Rei Élfico
Parte 1.
Seis exércitos élficos estavam frente a frente com o inimigo. Os primeiros, o exército do rei Zofer com maior número de toda a terra de Anorie, eram os elfos de luz com suas armaduras douradas. O segundo e o terceiro eram os Mallanis, ( elfos negros, ) pela cor de seus cabelos pretos, eram assim chamados, formavam um mar prateado com uma pequena formação de cavalos brancos postos a frente, regidos pelo rei Randi.
O quarto, eram os Anquills, elfos da floresta do oeste. Seu rei era Norie, um dos mais antigos elfos. O quinto eram os elfos verdes, mais agressivos e mais isolados dos outros povos. Seu rei era Irendi e não tinha tanta força em seu exército. Eram considerados os menos experimentes. E o sexto eram os Nevari, elfos da luz da terra do sul, os mais amigáveis entre eles. Se preocupavam com todas as raças existentes em Anorie. Seu rei era Alliön, forte e experiente, tinha ao seu lado seus filhos gêmeos weeni e Tai.
Todos com suas espadas e arco e flecha esperando o primeiro ataque. Seu inimigo os goblins, criaturas feias, sujas e mal cheirosas, estavam em massa com um exército de trolls, ogros, entre outras criaturas mutantes que, atacaram primeiro.
A chuva caia em meio ao campo de batalha fortemente, deixando mais pesada as armaduras dos exércitos.
Um estardalhaço de espadas, batendo umas com as outras ferindo elfos e goblins. Uma luta pelo poder e posse de um continente imenso e magnífico como Anorie.
E mais exércitos se juntaram a eles, os Ians Iquens outra raça de elfos muito diferentes, quase nunca vistos nas terras de Anorie. vindos da montanha de fogo, chegaram em grande massa trazendo catapultas, lanças e animais grandes e peludos com chifres enormes, que correram derrubando uma boa parte do exército inimigo.
Alguns dos homens partiram para o lado dos goblins, traindo seus amigos por sua ganância pelo poder e tesouro. Entre eles Sparkle Finns, um homem muito respeitado das terras de wuenollie, era líder de seu povo, mas não era nenhum rei importante . Tinha um enorme apreço pelos elfos, pois fora criado pelo rei Zofer quando perdera seus pais. Aprendeu o idioma élfico e sua escrita com ele e a manusear espadas e arco e flecha. Ficou muito tempo em CKlanyvadari até o príncipe Levonhard completar sete anos, depois foi morar em wuenollie onde foi reconhecido como ( o homem amigo dos elfos ). Lá teve muitas experiências e ensinamentos diferentes, pois ele aprendeu a viver com elfos e não sabia o que era ser humano, pois sua natureza acabara se moldando a dos elfos da luz. Ainda assim , como nomeado líder de seu povo depois da morte de Gouver, o primeiro líder de wuenollie, Sparkle Finns
ainda mantinha negócios com seus grandes reis élficos. Porém com o passar do tempo
muitos deles acabaram suspeitando da exagerada intromissões de Sparkle Finns em seus territórios e foram afastando ele aos poucos de suas terras.
Vendo que já não era tão bem vindo, Sparkle se irritou de uma forma ameaçadora a ponto de querer se vingar. E sem que ninguém de seu povo notasse, ele começou a ter contato com outras criaturas, cada vez mais se infiltrando nas sombras.
Montado em um cavalo negro raivoso, Sparkle Finns empunhava sua espada para o alto, sorrindo maliciosamente para todos.
O rei Zofer ao lado de seu filho Levonhard e de sua esposa Ullah, olhava para Finns com muita raiva, pois ele era um amigo da maior parte dos elfos de Anorie e criado por ele desde quando tinha seus doze anos. E agora tinha se voltado contra todos para poder dominar aquelas terras mágicas.
Eis que olhou para todos os exércitos e gritou:
— Todos vocês irão queimar! Em breve o mundo de Eridar irá perecer e eu me tornarei rei e Senhor de vocês. E depois como num piscar de olhos, seu cavalo apenas se ergueu ficando nas patas traseiras, sapateando e correndo como um raio e desaparecendo no meio dos goblins e trolls.
Os exércitos de Goblins foram se afastando aos poucos, mas o rei Zofer estava muito zangado com aquele homem e fez sinal para seu cavalo andar, mas fora interrompido por seu filho Levonhard.
- Pai, não! Temos que parar essa guerra. Não vai adiantar lutar agora. Estão se retirando.
- Aquele traidor! Ele não vai escapar. Anos ao nosso lado observando nossos treinamentos de guerra, nossas forjas de armas... Eu o ensinei a nossa linguagem e a escrever, tudo que ele sabe eu ensinei. Ele saiu de CKlanyvadari para construir seu próprio exército. Estas aberrações nojentas!
- vociferou Zofer trincando os dentes.
- O senhor tem razão mas não vamos piorar as coisas. Temos de pensar em um jeito de acabar com Finns sem que entremos em outra guerra.
- Esse dia será hoje. - vociferou Zofer. - E correu com seu cavalo gritando para seu exército atacar, em uma linguagem élfica. ( Nir ie uan ) !
— Pai... Não!
Levonhard não pensou em outra coisa a não ser seguir seu pai. Seu exército avançou junto com eles. Enquanto outros ficaram imóveis olhando os elfos da luz marcharem em direção aos goblins e o punhado de homens, que ainda mantinham suas posições enquanto outros deixavam o campo de batalha. Mas por fim os reis que pareciam já aliviados com o fim da batalha e o recuo daquelas criaturas fétidas, sem pensarem muito, seus líderes também deram ordem para atacar.
A luta continuou, mas os goblins ainda recuando a metade de seu exército, foram obrigados a voltarem . Trasgos imensos correram socando os elfos com seus punhos fortes, fazendo - os voarem longe. Entre outros foram esmagados como pedras, sem piedade.
Levonhard pulou de seu cavalo para ajudar os que estavam sem montaria . O jovem príncipe, ficou no meio da confusão, segurando duas espadas douradas golpeando o inimigo de todos os lados. Ele era muito ágil e rápido em seus movimentos e saltava para as feras, silêncioso.
Mas um Trasgo que ele não viu quase o golpeou, e desesperada, em proteger o filho, Ullah apareceu e acertou uma flecha na cabeça que derrubou o monstro que caiu tremendo o chão. Mas um goblin acertou outra e a atingiu no peito.
Zofer e Levonhard pararam por um instante ao ver Ullah cair de seu cavalo. Os dois correram, mas no segundo , Zofer também foi atingido, por uma espada e todos os reis que lutavam também viram o rei e a rainha da luz caírem.
- Não! - gritou Levonhard correndo para onde seu pai estava caído. E quando ajoelhou no chão para socorrer ele, se deparou com uma enorme sombra negra, eram enormes patas de cavalo a sua frente. Ao olhar para cima percebeu ser Sparkle Finns, sorridente e ameaçador. Ele não parecia mais ser um humano, agora parecia desfigurado e monstruoso.
- O que você fez? - perguntou Levonhard com raiva. Como pôde nos trair? Meu pai deu a você um lar e minha mãe lhe cuidou como filho dela. - a voz de Levonhard tremia como todo o seu corpo, com o pavor que sentiu a ver seus pais feridos, sem poder fazer nada por eles.
- Você acha mesmo que eu faria parte de sua família? Eu nunca fui um elfo e jamais seria um. Fiz alguns experimentos, que não deram certo, como pode ver. Eu queria mostrar a vocês elfos imortais, que também podem morrer. Você tem uma coisa que eu quero e vou conseguir. Nunca vou entender porque vocês tem essa aparência quase humana, mas são uma raça mais bela com esses cabelos longos dourados... - ele olhou para o príncipe com inveja. - e o seu poder de curar... Manipular objetos.... Agora você "príncipe de orelhas pontudas", não pode salvar seus que- ridos pais. É uma pena. - disse Finns olhando para o corpo de Zofer com desprezo e em seguida, encostando a sua longa espada no ombro de Levonhard.
- Não vou deixar você me vencer facilmente.
Levonhard sentiu uma raiva invadir seu corpo, tal como o fogo que queima avançando velozmente, transformando tudo ao seu redor em cinzas. Ele se levantou tão rápido, que Finns não percebeu seu ataque repentino, e o jogou no chão com uma força descomunal. O cavalo negro disparou para longe assustado com a queda de seu dono. "Parecia um terremoto, pesado e veloz como um raio. Ao passar, levantou alguns fios dos cabelos brancos de Levonhard."
Sparkle Finns sorriu com ódio no olhar e se impressionou com a agilidade de Levonhard.
- Para um jovem, você é muito experiente. Nunca pensei que você fosse melhor do que seu pai. Mas ainda há muito que aprender. - ele sacou a espada para acertar Levonhard, mas o príncipe o golpeou primeiro arrancando seu braço com sua espada dourada.
Sparkle Finns gritou com a dor imensa que sentia ao ter uma dolorosa amputação, e foi se afastando com ajuda de alguns goblins e homens que estavam por perto. Todos os exércitos pararam de lutar ao ver que o líder das trevas havia sido ferido gravemente.
- Você vai ver Levonhard, eu ainda vou dominar essas terras e você e sua raça irão desaparecer para sempre! Seus poderes serão meus! - gritou desesperado.
Levonhard deixou o corpo de seu pai e correu em meio ao seu exército, até onde encontrava-se sua mãe. Ele ajoelhou e lhe beijou a cabeça branca, deixando lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Não havia mais o que fazer, estava sem vida, perdera muito sangue.
Ao sentir uma presença, ele não se moveu, pois sabia que não era inimigo, porque o exército de Goblins já havia partido com Sparkle Finns.
- Meu jovem... - Disse uma voz adulta e grave.
Levonhard olhou para cima e viu um elfo rei , um guerreiro de cabelos negros, amigo de seus pais desde a infância.
- Randi ?
- Sim. Confirmou ele. - É uma tragédia o que aconteceu meu jovem, você foi muito bem nessa guerra. Gostaria de ter um filho assim como você forte e ágil. Eu me orgulharia. E sei que sua mãe e seu pai também se orgulhavam de você.
- Eles tentaram me proteger, mas eu não pude proteger eles. - disse olhando para Ullah morta em seus braços. - Não posso cura-la mais. — disse triste com lágrimas em seus olhos. Agora pareciam sem cor, mais branco do que azul.
Não pode. - concordou Randi. Seu poder só poderia curar seus pais se você fosse um adulto.
— Você sabe o que tem de fazer agora. — Randi olhou para o jovem príncipe com um olhar ainda mais triste e de pena.
— Sim. afirmou ele levantando-se do chão, repousando o corpo morto de sua mãe cuidadosamente no chão molhado. Seu olhar percorreu por todo seu exército e chamou para que viessem pegar os corpos de seus pais e levassem para o seu reino em CKlanyvadari.
Randi e os outros reis acompanharam Levonhard para CKlanyvadari. Uma longa marcha élfica até o reino élfico mais escondido de todos os outros. Ao chegarem, eles seguiram para um lindo lugar iluminado na floresta, onde havia uma extensa grama verde que se movia lentamente como se estivesse dançando. Ela seguia até aos pés de uma grande árvore de folhagens brilhante, que os elfos chamavam Nowak a árvore da vida.
Sempre quando morria algum elfo no reino, ela perdia uma folha e deixava de brilhar.
-Em uma guerra não se pode fazer muito por aqueles que perdemos. Há não ser uma pequena despedida de seus corpos. Agora eles vão retornar para o mundo espiritual. - disse Randi colocando um pequeno ramo de flores ao pé da grande árvore sagrada.
Os elfos lamentavam suas perdas, ficavam tristes, mas sabiam que teriam de seguir suas vidas. Eles eram mais parecidos com animais do que com qualquer raça em Anorie, por seu luto durar pouco tempo e por sua ligação com a natureza.
