Livro do poder Episódio 1x01 - Irmãos - parte02
Blog onde a série é escrita:
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Vídeo de abertura do capítulo 1
http://www.youtube.com/watch?v=W2W-rIqtZUg
SINOPSE
A polícia invade a fábrica onde Mac e Artur estão escondidos. E o pressentimento ruim que Lucas sentiu, está prestes a acontecer.
PERSONAGENS PARTICIPANTES
Lucas Reiden
Marcos reiden
Almir Reiden
Amélia Cristina
Sergio
Sandro Oliveira
Arthur Street
Mac Street
Eric Nunez
CAPÍTULO1 - IRMÃOS (PARTE02)
A escola de arte Bencloff fica no centro de Nova Vida. Situa-se em um prédio, perto de um shopping e em frente tem uma praça bem arborizada. Na escola, Marcos e Amélia estavam fazendo a matrícula de um dos mais promissores artistas de Bencloff. Os dois estavam conversando com uma funcionária sentada numa cadeira em frente a eles.
_ Ah, você é vencedor do concurso, não é? _ perguntou a funcionária, olhando algumas fichas_ Seu nome é Marcos Reiden.
_ Isso. _ respondeu ele.
_ Parabéns, acaba de ganhar seus estudos aqui dentro.
_ Obrigado! Meu sonho era estar nesse lugar. E finalmente, ele virou realidade.
_ Nós só temos que assinar alguns papéis. Sua mãe pode fazer isso. Se você quiser pode dar uma volta pela escola.
_ Vá querido. Eu fico aqui.
_ Tudo bem, eu vou conhecer meu novo lar_ disse saindo da sala.
_ Bem feliz seu filho, não é? _ perguntou a funcionária.
_Você nem imagina _ respondeu Amélia.
...................
Sete carros de polícia pararam em frente à fábrica. Os gêmeos estavam completamente cercados. Almir saiu do carro, e foi até Oliveira.
_ Vamos entrar! _ disse Almir.
_ Imediatamente! Estamos cercando o lugar.
A fábrica ficava ao lado de dois prédios e na parte de trás havia um terreno abandonado. Os policiais entraram no terreno, cercando assim totalmente o prédio.
Arthur escondido na janela observava a movimentação do lado de fora.
_ Temos que sair daqui. Eles estão nos cercando. _ disse ele.
_ O que está esperando? Vá logo! _ disse seu irmão. Arthur andou até ele.
_ Não sem você.
_ Não tem condições de me ajudar a andar e fugir da polícia ao mesmo tempo.
_ Mas eu não vou te deixar aqui.
_ Você tem que ir. Agora!
_ Eu não vou deixar eles levarem você. Não mesmo.
_ Eles não vão me levar. Arthur, por favor. Vá.
Lágrimas começaram a sair dos olhos de Arthur. Nesse momento eles ouviram um som de arrombamento. Os policiais entraram na fábrica.
_ Vá! _ insistia o irmão.
_ Eu vou voltar, e te tirar dessa. Espere-me! _ disse Arthur antes de sair. Os policiais chegaram ao andar em que os gêmeos estavam. Artur já tinha virado o corredor, e estava longe da vista dos policiais. Eles estavam vasculhando porta por porta. Almir entrou em uma das delas, e com a arma sempre apontada para frente viu o que queria encontrar. Ao seu lado estava um dos gêmeos, encostado na parede.
_ Não se mova! _ disse Almir apontando uma arma pra ele. Mas Mac também tinha uma arma na mão. _ Largue a arma! _ gritou Almir. Mac continuou com a arma na mão. _ Irei lhe dizer mais uma vez. Largue a arma!
_ Se quiser me matar, me mate. Vai ser até menos doloroso pra mim. _ disse Mac. _ Calma, eu não vou atirar em você.
Mac segurou a arma de outra forma, tirando da posição de ataque.
_ Abaixe essa arma!
Mac colocou o cano da arma na direção de sua própria cabeça. E voltou a segurar a arma na posição de um atirador.
_ Com qual das balas será que eu morro? Com a minha ou a sua?
_ Espere, não!
Bang!
O som ecoou por toda a fábrica. Os policiais se dirigiam para o local do tiro. Arthur também havia escutado o tiro.
_ Mac! Não!
Ele voltou correndo para o local onde seu irmão estava. Mas no caminho encontrou com policiais, que estavam no fim do corredor, e acabou sendo visto.
_ Ei, Parado aí! – gritou um dos policiais.
Ele rapidamente deu meia volta e fugiu. Subiu para o último andar da fábrica. No teto, não havia lugar para fugir. Ele correu pelas pontas do prédio, e não achou uma solução. A não ser pular, para o prédio vizinho. Não era uma distância muito grande. Com sorte ele conseguiria.
Arthur tomou distância e pulou. Por pouco não caiu.
_ Parado! _ gritou um policial que acabava de subir no teto da fábrica. Mas Arthur corria desesperadamente no outro prédio. Os policiais não tiveram outra alternativa se não atirar. Vários tiros foram disparados, mas nenhum o acertou. Artur entrou em uma porta e desceu para o andar de baixo.
