Papéis nunca nos abandonam…
Algumas pessoas jamais saberão como eram os bilhetinhos na sala de aula de outrora. Funcionavam como mensagens de texto dos aplicativos de mensagens de hoje, e cochichos como se fossem áudios. Tudo que se via, fazia, vivia e comia não se registrava em fotos. Aliás, isso era muito raro, só se fazia quando se tinha dinheiro para revelar os filmes. Aventura mesmo era tocar a campainha e sair correndo, tomar banho de chuva, colar na prova ou jogar bolinha de papel nos colegas de classe. Nos dias de excursão a gente nem dormia, e comer algo diferente era um evento. Acredito que o valor das coisas que a gente dá, conforme aquilo seja importante para nós. Parece tudo antigo mas não é. De repente a gente acorda e tudo está moderno, e se fez necessário evoluir. Mas é como se tivesse piscado os olhos e tudo mudou de repente. Lembranças são coisas que não se apagam como as mensagens do WhatsApp. Nossa escrita era feita em cadernos ou folhas avulsas. Nunca imaginávamos que conseguiríamos fazer algo que não fosse em papel para registrar nossa passagem por aqui. Mesmo com toda essa evolução, os papéis não saíram de cena, a burocracia só aumentou e tudo para se ter garantia depende do ontem e do hoje. Os papéis nunca nos abandonam. Não tem jeito. Sem escapatória. É papel pra tudo, mesmo com toda a tecnologia.
A raridade hoje em dia é ter hábitos de ontem, porque todos acabam rendidos pela modernidade e o ontem é retrô e hobbie. O moderno de hoje será o antigo de amanhã. Mas lá estão os papéis em tudo. Eles não morrem nunca.
Publicado em: 09/08/2022
Republicação: 22/10/2023