ELASTIC HEART - Capítulo 3

Capítulo 3 – Insano

- Só um momento! – Penélope ajeitou o roupão no corpo e correu em direção a porta. O horário entregava quem era. Suas visitas eram sempre na madrugada. – Meu Deus, o que aconteceu?

- Eu vou matar aquele moleque. Juro por Deus, vou mata-lo.

- Quem?

- AQUELE MALDITO MOLEQUE 4 OLHOS QUE ESTÁ APAIXONADO PELA ALESSA! – Penélope franziu o cenho, assustada com a força nas palavras de Alexandre. Fechou a porta, em silêncio e viu o namorado de sua melhor amiga andar de um lado para o outro. – Você lembra o que fiz com o último Robin Hood apaixonado por ela, não?

- Sim.

As cenas passaram pela cabeça da garota, que sentiu um arrepio percorrer a espinha. A mãe do garoto precisou trocá-lo de colégio, tamanho o trauma.

- Com esse farei pior. Ele é confiante, fala com propriedade. Como se... se...

- Se realmente amasse a Alessa? – Ela completou, sentando-se no sofá da sala.

- É.

- E se ele amar?

- Não seja estúpida. – E sentou-se ao lado dela. – E muito menos piegas.

Penélope balançou a cabeça, obediente. Sua mão parou no ombro de Alexandre, tomando caminho até sua orelha.

- E onde ela está?

- O moleque sumiu com ela. – Num gesto rápido, Alexandre fechou a mão no pescoço dela com muita força. – Você sabe de algo, Pê?

- Ale... – Ela tentou responder, mas não conseguia. O rosto começou a avermelhar. – Não... Eu não...

- Ótimo. Você sabe que se estiver me escondendo algo, acabo não apenas com aquela cadela mentirosa, mas com você também.

- Sim. – Respondeu, passando a mão pelo pescoço inchado. Alexandre a puxou para seu colo e abriu uma parte do seu roupão, deixando parte do seio dela a mostra. – Eu jamais seria capaz de trair você.

Ele tocou o rosto macio de Penélope, depois desceu, abrindo o roupão totalmente, que deslizou por sua pele cheirosa. Nenhum dos dois sabia explicar como aquilo realmente tinha começado.

Talvez na festa de Natal na casa de Alê? Na excursão do colégio em que Alessa não pôde ir? No aniversário de alguém do grupo deles?

Penélope colocou as mãos masculinas em sua cintura, e começou a rebolar de forma provocante. A boca dele encontrou a dela e os dois se beijaram com agressividade, fogo e uma paixão que pendia para o lado dela. Ele amava Alessa, mas não conseguia se livrar do vício que era transar com Penélope. Uma o pertencia e a outra o queria desesperadamente.

Era quase 5 da manhã quando Alexandre acordou com uma ligação do celular. Ele afastou Penélope, que dormia em seus braços e olhou o visor do celular.

“Oi, Alê.”

- Onde você está?

“Em casa.”

- Eu estou furioso com você, Alessa. – Penélope sonolenta, passou a mão pela barriga dele.

“Eu sei e sinto muito por isso. Ale, por favor, você sabe o quanto eu o amo. Não tem motivos para você ficar assim por causa daquele garoto.”

- Se não tenho motivos, porque é que você foi embora com ele?

“Nada disso importa, Ale. Eu estou com você e quero continuar assim. Podemos nos ver?”

- Mais tarde eu passo na sua casa. – Penélope diminuiu a distância entre eles e alisou suas costas, coberta pelos longos cabelos negros. E encerrou a ligação, sem se despedir.

- O que pretende fazer? – Ela direcionou a mão dele para seu bumbum.

- Sobre o que?

- O garoto.

Alexandre deu um sorrisinho de canto e depois desferiu um tapa nela, que gemeu baixinho.

- Tudo dependerá de Alessa. Vem, eu quero sentir você um pouco mais antes de ir embora.

(...)

E mais tarde...

