Brigadeiro a Flores - Cap. 35: Mar
"O que você está fazendo aqui?"
"Te esperando" Bernardo disse sorrindo.
"Bom, tchau para vocês." Bianca disse para os dois.
"Não, Bi."
"Deixa ela, preciso te levar em um lugar mesmo".
"Onde?"
"Entra no carro e você vai descobrir".
"Nem pensar! Eu não lembro de ter marcado de te ver ao sair do trabalho."
"E não precisa marcar. Agora vamos!" Bernardo pegou o braço de Erva e a puxou em direção ao carro.
"Não, espera. Aff!" Erva cedou e entrou no carro com motorista. "Onde nós vamos?"
"Compras, precisamos comprar umas roupas para você." Bernardo disse naturalmente.
"Você bateu com a cabeça?" Erva disse irritada. "Eu não quero roupas."
"Você vai precisar, acredite."
"Por quê?"
"Porque onde nós vamos, você não está com roupa adequada".
Erva estranhou a fala dele, mas não argumentou. Minutos depois ela estava com Bernardo em um loja de biquínis no JK Iguatemi. Erva recusou, mas Bernardo insistiu e pelo olhar das vendedoras, ela aceitou experimentar e levar algumas peças. "Você me faz passar vergonha, Bernardo!" Disse após sair da loja.
"Por quê?"
"Eu me sinto mal discutindo com você em um lugar assim."
"Mas você não tem que discutir, só aceitar".
"Você não entend..."
"Vamos tomar um café ali? Estou com fome." Ele a ignorou.
Após o café, o qual tomaram em silêncio, eles se dirigiram ao carro e Erva se soltou. "Você é doido? O que pensa que está fazendo? Você nem pergunta se eu quero ir, fica decidindo e me arrastando. Eu não quero essas coisas, eu preciso ir para casa, tenho que estudar. Por que comprou biquíni, saída de praia e essas roupas para mim? Qual a sua intenção? Você me irrita!" Ela parou de falar e respirou fundo. Bernardo sorriu.
"Estava esperando você explodir".
"Você acha graça disso?"
"Claro que sim. No shopping você ficava de cara séria comigo, mas era uma simpatia com as vendedoras." Ele tentou imitar e riu. "Aiai. Você é educada. Sabe se comportar."
"Não sou um cachorro para você falar assim."
"Não disse isso, mas você é fofa."
"Não ajudou você dizendo assim. Besta".
O carro parou e Erva tentou olhar pela janela. Mas estava escuro.
"Onde est...?" A porta se abriu e Erva desceu seguida por Bernardo.
"Despache as sacolas do carro também. As malas já foram, certo?"
"Sim, senhor."
Malas? Despache? Erva olhou ao redor e percebeu que estavam no aeroporto. "Bernardo..."
"Já avisei sua mãe. E vamos para dentro do Brasil. Você não precisará de passaporte".
"Minha mãe? O quê? Como? Espera". Erva estava confusa e brava.
"Vamos, os meninos estão nos esperando. Estamos atrasados. O avião já devia ter saído." Ele segurou a mão dela e seguiu, Erva, mais uma vez puxada, nem teve tempo de esbravejar. Minutos depois estava embarcando no jatinho de Bernardo.
"Até que enfim!" Carlos disse ao ver os dois. Ele estava sentado com uma mulher morena, elegante, com óculos escuros e chapéu.
"Por que demoraram?" Fagundes falou se sentando ao lado de uma garota loira.
"Erva!" Bernardo disse se sentando em uma poltrona.
Erva não disse nada, estava impactada com todos os acontecimentos rápidos da última hora. Mas logo seu choque cessou ao avistar Benício, ele estava sentado na última poltrona com uma mulher de cabelo roxo, comprido. Eles se beijavam. Ele... Não acredito.
"Hey! Senta logo aqui, eles precisam que todos estejam sentados para liberar o voo." Bernardo disse chamando a atenção de Erva, que o olhou e rapidamente se sentou ao seu lado.
Benício? Ele não é o mesmo, definit... "Aaah" Erva gritou. Ela estava tão focada no garoto de música que não percebeu que o avião decolara. Assustada com o frio na barriga da decolagem, sua reação foi gritar e apertar a mão de Bernardo que estava ao seu lado. Ele riu.
"Você nunca andou de avião?"
"Não, o que foi isso?" Ela estava pálida de susto.
"Está tudo bem, foi só a decolagem."
"A gente vai cair?"
Bernardo só ria. Ele colocou sua outra mão em cima da mão dela que o apertava, tentando acalmá-la. "Não vai cair. Está tudo bem. Olha, as nuvens! Está tudo certo!"