Levonhard entrou no salão do trono do rei, sentia-se triste e derrotado. Não compreendia o motivo que levara Sparkle Finns a seguir o caminho para escuridão, sendo que ele aprendera a cultura élfica e fora acolhido pelos reis da luz após a morte de seus pais. Era muito raro da parte dos elfos criarem crianças humanas e as tornarem parte de sua família. Embora na época em que Zofer adotara Finns, ainda não tivesse Levonhard, o que facilitava muito para ele crescer no reino e se tornar um dos grandes líderes. Porém com o nascimento do príncipe, ele perdeu esse posto, ficando a espreita pelos cantos do palácio e se isolando de todos.
Parte 2
A chuva cessou e o sol apareceu gracioso no céu. Uma manhã fresca com aroma perfumado das flores coloridas e do ar doce das águas dos rios e lagos do reino de CKlanyvadari. O enorme palácio com portas de cristais era incrivelmente magnífico e estonteante por sua beleza. brilhava a uma grande distância para aqueles que chegavam a atravessar a grande ponte de pedras.
Uma elegante cascata descia de montanhas a mais de trezentos pés de altura até chegar aos rios de todo o reino.
Reis élficos vindos de vários lugares de Anorie chegavam para a coroação do príncipe Levonhard. O primeiro elfo jovem a se tornar rei aos seus dezesseis anos. Como direito ao trono e por ser o único herdeiro, ele teria imediatamente de cumprir com suas obrigações de rei, pois as terras que pertenciam a seus pais agora precisavam de sua proteção.
Levonhard aguardava a todos no grande salão do rei. Estava seguro, e sabia que tinha de manter a postura como sempre havia treinado com seu pai. Agora, ele não era mais um príncipe e não seguiria mais ordens de um rei. Teria de tomar suas próprias decisões e proteger seu reino e seu povo.
Randi se ofereceu, como amigo de seus pais, para lhe entregar a coroa. Levonhard concordou de imediato. Estava sério esperando seu conselheiro falar.
- Grandioso seja esse dia, que será memorável para todos os reis élficos de Anorie, o nosso grandioso rei Levonhard.
Randi aproximou- se dele, segurando uma coroa dourada coberta por cristais, sorriu e colocou- a em sua cabeça.
- Rei Levonhard de CKlanyvadari!
Todos se curvaram, como respeito ao novo rei. Era tradição dos elfos de Akla Ahari e mais uma obrigação de outros reis verem a coroação de um novo rei. Uma forma de todos se conhecerem e unirem- se para guerras como aliados.
Depois todos os reis foram para um banquete a céu aberto, no último andar do palácio do rei. Uma vista privilegiada onde se via todo o reino e sua floresta. Haviam muitas flores descendo das pilastras de cristais. Os reis andavam e conversavam com os outros apreciando a paisagem e tomando seu vinho em pequenos cálices de prata.
Levonhard falou com todos eles e em especial sobre o futuro de Anorie e os tempos de guerra. Algo que lhe preocupava muito desde a última batalha, que ele descobrira um traidor que frequentava muito seu reino pelos negócios de sua família, como a forja de armas. Que uma dessas mesmas espadas forjadas em seu palácio, fora a que tirou a vida de seu pai.
Randi acompanhado de uma bela e jovem elfa, aproximou-se de Levonhard, que depois de muito conversar , ficou sozinho em uma parte do salão olhando para a cachoeira que caia a poucos metros de onde ele estava. O pensamento longe, talvez trouxesse lembranças de seus pais.
- Senhor Levonhard, gostaria que conhecesse minha filha Ika. — disse a voz grave de Randi.
- O rei se virou e cumprimentou a bela elfa de cabelos negros e olhos castanhos claros.
É um prazer . — disse ele. — E logo voltou a olhar para Randi com curiosidade. - você não disse que tinha uma filha. — Levonhard ficou surpreso com a revelação do rei mais velho.
— Há sim, me desculpe eu não lhe disse. Na verdade, eu tenho duas... Minhas filhas, Ika e Lunae estavam em meu reino em Lóriath. Eu nunca quis que elas se afastassem de mim por que eu queria protege- las. Tempos de guerra eu não quis expor nenhuma delas ao perigo.
- Sei bem como deve ser isso. Sempre proteção para as elfas em primeiro lugar. Mas e sua outra filha, não a trouxe também? - quis saber .
- Não, não. Lunae não gosta muito de sair, ela fica mais em casa com seus bichinhos.
- Bom, então ela não sabe o que está perdendo. Eu falo... De tudo aqui. Da comida dos lugares... - explicou Levonhard com um tom mais sério.
Randi assentiu, concordando que realmente em seu ponto de vista, era um reino maravilhoso.
- se quiserem podem descansar aqui está noite. A viagem para seu reino é longa. Fique aqui o quanto desejar, serão bem vindos sempre. - convidou Levonhard olhando para eles com uma expressão amigável.
- Podemos ficar se quiser filha. Como você queria conhecer o rei, penso que seria bom ficarmos esta noite.
- Pai! - envergonhada Ika abaixou a cabeça.
- Tudo bem. — Levonhard fingiu não ter visto a expressão ruborizada da jovem princesa. — Eu fico feliz que queira me conhecer. - sorriu Levonhard para ela. - vejo que temos assuntos de negócios a resolver. - disse ele voltando o olhar para Randi.
- há sim é claro. Seu pai me vendia muitas espadas e arcos e flecha. Ainda podemos manter essa nossa parceria?
- Sim, podemos. Será uma honra.
- Então ... A espada que você cortou o braço de Sparkle Finns... você tem delas?
Levonhard olhou curioso para Randi.
- Nenhuma espada é igual senhor de Lóriath.
Algumas são feitas exclusivamente para o rei. Suas lâminas são únicas.
- Certamente. - assentiu Randi .
- Podemos dar uma olhada se você quiser. Temos espadas de muita qualidade, algumas estão sendo forjadas agora.
- Sim, eu gostaria de vê-las. - sorriu Randi.
Levonhard se virou e eles saíram do palácio para os jardins do rei adentrando na floresta.
Estavam eles, rodeados pelo perfume e presença abundante de flores rosas e brancas, seguindo um caminho de pedras cristalizadas, aonde levava a uma encantadora cachoeira que descia em forma de véu, branco e fino, era um dos maiores reservatórios que abastecia todo o reino.
Eles andaram aínda mais por um longo tempo , até avistarem um campo de treinamento, onde de muito longe ouvia-se a colisão de lâminas entre espadas. Soldados do rei, em treinamento pesado e constante, uns com os outros, aprimorando suas técnicas de luta para batalhas em guerras.
Logo depois, atravessaram um vale ainda mais belo e colorido, onde á frente deles, encontrava-se o que parecia ser um celeiro gigante, era um lugar de forja de armas élficas.
Um enorme felino de seis pés, encontrava-se de guarda na entrada. Era branco como a neve e tinha seus olhos amarelados e grandes. Sua pelagem densa o fazia parecer maior do que era, escondendo atrás de seu dorso, um par de asas que encolhiam para não atrapalhar seu andar.
Randi e Ika ficaram imóveis atrás do rei temendo o grande animal se movendo em direção a eles.
- Não tenham medo. - Tranquilizou Levonhard acariciando o animal que deitava e ronronava para ele. - Arraia é dócil com todos de meu reino, só ataca estranhos que entram aqui sem minha permissão. Ela é o guardião de CKlanyvadari. Há outros como ela aqui também guardando as entradas de minha floresta.
- Nunca vimos essa espécie de animal antes. - observou Randi ao passar pelo felino. Sua filha também se deslumbrou com tamanha grandeza do animal, quis toca-lo mas teve medo.
- Bom, se quiser pode passar a mão. Sua pelagem é muito macia . - disse Levonhard olhando para Ika ao perceber sua admiração por seu animal.
Ela acabou não resistindo e aproximou-se do grande felino. Quando sua mão se ergueu para Arraia, encostou sem querer na mão de Levonhard, e ambos retiraram as mãos em instantes. Eles se olharam sem jeito mas logo o rei prosseguiu como se nada tivesse acontecido.
- Esta é nossa oficina de forja de armas. O senhor fique a vontade.
Haviam muitos elfos trabalhando ali, alguns afiavam as lâminas das espadas, enquanto do outro lado outros perfuravam e faziam o acabamento dos cabos de aço,com desenhos maravilhosos. Eles não se importaram com a presença de seu rei , de Rendi e sua filha Ika.
Haviam mesas de pedra com viárias espadas enfileiradas em cima delas. Algumas eram tão brilhantes que chamaram a atenção do rei.
Randi aproximou-se e seus olhos chegaram a brilhar e suas mãos tocar no objeto, que parecia acender uma luz azul claro .
Levonhard sorriu sem olhar para ele e pegou a espada que ficou mais iluminada .
- Esta é Gofling, uma espada que ilumina quando está escuro. Ela também aciona a luz quando você pega , mas logo apaga. E esta aqui...
- disse pegando outra espada e admirando sua lâmina. - É Fandour, a que tem o corte mais pesado. Nenhuma armadura aguenta sua força. É uma das minhas preferidas. Foi com uma dessas que eu cortei o braço de Sparkle Finns. - lembrou movimentado a grande espada dourada.
- Essa espada? - interessou Randi recebendo a espada de Levonhard.
- Estas são raras, muitos outros reis élficos compraram de nós. Muitas dessas espadas são especiais. Você pode escolher um desenho e modelo que se assemelhe com sua personalidade. As minhas tem o desenho de Arraia em seu punho.
Sua espada será somente sua. Ninguém terá uma igual. Essas são apenas irmãs das minhas. Quando meu pai me trouxe aqui para escolher, pensei em algo que eu gostava muito. De tudo o que eu gosto aqui neste reino, as árvores são a minha vida. Então, o punho da espada tinha de ter algo a respeito... Folhas talhadas, que eu poderia ver a luz do sol entrar por elas...
- São incríveis! Estou fascinado por essas belíssimas armas.
- há também arco e flechas e lanças, catapultas, entre outras que estamos trabalhando para aumentar a proteção do exército nas guerras.
Ainda creio que tempos difíceis estão por vir.
- disse Levonhard olhando o vazio.
- Também penso muito sobre isso. Nossas terras estão sendo ameaçadas e agora sabemos que uma guerra está chegando. Quando e de onde está vindo, não sabemos. Alguns humanos estão se voltando contra nós e Sparkle Finns, um de nossos amigos, agora nós traiu. Está criando monstros e híbridos.
- Devemos convocar a todos os reis élficos para uma reunião e decidirmos o que há de ser feito. - disse Randi ainda maravilhado com a beleza das espadas, enquanto andava atrás do rei pela oficina.
- Aqui... - Parou Levonhard. - estes são os arcos, feitos de madeira, de árvores especiais plantadas apenas para fazê-los. Há outros arcos compostos feitos com outros materiais que eu não posso falar, é segredo de família. Está há anos conosco e meu pai sempre pediu sigilo sobre a produção destes.
Arco composto, eram enormes e cada um tinha um desenho diferente esculpido por artesãos do rei. Alguns eram prateados , dourados e pretos.
As flechas também eram detalhadas e lindas com suas cores quase transparente de um azul muito claro a um preto e dourado. Cada uma era usada a momentos diferentes, noite ou dia, se havia sol ou chuva e neve, ambas tinham uma cor para cada estação.
Entre toda a sua beleza, havia uma ponta afiada no final e um rabo em forma de pena, algumas com veneno capaz de matar na hora. Ao lado delas, as lanças negras, um pouco maior do que um elfo, perigosas e mortais foram as melhores armas de combate de todos os tempos.
Levonhard mostrou algumas das armas, mas não era nenhum tolo para revelar segredos de família escondido há anos. Sua família era rica pela fabricação das melhores armas de guerra élfica que Enorie poderia ter. E muitas eram vendidas a homens e outros reinos élficos, entre outras raças, duendes e alguns anões.