Alessa abraçou o namorado, tentando, de alguma forma, fazê-lo esquecer do desejo de vingança. Ela o beijou à força e o fez segurá-la na mesma proporção. Ali tinha um pouco de uma paixão e medo. Era uma combinação perigosa e também muito fatal. Aquilo a manteve por muito tempo satisfeita, mas agora começava a flertar com um outro tipo de amor. Um amor que a protegia de forma genuína, sem agressões ou ordens. Era do jeito que tinha que ser. Alexandre passou o polegar pelo queixo dela, tocando seu lábio carnudo. Era completamente apaixonado por Alessa. Sempre fora.

- Eu te amo. – Ela sussurrou no ouvido dele, enquanto as mãos masculinas a acariciavam com volúpia e uma possessão que enlouquecia qualquer mulher. – Eu te amo muito.

Ele vencera novamente. Como sempre.

No dia seguinte, o casal mais badalado chegou de mãos dadas, comprovando que eram imunes a qualquer tipo de obstáculo, ainda mais se o obstáculo fosse um garoto franzino, de óculos e viciado em estudos.

No carro da irmã, Taires pôde ver quando os dois passaram de mãos dadas. Era uma cena absurda.

- Fique longe dela, Tai. Ela gosta daquele garoto.

- Não gosta. – Retrucou, emburrado.

- Como você tem tanta certeza disso?

- Dana, quando você sentir algo do jeito que eu sinto, entenderá os meus motivos. - A irmã suspirou alto, pensando em como era difícil guardar um segredo como o seu. – Eu vou me casar com ela. Até mais tarde!

- Boa aula!

Na hora da saída, Taires viu quando Alexandre e um grupo de amigos seguiu em direção a quadra do colégio. Ele sabia que segui-los era perigoso, mas algo dizia que isso mudaria as regras do jogo. Não conseguiu resistir. Ele se escondeu atrás de uma pilastra.

Os amigos se reuniram em uma roda atrás da quadra e começaram a jogar pequenos pacotes no centro. Um dos meninos acendeu um cigarro, outros engoliram uma bala e Alexandre habilmente fez uma carreira de um pó branco no dedo indicador e a cheirou. Era perturbador.

O garoto tirou o celular do bolso. A mão tremia enquanto tirava fotos que o fariam se livrar de Alexandre. Tudo aquilo era melhor que encomenda.

Taires correu em direção a saída do colégio no momento que trombou com Penélope. Num reflexo rápido, ele a segurou pela cintura.

- QUAL É O SEU PROBLEMA, GAROTO?

- Desculpe!

Ela o olhou com um pouco mais de atenção e sorriu, de forma involuntária. Agora entendia Alessa. Taires era puro, atraente e inocente. Isso o tornava tentador, principalmente para os pecadores. Era uma carne nova e excitante.

- Por que tanta pressa?

- E-eu preciso ir para casa. – Penélope o pressionou contra a parede. – Penélope, e-eu...

- Olha, você sabe o meu nome... – E sorriu, tocando o rosto suave e ainda meio infantil do rival de Alexandre. Ela tirou os óculos dele e pode ver com clareza a cor dos olhos dele. Era um azul acinzentado, iguais ao de um lobo.

“Daqui uns 2 ou 3 anos ele ficará um homem lindo...” – Pensou, ajeitando os óculos de volta ao rosto dele. Taires franziu o cenho, confuso. Tentou se afastar, mas não conseguiu.

- Eu preciso ir, Penélope.

- Até logo, Taires.

Na semana seguinte a direção do colégio recebeu algumas fotos por e-mail. Ninguém sabia quem tinha mandado. A diretora Maura precisou de um calmante para conseguir lidar com toda aquela situação, principalmente por conhecer a história daquela família. Mas seu veredito só podia ser um.

Alexandre foi suspenso da colégio por 3 meses e expulso do time de Futebol, onde era capitão há mais de 2 anos. Foi um choque para todos da colégio. Menos para Taires. Ele viu quando Alessa chorava desconsolada nos braços de Penélope e sentiu vontade de toma-la em seus braços, mas era melhor ficar de longe. Ao menos por enquanto.

E ninguém jamais soube quem realmente enviou as fotos. Muito embora, vários nomes fossem suspeitos.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 27/01/2024
Reeditado em 27/01/2024
Código do texto: T7986058
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