pois ele aprendeu a viver com elfos e não sabia o que era ser humano, pois sua natureza acabara se moldando a dos elfos da luz. Ainda assim , como nomeado líder de seu povo depois da morte de Gouver, o primeiro líder de wuenollie, Sparkle Finns

ainda mantinha negócios com seus grandes reis élficos. Porém com o passar do tempo

muitos deles acabaram suspeitando da exagerada intromissões de Sparkle Finns em seus territórios e foram afastando ele aos poucos de suas terras.

Vendo que já não era tão bem vindo, Sparkle se irritou de uma forma ameaçadora a ponto de querer se vingar. E sem que ninguém de seu povo notasse, ele começou a ter contato com outras criaturas, cada vez mais se infiltrando nas sombras.

Montado em um cavalo negro raivoso, Sparkle Finns empunhava sua espada para o alto, sorrindo malicioso para os exércitos.

O rei Zofer ao lado de seu filho Levonhard e de sua esposa Ullah, olhava para Finns com muita raiva, pois ele era um amigo da maior parte dos elfos de Anorie e criado por ele desde quando tinha seus doze anos. E agora tinha se voltado contra todos para poder dominar aquelas terras mágicas.

Eis que olhou para todos os exércitos e gritou:

— Todos vocês irão queimar! Em breve o mundo de Eridar irá perecer e eu me tornarei rei e Senhor de todos vocês. E depois como num piscar de olhos, seu cavalo apenas se ergueu ficando nas patas traseiras, sapateando e correndo como um raio e desaparecendo no meio dos goblins e trolls.

Os exércitos de Goblins foram se afastando aos poucos, mas o rei Zofer estava muito zangado com aquele homem e fez sinal para seu cavalo andar, mas fora interrompido por seu filho Levonhard.

- Pai, não! Temos que parar essa guerra. Não vai adiantar lutar agora. Estão se retirando.

- Aquele traidor! Ele não vai escapar. Anos ao nosso lado observando nossos treinamentos de guerra, nossas forjas de armas... Eu o ensinei a nossa linguagem e a escrever, tudo que ele sabe eu ensinei. Ele saiu de CKlanyvadari para construir seu próprio exército. Estas aberrações nojentas!

- vociferou Zofer trincando os dentes.

- O senhor tem razão mas não vamos piorar as coisas. Temos de pensar em um jeito de acabar com Finns sem que entremos em outra guerra.

- Esse dia será hoje. - vociferou Zofer. - E correu com seu cavalo gritando para atacar em uma linguagem élfica. ( Nir ie uan ) !

Levonhard não pensou em outra coisa a não ser seguir seu pai. Seu exército avançou junto com eles. Enquanto outros ficaram imóveis olhando os elfos da luz marcharem em direção aos goblins e o punhado de homens, que ainda mantinham suas posições enquanto outros deixavam o campo de batalha. Mas por fim os reis que pareciam já aliviados com o fim da batalha e o recuo daquelas criaturas fétidas, sem pensarem muito, também deram ordem para atacar.

A luta continuou, mas os goblins ainda recuando a metade de seu exército, foram obrigados a voltarem . Trasgos imensos correram socando os elfos, que voaram longe. E outros foram esmagados como pedras sem piedade.

Levonhard pulou de seu cavalo para ajudar os outros. Estava no meio da confusão, com duas espadas douradas golpeando o inimigo de todos os lados. Era muito ágil e rápido em seus movimentos.

Mas um Trasgo que ele não viu quase o golpeou, e desesperada, em proteger o filho, Ullah apareceu e acertou uma flecha na cabeça que derrubou o monstro que caiu tremendo o chão. Mas um goblin acertou outra e a atingiu no peito.

Zofer e Levonhard pararam por um instante ao ver Ullah cair de seu cavalo. Os dois correram, mas no segundo , Zofer também foi atingido, por uma espada e todos os reis que lutavam também viram o rei e a rainha da luz caírem.

- não! - gritou Levonhard correndo para onde seu pai estava caído. E quando ajoelhou no chão para socorrer ele, se deparou com uma enorme sombra negra, eram enormes patas de cavalo a sua frente. Ao olhar para cima percebeu ser Sparkle Finns, sorridente e ameaçador. Ele não parecia mais ser um humano, agora parecia desfigurado e monstruoso.

- O que você fez? - perguntou Levonhard com raiva. Como pôde nos trair? Meu pai deu a você um lar e minha mãe lhe cuidou como filho dela. - a voz de Levonhard tremia como todo o seu corpo, com o pavor que sentiu a ver seus pais feridos, sem poder fazer nada por eles.

- Você acha mesmo que eu faria parte de sua família? Eu nunca fui um elfo e jamais seria um. Eu queria mostrar a vocês elfos imortais, que também podem morrer. Você tem uma coisa que eu quero e vou conseguir. Nunca vou entender porque vocês tem essa aparência quase humana, mas são uma raça mais bela com esses cabelos longos dourados... - ele olhou para o príncipe com inveja. - e o seu poder de curar... e dar vida a coisas.... Agora você "príncipe de orelhas pontudas", não pode salvar seus que- ridos pais. É uma pena. - disse Finns olhando para o corpo de Zofer e em seguida, encostando a sua longa espada no ombro de Levonhard.

- Não vou deixar você me vencer facilmente.

- Levonhard sentiu uma raiva invadir seu corpo, tal como o fogo que queima a mata e avança velozmente, transformando tudo ao seu redor em cinzas. Ele se levantou tão rápido, que Finns não percebeu seu ataque repentino, e o jogou no chão com uma força descomunal. O cavalo negro disparou para longe assustado com a queda de seu dono. "Parecia um terremoto, pesado e veloz como um raio. Ao passar levantou alguns fios de cabelo dourado de Levonhard."

Sparkle Finns sorriu com ódio no olhar e se impressionou com a agilidade de Levonhard.

- Para um jovem, você é muito experiente. Nunca pensei que você fosse melhor do que seu pai. Mas ainda há muito que aprender. - ele sacou a espada para acertar Levonhard, mas o príncipe o golpeou primeiro arrancando seu braço com sua espada dourada.

Sparkle Finns gritou com a dor imensa que sentia ao ter uma dolorosa amputação, e foi se afastando com ajuda de alguns goblins e homens que estavam por perto. Todos os exércitos pararam de lutar ao ver que o líder das trevas havia sido ferido gravemente.

- Você vai ver seu pentelho, eu ainda vou dominar essas terras e você e sua raça irão desaparecer para sempre! Tomarei o seus poderes! - gritou desesperado.

Levonhard deixou o corpo de seu pai e correu em meio ao seu exército, até onde encontrava-se sua mãe. Ele ajoelhou e lhe beijou a cabeça branca, deixando lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Não havia mais o que fazer, estava sem vida, perdera muito sangue.

Ao sentir uma presença, ele não se moveu, pois sabia que não era inimigo, porque o exército de Goblins já havia partido com Finns.

- Meu jovem príncipe. - Disse uma voz adulta.

Levonhard olhou para cima e viu um elfo rei , um guerreiro de cabelos negros, amigo de seus pais desde a infância.

- Randi ?