Ele era um rei muito desconfiado e mesmo sabendo que Randi era amigo de seus pais desde muitos anos, não queria arriscar e lhe mostrar mais do que deveria. Embora confiasse cem por cento nele, Levonhard já passara pela experiência de que mesmo um amigo poderia se tornar um traidor, assim como Sparkle Finns que passou anos em seu reino talvez a procura de alguma arma extremamente poderosa ou até mesmo dele , que nasceu com dons e poderes que nenhum outro elfo tinha. Pois ele invejava os elfos e sua imortalidade.
Ao pensar nesse homem terrível e nas coisas que ele poderia fazer, Levonhard ficou preocupado com seu reino e com todo seu povo, temendo um ataque de Finns a ele por ter lhe arrancado um braço. A guerra de fato não havia acabado, e a morte do rei e da rainha não foram em vão. Agora seria mais perigoso do que nunca baixar a guarda. Um reino como CKlanyvadari era um dos mais belos e bem escondido sobre a floresta, difícil de se encontrar e tinha apenas duas entradas de acesso. "Ninguém entraria neste reino tão fácil".
Levonhard despediu-se dos outros reis depois do grande banquete do entardecer. Era uma grande festa no dia da coroação de qualquer rei Élfico, em todos os continentes mantinha-se essa tradição a milhares de anos quando um príncipe tornava-se rei.
Randi foi o único que permaneceu no palácio a convite de Levonhard, por ele ser o mais próximo de sua família. Estava acompanhado por alguns de seus guardas e de sua filha Ika. Era de costume elfos deixarem suas esposas e viajarem para muito longe a negócios e retornarem para seus reinos dias ou anos depois.
Parte 3
Randi tomava seu café da manhã ao lado de sua filha na grande mesa do rei Levonhard. Farta de frutas, cereais e leite de cabra. Alguns pães élficos com mel também enfeitavam as bacias de madeira rústica. Os dois estavam sozinhos, pois muitos elfos já estavam em seus postos de trabalho. Todos dormiam ao menos quatro horas por dia ou cochilava a noite.
Levonhard antes do amanhecer, fazia uma longa caminhada com Arraia, um enorme felideo fêmea, de pelos brancos e olhos azuis. Era seu guardião, presente dado por um amigo de seu pai para ele quando nascera. O animal era conhecido em Akla Ahari por muitos elfos, porém era muito raro algum rei Élfico ter um deles. Haviam várias espécies dessas criaturas peludas gigantes. E todos os elfos em Anorie davam o nome a esse místico ser de ; ( Kanoullo ). ( Felino peludo da neve ). E viviam em um único lugar, escondidos na floresta de kenoan, onde apenas magos elfos sabiam encontrá-los.
Arraia seguia Levonhard por uma trilha adentrando cada vez mais na floresta. Muitos elfos estavam trabalhando ali, fazendo caminhos, erguendo pontes e esculpindo estátuas de animais que o rei gostava. Ele seguiu para mais longe até chegar a uma das entradas de seu reino, onde reparou que havia duas réplicas idênticas de seu guardião peludo. Suas mãos tocaram uma das estátuas, sentindo o mármore liso e frio. Levonhard estava satisfeito com o trabalho que os elfos artesãos fizeram. Eles eram muito bons e habilidosos, podiam copiar e fazer qualquer coisa que quisessem . Inclusive a forja de espadas e armas.
E por causa deles, seu reino ficava mais belo. E o rei sabia como compensa -los. Tudo que seus soldados, seus súditos, e artesãos queriam, como um elfo líder, bondoso que era, Levonhard atendia seus desejos, fossem eles qual fosse.
O rei nunca se cansava de andar pela floresta, ele amava cada lugar conquistado por seu pai e sua mãe... Seus queridos pais, que se foram na guerra. Lembrou ele sentido a falta que faziam. Mas ele sabia que ficar triste e deixar se levar pela dor, poderia arruinar tudo o que eles conquistaram. O reino precisava de um rei forte para reger seu império e proteger a todos. Fora para isso que seu pai o treinava desde criança, para ser um grande rei.
Levonhard pensou em tudo o que poderia fazer para que toda a sua família ficasse bem. Era uma responsabilidade muito grande para um jovem elfo como ele tomar conta de muitas coisas sozinho. Ele pensou que precisava de um suporte, alguém para ajudá-lo a crescer mais. Ele não era de pedir ajuda, mas sabia aceitar a idéia de que seu reino precisava de uma segunda mão para não ser totalmente sobrecarregado.
Arraia se assustou, fazendo um barulho incômodo, que fez com que Levonhard olhasse para ela com expressão séria. Ele não entendeu muito bem o porque dela agir assim, porém quando se virou, viu uma elfa linda de cabelos negros e olhos castanhos parada próximo do arbusto.
— Ika? — Levonhard ficou surpreso ao vê-la.
— Majestade, desculpe aparecer assim. Eu quis dar um passeio e vim parar muito longe e não consegui voltar para o palácio... — disse a elfa com uma expressão ruborizada.
— Bom, sem problema nenhum. Venha, vou levá-la de volta para o seu pai. Aliás ele deve estar preocupado com você. — Levonhard olhou direto nos olhos dela. Ele não era acostumado a olhar nos olhos daquela maneira, ele sempre desviava o olhar quando alguém tentava fazer contato visual.
— Meu pai não ficará tão preocupado porque ele conhece você e seu reino... Estou segura aqui. — ela disse confiante.
— Se pensa assim. Tudo bem. — O rei olhou para o nada muito pensativo, mas depois falou: — Então você é a filha do rei Randi que queria me conhecer? — perguntou ele de propósito.
Ika engoliu a saliva quase engasgando com a pergunta dele.
— Bom... Eu... Queria conhecer o rei de CKlanyvadari, que todos falavam. — ela foi direta.
— Então há muita gente que fala de mim? — quis saber.
— Sim. Meu pai disse que você é especial e é conhecido em toda Akla Ahari. — assentiu Ika.
Levonhard ficou em silêncio por um tempo depois continuou:
— Eu imagino que todos nesse mundo já tenham idéia do rei que eu sou. Todas as criaturas vivas e inteligentes, homens, anões e fadas, até mesmo dragões sabem que eu tenho um poder diferente e avassalador comparado ao dos elfos bruxos... Eu entendo que isso chama a atenção de muitos. Muitas pessoas procuram por poder, ouro e desejam isso mais do que a sua vida. Já eu por um outro lado penso diferente. — Explicou Levonhard um pouco sério. Sua voz mais firme e autoritária.
— Sim, eu sei como deve ser isso pra você. — Ika disse num tom de voz muito baixa, porém, educada.
— Mas eu não ligo para o que os outros dizem ao meu respeito. Mas voltando ao que estavamos conversando, seu pai tem falado muito de você pra mim. — e ergueu uma sombrancelha.
Ika ficou corada nas maçãs do rosto. — Ele tem?
— Sim. — confirmou Levonhard. — Ele tem me falado como você me admira muito. — e olhou para a princesa com um meio sorriso, que rápido desapareceu.
— Mas não se preocupe, eu não me importo com isso. Tudo bem se alguém gostar de mim. Admirar não é um crime. — E deu um leve sorriso.
Eles continuavam a andar, passando por vales e jardins floridos encantadores. Arraia seguia acompanhando Levonhard ao seu lado as vezes brincando com outros pequenos animais que estavam entre os gramados.
Eles chegaram ao que parecia um grande celeiro cheio de cavalos, onde o rei deixou Arraia. Ele se despediu do animal acariciando sua pelagem macia e branca como a neve.
— Vamos, vou levá-la ao seu pai. Ele está procurando você. — Levonhard olhou mais para o horizonte apertando os olhos como se estivesse se esforçando para ver além da floresta.
— Como sabe que meu pai está me procurando?— perguntou Ika curiosa olhando para ele.
— Eu sei. Eu vejo tudo que se move aqui. Uma simples folha que cai ou até um soldado que sai e entra neste reino...
— Você é um rei Élfico cheio de poder. Isso é incrível! O que mais majestade pode fazer? Sem querer ser muito curiosa... — Ika ficou sem jeito de falar, pois estava entusiasmada com o fato do rei possuir grandes dons.
— Tudo bem, não fique sem jeito. — disse Levonhard olhando para ela depois de muito tempo. — Você é bem educada princesa Ika.
— Ela olhou para o rei sem acreditar na sua formalidade.
— As vezes eu posso surpreender você princesa. Eu não sou de muitos amigos... Mas vou te mostrar o que eu posso fazer. Vamos para um lugar onde eu não chame atenção. Embora meus soldados saibam de meus poderes... Mas é uma coisa que eu guardo para mim.
O rei levou a princesa Ika para uma área de treinamento, que estava vazia sem nenhum de seus soldados treinando. Era uma grande arena, muito bem projetada para luta. Até mesmo haviam muitos alvos nas paredes e bolsas de armas por todos lugares. Todos bem guardados e aparentes.
— Nossa, como aqui é grande. — Ika ficou admirada com o tamanho do lugar.
— Você gostou? É um belo lugar para se aprender a lutar. — disse sorrindo. Ele parecia estar um pouco mais alegre.
— Tudo aqui é maravilhoso! Eu nunca imaginei que tivesse um lugar para treinar. — disse Ika ficando cada vez mais encantada.
— Quer dizer que você nunca viu o lugar onde os soldados treinam ? — Levonhard pareceu ficar chocado com o que ela disse.
— Nunca. Meu pai sempre me disse que princesas devem se preocupar com o lado de cuidar dos outros e não lutar. Ele disse se eu for uma guerreira, não serei uma princesa. — explicou ela.
O rei olhou sério para ela achando tudo isso estranho.
— Bom, eu não tenho nada contra isso, mas você não deixaria de ser uma princesa se for uma guerreira. — afirmou ele com certeza.
— Você acha? — Ika esperou a resposta.
— Claro. Você é uma princesa... — sua língua se enrolou e ele não conseguiu falar. Certo que ele era um rei muito sério e não se daria o luxo de ser vencido por uma elfa. Apesar de notar sua beleza, Levonhard preferiu se calar deixando Ika pensativa.
— Randi seu pai tem medo de soltar você no mundo. Eu sei como é isso. Ainda mais sendo uma elfa. — o olhar do rei ficou em uma cor azul quase que branco ao olhar nos olhos dela.
Depois Levonhard sorriu se divertindo com a própria palavra. Ele parecia gostar do jeito dela, como a princesa era interessante para ele. E o que era aquilo que estava sentindo. Ele nunca conversara com nenhuma elfa na vida. Sempre fora uma criança sozinha, porém nem tanto. As lembranças da infância eram nítidas e lembrar que ele quase teve um irmão... ( Sparkle Finns ). Um traidor de pura maldade... Pensou.
— Majestade, o senhor está bem? — perguntou Ika com muita preocupação.
Levonhard, antes de responder ficou em silêncio por um minuto mas depois tornou a falar.
— Sim, estou bem. Apenas lembranças do passado nada demais. — disse ele rapidamente.
— Ika assentiu sem fazer mais perguntas.
— Levonhard andou até uma bolsa onde estavam guardadas muitas espadas e pegou duas delas. Brilhantes e bem desenhadas. Suas lâminas eram afiadas e tinham um punho de prata com desenho de folhas e estrelas.
— Princesa, eu vou ensinar você a lutar. — disse o rei entregando uma espada para ela.
— Você vai me ensinar a lutar? — Ika ficou sem palavras.
— Sim eu vou. Uma princesa precisa saber se defender. Para que um dia quando precisar você saberá usar uma espada. — ele assentiu olhando fixamente em seus olhos.
— Bom, eu agradeço muito... Meu pai sempre dizia que, minha irmã e eu nunca iríamos para uma guerra... Então nós nunca treinamos... — Ika ficou pensativa olhando para a espada.
— Sabe, por um lado eu dou razão para seu pai. Ele só quer proteger você e sua irmã. Isso é natural de muitas espécies, tanto de elfos, de homens e anões. — explicou Levonhard andando para mais perto da princesa.
— Segure assim. — ele mostrou, levantando a espada para sua frente.
Ika fez o mesmo movimento com a sua.
