Brigadeiro a Flores - Cap. 23: “Desculpas!”

"Tire foto dela!"

"Você filmou isso? É uma grande notícia em várias áreas!"

Todos os repórteres e fotógrafos cercaram Sophie para perguntas. O fato de ela deixar a carreira de modelo para se dedicar ao direito, e ter aceitado a proposta de se mudar para África, também significava que ela não iria seguir com os negócios da família.

"Esta é Sophie! Sempre independente e decidida". Carlos comentou.

Erva só sabia olhar para Benício que ainda olhava para Sophie.

"Huum, você está bem?" Ela se aproximou e perguntou. Será que ele sabia?

"Eu-eu vou para casa, estou um pouco cansado." Benício disse baixo e sem olhar para Erva. Ele saiu cabisbaixo do local.

Acho que ele não sabia.

"Amiga, você sabia?" Bianca disse se aproximando da amiga.

Erva balançou a cabeça negativamente. "Acho que ninguém sabia". Erva disse.

"Tome!" Fagundes se aproximou com dois drinks nas mãos.

"Eu já bebi, obrigada!" Bianca recusou.

"Eu quero!" Erva pegou.

"Amiga..."

"Tá tudo bem, não se preocupe". Erva disse menos alterada do que antes. O efeito do álcool tinha passado um pouco depois que ela deu uma pausa e ficou ajudando as pessoas com as fotos. "Eu preciso ir ao banheiro." Ela informou saindo no meio da multidão que só sabia comentar sobre o anúncio de Sophie. Coitado dele, acho que foi um choque. Ele a ama tanto assim? E eu? Eu gosto mesmo dele para ficar chateada? Benício. Gostaria de poder fazer algo para ele ficar bem. O ver sorrindo como nos últimos dias.

Erva não voltou para o grupo, se sentou no bar e ficou ali por um tempo, bebendo e pensando.

Eu sou tão idiota. Óbvio que ele nunca olharia para mim. E por que eu estou bebendo tanto? Mas é tão docinho. Melhor eu parar, vou beber só esse. Vou atrás da Bianca. Ah, ela está com o Fagundes. Espero que seja somente amizade. Ele é um galinha. Olha o outro ali, já se pegando com uma mulher mais velha. Esse Carlos é um sugar baby? Ela riu. Sei lá. E onde está o outro? Ela pensou enquanto olhava o salão e procurava por Bernardo. Ele ainda não me pediu desculpas. Acho que nem vai. Babaca.

Ela foi andar um pouco e encontrou seu inimigo conversando com alguns homens em um corredor. Ficou observando.

"E após a universidade? Você já irá atuar no grupo Assumpção?"

"O quanto isso interessa a vocês?" Bernardo perguntou sério.

"Muito. Queremos ter boas relações com o futuro presidente do grupo. Quem sabe não marcamos uma reunião para falar sobre negócios?"

"Não, obrigado! Eu sei qual é a empresa de vocês. Nossa grupo já domina 70% da área e sua empresa não irá mexer nesse número para mais. Será um desperdício de tempo para, no final, vocês ouvirem o que já ouviram. Não iremos investir em vocês".

Nossa, ele fala com propriedade. Todo sabichão! Idiota!

"Nós nem falamos com vocês ainda."

"Mas já foram recusados."

"Sim, mas..."

"Por favor, senhores. Eu continuo com a mesma resposta da minha mãe. Eu não irei repetir. Obrigado!" Bernardo finalizou dando as costas para os homens que, vermelhos de raiva, saíram em outra direção.

"Nossa! Se eu tivesse um ovo , fritaria na cara daqueles caras, de tão vermelhos que estavam. Você não foi legal com eles." Erva disse se aproximando e Bernardo se virou para ela. "Vai me evitar agora?"

"Não estou te evitando". Mentiu o garoto de cabelos enrolados.

"Com certeza! Sair de perto quando eu chego não é evitar".

"Você fez o mesmo quando eu cheguei".

"Aquilo foi diferente".

"Com certeza."

Os dois ficaram se olhando por um tempo. Erva não sentia raiva, estava até calma comparado ao início quando o viu chegar. Estou meio tonta. Bernardo já estava meio sem jeito, ele a evitara pois sabia que deveria dizer algo em relação ao último encontro.

"Eu posso esperar a noite toda".

"O que quer dizer com isso?" Bernardo disse franzindo a testa.

"Você sabe! Meu pedido de desculpas".

"Você quer pedir desculpas?"

"Não, cabeça oca! Eu quero ouvir você me pedindo desculpas". Ela falou séria e com o tom de voz um pouco mais alto. A raiva estava voltando.

"E por que eu deveria pedir desculpas?" Eu sei porque, mas eu não quero.

"Você é idiota!" Erva bufou e virou as costas. Não adianta falar com ele.

Ela andou alguns passos e ele falou um pouco alto.

"Desculpas!"

Erva parou. Ele realmente disse?

Eu realmente disse?

Silêncio.

Ele respeitou fundo. "Droga!" Se aproximou dela. "Me desculpa." Ele já estava de frente para ela, a olhando nos olhos. Erva continuava imóvel. "Eu... eu confundi as coisas. Eu falei com os meninos e... eu achei que você estava a fim se mim."