- Sim. Confirmou ele. - É uma tragédia o que aconteceu meu jovem, você foi muito bem nessa guerra. Gostaria de ter um filho assim como você forte e ágil. Eu me orgulharia. E sei que sua mãe e seu pai também se orgulhavam de você.

- Eles tentaram me proteger, mas eu não pude proteger eles. - disse olhando para Ullah morta em seus braços. - Não posso cura-la mais. — disse triste com lágrimas em seus olhos. Agora pareciam sem cor, mais branco do que azul.

Não pode. - concordou Randi. Seu poder só poderia curar seus pais se tivesse chegado a tempo.

— Você sabe o que tem de fazer agora. — Randi olhou para o jovem príncipe com um olhar ainda mais triste e de pena.

— Sim. afirmou ele levantando-se do chão. Ele olhou para seu exército e chamou para que viessem pegar os corpos de seus pais e levassem para o seu reino em CKlanyvadari.

Randi e os outros reis acompanharam Levonhard. Eles seguiram para um lindo lugar iluminado na floresta, onde havia uma extensa grama verde que se movia lentamente como se estivesse dançando. Ela seguia até aos pés de uma grande árvore de folhagens brilhante, que os elfos chamavam Nowak a árvore da vida.

Sempre quando quando morria algum elfo no reino, ela perdia uma folha e deixava de brilhar.

-Em uma guerra não se pode fazer muito por aqueles que perdemos. Há não ser uma pequena despedida de seus corpos. Agora eles vão retornar para o mundo espiritual. - disse Randi colocando um pequeno ramo de flores ao pé de uma grande árvore.

Os elfos lamentavam suas perdas, ficavam tristes, mas sabiam que teriam de seguir suas vidas. Eles eram mais parecidos com animais do que com qualquer raça em Anorie por seu luto durar pouco tempo e por sua ligação com a natureza.

Levonhard entrou no salão do trono do rei, sentia-se triste e derrotado. Não compreendia o motivo que levara Sparkle Finns a seguir o caminho para escuridão, sendo que ele aprendera a cultura élfica e fora acolhido pelos reis da luz após a morte de seus pais. Era muito raro da parte dos elfos criarem crianças humanas e as tornarem parte de sua família. Embora na época em que Zofer adotara Finns, ainda não tinha Levonhard, o que facilitava muito para ele crescer no reino e se tornar um dos grandes líderes. Porém com o nascimento do príncipe, ele perdeu esse posto, ficando a espreita pelos cantos do palácio e se isolando de todos.

Parte 2

A chuva cessou e o sol apareceu gracioso no céu. Uma manhã fresca com aroma perfumado das flores coloridas e do ar doce das águas dos rios e lagos do reino de CKlanyvadari. O enorme palácio com portas de cristais era incrivelmente magnífico e estonteante por sua beleza. brilhava a uma grande distância para aqueles que chegavam a atravessar a grande ponte de pedras.

Uma elegante cascata descia de montanhas a mais de trezentos pés de altura até chegar aos rios de todo o reino.

Reis élficos vindos de vários lugares de Anorie chegavam para a coroação do príncipe Levonhard. O primeiro elfo jovem a se tornar rei aos seus treze anos . Como direito ao trono e por ser o único herdeiro, ele teria imediatamente cumprir com suas obrigações de rei, pois as terras que pertenciam a seus pais agora precisavam de sua proteção.

Levonhard aguardava a todos no grande salão do rei. Estava seguro, e sabia que tinha de manter a postura como sempre havia treinado com seu pai. Agora, ele não era mais um príncipe e não seguiria mais ordens de um rei. Teria de tomar suas próprias decisões e proteger seu reino e seu povo.

Randi se ofereceu, como amigo de seus pais, para lhe entregar a coroa. Levonhard concordou de imediato. Estava sério esperando seu conselheiro falar.

- Grandioso seja esse dia, que será memorável para todos os reis élficos de Anorie, o nosso grandioso rei Levonhard.

Randi aproximou- se de Levonhard segurando uma coroa prateada com cristais, sorriu e colocou- a em sua cabeça.

- Rei Levonhard de CKlanyvadari!

Todos se curvaram, como respeito ao novo rei. Era tradição dos elfos de Akla Ahari e mais uma obrigação de outros reis verem a coroação de um novo rei. Era uma forma de todos se conhecerem e sempre unirem- se para guerras como aliados.

Depois todos os reis foram para um banquete a céu aberto, no último andar do palácio do rei. Uma vista privilegiada onde se via todo o reino e sua floresta. Haviam muitas flores descendo em pilastras de cristais. E os reis andavam e conversavam com os outros apreciando a paisagem e tomando seu vinho.

Levonhard falou com todos eles e em especial sobre o futuro de Anorie e os tempos de guerra. Algo que lhe preocupava muito desde a última batalha, que ele descobrira um traidor que frequentava muito seu reino pelos negócios de sua família, como a forja de armas. Que uma dessas mesmas espadas forjadas em seu palácio, fora a que tirou a vida de seu pai.

Randi acompanhado de uma bela e jovem elfa, aproximou-se de Levonhard, que depois de muito conversar , ficou sozinho em uma parte do salão olhando para a cachoeira que caia a poucos metros de onde ele estava. O pensamento longe, talvez trouxesse lembranças de seus pais.

- Senhor Levonhard, gostaria que conhecesse minha filha Ika. - disse Randi com um largo sorriso.

- O rei se virou e cumprimentou a bela elfa de cabelos negros e olhos castanhos claros.

É um prazer . - disse ele. - E logo voltou a olhar para Randi com curiosidade. - você não disse que tinha uma filha. — Levonhard ficou surpreso com a revelação do rei mais velho.

— Há sim, me desculpe eu não lhe disse. Na verdade, eu tenho duas... Minhas filhas, Ika e Lunae estavam em meu reino em Lóriath. Eu nunca quis que elas se afastassem de mim por que eu queria protege- las. Tempos de guerra eu não quis expor nenhuma delas ao perigo.

- Sei bem como deve ser isso. Sempre proteção para as elfas em primeiro lugar. Mas e sua outra filha, não a trouxe também? - quis saber .

- Não, não. Lunae não gosta muito de sair, ela fica mais em casa com seus bichinhos.

- Bom, então ela não sabe o que está perdendo. Digo da comida aqui. - explicou Levonhard com um tom mais sério.

- É muito boa mesmo. - concordou Randi.

- se quiserem podem descansar aqui está noite. A viagem para seu reino é longa. Fique aqui o quanto desejar, serão bem vindos sempre. - convidou Levonhard olhando para eles com uma expressão amigável.

- Podemos ficar se quiser filha. Como você queria conhecer o rei, penso que seria uma boa ficarmos está noite.

- Pai! - envergonhada Ika abaixou a cabeça.

- Tudo bem. — Levonhard fingiu não ter visto a expressão ruborizada da jovem princesa. — Eu fico feliz que queira me conhecer. - sorriu Levonhard para ela. - vejo que temos assuntos de negócios a resolver. - disse ele mudando de assunto.

- há sim é claro. Seu pai me vendia muitas espadas e arcos e flecha. Ainda podemos manter essa nossa parceria?