— Você é rápida. — Elogiou. — Vamos, eu vou te mostrar como são os golpes que você vai dar para sua defesa. — Levonhard segurou mais firme sua espada e mostrou sua agilidade para Ika, que ficou impressionada com sua força.
Eles treinaram por muito tempo até o entardecer. Ambos estavam tão concentrados que não perceberam a chegada de Randi.
— Aí está você! — ele surpreendeu os dois lutadores.
— Pai? O que faz aqui? — perguntou Ika parando com sua espada olhando para ele assustada.
— Randi meu amigo, estou ensinando sua filha algumas técnicas de defesa. Eu disse a ela que deveria saber algumas coisas como manusear a espada e fazer um ataque quando for submetida a um. — Levonhard fitou Randi esperando que entendesse seu ponto de vista.
— Sem problema algum meu amigo. — Randi arfou e um largo sorriso se formou em seu rosto, e depois se intensificou quando lançou o olhar para sua filha.
Ika entendeu o que seu pai queria dizer e ficou ruborizada.
— Ela é muito boa Randi. — elogiou o rei . — se treinar pode se tornar uma guerreira.
— Isso é bom, mas eu prefiro que ela seja só uma princesa sem se envolver muito com lutas . — Randi apavorou-se só de pensar em sua filha lutando numa guerra.
— Eu entendo... Tudo bem. — Concordou. E rápido saiu do assunto. Ele pegou a espada das mãos de Ika e a sua , levando para guardar nas bolsas penduradas nas paredes.
— Obrigado majestade, isso foi muito legal. — Agradeceu Ika, sorrindo e muito corada.
— Não precisa me agradecer. E você princesa, pode me chamar pelo meu nome. — Ele voltou a fita-la direto nos olhos.
— Eu agradeço meu amigo, mas eu gostaria de lhe pedir licença para levar Ika, eu preciso conversar com ela. — disse Randi muito educado.
— Sim, claro. — Assentiu Levonhard. — Aproveitem a tarde, passeiem por todos os lugares. Fiquem a vontade.
O rei se despediu e em um passos rápido, desapareceu de vista.
Randi esperou mais um pouco até ter certeza que ele podia conversar às sóis com a filha.
Ika querida, você teve um dia entanto aqui não? Pode se divertir um pouco...
— Ele sorriu olhando nos olhos dela.
— Sim, eu tive. Foi muito bom. E... Aprender a lutar foi melhor ainda. — Seu rosto ficou rosado.
— E só lutar? — perguntou Randi com dúvidas de que era mesmo só isso.
— Por que é que está me olhando assim? — Ika ficou séria.
— Minha filha, eu posso ver em seus olhos como você fica sem jeito ao lado do rei. — ele foi direto.
— O quê? Como fala isso meu pai. Eu só estava em treinamento... — a voz da princesa ficou um pouco acelerada e em tom de nervosismo.
— Sim, eu entendo. Mas você é minha filha e não precisa ficar envergonhada por que eu passei por isso também. E percebi como ele têm olhado para você diferente.
— Diferente?
— Sim. — assentiu.
— E o que seria “ diferente? ”
— Minha querida filha, sabe, o rei Levonhard nunca foi muito sociável com outros elfos e outras criaturas, desde a perda de seus pais. Ele não gosta muito de contato com ninguém. Mas hoje o que eu vi, torna esse jeito diferente. E tem o fato dele ser bem jovem e muito bonito também. — Randi ergueu a sombrancelha.
— Pai, você quer me deixar com mais vergonha?
— Não, eu só acho que ele seria bom pra você.
— Você está brincando pai. Não tenho chance alguma... — Ika ficou nervosa.
— Você é bella e tem sangue real, então tem muitas chances.
— Não, não pai, tire isso da sua cabeça. Eu admiro muito ele por causa das histórias que você sempre contou... Por ele ter poderes mágicos, nada demais. — ela quiz sair da conversa.
— Sério mesmo? Não acredito. Além do mais, eu gostaria muito que você e o rei tivessem algo a mais.
— Pai, onde está querendo chegar?
— Minha filha, Levonhard está muito sozinho e triste, e eu me preocupo com ele. Sabe, um rei jovem como ele, tem que ter alguém para ajudar a reger um reino como esse. — Randi olhou admirando a beleza do lugar.
— E o que quer dizer com isso? — Ika franziu o cenho.
— Eu quero que se case com Levonhard.
A princesa olhou chocada com o que seu pai havia acabado de dizer.
— Me casar com ele ? Mas pai, Levonhard nunca se interessaria por mim. Ele é muito solitário e quase não sorri....
— Sim Ika. — e cortou seu desespero. — Ele é assim, sabe porque? Eu lhe contei o que aconteceu na última guerra... Os pais dele morreram, e eram meus melhores amigos. Um elfo como ele que só tem dezoito anos, é jovem demais para aguentar o peso de seu reino inteiro nas mãos. Se tivesse cem anos, ele seria um adulto e já estaria maduro suficiente para seguir sozinho. Foi por isso que eu vim aqui. Para ajudar ele no que ele precisar. Sei que ele é extremamente inteligente, e parece muito além de sua idade élfica... Mas ele acha que eu estou aqui pelo dia de sua coroação e pelas armas, que seu pai sempre vendeu espadas e arcos para nosso reino. —explicou ele com olhar mais sério.
— Eu entendo... Mas pai, eu também sou jovem para me casar... Eu...
— Sim, você é jovem, mas eu prometi a Zofer e a Ullah que cuidaria de seu filho se lhes acontecesse alguma coisa. Eu estou dando a minha palavra a eles. Você gosta do rei e eu vejo isso. Pode fazer ele voltar a ser feliz novamente. — seu olhar escuro penetrou mais fundo os dela.
— Eu não sei... Mas ficaremos tão pouco dias aqui. Como ele vai começar a gostar de mim? — Ika se entristeceu.
— Ficaremos um pouco mais. Eu pedirei a ele. E você ganha tempo... Aos poucos e você verá como Levonhard irá se aproximar de você.
Os dois saíram da arena de treinamento e andaram de volta para o palácio do rei. O céu já estava escuro e parecia que iria chover.
Levonhard estava em seu trono quando avistou de longe Randi e Ika se aproximarem.
— Vocês estão gostando de CKlanyvadari?
— perguntou ele com um sorriso. — Você já conhece meu reino meu amigo, mas sua filha não.
— Levonhard meu amigo, eu gostaria de pedir com seu consentimento, para minha filha e eu permanecermos mais alguns dias aqui em seu reino se não for incomodar... — pediu Randi .
O rei levantou-se do seu trono e desceu até eles. Usava uma roupa de seda e um grande sobretudo prateado cobrindo grande parte do corpo, que se arrastava até o chão. Assim como seu pai, ele mantinha uma elegância formidável.
— Claro meu amigo, vocês podem ficar quanto tempo desejar. — e olhou para Randi e logo depois para Ika, que corou as maçãs do rosto.
— Obrigado Levonhard. Eu poderia fazer alguma coisa para ajudar você se precisar. — se ofereceu Randi.
— Não, não. Convidados meus ficam em meu reino descansando. Eu quero que estejam á vontade como se estivessem em seu reino.
— Muito obrigado. Se não se importa eu estou indo descansar um pouco.
— Tudo bem. — Assentiu. — Amanhã conversamos.
Eles se despediram, e Levonhard ficou olhando para Ika se distanciar cada vez mais com seu pai. " O que está havendo com você Levonhard .” — pensou ele. Não podia acreditar que estava começando a ter um sentimento por aquela princesa. Sentia- se bem ao lado dela. Mas não podia deixar se levar por uma elfa. Ele tinha responsabilidade e um reino para cuidar.
Parte 4
Levonhard levantou antes do sol nascer. O ar fresco da floresta era tudo que ele amava pela manhã. Os jardins eram seus lugares favoritos e tinham plantas de várias espécies, tudo era muito colorido e florido. As luzes de abeto ficavam sempre acesas e nunca se apagavam, iluminavam grande parte do palácio e de todos o reino.
Ali perto, um animal chamou a atenção do rei que correu para ver ao sentir seu sofrimento.
Ele rapidamente se ajoelhou no gramado para ajudá-lo. Levonhard colocou as mãos sobre o animal imóvel e uma luz branca e azulada saiu de suas mãos como uma pequena chama.
O rei terminou o que estava fazendo e segurou o pequeno animal envolvendo em seus braços. Ele olhou para frente e do nada disse:
— Não precisa ter medo princesa. Aproxime- se.
disse, virando-se devagar para olhar a elfa. Ela estava encantadoramente em suas vestes brancas que voavam com o vento.
— Me desculpe, eu... Só estava passeando e...
— Tudo bem. Você viu tudo o que eu fiz não foi?
— Sim, eu vi. Assentiu Ika. É incrível ... Saiu uma luz de suas mãos... — o olhar dela estava paralisado, as pupilas dilatadas.
— Eu tenho um poder Ika, no qual eu posso curar feridas muito grave, entre outras coisas. Este aqui, é um dragão pequeno, estava quase morrendo. Se eu demorasse muito não conseguiria salva-lo. — Levonhard lembrou de seus pais, e que ele não pôde salvar nenhum deles.
— Eu sei o que aconteceu com seus pais na guerra. Meu pai me contou tudo. Não foi culpa sua. Mas Randi disse que você é um ótimo guerreiro. Ele te vê como um filho que ele nunca teve. Seria bom ter um irmão assim, forte e corajoso como você.
Levonhard olhou para ela com ternura e logo desviou o olhar sem querer contato visual.
— Obrigado pelo elogio. Desde criança, meu pai treinava comigo. Meu primeiro arco ganhei aos quatro anos. Dá para ver o que é nascer em um berço real. — ele riu baixinho.
— Sim. É verdade. — Concordou Ika sorrindo também.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo olhando cada um para um lado, mas depois voltaram um para o outro sem jeito nenhum.
— Bom... É melhor eu colocar esse dragão em alguma árvore onde ele irá se recuperar. — disse o rei levantando-se do chão, e em seguida procurando uma árvore mais baixa para depositar o animal. E assim fez, cuidadoso, encontrou a mais bela das árvores frutíferas, onde esse animal gostava de se alimentar. Amoras roxas e grandes era seu alimento preferido, e ali, se cultivavam várias dessas plantas com todo trabalho de " elfos botânicos. "
Levonhard sentiu-se bem ao ver que conseguiu salvar mais uma vida. O medo da perda era um pesadelo que vinha assombrando ele desde a morte de seus pais, no qual jamais conseguia se livrar.
Era poderoso e mágico ,não apenas curava, mas também podia controlar a natureza, e manipular elementos. Uma arma viva e mais forte do que aquelas fabricadas em seu reino.
— Você está bem ? — perguntou.
— Estou. Me desculpe, eu não quero atrapalhar... Só estava querendo tomar um ar.
— Bom, eu também. Podemos andar juntos se quiser uma companhia... Se afastar muito dos jardins pode se perder de novo. Aliás, aqui é bem iluminado. E se andar mais afrente vai precisar de sua visão de elfo.
— Eu aceito sua companhia. Melhor do que estar sozinha. Eu não gosto muito de ficar só.
— Não gosta? — estranhou Levonhard franzindo o cenho.
— Ficar sem ver os outros elfos me incomoda muito. Eu vivo num palácio agitado, onde os empregados passam o tempo todo fazendo alguma coisa.
— Sério? Você deve ter puxado isso de seu pai. Ele é bem assim, extrovertido e animado. Por outro lado, eu sou mais reservado.
— Percebi isso.
— Então não é a única aqui a ver isso. — uma tristeza surgiu repentina em seu olhar.
— Ops! Perdão, eu não quis ofender...
— Tudo bem, não me ofendeu. Sou eu que ando assim mesmo isolado...
— Majestade não precisa ficar triste. Tem amigos para ajudar você a superar tudo... Meu pai, ele quer que você fique bem. — Ika quis conforta-lo.
— Obrigada. Agradeço por querer me ajudar, mas ninguém pode mudar meu sentimento.
— Imagino que não. Mas com o tempo a dor irá embora e apenas as lembranças irão surgir.
