Brigadeiro a Flores - Cap. 13: Revanche
"Eu não vou desistir da minha matrícula, seu fedelho! Você que se mude se está incomodado".
Bernardo viu Erva se afastar correndo e ficou sem reação. Com uma mão entre as pernas e outra no rosto onde levou o soco, curvado, só passava na mente do garoto a sensação de surpresa e nostalgia: 'Pare de ser babaca, Bernardo'. Pow! Lembrou de quando era criança e sua irmã batia nele quando achava que ele tinha ido longe demais nas exigências e convencimento.
"Hey, Bernardo! Precisa de ajuda para voltar para Terra?" Carlos disse rindo. Fagundes o acompanhou e Benício se dirigiu para fora da praça de alimentação.
"Vamos, Bernardo! Volte à vida! Já está todo mundo encarando a gente, vamos sair daqui como o Benício". Fagundes falou se dirigindo pelo caminho do músico.
"Ah, vamos, essa garota!". Bernardo voltou sua atenção para os amigos, se arrumando. "Essa garota me paga!"
"Ela até que é interessante, não acham?" Carlos comentou sorrindo. "Nos desafiando e agora batendo no Be" ele riu mais e Bernardo o empurrou e saiu na frente pisando firme.
"Ela lembra sua irmã, não é?" Fagundes falou rindo também.
"Verdade, a única que já encostou no líder F4". Carlos completou mais alto, rindo, pois Bernardo já estava mais na frente, andando rápido para sair daquele lugar.
Não acredito que eu fiz isso! Não acredito que eu bati no Bernardo Assumpção!! Erva havia corrido para o seu lugar de desabafos. O terraço do prédio de artes parecia até mais feliz quando a garota chegou, com rosas no canteiro abandonado florescendo. Por mais que eu saiba que eles podem revidar de uma forma muito ruim, eu estou tão aliviada!! "E FELIZ!!" Ela gritou. Agora eu tenho que me preparar. Primeiro... Huuum... Ela colocou a mão no bolso e tirou o lenço de Benício. Ele estava lá também? Eu acho que sim. Nem reparei de tanto ódio que eu estava do Bernardo. Erva se sentou no sofá que o tinha visto outro dia. Será que ele ficou bravo por eu ter feito o que fiz? Afinal, não é todo dia que alguém bate em um F4. Ainda mais no líder! Será que ele se importa? É amigo dele! Se bem que ele também não concordou ontem com a situação. Não sei, não tenho que pensar nisso. Eu preciso devolver isso para ele e agradecer por ontem. Ela colocou a mão na testa. Só agradecer. Se ele ficar do lado dos F4, então, ele que se dane. Ela suspirou. Aiai! Eu só queria saber o que ele pensa. Por que ele não faz nada? Tudo bem que ele diss... Ela ouviu passos subindo a escada. Arregalou os olhos e deitou no sofá, tentando se esconder.
"Hey!" Benício disse aparecendo ao lado do sofá. Erva ficou quente e não respondeu. "Você estava se escondendo deitando no sofá?" Benício questionou enrugando a testa.
"Ah." Erva disse sorrindo e sem graça, se levantando. "Eu achei que ninguém veria minha cabeça se viesse apenas até o topo da escada."
"Faz sentido!" Benício concordou.
"Huuum, mas o que você faz aqui?" Erva perguntou se levantando.
"Eu suspeitei que estaria aqui e daí quis vir te ver". Ele disse indo para o parapeito do terraço e Erva sentiu um calorzinho em si. Ele veio me ver? Ela sorriu. "Era o que você queria ouvir, não é?" Ele disse se virando e sorrindo ao ver ela sorrindo. A garota o olhou rapidamente sem entender.
"Não, eu.. não, é que..." Tentou dizer algo sem entender e agora sem graça.
"Está tudo bem! Relaxa! Estava brincando." Ele disse se virando de costas para ela novamente.
O silêncio perdurou por um tempo. Erva se incomodou.
"Huuum, sobre ontem."
"Eu te disse que não foi proposital". Benício a cortou e se virou para ela novamente, andando ao seu encontro. "Eu ainda continuo não me importando. Eu só vim aqui porque o pessoal lá na praça de alimentação estava encarando muito a gente. E eu odeio ser o centro das atenções".
"Mas você é um F4."
"Mas não sou o líder."
"Sim, mas..."
"Bom, mesmo suspeitando que você estaria aqui." Ele cortou Erva. "Achei que seria mais silencioso que a praça. Mas se você quer conversar..." ele disse e começou a se dirigir para a escada. "Estou indo embora."
Erva o olhou e franziu a testa, vendo ele começar a descer as escadas. Ele é louco, só pode.
Erva voltou para as aulas depois do almoço e notou que as pessoas a encaravam de um modo mais carismático. Algumas até sorriram para ela. No meio da aula ela recebeu um papelzinho anônimo dizendo que estava orgulhoso sobre o que ela fez. Algumas pessoas se arriscaram e até colocaram no grupo da faculdade que Erva Dana era a garota mais incrível da escola! E várias curtidas receberam no post.
Erva voltou para casa muito feliz. E sua mãe comentou "o que um pastel não faz!".
No dia seguinte, Erva desceu no ponto próximo à universidade, como de costume, mas antes que pudesse entrar no campus, foi abordada por três homens de ternos preto e óculos escuros.
"Erva Dana?"
"Sim?" Ela disse desconfiada.
"Você pode vir com a gente, por favor?" Eles disseram apontando para um volvo preto do outro lado da rua.
"Aaah, eu tenho aula agora. O que seria?" Ela questionou desconfiando e começando a ter um pouco de medo.
"Queremos conversar com a senhorita. Você pode entrar no carro?" Um dos moços falou mais fortemente.
"Desculpa, não." Ela disse caminhando para desviar deles. Mas um a segurou pelo braço!
"A senhorita não entendeu, é necessário que..."
Erva pisou no pé do homem de terno que a segurou e tentou correr, mas os outros dois a pegaram e colocaram um pano em seu rosto, cobrindo seu nariz e boca. Erva se debateu, mas foi perdendo forças. Antes de fechar os olhos, viu o rosto de Bernardo em um carro próximo, observando-a.