_ Droga! Ele escapou. _ gritou o policial. Ele botou a mão no rádio, e avisou ao resto do grupo. _ Fugitivo está escapando pelo prédio ao leste. Repito! Fugitivo está escapando pelo prédio ao leste.
...................
Marcos andava pelos corredores da escola, observando os quadros de pintura que estavam enfeitando as paredes. Aproximando-se do hall do primeiro andar, ele ouviu uma conversa de um garoto quase da sua idade com uma recepcionista.
_ 450 reais! Isso tudo! _ disse o garoto quase gritando com ela. _ Eu não tenho todo este dinheiro. Mas eu ouvi falar que eles fazem concurso aqui, não é?
_ Sim. De seis em seis meses fazemos um concurso. Mas o último acabou faz pouco tempo, o próximo só daqui a 5 meses.
_ É muito tempo. Eu não posso esperar tanto.
_ Desculpe. Mas o jeito é esperar.
_ Você não entende. Eu não posso esperar. Meu sonho está a um passo de distância, e se eu demorar muito vou me afastar para sempre. Eu preciso muito entrar aqui.
_ Sinto muito, eu não posso fazer nada.
O garoto fez uma cara de abatido, como se estivesse quase chorando.
_ Tudo bem! Eu entendo. Desculpe tomar seu tempo.
Ele agradeceu a recepcionista pela informação, e saiu em direção à porta. Mas no caminho foi barrado por Marcos que parou na sua frente.
_ Desculpe, eu acabei ouvindo a conversa, e quis saber se você estava bem. _ O garoto o encarou, estranhando a ação de Marcos.
_ Eu não te conheço, conheço? _ disse meio que sugando suas lágrimas de volta.
_ Não, eu acho que não.
_ Então porque veio até mim?
_ É que eu vi sua expressão ali, e acho que sei como se sente agora.
_ Eu não entendi.
_ É que eu fui o vencedor do último concurso, e acho que sei como se sente, tentando fazer parte deste lugar. Eu também era sim, quase que desesperado por uma chance.
_ Então, você ganhou o último concurso? _ o garoto sentiu mais tristeza ainda, vendo que outras pessoas alcançavam o que ele tanto almejava. E ele mesmo caminhando na estrada quase infinita atrás de um sonho, não conseguia força para alcançá-lo. _ Meus parabéns!
_ Eu só quero dizer pra você também não desistir. Que um dia você também chega lá.
_ Espero que suas palavras se concretizem.
_ Garanto que irão. Qual o seu nome?
_ Max.
_ Eu sou Marcos.
Max olhou para o relógio e quase se desesperou.
_ Droga! Eu tenho que voltar se não meu tio me mata. Foi bom te conhecer.
_ Um dia eu te vejo pelos corredores.
Max deu um sorriso e saiu rapidamente pela porta. Marcos ouviu sua mãe chamar seu nome atrás dele.
_ Marcos, procurei você por todo o lugar.
_ Ah, eu estava por aí. Já terminou? Foi rápido!
_ Já sim. Agora vamos para casa.
_ Não. Ainda não. Eu preciso conversar com a senhora sobre um assunto. _ disse ele saindo da escola.
..................
O sangue escorria pelo chão de madeira. Almir e os outros olharam para o corpo de Mac Street estendido no chão. Oliveira olhou para a parte lateral da cabeça, onde havia um buraco.
_ Suicídio! _ disse ele.
_ Eu tentei impedir dele se matar, mas não deu.
_ Não. Tudo bem, o homem não tem família. Pelo menos, ninguém vai sentir falta dele.
_ Ele tem um irmão gêmeo.
_ Que estamos tentando localizar, isso se ele não puxou a gatilho igual a esse aí.
Ás vezes, Oliveira tratava os bandidos como pessoas descartáveis no mundo. Almir pensava diferente. Ele acredita que as pessoas que ele prende, são vidas como qualquer outra, que só precisam de uma salvação. Esse era o único defeito que Oliveira diz que ele tinha.
..................
_ Trancado! Não tem ninguém em casa?
Lucas chegou a sua casa e para a sua surpresa encontrou a porta trancada. Estranhou ninguém estar em casa a esta hora do dia. Ele andou em volta da casa e encontrou o vaso de planta de sua mãe. Uma cópia da chave de casa sempre é escondida enterrada no vaso. Após pegar a chave foi para a porta e a destrancou. Andou até a sala e ficou parado.
_ Onde será que eles estão?
Lucas pôs a mão no telefone e ligou para o celular de sua mãe. Após alguns segundos ela atendeu.
_ Alô, mãe. Onde a senhora foi?
_ Desculpe, eu tive que sair com seu irmão. Fui fazer a matrícula dele na escola Bencloff.
_ Porque agora?
_ O diretor veio até em casa, e pediu pra virmos até aqui.
_ O diretor Bencloff veio aqui?
_ Sim. Ele quis pessoalmente dar os parabéns ao Marcos.
_ Certo. E que horas vocês voltam?