O que ele está dizendo?

"Eu não sei como isso tudo começou, em qual momento específico, mas eu achei que suas atitudes era para se aproximar de mim, porque você gostava de mim."

Gostar dele?

"Depois que você me beijou, mesmo você dizendo que foi acidental, para mim não era verdade. Como pode uma pessoa cair em cima da outra e justamente nos lábios dela? 1 caso em um milhão de probabilidade, mas aconteceu." Ele não parava de falar, os pensamentos vinham e saiam. Bernardo se sentia um pouco nervoso perto dela. "Quando eu te vi com o Benício, sorrindo, eu fiquei muito irritado. Achei que você estava me fazendo de bobo. Demonstrando que gosta de mim, mas também fazendo isto com ele. Fazendo joguinho."

Minha nossa, ele foi longe de mais. Acho que estou bêbada e sonhando.

"Eu não sirvo para joguinhos ou ser feito de palhaço. Eu quis descontar minha raiva em você, fazer você parar, maaas..." Ele passou a mão no cabelo, desconcertado, e a olhou mais profundamente nos olhos. "Eu te vi no chão toda machucada e com medo de mim. Ali caiu a ficha do quão ruim eu estava sendo. Você vive machucada por minha culpa. Desde que eu te conheci, você só estava brigando, lutando, e a culpa era toda minha. Dentro de mim, de certa forma, eu não suportava te ver lutando, te ver machucada. Mas naquele momento específico, eu percebi que eu era o culpado por só te ver assim." Ele desviou o olhar. "E eu não quero isso. Nunca mais. Eu quero o oposto de choro e dor e medo." Ele suspirou. Droga. Falei demais! "Enfim, me desculpe por tudo que eu te causei até aqui. Eu espero que você fique bem apenas". Ele a olhou e Erva continuava olhando sem nenhuma reação. "Huuum você vai dizer algo?"

"Eu..." Erva não tinha reação pois foi pega de surpresa. Nem em sonhos ela poderia imaginar Bernardo dizendo tudo isso a ela. Estava em choque.

"Pare de ser besta, diga algo!" O garoto falou sério. Acabei de expor tudo sem pensar e ela fica me olhando feito idiota. "Ah, esquece, eu não devia ter dito." Ele disse lhe dando as costas.

"Espere!" Eu... eu estou chocada! Bernardo parou e se virou, sem conseguir olhar para ela.

"Olha, primeiro. Você entendeu mesmo tudo errado. Eu jamais gostaria de você. Olha seu cabelo! Ele é enrolado feito um... um... um abacaxi" O que eu estou dizendo? Bernardo a olhou com os olhos arregalados. Como ela se atreve? Pensou. "Você nunca é legal comigo, todo metido, egocêntrico, narcisista, querendo sempre bater nas pessoas, só machucando os outros com aquela tarja idiota... enfim, como você acha que alguém pode gostar de você? Só desmioladas que estão a fim de seu dinheiro e status, como aquelas garotas da festa de hoje." Talvez eu devesse para de falar, ele já pediu desculpas. Bernardo cada vez mais tinha a veia da testa saltada de tanta indignação e raiva que sentia. "Aliás, você é um besta por ficar de conversinha com elas."

"Você é idiota!"

"Olha aqui..."

"Você ouviu tudo o que eu acabei de falar e entende o quanto foi difícil para mim?"

"Não importa! Se você se desculpasse mais vezes, não seria tão difícil assim."

"Você foi a primeira garota que recebeu a tarja e a primeira pessoa a me desafiar. Você é a primeira que chama a minha atenção, a primeira para que peço desculpas."

"E o que isso tem a ver? Você devia começar a praticar isso."

Bernardo se aproximou mais de Erva, ficando muito próximo. "Olha aqui, Erva..."

"Não me chame assim... você é chato" Ela colocou a mão no casaco dele, apertando mas sem força nenhuma, pois estava alta.

"O que você está fazendo? Não te dei permissão para me tocar."

"Cala a boca. Você não tem que me dar permissão." Erva começou a ter sua barriga remexendo. "E eu não estou legal".

"O que você tem?" Bernardo preocupou-se, já a segurando porque ela cambaleou.

"Não sei. Meu estômago." Erva encostou a cabeça no peito do garoto.

"Quer se sentar?" Ele disse tentando reconfortá-la colocando a mão em sua cabeça.

"Por que você é tão idiota, Bernardo?"

"É sério isso?"

"Acho que eu bebi um pouco. Minha cabeça está girando."

"Verdade" disse o garoto se lembrando que sempre que a via, Erva estava com um copo na mão. "Você não sabe beber, não é?"

"Você me deixou com raiva. Me ignorando, não pedindo desculpas, falando com aquelas meninas e com aqueles homens como se fosse o príncipe."

"Negócios e eu estava dando o fora em todas as mulheres. E eu estava constrangido para falar contigo. Mas eu já pedi desculpas e farei o impossível para nunca mais você se machucar."

"Eu já estou machucada."

"Por quem?"

"Não importa, essa dor você não pod..." Bléé!! Erva vomitou em cima de Bernardo.