Erva olhou pela janela e foi se acalmando. Seu coração batia muito rápido, mas foi desacelerando. Ela sorriu. "Uau! Estamos nas nuvens".
Eu sempre estou nas nuvens com você! Bernardo pensou a admirando toda boba com o céu.
"Para onde vamos?" Erva perguntou agora entusiasmada.
"Para ilha da minha família."
"Pera, você tem uma ilha?" Erva perguntou surpresa.
"Claro, por que não teria?"
"Digamos que isso não é comum das pessoas terem, sabe?"
"Haha, lógico que sei. Mas meu pai queria férias particulares, sem outras pessoas".
"Entendi. Simples assim." Erva disse irônica e chocada ao mesmo tempo.
Na ilha, Bernardo levou Erva para o quarto dela. "Eu peguei com vista para o mar, por..."
"Caralho!!! Isso é de verdade?" Erva nem ouviu Bernardo, ela foi para a varanda, encantada com a visão que tinha do mar. "Isso é tão lindo! Como o mundo pode ser tão perfeito assim?" Erva disse emocionada.
Bernardo, encantado pelo jeito da garota, desde que ela subiu no avião, não se conteve e abraçou Erva por trás. Deixando seu rosto colocado com o dela. Ela se surpreendeu e voltou sua atenção para ele e o que ele estava fazendo. "Você é incrível, sabia?" Ele disse sussurrando no ouvido dela.
"O-obrigada!" Ela disse meio sem jeito. "Mas... você pode parar de me abraçar por favor?"
Bernardo entendeu e se afastou de Erva. "Eu não consegui me conter."
"En-ten-di".
"Você é caipira admirando tudo feito boba" Ele disse e Erva fechou a cara. Caipira? De novo? "Mas é fofa!"
"Eu não acho que isso foi um elogio." Erva disse brava.
"Mas foi!" Ele sorriu.
"Sabe, Bernardo, você deveria rever suas frases e pensamentos várias vezes antes de dizer."
"Por quê?"
"Aff". Erva bufou e deixou ele sozinho no quarto.
Eles foram dormir tarde, após muita comida, bebida e risadas. Erva conseguiu se enturmar com as outras mulheres falando sobre filmes, mas se sentiu perdida quando elas começaram a falar de homens e do quanto admiravam os F4, inclusive se sentiu mal quando a mulher de cabelo roxo começou a falar de Benício e do quanto ele parecia "atrevido", mas ela amava.
"Vou me deitar, estou bem cansada". Disse se retirando do grupo.
"Você está bem?" Bernardo disse entrando no quarto.
"Só cansada. O dia foi longo". Erva mentiu.
"Entendi. Bom, vou tomar banho e deitar também."
"Ok." Erva disse e logo arregalou os olhos quando ele tirou a blusa. "Pera, você vai dormir aqui?"
"Sim, mas não na mesma cama que você, não se preocupe. O sofá abre."
"Ah... entendi. Mas..."
"Todo mundo está dormindo de casal, só quero evitar questionamentos amanhã cedo se dormimos em quartos separados."
"Huuum faz sentido. As meninas só ficaram falando disso agora de noite."
"Os caras também."
"Huuum... todos..." Erva balbuciou e pensou em Benício falando sobre. Achei que tinha esquecido ele, mas essa dor aqui dentro. Não consigo parar de pensar nele.
Erva virou na cama várias vezes, mas não conseguiu dormir, ela ficava pensando nas meninas falando de como seria a noite, na mulher de cabelo roxo falando em como Benício era safado. Vou dar uma volta.
Na praia, Erva caminhou na areia, respirando profundamente várias vezes. Eu achei que ele iria ficar com a Sophia. Achei que tinha esquecido ele, que meu coração já estava vazio, mas ele ainda tem efeito em mim. Eu fico nervosa quando o olho e só sei pensar nele. Queria saber por que...? Erva viu Benício sentado na areia, seu coração pulou. Ela se aproximou. "Be-Benício?"
"Hey! Não consegue dormir?" Sua fala foi calma e baixa.
"Sim. E você?" Ela se sentou ao lado dele.
"Também."
Silêncio.
"Posso te pedir um favor?"
Erva o olhou. Seu olhar parecia como de antes: calmo, mas desta vez tinha algo mais, também parecia perdido. Sua voz estava leve, mas também triste.
"Você se importaria de me abraçar?"
O coração de Erva pulou. "Eu..."
"Por favor, eu... eu só... por favor". Os olhos de Benício se encheram de lágrimas, e Erva rapidamente o abraçou. Ele está chorando? Eu nunca o vi chorar. Benício! Seu coração pulsava rápido mas também doía ao vê-lo sofrendo.
Eles ficaram abraçados em frente ao mar.