Aprendendo a ser extraordinário (Continuação do livro “Pássaro Branco”, de R. J. Palacio) - Parte I
França. Mais uma vez aqui estou eu, passando as férias na casa da minha querida Grandmère, Sara. Da última vez que eu estive aqui, eu estava fugindo dos meus erros. E o que eu fiz? Maltratei um garoto que tinha uma deformação facial.
Senti muito remorso por ter tornado a vida dele difícil, para ser sincero, ainda me sinto assim. O lado bom, é que eu me desculpei com esse garoto, Auggie Pullman. Ainda sou muito grato por ele ter feito questão de ter ligado para mim depois de tudo o que eu fiz.
O que me fez sentir arrependido? Saber que eu carrego o nome de um herói, Julian, e que essa pessoa não gostaria de saber que alguém que recebeu esse nome em homenagem a ela maltratou alguém inocente.
Pela história que a minha Grandmère contou e pela lápide que eu vi, esse garoto, Julien Beaumier, morreu como um verdadeiro herói. E para lembrar de tudo isso e não cometer o mesmos erros de antes, eu tirei uma foto da lápide do Julien e imprimi, para sempre carregar ela comigo.
Daí, um dia, eu fui numa cafeteira perto da casa da minha Grandmère. Estava ventando um pouco. Eu entrei, fiquei no final da fila, e tentei pegar o dinheiro que deixei no bolso, mas acabei tirando aquela foto da lápide, olhei para ela e pensei que nunca teria a chance de conhecer esse tal Julien Beaumier. Que pena.
Enquanto eu pensava nisso, alguém saiu pela porta da cafeteira e deixou o vento entrar. E o vento levou a minha foto. Eu saí da fila para pega-lá, até que ela cair no chão. Daí, um senhor de cadeira de rodas ia passar por cima dela. Eu pensei que eu ia perder a foto, até que ele parou, e pegou ela do chão. Fiquei tão aliviado que disse:
- Que bom que você pegou essa foto fugitiva!
- Ela é sua?
- Sim, é minha. Por favor, tome cuidado, senhor. Essa foto é muito preciosa para mim. É de uma pessoa muito corajosa.
- Pessoa? – perguntou o senhor, enquanto pegava os óculos no bolso da camisa para enxergar melhor – Essa fotografia é de uma lápide, não de uma pessoa.
- É. Fui eu que tirei essa foto. É a lápide de um garoto muito especial.
- E o que ele fez de tão especial? – perguntou o senhor, enquanto me devolvia a foto. Confesso que, nesse momento, eu fiquei meio sem jeito por estar dizendo tudo aquilo para um estranho. Mesmo assim, eu respondi a pergunta:
- Esse garoto salvou a vida da minha Grandmère.
- Corajoso esse garoto.
- Também acho. É por causa disso que eu tenho o mesmo nome que ele.
- E qual é o seu nome, meu jovem?
- É Julian.
- Que nome bonito!
- Mercí!
- Quer dizer então que, esse rapaz que salvou a sua Grandmère também se chama Julian?
- Isso mesmo. Só que escrito de modo diferente.
- Como isso aconteceu?
- Ah, como ele salvou a minha Grandmère? Bom, uns soldados queriam encontrar ela para leva-lá a um campo de concentração, mas esse Julian, levou ela para a casa dele sem ninguém ver.
- Como ele conseguiu fazer isso?
- Ele levou a minha Grandmère por baixo da cidade, pelo esg . . .
- Pelo esgoto.
- É, isso. – fiquei surpreso quando esse senhor terminou a frase antes de mim. Ele fazia uma expressão de pensativo, como se estivesse tentando se lembrando de alguma coisa - E ela ficou escondida lá no celeiro da família dele por muito tempo.
- Como era a sua Grandmère quando isso aconteceu?
- Ela era bem jovem, tinha cabelo ruivo, usava um cachecol amarelo e calçava uns sapatinhos verm . . .
- Sapatinhos vermelhos.
- Como você sabe? – nossa, fiquei tão chocado com a resposta daquele senhor que eu mal conhecia - Você conhece a minha Grandmère?
- Sim. – falou o misterioso senhor, enquanto tirava algo do bolso da calça – eu sempre carrego o desenho dela no meu bolso.
- Foi você que desenhou isso?
- É, fui eu. Fiz esse desenho logo depois que a sua Grandmère me deu o caderno . . .
- O caderno de desenhos dela. – dessa vez, tinha sido eu que terminou a frase antes. Mas, isso pouco importava. O mais importante foi que eu descobri quem a verdadeira identidade daquele misterioso senhor - Espera aí, você é o Julien, aquele que salvou a minha Grandmère. Ela disse que você tinha sido morto, mas você está vivo!
- E você . . . você é o Julian, o neto da Sara!
- É, acertou. Esse é o nome da minha Grandmère.
- Ela está viva?
- Sim, faz pouco tempo que ela me contou toda a história de vocês.
- Não acredito! A Sara está viva!