- Sim, podemos. Será uma honra.

- A espada que você cortou o braço de Sparkle Finns, você tem delas?

Levonhard olhou curioso para Randi.

- Nenhuma espada é igual senhor de Lóriath.

Algumas são feitas exclusivamente para o rei. Suas lâminas são únicas.

- Certamente. - assentiu Randi .

- Podemos dar uma olhada se você quiser. Temos espadas de muita qualidade, algumas estão sendo forjadas agora.

- Sim, eu gostaria de vê-las. - sorriu Randi.

Levonhard se virou e eles saíram do palácio para os jardins do rei adentrando na floresta.

Haviam muitas flores de diversas cores e espécies, entre elas uma antiga planta carnívora de geração de família. Um caminho de pedras cristalizadas levava a uma encantadora cachoeira que descia como um véu branco e fino, que abastecia todo o reino. Eles andaram mais a frente onde havia um campo de treinamento onde estavam os soldados lutando uns com outros aprimorando suas técnicas de luta para batalhas em guerras. Logo, estavam em uma área verdejante ainda maior, onde o que parecia ser um celeiro gigante, era um lugar para forjar armas élfica. Um enorme felino de cinco pés estava de guarda na porta. Era branco como a neve e tinha seus olhos azuis iguais aos de seu dono. Sua pelagem densa o fazia parecer maior do que era.

Randi e Ika ficaram imóveis atrás do rei temendo o grande animal se movendo em direção a eles.

- Não tenham medo. - Tranquilizou Levonhard acariciando o animal que deitava e ronronava para ele. - Arraia é dócil com todos de meu reino, só ataca estranhos que entram aqui sem minha permissão. Ela é o guardião de CKlanyvadari. Há outros como ela aqui também guardando as entradas de minha floresta.

- Nunca vimos essa espécie de animal antes. - observou Randi ao passar pelo felino. Sua filha também se deslumbrou com tamanha grandeza do animal, quis toca-lo mas teve medo.

- Bom, se quiser pode passar a mão. Sua pelagem é muito macia . - disse Levonhard olhando para Ika ao perceber sua admiração por seu animal.

Ela acabou não resistindo e aproximou-se do grande felino. Quando sua mão se ergueu para Arraia, encostou sem querer na mão de Levonhard, e ambos retiraram as mãos em instantes. Eles se olharam sem jeito mas logo o rei prosseguiu como se nada tivesse acontecido.

- Esta é nossa oficina de forja de armas. O senhor fique a vontade.

Haviam muitos elfos trabalhando ali, alguns afiavam as lâminas das espadas, enquanto do outro lado outros perfuravam e faziam o acabamento dos cabos de aço,com desenhos maravilhosos. Eles não se importaram com a presença de seu rei , de Rendi e sua filha Ika.

Haviam mesas de pedra com viárias espadas enfileiradas em cima delas. Algumas eram tão brilhantes que chamaram a atenção do rei.

Randi aproximou-se e seus olhos chegaram a brilhar e suas mãos tocar no objeto, que parecia acender uma luz azul claro .

Levonhard sorriu sem olhar para ele e pegou a espada que ficou mais iluminada .

- Esta é Gofling, uma espada que ilumina quando está escuro. Ela também aciona a luz quando você pega , mas logo apaga. E esta aqui...

- disse pegando outra espada e admirando sua lâmina. - É Fandour, a que tem o corte mais pesado. Nenhuma armadura aguenta sua força. É uma das minhas preferidas. Foi com uma dessas que eu cortei o braço de Sparkle Finns. - lembrou movimentado a grande espada dourada.

- Essa espada? - interessou Randi recebendo a espada de Levonhard.

- Estas são raras, muitos outros reis élficos compraram de nós. Muitas dessas espadas são especiais. Você pode escolher um desenho e modelo que se assemelhe com sua personalidade. As minhas tem o desenho de Arraia em seu punho.

Sua espada será somente sua. Ninguém terá uma igual. Essas são apenas irmãs das minhas. Quando meu pai me trouxe aqui para escolher, pensei em algo que eu gostava muito. De tudo o que eu gosto aqui neste reino, as árvores são a minha vida. Então, o punho da espada tinha de ter algo a respeito... Folhas talhadas, que eu poderia ver a luz do sol entrar por elas...

- São incríveis! Estou fascinado por essas belíssimas armas.

- há também arco e flechas e lanças, catapultas, entre outras que estamos trabalhando para aumentar a proteção do exército nas guerras.

Ainda creio que tempos difíceis estão por vir.

- disse Levonhard olhando o vazio.

- Também penso muito sobre isso. Nossas terras estão sendo ameaçadas e agora sabemos que uma guerra está chegando. Quando e de onde está vindo, não sabemos. Alguns humanos estão se voltando contra nós e Sparkle Finns, um de nossos amigos, agora nós traiu. Está criando monstros e híbridos.

- Devemos convocar a todos os reis élficos para uma reunião e decidirmos o que há de ser feito. - disse Randi ainda maravilhado com a beleza das espadas, enquanto andava atrás do rei pela oficina.

- Aqui... - Parou Levonhard. - estes são os arcos, feitos de madeira, de árvores especiais plantadas apenas para fazê-los. Há outros arcos compostos feitos com outros materiais que eu não posso falar, é segredo de família. Está há anos conosco e meu pai sempre pediu sigilo sobre a produção destes.

Arco composto, eram enormes e cada um tinha um desenho diferente esculpido por artesãos do rei. Alguns eram prateados , dourados e pretos.

As flechas também eram detalhadas e lindas com suas cores quase transparente de um azul muito claro a um preto e dourado. Cada uma era usada a momentos diferentes, noite ou dia, se havia sol ou chuva e neve, ambas tinham uma cor para cada estação.

Entre toda a sua beleza, havia uma ponta afiada no final e um rabo em forma de pena, algumas com veneno capaz de matar na hora. Ao lado delas, as lanças negras, um pouco maior do que um elfo, perigosas e mortais foram as melhores armas de combate de todos os tempos.

Levonhard mostrou algumas das armas, mas não era nenhum tolo para revelar segredos de família escondido há anos. Sua família era rica pela fabricação das melhores armas de guerra élfica que Enorie poderia ter. E muitas eram vendidas a homens e outros reinos élficos, entre outras raças, duendes e alguns anões.

Ele era um rei muito desconfiado e mesmo sabendo que Randi era amigo de seus pais desde muitos anos, não queria arriscar e lhe mostrar mais do que deveria. Embora confiasse cem por cento nele, Levonhard já passara pela experiência de que mesmo um amigo poderia se tornar um traidor, assim como Sparkle Finns que passou anos em seu reino talvez a procura de alguma arma extremamente poderosa ou até mesmo dele , que nasceu com dons e poderes que nenhum outro elfo tinha. Pois ele invejava os elfos e sua imortalidade.

Ao pensar nesse homem terrível e nas coisas que ele poderia fazer, Levonhard ficou preocupado com seu reino e com todo seu povo, temendo um ataque de Finns a ele por ter lhe arrancado um braço. A guerra de fato não havia acabado, e a morte do rei e da rainha não foram em vão. Agora seria mais perigoso do que nunca baixar a guarda. Um reino como CKlanyvadari era um dos mais belos e bem escondido sobre a floresta, difícil de se encontrar e tinha apenas duas entradas de acesso. "Ninguém entraria neste reino tão fácil".