— Você tem razão. Vamos, eu quero te mostrar uma coisa. Chegaremos com o nascer do sol. — ele se apressou.
Levonhard deu de ombros e Ika o seguiu pelo jardins encantadores do rei. Estavam tão bem iluminados quanto o palácio. Aquelas belas luzes de abeto, eram de uma cor amarelo- laranja e ficavam acesas sem nenhuma interrupção, ardiam intensamente com a magia imposta pelos elfos ( Niankelle ), os responsáveis pela iluminação do palácio e outros locais do reino. Essas luzes existiam apenas em reinos élficos, pois nenhuma outra criatura assim como os homens, não possuíam nenhum tipo de magia que os elfos tinham, eles se viravam com o fogo, tochas e lamparinas que queimavam em brasa dentro de uma pequena caixa de ferro, protegida com um vidro nas laterais para clarear suas moradas.
Já estava quase amanhecendo, o céu apresentava suas variadas cores em tons amarelados, para o nascer do sol. O ar fresco e úmido pairava no ar soprando o aroma perfumado das flores, levado com o vento para todo o reino.
— Tudo aqui é tão lindo... — disse Ika olhando toda a sua volta admirando a paisagem. Muitas flores coloridas e muitas árvores em volta deles.
— Acha mesmo? E o que você mais gostou aqui?
— Gostei de tudo. Tudo aqui me deixa mais calma e tem uma paz que me envolve e me faz estar em sintonia completa com a natureza.
— Isso é bom. — Levonhard olhou para Ika com um sorriso mais demorado. Depois continuou a andar mais rápido fazendo com que ela o seguisse.
— Vamos, tenho certeza que vai adorar o que eu vou te mostrar.
— Estou muito ansiosa para ver o que é.
A floresta de CKlanyvadari, tinha muitas árvores de cores diferentes. Não eram todas verdes, muitas eram vermelhas, amareladas com laranja, e rosa. Uma se misturando com a outra formando um mar mesclado de tamanha extensão, seguindo até a primeira entrada do reino.
Eles andaram muito onde os grandes rios, se encontravam no mar, depois de uma curta descida, um pequeno caminho de areia dourada até a praia. Um lugar bem escondido e pequeno, de rara entrada de luz com uma única entrada.
Era uma ilhazinha dentro de um enorme reino.
— Este é o meu lugar preferido. — sorriu Levonhard fechando os olhos e respirando o ar puro que vinha do mar. Era o cheiro preferido dele.
— É realmente lindo! — a princesa observou a exuberância e a beleza da praia e ficou de boquiaberta, impressionada, pois nunca em sua vida havia visto o oceano de perto.
— É lindo não?
— É a primeira vez que eu vejo o mar. Não imaginava que seu reino ficasse dentro da praia.
— você nunca viu o mar? — perguntou Levonhard sem acreditar no que ela disse.
— Nunca. Acho que fiquei muito presa no reino de meu pai. — explicou ela.
— Bom, então essa é mais uma coisa para você conhecer Além de aprender a lutar. — ele se aproximou ainda mais perto dela. — se quiser, pode tirar suas botas e sentir a areia em seus pés. Eu gosto de fazer isso. — ele tirou as suas botas e enterrou os pés na areia dourada, depois se sentou.
— Parece ser muito bom. — animou Ika copiando Levonhard e se sentando na areia.
— É uma delícia... E tão macia...
— Você deve ser mais livre Ika. Ainda é muito nova para não conhecer as coisas do mundo.
— Eu preciso mesmo. Mas meu pai tem medo que eu me machuque. — ela disse fitando direto nos olhos azuis dele.
— Imagino como isso deve ser ruim.
— Agora estou me divertindo.
— Está mesmo se divertindo? — ele ergueu uma sombrancelha.
— É verdade. Mais do que eu poderia querer. Obrigada rei Levonhard.
— Não me agradeça. Eu gosto de te ver sorrindo. — elogiou ele, sentindo-se confortável ao lado dela.
— Ika ficou um pouco envergonhada, mas começou a falar para não sentir desconfortável com os elogios do rei. — Sabe, eu... Tive apenas a companhia de minha irmã. Sempre fazíamos coisas juntas e ela que tinha idéias para nós divertirmos. Certa vez, fomos procurar fadas em outra floresta um pouco longe de nosso reino. Um lugar perigoso chamado Lofienn muito bem escondido.
Levonhard franziu o cenho sem entender o porquê de duas irmãs se meterem com perigo.
— Era muito escuro e mal se via a luz do dia... Foi quando um jovem humano apareceu com uma enorme ( Ochovra ) uma cobra gigante verde com prata. Ela sibilava para nós em pé, deveria ter uns dois metros.
— E o que esse garoto fez? — quis saber.
— Ele apenas perguntou nossos nomes e quem éramos. Eu menti para ele, pois seu rosto era muito estranho. Minha irmã também não confiava nele. Seu olhar era de alguém maligno.
— Maligno? Espere... Me diz como ele era.
— Muito magro, e não tão alto como um elfo adulto. Seus olhos eram bem escuros e usava roupas elficas, um pouco escuras para serem como as nossas...
— Ika, você sabe o nome desse jovem? — ele ficou mais interessado.
— Eu me lembro... É Fin... F.....
— Finns? — ajudou o rei.
— Sparkle Finns. Aquele...
— Você conhece esse humano?
— Sim, eu conheço. Meu pai o acolheu quando ele era uma criança ainda, eu nem era nascido. — ele deu uma pequena risada e depois continuou. — Aquele jovem era muito inteligente e bom. Mas seu ciúmes e sua ganância acabou levando ele para as trevas.
— Foi ele ... O responsável por seus pais...
— Tudo bem, não precisa ter medo de dizer; " "pela morte de meus pais", não. Foram seus servos que fizeram isso.
— Eu sinto muito. Eu percebi como esse Sparkle Finns era frio e maquiavélico. Senti um arrepio só de lembrar.
— Eu me lembro de ter quatro anos e ele em sua idade humana de onze anos, ainda uma criança, aprendendo o idioma élfico, a lutar com espada e usar um arco... Meu pai sempre o levava para as rondas nas proximidades de nosso reino, com intento de afastar criaturas indesejáveis. Ele adorava essas aventuras e tinha um grande potencial, mas desperdiçou tudo. — Levonhard olhou para uma margem lembrando.
— Finns fez sua escolha. Ele já tinha maldade em seu coração.
— Verdade... Mas... — o rei parou por um segundo brincando com a areia nas mãos depois lançando um olhar mais fixo para Ika. — Então, termine de contar o que aconteceu com esse encontro com Sparkle Finns naquela floresta de Lofienn.
— Bom... Minha irmã e eu ficamos encurralada, não tínhamos armas e nem sabíamos lutar... Foi quando esse humano resolveu nos ameaçar... " Elfas fêmeas... Tão lindas e indefesas... Não possuem espadas e parecem presas fáceis para um cavalheiro como eu." — Cada vez mais se aproximava de nós duas com sua enorme serpente rastejando com a cabeça ereta, encarando e pronta para atacar. Ele estava sedento, eu não sei explicar se era desejo ou ódio... Apenas avançou em nós duas segurando cada uma com uma mão. Uma delas era bem maior do que a outra.
“ Mãos? ” pensou o rei. “ Eu arranquei uma de suas mãos com a espada. È impossível que as tenha pegado com duas mãos... Acho que ele deu um jeito nela.”
— Não posso nem imaginar o que ele fez... — Levonhard esperou ansioso para Ika falar.
— Sparkle Finns nos lançou para o chão. Enquanto sua serpente vigiava uma de nós duas, ele se ajoelhou no chão agressivo e segurou o pescoço de minha irmã. " Fique calma fadinha da floresta, não vou machucar nenhuma das duas, apenas farei de vocês minhas escravas para meus desejos." Então quando ele sentiu-se a vontade, flechas voaram em milhares. Acertando direto na cabeça da serpente e contra Sparkle Finns que, logo saiu correndo em disparada sem olhar para trás. Meu pai e mais um punhado de soldados dele, montados em cavalos muito grandes e fortes, nós rodearam fazendo um círculo protetor. Inclusive o rei Zofer estava lá também.
— Meu pai? — Levonhard ficou imóvel.
— É verdade. Seu pai neste dia tinha ido fazer uma visita. E eu lembro que papai disse que era o rei Élfico da luz. Mas minha animação foi destruída. Essa obsessão de meu pai proteger a minha irmã e eu passava dos limites. E não conhecemos nem seu pai e tão pouco você. E foi assim que tentamos fugir e sair do reino um pouco para nós divertir. E nesse encontro inesperado com Sparkle Finns, tivemos um belo castigo que durou dias.
— Isso foi merecido... Mas vocês duas poderiam ter morrido ou terem sido raptadas.
— Ei, você concorda com esse castigo? — perguntou Ika decepcionada.
— Claro que eu concordo. Seu pai estava certo em castigar você e sua irmã. As duas quebraram as regras. Sabe Ika, em um reino, o que é importante é você seguir as regras e sempre andar na linha. Eu como rei, aprendi desde cedo a ter responsabilidade para um dia ser capaz de cuidar de meu reino assim como meu pai. Nós elfos reais não temos tempo para diversão. — Explicou ele encarando sério para ela.
— Mas você está aqui comigo, perdendo seu tempo então.
— Eu não estou perdendo tempo. Estou ganhando. Você é quem está levando na brincadeira. Eu estou me divertindo como nunca me diverti na vida. Mas é uma excessão. Está tudo sob controle aqui em CKlanyvadari, então eu posso relaxar um pouco. Mas não tanto. Estou aqui com você mas minha sintonia com meu reino é grande. Nada passa despercebido por mim.
Levonhard levantou-se, olhando ainda muito fixo para Ika. Ele a fazia lembrar de seu pai. Rígido em seu diálogo, e muito sério. O rei se distanciou um pouco da princesa, e seguiu até a água do mar, que parecia calmo como um lago. Ficou ali por um tempo molhando os pés e depois abaixou rapidamente molhando grande parte de sua roupa de seda. Pegou alguma coisa que estava enterrada na areia. Uma concha grande, branca quase da mesma cor de suas vestes. Ele escondeu fechando a mão para não ser vista. Voltou em passos rápido para onde Ika ainda se encontrava sentada na areia olhando para seus pés afundando cada vez mais.
— Peguei isso para você. Um presente de CKlanyvadari para uma filha de Mellanis. — disse, estendendo a mão.
Ika olhou para ele fazendo tentando se levantar.
— Não, pode ficar onde está. Somente segure isso... — E colocou nas mãos delicadas uma linda concha branca. Suas mãos se tocaram e eles olhara um para o outro envergonhados.
— Espero que goste de conchas. — disse ele sentando ao lado dela ficando tão próximo que seus corpos poderiam até encostar um no outro.
— Eu nunca tive uma concha, mas esta aqui eu vou guardar com carinho ao lado de minha cama. — Ika examinava cada parte da concha, virando ela de um lado para o outro.
— Fico feliz que tenha gostado. — Levonhard a observou. Ele nunca havia admirado ninguém assim antes. Tudo que ele gostava estava em suas terras e nada mais além.
Seu coração batia de um jeito diferente ao estar perto de Ika, que seu corpo ficava quente demais. Esse sentimento não era o que ele queria. Então rapidamente ele calçou suas botas e levantou-se olhando para o oceano a sua frente pensativo e logo depois olhou para ela com um olhar sério.
— Vamos princesa, eu preciso falar com seu pai.
— Não podemos ficar mais um pouco? — perguntou ela entristecida.
— Talvez outro dia.
— Eu fico aqui sozinha, depois eu vou embora.
— É melhor voltar comigo. Não seria uma boa ideia você ficar sozinha aqui. Eu tenho guardas por todo o reino e tudo é bem vigiado e seguro, mas nunca se sabe quando um intruso poderá entrar sem que eles ou mesmo eu o veja.
— Está bem, se o rei acha que eu devo ir com ele... Eu vou.
