Brigadeiro a Flores - Cap. 31: “Eu gosto de você!”

Bernardo colocou Erva sentada no banco do porsche. "Coloque o cinto, até em casa é um tempinho, mas eu irei ir correndo."

Até em casa? "Não, pera..." O garoto fechou a porta de Erva e deu a volta, entrando novamente pelo lado do motorista. "Bernardo, espera, você diss..."

"Casa!" O garoto disse para o celular. "Calculando rota para casa".

"Casa? Não, espera, a gente não vai para MINHA casa?"

"Não, vamos para a minha."

"Mas eu não concordei com isso."

"Não tem o que concordar. Como você vai explicar para sua família esses cortes e hematomas". Erva raciocinou e ficou quieta. "Vou cuidar de você hoje." Ele parou no semáforo e olhou para ela. "Só deixa!" O olhar de novo. Ela balançou levemente a cabeça concordando.

Na casa de Bernardo, ele deixou Erva com as empregadas para tomar banho. Como sempre, ela ficou impressionada com o tamanho do banheiro, a banheira - que nunca tinha entrado em uma, os produtos.

"Não sei se esse é seu número, mas peguei esse pijama para senhorita."

"Ah, obrigada. Mas é de dia ainda. Eu acho que vou para minha casa após o banho."

"Bernardo disse que um médico está vindo para te examinar".

"Médico?"

"Sim, ele chega em 10 min. Você pode esperar aqui no quarto mesmo."

"Mas não precisa, foram apenas uns arranhões." A empregada sorriu sem graça e olhou para o joelho de Erva, que estava com o papel higiênico já cheio de sangue. "Hehehe, foi apenas um cortezinho".

"Melhor a senhorita esperar."

"Ok, mas pode me chamar de Erva, por favor? Me sinto mais comum."

"Ah, claro, sinto muito."

"Ah, não se desculpe". As duas sorriram.

Após o médico examinar, desinfetar e fazer curativo nos machucados de Erva, a garota foi se encontrar com Bernardo no quarto dele.

"Olha, não precisa... Nossa". Ela se surpreendeu ao olhá-lo apenas de calça moletom, com o cabelo molhado, liso, sentado em uma cadeira de frente a uma mesa de vidro, mexendo no notebook.

"Tudo bem, apenas rastreie a conta e me passe as informações, Carlos. Não vá sozinho, vamos resolver isso juntos." Ele disse e Erva percebeu que ele estava em uma ligação com alguém pelo notebook.

Ela ficou sem graça por ter admirado o corpo dele, e para disfarçar, foi para mesa de cabeceira, onde havia algumas fotos. Que idiota eu sou. Ele só está sem camisa, nada demais.

"Pronto! Você já foi atendida pelo médico?" Bernardo disse fechando o notebook e se aproximando de Erva que observava as fotos: os F4 mirins, um casal bem vestido, mais um casal mas idoso, e, o que parecia, Bernardo mirim com uma jovem muito bonita.

"Ah, sim, obrigada! Quem são?"

"F4, meus pais, meus avós paternos e minha irmã".

"Ah, você tem uma irmã?"

"Sim. Ela quem morava comigo antes de se casar há quatro anos."

"Ah, entendi." Erva tentava evitar olhar para Bernardo.

"Você está bem?"

"Claro, é só que eu estava querendo saber quem são essas pessoas."

"Entendi, e por que não me olha?"

"Te olhar? Claro, sim..." Ela se esforçou e o olhou, se sentindo quente.

"Por que está vermelha?" Ele disse sorrindo.

"Não estou vermelha". Ela tentou disfaçar, pegando um travesseiro e jogando nele. "Idiota!"

Ele sorriu e a ficou olhando. Viu os curativos: alguns no rosto, no braço, pernas... Ficou sério. "Me desculpe!"

"Huum... Está tudo bem."

"Não, eu... Isso tudo é culpa minha. Não devia ter deixado todo o boato de estarmos juntos ter rolado."

"Huuum... olha, eu também fui culpada. Quer dizer... Como você já tinha percebido, eu acabei deixando as pessoas falarem sobre. De certa forma estava me protegendo. Até me ofereceram estágio." Ela falou e abaixou o olhar, se sentindo envergonhada. "Eu devia desde o início ter desmentido aquele post da nossa foto. Mas..."

"Você estava sobrevivendo." Bernardo disse e Erva o olhou séria.

"Sim. Você entende".

"Não entendo, para ser sincero. Nunca passei por isso, mas tento compreender. Carlos e Fagundes sabem orientar bem também." Bernardo sorriu.

"Entendi."

"Eu posso te perguntar uma coisa?"

"Claro."