Levonhard despediu-se dos outros reis depois do grande banquete do entardecer. Era uma grande festa no dia da coroação de qualquer rei Élfico, em todos os continentes mantinha-se essa tradição a milhares de anos quando um príncipe tornava-se rei.

Randi foi o único que permaneceu no palácio a convite de Levonhard, por ele ser o mais próximo de sua família. Estava acompanhado por alguns de seus guardas e de sua filha Ika. Era de costume elfos deixarem suas esposas e viajarem para muito longe a negócios e retornarem para seus reinos dias ou anos depois.

Parte 3

Randi tomava seu café da manhã ao lado de sua filha na grande mesa do rei Levonhard. Farta de frutas, cereais e leite de cabra. Alguns pães élficos com mel também enfeitavam as bacias de madeira rústica. Os dois estavam sozinhos, pois muitos elfos já estavam em seus postos de trabalho. Todos dormiam ao menos quatro horas por dia ou cochilava a noite.

Levonhard antes do amanhecer, fazia uma longa caminhada com Arraia, um enorme felideo fêmea, de pelos brancos e olhos azuis. Era seu guardião, presente dado por um amigo de seu pai para ele quando nascera. O animal era conhecido em Akla Ahari por muitos elfos, porém era muito raro algum rei Élfico ter um deles. Haviam várias espécies dessas criaturas peludas gigantes. E todos os elfos em Anorie davam o nome a esse místico ser de ; ( Kanoullo ). ( Gato peludo da neve ). E viviam em um único lugar, escondidos na floresta de kenoan, onde apenas magos elfos sabiam encontrá-los.

Arraia seguia Levonhard por uma trilha adentrando cada vez mais na floresta. Muitos elfos estavam trabalhando ali, fazendo caminhos, erguendo pontes e esculpindo estátuas de animais que o rei gostava. Ele seguiu para mais longe até chegar a uma das entradas de seu reino, onde reparou que havia duas réplicas idênticas de seu guardião peludo. Suas mãos tocaram uma das estátuas, sentindo o mármore liso e frio. Levonhard estava satisfeito com o trabalho que os elfos artesãos fizeram. Eles eram muito bons e habilidosos, podiam copiar e fazer qualquer coisa que quisessem . Inclusive a forja de espadas e armas.

E por causa deles, seu reino ficava mais belo. E o rei sabia como compensa -los. Tudo que seus soldados, seus súditos, e artesãos queriam, como um elfo líder, bondoso que era, Levonhard atendia seus desejos, fossem eles qual fosse.

O rei nunca se cansava de andar pela floresta, ele amava cada lugar conquistado por seu pai e sua mãe... Seus queridos pais, que se foram na guerra. Lembrou ele sentido a falta que faziam. Mas ele sabia que ficar triste e deixar se levar pela dor, poderia arruinar tudo o que eles conquistaram. O reino precisava de um rei forte para reger seu império e proteger a todos. Fora para isso que seu pai o treinava desde criança, para ser um grande rei.

Levonhard pensou em tudo o que poderia fazer para que toda a sua família ficasse bem. Era uma responsabilidade muito grande para um jovem elfo como ele tomar conta de muitas coisas sozinho. Ele pensou que precisava de um suporte, alguém para ajudá-lo a crescer mais. Ele não era de pedir ajuda, mas sabia aceitar a idéia de que seu reino precisava de uma segunda mão para não ser totalmente sobrecarregado.

Arraia se assustou, fazendo um barulho incômodo, que fez com que Levonhard olhasse para ela com expressão séria. Ele não e entendeu muito bem o porque dela agir assim, porém quando se virou, viu uma elfa linda de cabelos negros e olhos castanhos parada próximo do arbusto.

— Ika? — Levonhard ficou surpreso ao vê-la.

— Majestade, desculpe aparecer assim. Eu quis dar um passeio e vim parar muito longe e não consegui voltar para o palácio... — disse a elfa com uma expressão ruborizada.

— Bom, sem problema nenhum. Venha, vou levá-la de volta para o seu pai. Aliás ele deve estar preocupado com você. — Levonhard olhou direto nos olhos dela. Ele não era acostumado a olhar nos olhos daquela maneira, ele sempre desviava o olhar quando alguém tentava fazer contato visual.

— Meu pai não ficará tão preocupado porque ele conhece você e seu reino... Estou segura aqui. — ela disse confiante.

— Se pensa assim. Tudo bem. — O rei olhou para para o nada muito pensativo, mas depois falou: — Então você é a filha do rei Randi que queria me conhecer? — perguntou ele de propósito.

Ika engoliu a saliva quase engasgando com a pergunta dele.

— Bom... Eu... Queria conhecer o rei de CKlanyvadari, que todos falavam. — ela foi direta.

— Então há muita gente que fala de mim? — quis saber.

— Sim. Meu pai disse que você é especial e é conhecido em toda Akla Ahari. — assentiu Ika.

Levonhard ficou em silêncio por um tempo depois continuou:

— Eu imagino que todos nesse mundo já tenham idéia do rei que eu sou. Todas as criaturas vivas e inteligentes, homens, anões e fadas, até mesmo dragões sabem que eu tenho um poder avassalador comparado ao dos elfos bruxos... Eu entendo que isso chama a atenção de muitos. Muitas pessoas procuram por poder, ouro e desejam isso mais do que a sua vida. Já eu por um outro lado penso diferente. — Explicou Levonhard um pouco sério. Sua voz mais firme e autoritária.

— Sim, eu sei como deve ser isso pra você. — Ika disse num tom de voz muito baixa, mas muito educada.

— Mas eu não ligo para o que os outros dizem ao meu respeito. Mas voltando ao que estavamos conversando, seu pai tem falado muito de você pra mim. — e ergueu uma sombrancelha.

Ika ficou corada nas maçãs do rosto. — Ele tem?

— Sim. — confirmou Levonhard. — Ele tem me falado como você me admira muito. — e olhou para a princesa com um meio sorriso, que rápido desapareceu.

— Mas não se preocupe, eu não me importo com isso. Tudo bem se alguém gostar de mim. Admirar não é um crime. — E deu um leve sorriso.

Eles continuavam a andar, passando por vales e jardins floridos encantadores. Arraia seguia acompanhando Levonhard ao seu lado as vezes brincando com outros pequenos animais que estavam entre os gramados.

Eles chegaram ao que parecia um grande celeiro cheio de cavalos, onde o rei deixou Arraia. Ele se despediu do animal acariciando sua pelagem macia e branca como a neve.

— Vamos, vou levá-la ao seu pai. Ele está procurando você. — Levonhard olhou mais para o horizonte apertando os olhos como se estivesse se esforçando para ver além da floresta.

— Como sabe que meu pai está me procurando?— perguntou Ika curiosa olhando para ele.

— Eu sei. Eu vejo tudo que se move aqui. Uma simples folha que cai ou até um soldado que sai e entra neste reino...