— Só não quero que se machuque. Se acontecer alguma coisa com você eu nunca me perdoarei e nem seu pai.
Levonhard olhou fixo para Ika, e enquanto ela colocava suas botas ele esperava paciente.
Até que o rei era cavalheiro e lhe estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.
Eles andaram para mais longe e seguiram pelo mesmo caminho de onde vieram deixando para trás a beleza daquele paraíso.
Quando chegaram no palácio, Randi encontrava-se em um jardim florido. Ficou muito feliz ao ver os dois elfos juntos.
— Vejo que se divertiram muito. — disse ele com um largo sorriso no rosto.
— Sim pai, hoje foi um grande dia. — Ika correu para o pai para abraça-lo.
— Levei a princesa para um passeio na praia. Ela me contou que nunca tinha visto uma. Acho que agora ela não vai querer mais ir embora rei Randi. Gostou muito da praia. — Levonhard sorriu num tom de brincadeira, que Randi nunca vira antes, desde a morte de seus pais. E entendeu como se ele estivesse mudando seu humor aos poucos. Era o que ele mais queria. A felicidade de seu amigo, que para ele era como um filho.
— Percebi que o rei Levonhard está mais feliz.
— comentou.
— Bom... Acho que a companhia da princesa me fez bem. — Levonhard fitou Ika, que corou o rosto ainda mais com a conversa dos dois.
— Eu fico feliz que o rei tenha gostado de minha companhia. — ela sorriu olhando para ele ainda envergonhada.
— Acho que vocês deviam fazer isso mais vezes enquanto estivermos aqui minha filha. Será bom pra você se não for incomodar é claro.
— Incômodo nenhum. Aliás foi uma honra mostrar um pouco de meu reino para a princesa.
— Obrigado majestade. — disse Ika mais ruborizada.
— Eu fico agradecido por sua atenção para com minha filha. Ela é uma boa elfa. Eu acho que fiz bem trazer ela. Está aprendendo muito com o rei. — disse Randi sentindo-se agradecido.
— Meu amigo, você fez muito bem mesmo. Eu vi que a princesa por ser a mais nova que sua irmã, deve começar a aprender como liderar um reino, pois se um dia se casar saberá lhe dar com as responsabilidades deste. Se quiser, eu poderei ensina-la mais coisas.
— Não, não... Incomodar o rei...
— Eu não acho que ela me incomodaria. Eu já disse, é um prazer ... E... Me afastaria um pouco das lembranças ruins... Você sabe qual estou falando. — disse Levonhard olhando para Randi com tristeza.
— Bom, se isso ajudar... Tudo bem. E você Ika?
— Pra mim está ótimo pai. — ela disse empolgada e depois se recompôs ao ver que quase saltara de alegria. E mal sabia o rei de CKlanyvadari, de seus sentimentos por ele que a cada, momento que passava ao seu lado, ela sentia seu coração se aquecer ainda mais.
— Então... Tudo certo. Há mais uma coisa que eu gostaria de ensinar a princesa... — O rei olhou fixo para para Randi se lembrando de algo ainda mais desafiador. — Aprenderá a atirar flechas montada em um cavalo.
— Isso parece ser perigoso. — Randi quase não podia acreditar no que acabara de escutar.
— Sim, pode ser perigoso, mas a princesa está em boas mãos meu amigo. Ela precisa aprender a se defender sozinha. Eu sei que é difícil pra você meu amigo, mas olhe para sua filha... O que você vê?
— Eu vejo... Uma elfa mimada e super protegida. — ele disse com a voz rouca concordando com Levonhard, mas ao mesmo tempo querendo discordar.
— Você a protege muito Randi. Deixe ela crescer. É uma jovem, mas nós elfos, principalmente os de sangue real, precisamos saber pelo menos usar uma espada para o caso de uma guerra.
— O rei está certo pai. Eu sei que o senhor quer me proteger, mas agora eu não tenho cinco anos. Eu tenho vinte anos. Eu preciso crescer e me fortalecer. Nenhum rei irá querer me cortejar se eu continuar sendo essa elfa bobinha. Eu não vou voltar para nosso reino até que eu me tornei uma guerreira. — Ika terminou de falar ainda muito séria para seu pai, determinada a seguir o que o rei Levonhard dissera.
Randi ficou calado absorvendo as palavras da filha. E por mais que isso fosse difícil para ele, teria de aceitar. A decisão era dela.
— tudo bem querida, se você quer ficar aqui e aprender... Eu ficarei com você para apoiar. Mas o rei Levonhard tem que dar permissão.
Levonhard não disse nada, apenas assentiu com a cabeça, mas depois completou:
— Vocês sempre são bem vindos ao meu reino. Podem ficar o quanto quiserem aqui. Sem problema nenhum.
— Bom... Mas eu não posso passar tanto tempo fora de meu reino. Saria está sozinha lá com nossa outra filha mais velha, Lunae.
— Tem medo delas não saberem se virar sozinhas? — Levonhard quis testar Randi.
— Não sei se elas conseguem lhe dar com todo aquele lugar sozinhas... — disse ele meio sem jeito e preocupado.
— Sua esposa sabe manusear armas? — quis saber o rei.
— Sim, ela sabe.
— Então não há o que se preocupar. Elas são capazes de se defender. — Tranquilizou ele com um olhar sereno.
— O rei tem razão pai. Não tem que se preocupar com nada. E nosso reino há muitos soldados. Todos sabem como agir se as coisas fugirem de controle.
Certo, vocês dois têm razão. E já que estão tão confortáveis com isso. Eu vou embora amanhã cedinho, e você Ika, pode ficar aqui com Levonhard. É bom que vai aprender a se virar sozinha sem papai e mamãe. — e depois sorriu para a elfa jovem como se a desafiasse.
— Vai mesmo me deixar aqui? — Ika olhou para ele sem acreditar.
— Sim. Você quer sua independência? Então está aí. Não se preocupe filha... E lembra do que conversamos? — Randi falou baixinho em seu ouvido.
— Sim, eu me lembro. — Ika se lembrou da conversa que teve com seu pai sobre o rei.
Antes que pudessem dizer mais, um som alto e adorável de música vindo do último andar do palácio, interrompeu, avisando que o banquete iria começar. Era sempre assim, música no final da tarde e no início da manhã. Os elfos de CKlanyvadari amavam música, tocando em comemorações, festas, com suas flautas, arpas e até às ocarinas que eles amavam tanto. Levonhard tinha uma que ganhara de presente de seu pai. Ela era de um azul claro muito bonito, com buracos em seu corpo e um bico para soprar.
O rei chamou Randi e Ika para o jantar. Eles subiram para a grande varanda de mármore, enfeitada com arranjos de rosas e vasos de pequenas árvores frutíferas por toda a parte.
A mesa de madeira estendia-se por quatro metros de comprimento, e estava transbordando de comida. Desde frutas diversas, á folhas de alface, batatas cozidas, cenouras e pães variados.
A vista, era uma belíssima cachoeira que descia como um véu branco e cristalino das rochas. Levonhard adorava debruçar os braços no balaústre de mármore para apreciar o lugar.
Enquanto todos estavam comendo e bebendo vinho, o rei permanecia sozinho com seus pensamentos. Ao mesmo tempo que ele conversava com todos, depois ele se isolava e ficava em total silêncio olhando para a natureza de seu reino.
Randi viu a oportunidade perfeita para sua filha se aproximar dele.
— Vá conversar com Levonhard... É a sua chance. — disse Randi sussurrando para a filha.
Ela assentiu sem dizer nenhuma palavra. Então levantou-se da cadeira e foi para perto do rei. Ika não olhou para ele de imediato, apenas focou seu olhar na cachoeira despencando lá do alto.
— É um magnífico lugar. — comentou.
Levonhard imediatamente olhou para ela como se estivesse assustado com sua presença.
— É verdade. É um de meus lugares favoritos.
— Também é o meu aqui em seu reino. — Ika desviou seu olhar para ele.
— Então quer dizer que você vai ficar um tempo aqui? — perguntou o rei querendo saber mais sobre ela.
— Sim, majestade... Eu quero passar um tempo fora de casa para me tornar uma princesa melhor.
Eu sei como é. Você se sente a “princesa do papai.” — ele sorriu achando graça em suas palavras.
— Ei! Não é bem assim. É que em casa papai não deixa eu fazer nada. Apenas isso.
— Me desculpe, eu não queria ofender. Seu pai tem que confiar em você mais. Saber que o mundo é perigoso, mas que nós lutamos diariamente por nossa sobrevivência. — explicou Levonhard com um olhar mais sério.
— Você tem razão. — Ika pensou por um segundo e depois voltou o olhar para ele. — Você é tão jovem... Às vezes parece o meu pai falando. Como você pode lidar com tudo isso sozinho?
Levonhard não pensou muito. Ele fitou Ika como se a examinasse por inteiro.
— Eu não estou sozinho. Tenho meus guardas e toda a minha família aqui. É claro que o que eu falo é ordem, mas eu preciso ser forte e protetor. Devo ser um líder que todos possam confiar. Não posso baixar guarda e ficar por aí.
— Parece ser bem difícil. — Ika olhou para ele.
— Sim. Mas se você está preparado, não é tão difícil assim. É por isso que disse ao seu pai que eu vou te ensinar algumas coisas. É pra você ser mais que uma princesa sabia, forte e dedicada ao seu futuro reino.
— obrigado majestade.
— Não precisa me chamar assim. Me chame pelo meu nome.
Ika assentiu, e depois ficou pensativa como se alguma coisa a incomodasse. Levonhard se preocupou e voltou a falar olhando diretamente nos olhos castanhos dela.
— Levonhard... Um dia pretende se casar?
Ele a olhou erguendo uma sombrancelha.
— Me casar... Sim. Quando eu me tornar um adulto. Ainda falta muito para completar cem anos... Mas eu quero um dia ter minha família sim. Por enquanto eu sou jovem demais para isso. Não me preocupo agora. E você? Ainda é jovem também. Já pensa nisso? — perguntou ele curioso.
— Sim, eu penso. Eu quero me casar brevemente. Eu quero muito ter o meu próprio reino, filhos e um esposo. — Ika sorriu olhando para o céu imaginando tudo o que desejava.
— Claro, cada um tem seus sonhos. Espero que encontre alguém que te faça feliz. — Levonhard disse com a voz um pouco baixa.
— Obrigado... — seus olhos castanhos ficaram brilhantes, mas também havia um pouco de tristeza.
Levonhard percebeu a mudança de humor dela e se aproximou mais.
— Está se sentindo bem? — perguntou ele preocupado com ela.
— Eu estou bem.
— Não parece. Ficou triste de repente. Há alguma coisa que eu disse?
— Não, não... Eu só pensei no futuro...
— Futuro? — estranhou Levonhard franzindo o cenho. — O que preocupa você sobre isso?
— Eu tenho medo de nenhum rei gostar de mim. — Ika respondeu abaixando a cabeça.
— Você não deve ficar com medo. Tem de esperar o momento certo. É uma boa elfa. E será uma rainha incrível princesa. — Levonhard deu um meio sorriso, olhando diretamente nos olhos de Ika.
Parte 5
Chovia muito naquela manhã de primavera. O sol estava escondido entre as nuvens acinzentadas e parecia um dia perfeito para ficar no palácio e descansar. Mas a vida em um reino era agitada e havia muito trabalho a ser feito.
A caravana de Randi partiria a qualquer momento, mas com a tempestade lá fora era perigoso. Porém nenhum rei deixava de fazer suas tarefas e viagens por causa do clima. Ele já estava com suas malas arrumadas e pronto para partir. Nada o impediria de ir, nem mesmo sua filha Ika que ele tanto amava e mimava. Pois sabia que ela ficaria bem, e que o rei Levonhard cuidaria dela. Na porta do palácio pai e filha se despediram com um abraço muito longo, como se não fossem se ver mais. Na verdade, não se veriam por muitas e muitas luas.
— Até meu pai. Que os deuses guiem todos vocês de volta para casa.