"O que aconteceu naquela noite? Eu preciso saber os detalhes."

"Huuumm entendi."

"Não quer dizer que eu não acredite em você. Eu acreditei antes mesmo de ver sua mensagem, mas... Erva, eu preciso saber se você transou com aquele cara mesmo." Bernardo disse sério.

"E você diz que acreditou mesmo em mim?"

"É claro que acredito, mas eu preciso que você me diga com todas as palavras."

"Por quê?"

"Porque é importante para mim."

"Olha para mim, Bernardo. Você acha mesmo que eu iria dormir com qualquer um? Eu jamais dormiria com alguém que não amo. Ainda mais com aquele gringo idiota que conheci na balada."

"Então o cara da foto é o cara de uma balada?"

"Sim, o Richard. O da frente da faculdade."

"O gringo que falou algo da sua família e você estava chorando?!"

Erva percebeu que ele não associara nada e já estava vermelho de raiva. "Calma. Você viu o post?"

"Eu vi você na cama de sutiã e um desgraçad* te acaraciando, eu não fiquei vendo os detalhes". Bernardo explodiu.

"Não precisa ficar bravo."

"Por que você não disse quando perguntei?"

"E por que deveria dizer? Nós não temos nada!"

Erva respondeu brava também e Bernardo a ficou olhando. Um silêncio percorreu os dois. O garoto então se levantou e foi para perto da janela.

Erva respirou fundo. "Olha..." Ela começou se sentindo cansada, olhando para o chão. "Esse cara me encheu o saco na balada da festa da Mariana."

"Ele é amigo dessa garota?" Bernardo perguntou ainda sem olhá-la.

"Não. Ele apareceu do nada e ficou dando em cima de mim."

"Entendi." Bernardo fechou a mão em um punho.

"Na saideira, eu fiquei tonta, ele me acompanhou até o caixa e eu acordei no hotel."

"Você bebeu e ainda confiou no cara." Bernardo olhou para Erva.

"NÃO!" Erva gritou brava pela atitude dele. "Eu não estava bebendo. Eu apenas tomava drink sem álcool." Ela entrou voltou a ditar o chão. "Mas na saideira, eu não sei... Eu bebi o meu drink que chegou e foi pá-pum. Fiquei tonta e não lembro de nada. Eu..." Os olhos de Erva se encheram de lágrimas. Droga!

Bernardo deixou a raiva de lado e se aproximou de Erva, se ajoelhando de febre a ela e segurando sua mão. "Está tudo bem".

"Eu não fiz nada com ele." Ela o olhou com os olhos marejados. "Eu tenho certeza." Esse assunto me deixa muito sensível! "Eu fiquei com tanto nojo de mim quando ele me disse na frente da faculdade que eu era selvagem, que eu beijei ele. Eu..." Erva voltou a chorar e Bernardo se sentou ao seu lado, a abraçando.

"Não precisa precisa falar mais nada. Está tudo bem. Eu estou aqui. Não vou deixar mais te machucarem, tudo bem?".

"Obrigada!" Erva disse sentindo os braços dele ao seu redor, seu corpo quente, sentindo-se protegida.

Os dois ficaram assim por um tempo, até que Erva percebeu o que estava fazendo e se recompôs. Droga! Eu não posso me deixar levar pelo momento com ele. Ela se afastou e se levantou da cama. Ele ficou a observando.

"Bernardo, eu..."

"Não precisa dizer nada, está tudo bem."

"Certo!"

"De qualquer forma, eu e os meninos estamos investigando e vamos pegar quem é o dono do perfil Spotted". O garoto falou cortando o clima e se levantando para pegar um pouco de água.

"Ah." Erva disse e lembrou de quando entrou no quarto. "A ligação..."

"Sim, eu estava falando com Carlos. Ele já colocou os melhores homens dele no caso. Logo saberemos quem é."

"Obrigada!" Erva disse sorrindo. Bernardo a contemplou.

"Erva, eu..." Bernardo disse se aproximando da garota. "Erva, eu gosto de você."

Erva ficou paralisada. Gosta de mim.

"Eu... Eu me questiono muito a todo momento sobre isso, mas eu não consigo mais negar que tenho sentimentos por você e tudo o que diz respeito a você mexe comigo. Eu gosto muito de você."

Os dois ficaram se olhando e Bernardo aproximou seu rosto do dela. Erva não se mexia. Sua respiração estava acelerada e ela sentiu que a dele também. Ele colocou uma mão nas costas dela e a outra em sua nuca. Erva sentiu que diferente de outrora, elas estavam firmes. Ele então encostou seus lábios nos dela. Erva fechou os olhos. Eles se beijaram.