— Você é um rei Élfico cheio de poder. Isso é incrível! O que mais majestade pode fazer? Sem querer ser muito curiosa... — Ika ficou sem jeito de falar, pois estava entusiasmada com o fato do rei ter muito poder.

— Tudo bem, não fique sem jeito. — disse Levonhard olhando para ela depois de muito tempo. — Você é bem educada princesa Ika.

— Ela olhou para o rei sem acreditar na sua formalidade.

— As vezes eu posso surpreender você princesa. Eu não sou de muitos amigos... Mas vou te mostrar o que eu posso fazer. Vamos para um lugar onde eu não chame atenção. Embora meus soldados saibam de meus poderes... Mas é uma coisa que eu guardo para mim.

O rei levou a princesa Ika para uma área de treinamento, que estava vazia sem nenhum de seus soldados treinando. Era uma grande arena, muito bem projetada para luta. Até mesmo haviam muitos alvos nas paredes e bolsas de armas por todos lugares. Todos bem guardados e aparentes.

— Nossa, como aqui é grande. — Ika ficou admirada com o tamanho do lugar.

— Você gostou? É um belo lugar para se aprender a lutar. — disse sorrindo. Ele parecia estar um pouco mais alegre.

— Tudo aqui é maravilhoso! Eu nunca imaginei que tivesse um lugar para treinar. — disse Ika ficando cada vez mais encantada com o lugar.

— Quer dizer que você nunca viu o lugar onde os soldados treinam ? — Levonhard pareceu ficar chocado com o que ela disse.

— Nunca. Meu pai sempre me disse que princesas devem se preocupar com o lado de cuidar dos outros e não lutar. Ele disse se eu for uma guerreira,não serei uma princesa. — explicou ela.

O rei olhou sério para ela achando tudo isso estranho.

— Bom, eu não tenho nada contra isso, mas você não deixaria de ser uma princesa se lutasse. — afirmou ele com certeza.

— Você acha? — Ika esperou a resposta.

— Claro. Você é uma princesa... — sua língua se enrolou e ele não conseguiu falar. Certo que ele era um rei muito sério e não se daria o luxo de ser vencido por uma elfa. Apesar de notar sua beleza, Levonhard preferiu se calar deixando Ika pensativa.

— Randi seu pai tem medo de soltar você no mundo. Eu sei como é isso. Ainda mais sendo uma menina. — o olhar do rei ficou em uma cor azul quase que branco ao olhar nos olhos dela.

Depois Levonhard sorriu se divertindo com a própria palavra. Ele parecia gostar do jeito dela, como a princesa era interessante para ele. E o que era aquilo que estava sentindo. Ele nunca conversara com nenhuma elfa na vida. Sempre fora uma criança sozinha, porém nem tanto. As lembranças da infância eram nítidas e lembrar que ele quase teve um irmão... ( Sparkle Finns ). Um traidor e de pura maldade... Pensou.

— Majestade, o senhor está bem? — perguntou Ika com muita preocupação.

Levonhard, antes de responder ficou em silêncio por um minuto mas depois tornou a falar.

— Sim, estou bem. Apenas coisas do passado nada demais. — disse ele rapidamente.

— Ika assentiu sem fazer mais perguntas.

— Levonhard andou até uma bolsa onde estavam guardadas muitas espadas e pegou duas delas. Brilhantes e bem desenhadas. Suas lâminas eram afiadas e tinham um punho de prata com desenho de folhas e estrelas.

— Princesa, eu vou ensinar você a lutar. — disse o rei entregando uma espada para ela.

— Você vai me ensinar a lutar? — Ika ficou sem palavras.

— Sim eu vou. Uma princesa precisa saber se defender. Para que um dia quando precisar você saberá usar uma espada. — ele assentiu olhando fixamente em seus olhos.

— Bom, eu agradeço muito... Meu pai sempre dizia que, minha irmã e eu nunca iríamos para uma guerra... Então nós nunca treinamos... — Ika ficou pensativa olhando para a espada.

— Sabe, por um lado eu dou razão para seu pai. Ele só quer proteger você e sua irmã. Isso é natural de muitas espécies, tanto de elfos, de homens e anões. — explicou Levonhard andando para mais perto da princesa.

— Segure assim. — ele mostrou, levantando a espada para sua frente.

Ika fez o mesmo movimento com a sua.

— Você é rápida. — Elogiou. — Vamos, eu vou te mostrar como são os golpes que você vai dar para sua defesa. — Levonhard segurou mais firme sua espada e mostrou sua agilidade para Ika, que ficou impressionada com sua força.

Eles treinaram por muito tempo até o entardecer. Ambos estavam tão concentrados que não perceberam a chegada de Randi.

— Aí está você! — ele surpreendeu os dois lutadores.

— Pai? O que faz aqui? — perguntou Ika parando com sua espada olhando para ele assustada.

— Randi meu amigo, estou ensinando sua filha algumas técnicas de defesa. Eu disse a ela que deveria saber algumas coisas como manusear a espada e fazer um ataque quando for submetida a um. — Levonhard fitou Randi esperando que entendesse seu ponto de vista.

— Sem problema algum meu amigo. — Randi arfou e um largo sorriso se formou em seu rosto, e depois se intensificou quando lançou o olhar para sua filha.

Ika entendeu o que seu pai queria dizer e ficou ruborizada.

— Ela é muito boa Randi. — elogiou o rei . — se treinar pode se tornar uma guerreira.

— Isso é bom, mas eu prefiro que ela seja só uma princesa sem se envolver muito com lutas . — Randi apavorou-se só de pensar em sua filha lutando numa guerra.

— Eu entendo... Tudo bem. — Concordou. E rápido saiu do assunto. Ele pegou a espada das mãos de Ika e a sua , levando para guardar nas bolsas penduradas nas paredes.

— Obrigado majestade, isso foi muito legal. — Agradeceu Ika, sorrindo e muito corada.

— Não precisa me agradecer. E você princesa, pode me chamar pelo meu nome. — Ele voltou a fita-la direto nos olhos.

— Eu agradeço meu amigo, mas eu gostaria de lhe pedir licença para levar Ika, eu preciso conversar com ela. — disse Randi muito educado.

— Sim, claro. — Assentiu Levonhard. — Aproveitem a tarde, passeiem por todos os lugares e fiquem a vontade.

O rei se despediu e em passos rápido, desapareceu de vista.

Randi esperou mais um pouco até ter certeza que ele podia conversar às sóis com a filha.

Ika querida, você teve um dia entanto aqui não?

— Ele sorriu olhando nos olhos dela.

— Sim, eu tive. Foi muito bom. E... Aprender a lutar foi melhor ainda. — Seu rosto ficou rosado.

— E só lutar? — perguntou Randi com dúvidas de era mesmo só um aprendizado.

— O que é que está me olhando assim? — Ika ficou séria.

— Minha filha, eu posso ver em seus olhos como você gosta dele. — ele foi direto.

— O quê? Como fala isso meu pai. Eu só estava aprendendo... — a voz da princesa ficou um pouco acelerada e em tom de nervosismo.

— Sim, eu entendo. Mas você é minha filha e não precisa ficar envergonhada por que eu passei por isso também. E percebi como o rei têm olhado para você diferente.