— Até um outro dia querida filha. — Randi a abraçou e depois se despediu do rei Levonhard, que esperava próximo deles.
— Obrigado por nos receber mais uma vez em seu reino Levonhard. Ika se tornará uma ótima guerreira para seu reino.
— Não se preocupe meu amigo, eu cuidarei bem dela. Farei dela uma guerreira incrível. — O rei desviou o olhar de Randi para a princesa. Ele não sorriu muito mas sua expressão era calma e mais alegre.
Depois que seu amigo Randi foi embora, o rei Levonhard dirigiu-se para seus aposentos. Um quarto enorme, e uma cama próxima a uma janela com vista para a floresta, bem escondida entre um enorme tronco de árvore que formava uma grande toca com prateleiras nas laterais preenchidas com livros.
Ali o rei tirou seu grande sobretudo, e suas botas, depois deitou- se. Se perdendo em seus pensamentos dos últimos dias. Ele mantinha a cabeça em seu reino e principalmente em sua nova responsabilidade com a princesa Ika. Ela estava sempre em sua mente e isso parecia afeta-lo e distrai-lo ao mesmo tempo. Mas um rei não poderia se emocionar tanto assim. Ele tinha que ser firme e voltar a ser o rei sério que sempre fora. No entanto, não podia deixar de admitir para si mesmo que gostava da princesa Ika, e que esses dias em que esteve em CKlanyvadari, sua admiração por ela crescia a cada momento. Ficou ali imaginando como seria a vida ao lado dela. Como uma princesa, Ika tinha as qualidades perfeita para uma rainha.
Não, não... Levonhard disse para si mesmo. Não posso ... Claro que seria muito bom ter alguém para reinar ao meu lado... Eu poderia pensar nessa possibilidade...
Levonhard de fato não conseguiu nem ao menos fechar os olhos. Seu pensamento não lhe deixavam quieto e a ansiedade por poder ajudar a princesa Ika a se tornar uma guerreira o fazia ficar mais agitado e nervoso. Então, a paciência que lhe restava se esgotou, e para fugir de tudo que lhe causava emoções, levantou-se da cama em um pulo e foi para um outro lugar isolado de seu quarto, onde uma enorme banheira de água cristalina, encontrava-se perfeita para um banho.
O rei tirou suas vestes sedosas e entrou na água aquecida, sentando-se apoiando seus braços nas bordas. Por um longo tempo ele permaneceu ali, relaxado e sem pensar em problemas. O banho era seu melhor passatempo, depois dos treinos com arcos, espadas, passear com seu Canoullo e ler um bom livro élfico.
Depois ele se cansou e saiu da banheira, retornando ao seu quarto para se vestir. Procurou algo mais simples e confortável para ficar em casa sem se preocupar com convidados.
Levonhard se lembrou que havia não um, mas uma elfa, tão bela quanto ele, e tão elegante quanto ele. E para impressionar, colocou as suas melhores vestes e um de seus vários sobretudos longos que se arrastavam no chão.
E foi até a janela e observou a floresta tranquila e encharcada pela água da chuva que não parava. Depois de um longo tempo, saiu de seus aposentos e foi para o salão do trono.
Antes de se sentar, Ika apareceu na sua frente quase chocando-se com seu corpo.
— Majestade... Me desculpe... Eu estava distraída... — ela disse nervosa.
— Não precisa se desculpar princesa. E não precisa me chamar assim. — ele sorriu, muito
próximo, quase encostando seu corpo no dela.
Eles ficaram sem jeito, os dois ruborizados, parados como estátuas e sem contato visual.
Levonhard tomou coragem, e a fitou nos olhos desta vez. Eram brilhantes e inocentes, mas escondiam algo que o rei queria de alguma forma descobrir o que era.
— Bom... Acho que hoje não será um dia para treinarmos... — disse o rei afastando um pouco para trás.
— Sim, parece que a chuva não vai parar tão cedo. É uma pena.
— Mas podemos conversar se quiser... No jardim coberto do palácio. Você já o visitou?
— Sim, meu pai me levou lá um dia. É muito lindo. Eu me assustei com seu enorme felino... Como é mesmo o nome? — Ika tentou lembrar o nome.
— Há sim, — Sorriu o rei. — Arraia. Ela é um Canoullo. É muito brincalhona.
— Ela não vai ficar com ciúmes de você comigo?
— Não, ela não vai. Não se preocupe.
E continuaram a andar pelo palácio iluminado pelas luzes de abeto, ( Luzes essas, que, ficavam acesas por magia élfica. sem nunca se apagarem. ).
Ao chegarem em um lindo jardim exuberante, sentaram-se em um banco de madeira. Não disseram nada, apenas apreciaram o lugar e companhia um do outro. Mas o rei, estava impaciente. Ele não queria que ela soubesse de seus sentimentos, mas também queria dizer o quanto ela lhe fazia bem. Seu coração estava batendo forte como nunca estivera assim por ninguém.
— Se não estivesse chovendo, — começou ele.— Eu a levaria para o treinamento que eu prometi. Flecha ao alvo em cima do cavalo.
Ika sorriu olhando para Levonhard corando as maçãs do rosto.
— Você fica bonita quando está assim.
— Obrigado. — ela ficou mais ruborizada.
— Enquanto você estiver aqui eu vou cuidar de você. Em um bom sentido é claro. — disse o rei .
— Eu agradeço majestade... — ela sorriu com um brilho no olhar.
— Gostaria de conhecer você melhor.
Ika ficou surpresa quando ouviu Levonhard dizer. Nunca imaginou que o rei pudesse se interessar por ela assim.
— O rei gostaria de me conhecer... Mas com que propósito?
— Bom... Não se preocupe, eu apenas quero saber um pouco de você, do que você gosta de fazer, o que gosta de comer... Simples coisas apenas.
— O que eu gosto?... Minha atividade preferida é andar a cavalo, ficar algumas vezes sozinha, e a natureza... É uma coisa preciosa na minha vida. Eu sou muito teimosa também, como diz meu pai.
— Teimosa é? — Levonhard arqueou uma sobrancelha, achando a forma dela falar engraçada.
— Eu gosto de maçã, mas prefiro uva e frutas bem doces. Acho que amo todas elas. — Ika riu um pouco alto e Levonhard sorriu de volta.
— E o rei... O que ele gosta de fazer?
Levonhard deixou o sorriso esmaecer e como se estivesse pensando em que responder, disse:
— Eu aprecio um bom treinamento com espadas e arcos e flechas. Não gosto de muitas coisas... Amo os animais de meu reino, são todos importantes para mim.
— E o que majestade gosta de comer? — perguntou curiosa.
— Pães élficos. Muitas folhas verdes. E frutas eu gosto de praticamente todas. Mas morangos são meus favoritos. — ele se levantou rápido, estendeu sua mão para ajudar Ika a se levantar.
Ela segurou sua mão e se pôs de pé.
— venha princesa, eu vou te mostrar uma coisa. — e soltou a mão dela demoradamente como se não quisesse solta-la.
Levonhard caminhou para fora do jardim, seguindo cada vez mais para os corredores iluminados. Eles desceram mais para o subsolo onde no final havia uma grande porta.
O rei abriu revelando algo que parecia ser um lugar de descanso. Era mais coberto por plantas do que os jardins internos do palácio. E em seu interior, uma grande cama envolvida com troncos grossos ao seu redor, formando uma grande toca aconchegante para dormir.
— É aqui que eu costumo a ficar para descansar. — disse o rei aproximando da cama. — Nunca trouxe ninguém aqui. Apenas meus pais vinham pra cá. — ele olhou para o teto e depois para outros lugares onde havia se lembrado que seus pais gostavam de sentar naqueles bancos compridos e almofadados. — Minha mãe amava ler e estudar outras linguagens. Foi assim que aprendi um monte delas. — ele abriu um meio sorriso, que logo se desfez.
— É difícil lembrar deles não é? — Ika sentiu a tristeza no olhar dele.
— Sim. Muito. Mas eu sei que eu tenho que seguir em frente. Eu tenho um reino para cuidar. — e se recompôs antes que pudesse fraquejar.
Ika ficou tão emocionada com as lembranças que Levonhard expôs que, se esquecera de que eles estavam em um outro lugar ainda mais bonito do que os jardins.
— Tudo isso é maravilhoso! Parece que estamos lá fora na floresta.
— Há muito mais ainda para lhe mostrar.
Levonhard estava tão perto de Ika que seus corpos quase se tocavam. Ambos se olharam ruborizados.
— Amanhã... Com chuva ou sem chuva, eu treinarei você princesa. — disse Levonhard se afastando para trás.
— Está bem. — assentiu ela desviando o olhar dele para as flores á sua volta.
O rei sentiu-se incomodado com a reação dela, mas depois percebeu que o olhar de Ika não estavam totalmente ligado aquelas plantas, eles o observam discretamente. Principalmente o rosto corado entregava muito mais do que ela sentia por ele.
Levonhard a fitou mais uma vez e depois dirigiu-se para um lugar mais escondido onde havia um grande armário coberto por plantas de raiz e flores brancas. Ali, ele remexeu até encontrar o que procurava. E de dentro tirou um arco e flecha não muito grande, de uma cor dourado que brilhava tanto que era capaz de fazer os olhos de um humano arder.
— Este arco foi forjado pelo meu pai. — dizia ele enquanto caminhava em direção á Ika. Era meu quando eu ainda era uma criança élfica... Mas me serviu até meus dezoito anos...
— Nossa... Ele é lindo. Sua cor é estonteante...
Presente de seu pai creio eu.
— Sim. — respondeu Levonhard. — Agora ele é seu. — e estendeu o lindo arco dourado para ela.
— Para mim? — Ika ficou surpresa.
— Sim. Para você. Eu vou te ensinar aqui mesmo como usá-lo.
Ele não pensou um segundo e deu a volta, ficando por trás dela. Pediu licença e quando esta consentiu, o rei mostrou a posição correta para atirar uma flecha, segurando junto com ela o arco.
Ika respirou fundo ao ter um contato tão próximo de Levonhard. Eles estavam praticamente colados, porém o rei não se importava com esse fator. Ele apenas ignorou e continuou sério. E disparou uma flecha em um alvo pequeno de madeira morta.
— Então, como se sente? — perguntou ele com um largo sorriso no rosto.
Ika retribuiu o sorriso, estava ainda mais ruborizada do que segundos atrás.
— Eu estou bem. — respondeu ela um pouco nervosa.
— Agora tente sozinha. — pediu ele afastando um pouco dela, depois de lhe entregar a flecha.
— Sim, está bem. — Ika assentiu, e esperou até estar pronta para atirar o alvo. Suas mãos tremiam tanto que Levonhard não pode deixar de ajudá-la outra vez.
Foram muitas vezes treinando juntos até ela conseguir de vez sozinha. O rei ficou muito feliz e gostou como ela se dedicava e não desistia facilmente. Tinha todas as qualidades que ele queria em uma rainha se fosse se casar.
Enquanto Ika continuava a acertar os alvos, Levonhard a observava de longe, apreciando a bela visão de uma jovem elfa linda e encantadora. Os longos cabelos negros brilhantes balançavam de um lado para o outro com os movimentos dela cada vez mais rápidos.
— Ótimo princesa! — disse ele orgulhoso de sua aluna.
— Estou cada vez acertando mais. — Ika respirou fundo tentando não impolgar demais.
— Você foi incrível! — elogiou ele fitando ela nos olhos.
— Obrigado. Eu agradeço majestade, por estar me ensinando tudo o que meu pai não ensinou. Esse medo de me soltar no mundo, me fez ficar atrasada.
— Tudo bem princesa, não se preocupe, você é muito jovem ainda. Há muito que aprender. E você não está atrasada em nada. — disse ele aproximando-se mais dela.
— Se quiser, pode ficar aqui e descansar. Eu vou para meus aposentos...
