Brigadeiro a Flores - Cap. 25: Adeus, Benício!

Vrum-vrum.

Vrum-vrum.

Vrum-vrum.

O celular de Erva vibrou a manhã toda de sábado, mas ela não viu, pois ele estava carregando na cozinha da Brigadeiria e ela não saiu da frente do balcão.

Dia de sábado não era tão cheio quanto o resto da semana, mas apenas uma delas trabalhavam, revezando alternadamente a folga desse dia, então, era trabalho em dobro.

Dana sabia que era o sábado em que Sophie iria embora, a ex-modelo havia lhe dito para ir até o aeroporto às 14h, pois ela iria se despedir de todos e embarcar às 15:40h, mas ela estava com receio de ir e encontrar com Benício. Desde que discutiram na frente da casa de Carlos, Erva não o viu na universidade: ela não foi ao terraço e nem o avistou com os outros F4 no refeitório. Será que eu deveria mandar mensagem para ele? Não, melhor eu esquecer todos. Pensava em vários momentos.

13h ela começou os preparativos para fechar a loja e 13:30h finalizou tudo e pegou o celular. Três mensagens? Não conheço esse número.

"Hey, Dana. Aqui é o Carlos! Vamos ver a Sophie no aeroporto, sairemos às 13h".

Huuum?

"Sophie está muito ocupada, por isso não enviou mensagem, quer que passemos onde você está para irmos juntos?"

"Hey, Dana, você vai?"

Esta foi a última mensagem do Carlos. Vou salvar o número dele aqui.

Vrum-vrum.

"Oi Erva, tudo bem? É a Sophie. Carlos disse que não conseguiu falar com vc. Vc vai hoje? Gostaria de te dar um abraço antes de viajar. Te espero! Bjo."

Eu não ia, mas... 13:45h. Acho que dá. Vou correr. Nem sei como chegar no aeroporto! Minha nossa, deixa eu pesquisar. Não me deixe na mão celular, por favor!

Erva foi o mais rápido que pode até o aeroporto seguindo as orientações que encontrou na internet. 15:30h ela avistou o grupo. "Sophie!" Gritou e a ex-modelo se virou para avistá-la. Junto dela estavam 3 dos F4, amigos, alguns fãs e alguns familiares (apenas a irmã com a filha). 

"Que ótimo que conseguiu vir!" Sophie disse abraçando Erva quando ela se aproximou correndo.

"Me desculpa. Eu-eu estava trabalhando."

"Tudo bem. Percebo que veio correndo." As duas sorriram. "Mas que bom que conseguiu chegar. Olha, eu já te disse isso, mas repito que amei te conhecer, Erva". Os olhos de Sophie estavam vermelhos e a bolsista percebeu que ela já havia chorado muito na despedida.

"Eu também, Sophie. Você é incrível!" Os olhos de Erva se encheram de lágrimas e as duas se abraçaram mais uma vez. Erva sentiu o aperto forte de Sophie e correspondeu na mesma intensidade.

"Bom, você tem meu número, Instagram e minha irmã tem meu endereço, se precisar de alguma coisa, me contate."

"Pode deixar!"

"Bom, eu preciso ir, meu voo já, já sai."

Sophie começou a abraçar todos e a se despedir. Erva então notou que apenas Bernardo, Carlos e Fagundes estavam ali. O Benício não veio se despedir?

"Adeus, pessoal".

"Tchau!"

"Até mais!"

"Tchau, Sophie".

Todos gritavam enquanto Sophie se afastava e entrava no embarque. Após ela desaparecer, Erva respirou fundo. Será que ele se despediu dela antes?

"Nós não sabemos dele há alguns dias."

"Oi?" Erva olhou para Bernardo interrompendo seus pensamentos.

"Benício. Está pensando nele, não é?"

"Ah..." Ele parece ler meus pensamentos sempre. "Não, quer dizer. Por que ele não veio?"

"Eu não sei. Nós tentamos contato com ele, mas o celular só dava caixa postal, mensagens não entregue e ele não estava em casa."

"Entendo." Erva ficou cabisbaixa. "Humm... o amor é horrível, né?" Erva falou alto seus pensamentos, olhando para o nada. Bernardo arqueou as sobrancelhas, curioso. "Quero dizer, estar apaixonado por alguém parece que só faz machucar a si mesmo."

"Que idiota esse pensamento."

"Como?"

"Por que estar apaixonado é se machucar?"

"Se você não pode ficar com a pessoa."

"Mas você já tentou de tudo?"

Erva franziu a testa.

"Se você não tentou de tudo, como você vai saber que não pode ficar com a pessoa? Você já se declarou, foi atrás dela? Se você não fez isso, então você é idiota por pensar rapidamente que foi rejeitado. E se você morresse, você não iria se arrepender de não ter tentado algo?"

"Huuum faz um pouco de sentido". Erva falou pensativa. Eu falei para o Benício fazer algo mas eu mesma nunca fiz.

"Benício!" Fagundes disse e Erva avistou o outro F4, vendo-o se aproximar.

"Você!" Ela gritou se aproximando dele. "Onde você esteve? O que pensa que está fazendo? A... A Sophie... ela...". Erva tentava dizer mas tinha uma bola em sua garganta, ela voltou a chorar. Para sua surpresa, Benício a abraçou e lhe deu um beijo na testa.