— Diferente?

— Sim. — assentiu ele.

— E o que seria " diferente? "

— Minha querida filha, sabe, o rei Levonhard nunca foi muito sociável com outros elfos e outras criaturas. Ele não gosta muito de contato com ninguém. Mas hoje o que eu vi, torna esse jeito dele diferente. E tem o fato dele ser bem jovem e muito bonito também. — Randi ergueu a sombrancelha.

— Pai, você quer me deixar com mais vergonha?

— Não, eu só acho que ele seria bom pra você.

— Você está brincando pai. Não tenho nem chance... — Ika ficou nervosa.

— Você é bella e tem sangue real, então tem muitas chances.

— Não, não pai, tire isso da sua cabeça. Eu admiro muito ele por causa das histórias que você sempre contou... Nada demais. — ela quiz sair da conversa.

— Sério mesmo? Não acredito. Além do mais, eu gostaria muito que você e o rei tivessem algo a mais.

— Pai, onde está querendo chegar?

— Minha filha, Levonhard está muito sozinho e triste, e eu me preocupo com ele. Sabe, um rei jovem como ele, tem que ter alguém para ajudar a reger um reino como esse. — Randi olhou admirando a beleza do lugar.

— E o que quer dizer com isso? — Ika franziu o cenho.

— Eu quero que se case com Levonhard.

A princesa olhou chocada com o que seu pai havia acabado de dizer.

— Me casar com ele ? Mas pai, Levonhard nunca se interessaria por mim. Ele é muito solitário e quase não sorri....

— Sim Ika. — e cortou seu desespero. — Ele é assim, sabe porque? Eu lhe contei o que aconteceu na última guerra... Os pais dele morreram, e eram meus melhores amigos. Um elfo como ele que só tem vinte anos, é jovem demais para aguentar o peso de seu reino inteiro nas mãos. Se tivesse cem anos, ele seria um adulto e já estaria maduro suficiente para seguir sozinho. Foi por isso que eu vim aqui. Para ajudar ele no que ele precisar. Mas ele acha que eu estou aqui pelo dia de sua coroação e pelas armas. Que seu pai sempre vendeu espadas e arcos para nós. —explicou ele com olhar mais sério.

— Eu entendo. Mas pai, eu também sou jovem para me casar... Eu...

— Sim, você é jovem, mas eu prometi a Zofer e a Ullah que cuidaria de seu filho se lhes acontecesse alguma coisa. Eu estou dando a minha palavra a eles. E você gosta dele e eu sei disso. Você pode fazer ele voltar a ser feliz novamente. — seu olhar escuro penetrou mais fundo os dela.

— Eu não sei... Mas ficaremos tão pouco dias aqui. Como ele vai começar a gostar de mim? — Ika se entristeceu.

— Ficaremos um pouco mais, eu pedirei a ele. E você ganha tempo para conquistar ele. Aos poucos e você verá como Levonhard irá se aproximar de você.

Os dois saíram da arena de treino e andaram de volta para o palácio do rei. O céu já estava escuro e parecia que iria chover.

Levonhard estava em seu trono quando avistou de longe Randi e Ika se aproximarem.

— Vocês estão gostando de CKlanyvadari?

— perguntou ele com um sorriso. — Você já conhece meu reino meu amigo, mas sua filha não.

— Levonhard meu amigo, eu gostaria de pedir para que eu e minha filha ficassemos mais alguns dias aqui em seu reino se não for incomodar... — pediu Randi .

O rei levantou-se do seu trono e desceu até eles. Elegante em suas roupas de seda e um grande sobretudo prateado cobrindo grande parte do corpo, ele se arrastava até o chão.

— Claro meu amigo, vocês podem ficar quanto tempo desejar. — e olhou para Randi e logo depois para Ika, que corou as maçãs do rosto.

— Obrigado Levonhard. Eu poderia fazer alguma coisa para ajudar você se precisar. — se ofereceu Randi.

— Não, não. Convidados meus ficam em meu reino descansando. Eu quero que fiquem a vontade como se estivessem em seu reino.

— Muito obrigado. Se não se importa eu estou indo dormir um pouco.

— Tudo bem. — Assentiu. — Amanhã conversamos.

Eles se despediram, e Levonhard ficou olhando para Ika se distanciar cada vez mais com seu pai. " O que está havendo com você Levonhard .” — pensou ele. Não podia acreditar que estava começando a ter um sentimento por aquela princesa. Sentia- se bem ao lado dela. Mas não podia deixar se levar por uma garota. Ele tinha responsabilidade e um reino para cuidar.

Parte 4

Levonhard levantou antes do sol nascer. O ar fresco da floresta era tudo que ele amava pela manhã. Os jardins eram seus lugares favoritos e tinham plantas de várias espécies, tudo era muito colorido e florido. As luzes de abeto ficavam sempre acesas e nunca se apagavam, iluminavam grande parte do palácio e de todos o reino.

Ali perto, um animal chamou a atenção do rei que correu para ver ao sentir seu sofrimento.

Ele rapidamente se ajoelhou no gramado para ajudá-lo. Levonhard colocou as mãos sobre o animal imóvel e uma luz branca e azulada saiu de suas mãos como uma pequena chama.

O rei terminou o que estava fazendo e segurou o pequeno animal envolvendo em seus braços. Ele olhou para frente e do nada disse:

— Não precisa ter medo princesa. Aproxime- se.

disse, virando-se devagar para olhar a elfa. Ela estava encantadoramente em suas vestes brancas que voavam com o vento.

— Me desculpe, eu... Só estava passeando e...

— Tudo bem. Você viu tudo o que eu fiz não foi?

— Sim, eu vi. Assentiu Ika. É incrível ... Saiu uma luz de suas mãos. — o olhar dela estava paralisado, as pupilas dilatadas.

— Eu tenho um poder Ika, no qual eu posso curar feridas muito grave. Este aqui, é um dragão pequeno, estava quase morrendo. Se eu demorasse muito não conseguiria salvar-lo. — Levonhard lembrou de seus pais, e que ele não pôde salvar nenhum deles.

— Eu sei o que aconteceu com seus pais na guerra. Meu pai me contou tudo. Não foi culpa sua. Mas Randi disse que você é um ótimo guerreiro. Ele te vê como um filho que ele nunca teve. Seria bom ter um irmão assim, forte e corajoso como você.

Levonhard olhou para ela com ternura e logo desviou o olhar sem querer contato visual.

— Obrigado pelo elogio. Desde criança, meu pai treinava comigo. Meu primeiro arco ganhei aos quatro anos. Dá para ver o que é nascer em um berço real. — ele riu baixinho.

— Sim. É verdade. — Concordou Ika sorrindo também.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo olhando cada um para um lado, mas depois voltaram um para o outro sem jeito nenhum.