O rei ainda ficou um tempo parado, olhando para Ika sem querer deixar ela. Mas ele precisava se afastar. Tinha de manter sua postura, e deixar seus sentimentos não controlarem sua vida. Não era proibido gostar de alguém, mas agora, era muito cedo para pensar em se relacionar... Embora ele estivesse gostando muito da princesa da raça dos Mellanis, Levonhard queria que chegasse aos cem anos, como era a tradição dos elfos, em que eles completavam sua idade adulta para planejar o futuro com alguém. Mas isso de fato não seria possível. Seu coração batia muito forte quando estava ao lado de Ika. Por mais que lutasse contra esse sentimento, ainda assim não parava de pensar nela. E com a princesa morando em seu reino, só aumentava sua admiração por ela.
Parte 6
Agora, o rei estava perdido em pensamentos felizes e sua tristeza parecia evaporar para longe dele. Tudo que o fazia sentir-se mal, era preenchido por risos , música, e festas que ele nunca gostava de participar.
Muitas luas se passaram, e Levonhard estava cada vez mais orgulhoso de Ika com seus treinamentos com armas. Ela já dominava o arco e flecha e a espada muito bem, com movimentos rápidos e precisos, como ele a ensinou. Porém, o grande dia havia chegado... Um dia em que o sol não estava tão quente, e o vento estava a favor deles. Era perfeito para o treinamento com armas, montados á cavalo.
Levonhard levou dois cavalos para dentro da floresta e explicou para Ika como seria seu último aprendizado. O mais difícil de todos para jovens elfos. Ele fez o sinal com a cabeça, para que ela montasse o animal. Ele não interferiu em ajudá-la. Levava muito a sério os treinamentos, e não confundia com seus sentimentos, embora ele quisesse muito fazer tudo por ela.
— Está pronta princesa? — ele perguntou com um ar suave.
— Sim, majestade... — respondeu Ika tentando controlar o cavalo.
Levonhard montou o seu animal e depois guiou ele para perto da princesa, ajudando-a com as rédias.
— Não é muito difícil... É só guiar para um lado e para o outro... Para frear, puxe devagar para você.
— Sim. — ela respondeu olhando para ele como ele fazia. E logo pegou o jeito, fazendo com que o rei abrisse um largo sorriso de aprovação.
— Está indo muito bem. Agora... Vamos ao segundo passo. O rei pegou seu arco e flecha que ficava em uma bolsa amarrada com um cinto de couro transversal atrás das costas, mostrando para Ika como andar com o cavalo segurando a arma. Ela ficou atenta aos movimentos dele, e se impressionou com o rei soltando as rédias e galopando sem se segurar, com o arco apontando para um lugar específico.
E por não ter alvos fáceis alí, ele acertou o chão, pois jamais atiraria em uma árvore ou em qualquer coisa que tivesse vida.
— Tente você princesa... Solte as mãos das rédias e ande devagar. Quando tiver certeza de seu equilíbrio, comece a fazer o cavalo correr aos poucos.
Ika assentiu e fez o que Levonhard pediu, mas quando soltou as mãos e o animal começou a acelerar, ela quase caiu. Mas o rei correu para socorre-la. Muito preocupado com ela, seu coração quase saltou de pânico, se acontecesse qualquer acidente e a machucasse.
— Você está bem? — ele perguntou segurando a rédia do cavalo dela.
— Sim, estou. Eu só perdi o equilíbrio. — Ika sorriu achando graça, mas o rei ainda estava sério e preocupado demais.
— É melhor eu ir com você. — ele disse desmontando de seu cavalo e montando o outro cavalo, ficando atrás dela.
Ika não esperava que o rei fosse ficar no mesmo animal que ela. Seu coração bateu ainda mais forte do que quando estava prestes a cair do cavalo.
Levonhard agora segurava as rédias, com os braços em volta dela. Ika por outro lado, segurava na sela firmemente como quem tivesse medo de cair.
— Não se preocupe princesa, vou proteger você. Agora vamos treinar juntos. — ele disse, fazendo o grande cavalo branco andar mais rápido. — Vou ajudá-la. Solte suas mãos, e qualquer coisa, você segura em meus braços.
— Ela assentiu com a cabeça e fez o que ele pediu. Mas estava com muito medo de cair.
Levonhard a apoiava sempre e segurava em sua roupa com uma mão para ela não desequilibrar.
— Ótimo princesa, vamos parar por hoje. Treinamos aos poucos a cada dia.
— Eu gostaria de treinar mais.
— Eu sei, mas não quero que se machuque.
Vamos... Vamos dar um passeio.
Ika sorriu sentindo seu coração se aquecer cada vez mais. Se ele pudesse ver seu rosto, veria o quão corado estava. Ela sentia ele colado em suas costas, mas sem se importar com a tamanha aproximação. Era evidente que estava gostando muito daquele contato e queria que durasse para sempre.
Eles estavam muito longe do palácio, em uma estrada de terra cercada por flores rosas e brancas. Cada paisagem ali, era de surpreender com sua tamanha beleza, assim como CKlanyvadari, era um reino imenso, coberto por muitas flores e árvores de várias espécies.
Levonhard parou o cavalo no meio de um vale verdejante e lindo onde havia um lago que refletia toda a paisagem á sua volta.
— Chegamos princesa. — disse ele desmontando do cavalo e em seguida ajudando ela a descer.
O rei em seguida olhou para o vasto lugar e sentiu uma felicidade imensa percorrer seu ser.
Ele segurou a mão de Ika a levando consigo para a margem do rio.
— Bom... ele disse nervoso pela primeira vez, ficando de frente para ela. — Ika... Eu não consigo mais esperar para dizer o que eu sinto por você...
Ela esperou olhando nos olhos dele, ansiosa.
— Desde que a vi pela primeira vez, quando seu pai a apresentou para mim... Eu não pude deixar de gostar de você. Senti uma conexão profunda de que ... — ele parou por um segundo como se estivesse cansado. — Pensei muito todos os dias em que esteve aqui com seu pai. E não quero que vá mais embora, depois que terminarmos com o treinamento.
— Não quer que eu vá embora? — ela ficou surpresa.
— Não. Quero que você fique comigo. Que seja a minha princesa... A minha rainha. — ele se aproximou mais dela, ficando com seus corpos quase colados um no outro.
Ika ficou pensativa por um momento, tentando digerir tudo o que o rei disse. Mas depois, olhou diretamente nos olhos dele e sorriu, sentindo uma turbulência de felicidade e ansiedade ao mesmo tempo.
— Quer que eu seja sua rainha... ?
Ele assentiu rapidamente, tomando as mãos dela para si. E depois as beijou com carinho.
— Eu quero você ao meu lado por toda a eternidade. Não consigo parar de pensar em você... Vi como você é perfeita para ser minha rainha. É dedicada, se esforçando muito para conseguir fazer todo o treinamento que passo para Você...
Ika ficou sem palavras. Ainda não conseguia acreditar que o rei em tão pouco tempo tomaria uma decisão assim. Mas ele era muito mais do que ela pensava. Levonhard por ser tão jovem, sempre teve a mentalidade mais avançada do que outros elfos de sua idade. Era de se impressionar com tamanha inteligência e sabedoria que o rei adquiriu em tão pouca idade.
Levonhard ficou parado, esperando a resposta de Ika. Ele estava mais ansioso e no fundo sabia que ela também tinha sentimentos por ele. O rei se afastou, dando a ela espaço e se dirigiu para mais perto do lago. Ficou ali olhando para o horizonte pensativo, seu coração acelerado como nunca estivera antes.
Ika se moveu vagarosamente até se aproximar mais do rei. Sua mão delicada tocou o ombro dele. E imediatamente ele se virou para olha-la.
— Majestade... Eu aceito ser sua rainha... Também quero passar a eternidade ao seu lado.
— ela disse quase se engasgando com a própria saliva.
Levonhard a fitou com um largo sorriso no rosto, sentindo uma mistura de felicidade transbordar seu coração. E logo a abraçou demoradamente como se tivesse medo de perde-la, apertando contra seu peito mas não com muita força.
— Eu vou cuidar de você e te proteger. — ele disse olhando nos olhos castanhos claros. — vamos ter muito tempo ainda antes da cerimônia. Acho que vou precisar da ajuda de Randi. — ele riu baixinho.
— Sim. Meu pai vai nos dar toda ajuda que precisarmos. — ela riu também se divertindo com ele.
— Como acha que vai ser a reação de seu pai quando souber?
— Ele ficará feliz. Aliás... Ele sempre gostou de você como um filho para ele. Acho que ele vai adorar. — ela sorriu corando para ele.
— Você fica ainda mais linda assim para mim. — ele disse acariciando o rosto dela com ternura. — Eu vou te fazer feliz princesa.
— E eu também vou te fazer feliz. — Ika sorriu, deixando uma lágrima cair dos olhos.
— Não chore princesa. — e limpou as lágrimas com os dedos.
— Eu estou feliz... Nunca imaginei que o rei fosse querer a mim para ser sua rainha... Eu...
— Princesa, eu pensei que não estava pronto para isso... Achei que nossa tradição de se casar aos cem anos era lei. Isso foi o que me fez voltar atrás. Eu sou o rei, não preciso seguir essa lei imposta pelos grandes elfos reais. Claro, eu vou seguir a tradição de nós conhecermos um ao outro melhor... O que pode levar algumas luas até estarmos prontos para... — por um segundo ele parou. Era como se as palavras que iria dizer fossem impróprias para aquele momento.
— Prontos para o que majestade? — perguntou curiosa.
Levonhard deu um meio sorriso olhando para ela e em seguida desviou o olhar para o lago outra vez.
— Eu gosto quando me chama de majestade, mas não precisa me tratar assim. Sabe, princesa... Eu não tenho experiência nenhuma com amor... — ele voltou o olhar para ela, agora ficando com a face mais séria. — Não faço idéia de como funciona, mas sei que um elfo precisa proteger sua esposa acima de tudo, dar carinho...
— Eu entendo como deve ser difícil para você. Sempre se preocupou com seu reino e nunca imaginou que algum dia pudesse se casar. Então nunca conversou nem com seu pai sobre isso?
— Nunca. Eu só tinha olhos para CKlanyvadari e nada mais. Zofer meu pai até falava sobre um dia eu escolher uma boa esposa, mas nunca tocava em outro assunto. — ele disse chamando ela para se sentar á beira do lago.
— Bom, minha mãe sempre falava com minha irmã mais velha e comigo sobre casamento. Porque nós como filhas de reis, teríamos que nos casar cedo ou tarde... Dependendo se algum rei nos escolhesse. Ela também explicou sobre a ligação élfica.
Levonhard ergueu uma sombrancelha, interessado no que Ika havia dito. Ele de alguma forma já escutara tal palavra, mas nunca havia curiosidade ainda sobre um tão delicado momento na vida de um elfo.
— Posso saber o que ela contou pra vocês? — pediu ele agora sem expressão no rosto.
— Bom... Eu posso dizer, mas você já deveria conhecer sobre isso... — ela ficou sem jeito.
— Tudo bem se não quiser dizer, eu vou entender. É claro, você deve se perguntar porquê um rei tão inteligente como eu, e sábio pode não conhecer sobre a ligação élfica... Mas eu já te respondi. Nunca foi meu interesse até agora...
Ika sentiu que deveria se abrir com ele, afinal, ela se tornaria sua rainha brevemente, e eles um dia compartilhariam muitas coisas juntos. Não tinha do que se envergonhar. Ele era seu futuro esposo.
— Tudo bem. Eu posso dizer o que me contaram... É bem simples... A ligação é a última parte para o casal élfico selar de vez o seu casamento. — Ika olhou diretamente nos olhos dele, perguntando se ele sabia o seguinte passo. Porém o olhar do rei era de incompreensão.
— Acho que eu saberia se chegasse a hora.
— Sim. Papai me disse que o corpo sabe dizer o momento certo. Você deveria conversar com ele.
— Parece uma boa idéia. De qualquer jeito nós teremos que visitar sua família como nossa tradição manda, como elfos comprometidos... — ele arfou, ciente de que era uma obrigação, como rei de levar a notícia para a família de sua esposa.