"Obrigado!" Disse e Erva o olhou sem entender. Ele então lhe mostrou a tela do celular: uma passagem para África. "Eu estou no aeroporto desde que eles chegaram. Estava assistindo de longe." Erva estava com os olhos arregalados. "Eu fiquei pensando muito no que você disse e resolvi ir atrás da mulher que amo."

"Benício." A garota balbuciou.

"Obrigado, Erva. Você é muito interessante, e corajosa. Obrigado por me ensinar tantas coisas, principalmente me importar com os outros e valorizar meus sentimentos". Ele sorriu e ela, em meio às lágrimas, correspondeu.

"Você é louco, por que não nos avisou?" Carlos disse.

"Desculpa pessoal, mas era algo que eu precisava pensar e decidir sozinho". Ele foi até os meninos.

"Você está certo, Ben. Vai viver!" Carlos disse e abraçou o amigo. Depois foi Fagundes. Bernardo virou o rosto para o amigo, que aceitou e passou reto.

"Você é besta, Benício!" Bernardo gritou e Benício se virou para ele. O líder do F4 estava com os olhos cheio de lágrimas. "Por que você vai fazer isso? Por que você vai nos abandonar?"

Benício sorriu e os outros meninos também, raramente eles viam o amigo sentimental. Erva estava em choque.

"Bê..."

"Você não pode nos abandonas. Somos o F4. Não podemos ser F3. Você sabe? Não existe threeEver, só fo(u)rEver." Disse o de cabelo encaracolado referenciando uma situação do passado deles quando Bernardo confundiu as palavras em inglês.

Benício foi até o amigo e o abraçou. "Nunca vai ser F3, ok? Eu vou estar longe, mas você ainda pode me ligar."

"Eu vou sentir sua falta!"

"Eu também, Be".

Os dois se abraçaram muito forte e então, após a última chamada do voo, Benício correu até o embarque.

"Que loucura, não é? Estou surpreso com o Ben. Ele cresceu nos últimos tempos." Disse Fagundes para os amigos enquanto caminhavam para a saída do aeroporto.

"Estou surpreso que foi a Erva quem ele ouviu. Não imaginava que ele poderia se abrir tanto assim com alguém sem ser nós três. Ela mudou mesmo esse grupo." Carlos completou. Erva não ouviu pois estava mais atrás com a irmã de Sophie e a filha dela que chorava escandalosamente.

Bernardo estava pensativo, mas tinha também atenção na conversa dos amigos.

"E eu achava que ela gostava do Ben." Fagundes disse.

"Eu também. Mas daí ela o incentivou a ir atrás da Sophie. Fiquei perdido."

"Huum talvez ela só tenha desistido." Bernardo falou pensativo e os amigos o olharam intrigado.

"Talvez." Disse Carlos. "Vamos, preciso ir ao banheiro." Fagundes acompanhou o loiro, mas Bernardo olhou para Erva que agora segurava no colo a irmã de Carlos, tentando em vão acalamá-la, já que a mãe a deixou e foi pegar um café.

Bernardo se aproximou decidido. "Erva".

A criança chorava muito alto e o aeroporto estava movimentado.  Ela mal o ouvia. Só balançou a cabeça e fez cara de interrogação. Ai essa criança. "Fica quietinha". Disse olhando para menina.

"Pre...so .... guntar ... sa." Bernardo disse, mas a garota não ouviu nada.

Erva não conseguia olhar para o rosto de Bernardo pois precisava dar atenção para a criança, assim não podia ler os lábios dele. E o barulho da criança mais as falas ao redor, não a deixavam ouvir, então ela só balançou a cabeça e disse "ok!"

"Voc... migo?"

"O quê?" Ela perguntou e o olhou, mas a criança puxou seu rosto e gritou mais.

"Sa... go?"

Ela olhou para ele e ele estava vermelho a olhando. Ele deve estar bravo. Não estou a fim de discutir. Só vou concordar. "Ok, ok" disse e voltou a atenção para a criança que puxava seu cabelo. Bernardo então se afastou. Ele podia pelo menos ajudar com essa criança, né? Idiota! Cadê a mãe dela? Aquela mulher!

Isso! Foi difícil. Estou meio nervoso e com vergonha. Ela me fez repetir ainda, maldita! Mas deu certo. Ela aceitou sair comigo. Agora eu só preciso pensar em um lugar. "Fagundes". Ele gritou ao se encontrar com os meninos na saída do banheiro. "Você vem comigo. Carlos, sua madrasta deixou a criança com a Erva. Faça alguma coisa."

Carlos viu Erva com cara de desespero chacoalhando a criança de um lado para o outro. "Minha nossa! Por que você não fez nada?"

"Estava muito empolgado para cuidar dela".

"E por isso a abandonou com a Erva, coitada? Deixa eu ir lá." Carlos se afastou.

"Huum. Será que errei?"

"O que você acha?"

"Não importa, não consigo encarar ela agora, vamos embora!"

"Como assim?"

"Vamos!"

Os dois foram embora.

Erva, no fim, aceitou o pedido de desculpas de Carlos e a carona até a estação, mesmo ele insistindo que queria deixá-la em casa.

Naquele dia, naquele aeroporto, aconteceu a despedida de um amigo e de uma paixão, mas também ascendeu um calor mais forte no coração do líder F4.