— Bom... É melhor eu colocar esse dragão em alguma árvore onde ele irá se recuperar. — disse o rei levantando-se do chão, e em seguida procurando uma árvore mais baixa para depositar o animal. E assim fez, cuidadoso, encontrou a mais bela das árvores frutíferas, onde esse animal gostava de se alimentar. Amoras roxas e grandes era seu alimento preferido, e ali, se cultivavam várias dessas plantas com todo trabalho de " elfos botânicos. "

Levonhard sentiu-se bem ao ver que conseguiu salvar mais uma vida. O medo da perda era um pesadelo que vinha assombrando ele desde a morte de seus pais, no qual jamais conseguia se livrar.

Era poderoso, não apenas curava, mas também podia controlar a natureza, e manipular elementos. Uma arma viva e mais forte do que aquelas fabricadas em seu reino.

— Você está bem ? — perguntou.

— Estou. Me desculpe, eu não quero atrapalhar... Só estava querendo tomar um ar.

— Bom, eu também. Podemos andar juntos se quiser uma companhia... Se afastar muito dos jardins pode se perder de novo. Aliás, aqui é bem iluminado. E se andar mais afrente vai precisar de sua visão de elfo.

— Eu aceito sua companhia. Melhor do que estar sozinha. Eu não gosto muito de ficar só.

— Não gosta? — estranhou Levonhard franzindo o cenho.

— Ficar sem ver os outros me incomoda muito. Eu vivo num palácio agitado, onde os empregados passam o tempo todo fazendo alguma coisa.

— Sério? Você deve ter puxado isso de seu pai. Ele é bem assim, extrovertido e animado. Por outro lado, eu sou mais reservado.

— Percebi isso.

— Então não é a única aqui a ver isso. — uma tristeza surgiu repentina em seu olhar.

— Ops! Perdão, eu não quis ofender...

— Tudo bem, não me ofendeu. Sou eu que ando assim mesmo.

— Majestade não precisa ficar triste. Tem amigos para ajudar você a superar tudo... Meu pai, ele quer que você fique bem. — Ika quis conforta-lo.

— Obrigada. Agradeço por querer me ajudar, mas ninguém pode mudar meu sentimento.

— Imagino que não. Mas com o tempo a dor irá embora e apenas as lembranças irão surgir.

— Você tem razão. Vamos, eu quero te mostrar uma coisa. Chegaremos com o nascer do sol.

Levonhard deu de ombros e Ika o seguiu pelo jardins encantadores do rei. Estavam tão bem iluminados quanto o palácio. Aquelas belas luzes de abeto, eram de uma cor amarelo- laranja e ficavam acesas sem nenhuma interrupção, ardiam intensamente com a magia imposta pelos elfos ( Niankelle ), os responsáveis pela iluminação do palácio e outros locais do reino. Essas luzes existiam apenas em reinos élficos, pois nenhuma outra criatura assim como os homens, não possuíam nenhum tipo de magia que os elfos tinham, eles se viravam com o fogo, tochas e lamparinas que queimavam em brasa dentro de uma pequena caixa de ferro, protegida com um vidro nas laterais para clarear suas moradas.

Já estava quase amanhecendo, o céu apresentava suas variadas cores para o nascer do sol. O ar fresco e úmido pairava no ar soprando o aroma perfumado das flores, levado com o vento para todo o reino.

— Tudo aqui é tão lindo... — disse Ika olhando toda a sua volta admirando a paisagem.

— Acha mesmo? E o que você mais gostou aqui?

— Gostei de tudo. Tudo aqui me deixa mais calma e tem uma paz que me envolve e me faz estar em sintonia completa com a natureza.

— Isso é bom. — Levonhard olhou para Ika com um sorriso mais demorado. Depois continuou a andar mais rápido fazendo com que ela o seguisse.

— Vamos, tenho certeza que vai adorar o que eu vou te mostrar.

— Estou muito ansiosa para ver o que é.

A floresta de CKlanyvadari, tinha muitas árvores de cores diferentes. Não eram todas verdes, muitas eram vermelhas, amareladas com laranja, e rosa. Uma se misturando com a outra formando um mar mesclado de tamanha extensão, seguindo até a primeira entrada do reino.

Eles andaram muito onde os grandes rios, que se encontravam no mar, depois de uma curta descida, um pequeno caminho de areia dourada até a praia. Um lugar bem escondido e pequeno, de rara entrada de luz com uma única entrada.

Era uma ilhazinha dentro de um enorme reino.

— Este é o meu lugar preferido. — sorriu Levonhard fechando os olhos e respirando o ar puro que vinha do mar. Era o cheiro preferido dele.

— É realmente lindo! — a princesa observou a exuberância e a beleza da praia e ficou de boquiaberta, impressionada, pois nunca em sua vida havia visto o oceano de perto.

— Bom que gostou.

— É a primeira vez que eu vejo o mar. Não imaginava que seu reino ficasse perto assim.

— você nunca viu o mar? — perguntou Levonhard sem acreditar no que ela disse.

— Nunca. Acho que fiquei muito presa no reino de meu pai. — explicou ela.

— Bom, então essa é mais uma coisa para você conhecer Além de aprender a lutar. — ele se aproximou ainda mais perto dela. — se quiser, pode tirar suas botas e sentir a areia em seus pés. Eu gosto de fazer isso. — ele tirou as suas botas e enterrou os pés na areia dourada, depois se sentou.

— Parece ser muito bom. — animou Ika copiando Levonhard e se sentando na areia.

— É uma delícia... E tão macia...

— Você deve ser mais livre Ika. Ainda é muito nova para não conhecer as coisas do mundo.

— Eu preciso mesmo. Mas meu pai tem medo que eu me machuque. — ela disse fitando direto nos olhos azuis dele.

— Imagino como isso deve ser ruim.

— Agora estou me divertindo.

— Está mesmo se divertindo? — ele ergueu uma sombrancelha.

— É verdade. Mais do que eu poderia querer. Obrigada rei Levonhard.

— Não me agradeça. Eu gosto de te ver sorrindo. — elogiou ele, sentindo-se bem ao lado dela.

— Ika ficou um pouco envergonhada, mas começou a falar para não sentir desconfortável com os elogios do rei. — Sabe, eu... Tive apenas a companhia de minha irmã. Sempre fazíamos coisas juntas e ela que tinha idéias para nós divertirmos. Certa vez, fomos procurar fadas em outra floresta um pouco longe de nosso reino. Um lugar perigoso chamado Lofienn muito bem escondido.

Levonhard franziu o cenho sem entender o porquê de duas irmãs se meterem com perigo.

— Era muito escuro e mal se via a luz do dia... Foi quando um jovem humano apareceu com uma enorme ( Ochovra ) uma cobra gigante verde com prata. Ela sibilava para nós em pé, deveria ter uns dois metros.

— E o que esse garoto fez? — quis saber.

— Ele apenas perguntou nossos nomes e quem éramos. Eu menti para ele, pois seu rosto era muito estranho. Minha irmã também não confiava nele. Seu olhar era de alguém maligno.

— Maligno? Espere... Me diz como ele era.

— Muito magro, e não tão alto como um elfo adulto. Seus olhos eram bem escuros e usava roupas elficas, um pouco escuras para serem como as nossas...

— Ika, você sabe o nome desse jovem? — ele ficou mais interessado.

— Eu me lembro... É Fin... F.....

— Finns? — ajudou o rei.

— Sparkle Finns. Aquele...

— Você conhece esse humano?

— Sim, eu conheço. Meu pai o acolheu quando ele era uma criança ainda, eu nem era nascido. — ele deu uma pequena risada e depois continuou. — Aquele jovem era muito inteligente e bom. Mas seu ciúmes e sua ganância acabou levando ele para as trevas.

— Foi ele ... O responsável por seus pais...

— Tudo bem, não precisa ter medo de dizer; " "pela morte de meus pais", não. Foram seus servos que fizeram isso.

— Eu sinto muito. Eu percebi como esse Sparkle Finns era frio e maquiavélico. Senti um arrepio só de lembrar.

— Eu me lembro de ter quatro anos e ele em sua idade humana de onze anos, ainda uma criança, aprendendo o idioma élfico, a lutar com espada e usar um arco... Meu pai sempre o levava para as rondas nas proximidades de nosso reino, com intento de afastar criaturas indesejáveis. Ele adorava essas aventuras e tinha um grande potencial, mas desperdiçou tudo. — Levonhard olhou para uma margem lembrando.

— Finns fez sua escolha. Ele já tinha maldade em seu coração.

— Verdade... Mas... — o rei parou por um segundo brincando com a areia nas mãos depois lançando um olhar mais fixo para Ika. — Então, termine de contar o que aconteceu com esse encontro com Sparkle Finns naquela floresta de Lofienn.

— Bom... Minha irmã e eu ficamos encurralada, não tínhamos armas e nem sabíamos lutar... Foi quando esse humano resolveu nos ameaçar... " Elfas fêmeas... Tão lindas e indefesas... Não possuem espadas e parecem presas fáceis para um cavalheiro como eu." — Cada vez mais se aproximava de nós duas com sua enorme serpente rastejando com a cabeça ereta, encarando e pronta para atacar. Ele estava sedento, eu não sei explicar se era desejo ou ódio... Apenas avançou em nós duas segurando cada uma com uma mão. Uma delas era bem maior do que a outra.

— Não posso nem imaginar o que ele fez... — Levonhard esperou ansioso para Ika falar.

— Sparkle Finns nos lançou para o chão. Enquanto sua serpente vigiava uma de nós duas, ele se ajoelhou no chão agressivo e segurou o pescoço de minha irmã. " Fique calma fadinha da floresta, não vou machucar nenhuma das duas, apenas farei de vocês minhas escravas para meus desejos." Então quando ele sentiu-se a vontade, flechas voaram em milhares. Acertando direto na cabeça da serpente e contra Sparkle que, logo saiu correndo em disparada sem olhar para trás. Meu pai e mais um punhado de soldados dele, montados em cavalos muito grandes e fortes, nós rodaram fazendo um círculo protetor. Inclusive o rei Zofer estava lá também.

— Meu pai? — Levonhard ficou imóvel.

— É verdade. Seu pai neste dia tinha ido fazer uma visita. E eu lembro que papai disse que era o rei Élfico da luz. Mas minha animação foi destruída. Essa obsessão de meu pai proteger a minha irmã e eu passava dos limites. E não conhecemos nem seu pai e tão pouco você. E foi assim que tentamos fugir e sair do reino um pouco para nós divertir. E nesse encontro inesperado com Sparkle Finns, tivemos um belo castigo que durou dias.

— Isso foi merecido... Mas vocês duas poderiam ter morrido ou terem sido raptadas.

— Ei, você concorda com esse castigo? — perguntou Ika decepcionada.

— Claro que eu concordo. Seu pai estava certo em castigar você e sua irmã. As duas quebraram as regras. Sabe Ika, em um reino, o que é importante é você seguir as regras e sempre andar na linha. Eu como rei, aprendi desde cedo a ter responsabilidade para um dia ser capaz de cuidar de meu reino assim como meu pai. Nós elfos reais não temos tempo para diversão. — Explicou ele encarando sério para ela.

— Mas você está aqui comigo, perdendo seu tempo então.

— Eu não estou perdendo tempo. Estou ganhando. Você é quem está levando na brincadeira. Eu estou me divertindo como nunca me diverti na vida. Mas é uma excessão. Está tudo sob controle aqui em CKlanyvadari, então eu posso relaxar um pouco. Mas não tanto. Estou aqui com você mas minha sintonia com meu reino é grande. Nada passa despercebido por mim.

Levonhard levantou-se, olhando ainda muito fixo para Ika. Ele a fazia lembrar de seu pai. Rígido em seu diálogo, mas não tão sério. O rei se distanciou um pouco da princesa, e seguiu até a água do mar, que parecia calmo como um lago. Ficou ali por um tempo molhando os pés e depois abaixou rapidamente molhando grande parte de sua roupa de seda. Pegou alguma coisa que estava enterrada na areia. Uma concha grande branca quase da mesma cor de suas vestes. Ele escondeu fechando a mão para não ser vista. Voltou em passos rápido para onde Ika ainda se encontrava sentada na areia olhando para seus pés afundando cada vez mais.

— Peguei isso para você. Um presente de CKlanyvadari para uma filha de Mellanis. — disse, estendendo a mão.

Ika olhou para ele fazendo tentando se levantar.

— Não, pode ficar onde está. Somente segure isso... — E colocou nas mãos delicadas uma linda concha branca. Suas mãos se tocaram e eles olhara um para o outro envergonhados.

— Espero que goste de conchas. — disse ele sentando ao lado dela ficando tão próximo que seus corpos poderiam até encostar um no outro.

— Eu nunca tive uma concha, mas esta aqui eu vou guardar com carinho ao lado de minha cama. — Ika examinava cada parte da concha, virando ela de um lado para o outro.

— Fico feliz que tenha gostado. — Levonhard a observou. Ele nunca havia admirado ninguém assim antes. Tudo que ele gostava estava em suas terras e nada mais além.

Seu coração batia de um jeito diferente ao estar perto de Ika, que seu corpo ficava quente demais. Esse sentimento não era o que ele queria. Então rapidamente ele calçou suas botas e levantou-se olhando para o oceano a sua frente pensativo e logo depois olhou para ela com um olhar sério.

— Vamos princesa, eu preciso falar com seu pai.

— Não podemos ficar mais um pouco? — perguntou ela entristecida.

— Talvez outro dia.

— Eu fico aqui sozinha, depois eu vou embora.

— É melhor voltar comigo. Não seria uma boa ideia você ficar sozinha aqui. Eu tenho guardas por todo o reino e tudo é bem vigiado e seguro, mas nunca se sabe quando um intruso poderá entrar sem querer eles ou mesmo eu o veja.

— Está bem, se o rei acha que eu devo ir com ele... Eu vou.

— Só não quero que se machuque. Se acontecer alguma coisa com você eu nunca me perdoarei e nem seu pai.

Levonhard olhou fixo para Ika, e enquanto ela colocava suas botas ele esperava paciente.

Até que o rei era cavalheiro e lhe estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.

Eles andaram para mais longe e seguiram pelo mesmo caminho de onde vieram deixando para trás a beleza daquele paraíso.

Bruna A S
Enviado por Bruna A S em 22/03/2024
Reeditado em 20/11/2024
Código do texto: T8025455
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