_ Daqui à uma hora mais ou menos.
_ Certo! Até mais.
Parece que o pressentimento estranho de Lucas teve um efeito contrário. Acontecia algo muito importante com seu irmão. Ele finalmente está realizando seu sonho. E com a vinda do diretor até aqui, parece que ele começou bem.
...............
Arthur corria pelos becos estreitos entre os prédios da cidade. A polícia estava perseguindo ele desde o prédio ao lado da fábrica. Agora ele está escondido em um desses becos. Ele podia ouvir o latido dos cães da polícia. Sinal de que eles estavam perto.
_ Tenho que sair daqui! Tenho que sair daqui! _ dizia para si mesmo. Ouviu a voz de um policial não muito longe dizendo:
_ Ele foi por aqui. Vamos!
Arthur começou a correr, vendo que eles estavam bem perto.
_ Droga!
...........
Marcos e Amélia estavam sentados em uma mesa na parte de fora de um restaurante. Ele queria conversar um pouco com sua mãe, sobre um assunto que não saia de sua cabeça naquela manhã.
_ Porque não almoçamos em casa, filho? _ perguntou a mãe.
_ Eu quero conversar um pouco com a senhora.
_ Conversar sobre o que? Isto não pode ser em casa.
_ Na verdade, não. É um assunto sobre a senhora, meu pai de certa forma, e meu irmão.
_ Que tipo de assunto é esse?
_ É sobre a relação da senhora com o Lucas. Acho que ela está se tornando um pouco invisível.
_ Como assim invisível?
_ Não é de hoje, acho que vem acontecendo desde que o Lucas foi adotado. A senhora e meu pai, vem sempre o deixando em segundo plano. Principalmente depois de descobrir meu talento.
_ Mas é claro que não. Nosso amor é dividido igualmente entre vocês. Não há nenhum que seja mais querido que o outro.
_ Foi meu próprio irmão que me disse isso.
_ O Lucas está exagerando as coisas. Está vendo coisas que não existe. E ele não é seu irmão. _ A ultima frase parece ter deixado Marcos um pouco irritado.
_ Ele faz parte da família. E quer saber? Realmente meu irmão tem razão. Talvez o meu pai nem tanto, mas a senhora, principalmente a senhora, se esquece que tem dois filhos.
_ Marcos, eu amo vocês dois.
_ Não é o que parece mãe. _ Houve um momento de silêncio. O garçom trouxe o almoço para a mesa e a conversa ficou encerrada.
.............
Almir estava encostado no carro. Oliveira pediu para ele ficar ali, enquanto o resto da equipe procurava pelo outro fugitivo. Sérgio se aproximou dele.
_ Ficou fora do time que foi procurar o outro? _ perguntou Almir.
_ Tive que ajudar a retirar o corpo. Mas o que foi que eu disse? Toda vez que você volta... _ Sérgio ia terminar de falar, mas Almir o interrompeu.
_ Acontece algo de ruim.
_ Cara, assumi. Você é pé-frio.
_ Eu não acredito neste tipo de coisa.
_ Mas devia.
Almir prestou atenção em um repórter que estava chegando e vinha na direção dele.
_ Olha só quem está vindo. _ disse Almir.
_ Eu vou embora. Não vou muito com a cara dele.
_ Só você?
Enquanto Sérgio saia, o repórter se aproximava. Ele era bem novo, Eric Nunez tinha apenas 21 anos. Ama a profissão que atua, mas seu temperamento não é muito bem-vindo para as pessoas que ele entrevista. É um tipo que faz de tudo pra revelar casos e se tornar um herói, procurando fatos e até inventando eles pra dizer que conseguiu algo.
_ Odeio esse garoto _ pensou Almir. Eric aproximou-se e começou a fazer perguntas
_ Almir, é verdade que o senhor viu o presidiário suicidar-se?
_ Sim. Ele sentiu a pressão da polícia atrás dele e acabou tendo esse fim trágico.
_ E como está a procura pelo outro bandido?
_ No momento estamos fazendo o possível para encontrá-lo. Ele não está muito longe das proximidades. Então acho que conseguiremos pegá-lo a qualquer momento.
Eric desligou a câmera e agradeceu pela entrevista, mas a conversa ainda não havia acabado.
_ E então? Como você estava quando aquele careca estourou os miolos dele? _ perguntou Eric, em baixa voz.
Começou
_ E por que quer saber como eu estava naquela hora?
_ Eu não sei. Imaginando a cena, você devia estar com a arma apontada pra ele, e depois o cara pode ter corrido, e aí você acidentalmente disparou uma bala que acidentalmente atingiu a cabeça do homem.
Que filho da mãe contador de história.
_ Muita boa imaginação Eric. No entanto Mac Street realmente suicidou-se quando entrávamos no prédio. E quer saber, desligue esse gravador. _ disse vendo o gravador escondido no bolso de Eric.
_ Claro! _ disse o repórter um pouco decepcionado.
Almir saiu de perto dele. Eric era um repórter totalmente sem caráter. Ele sempre adora futucar coisas que estão encobertas. Pode não parecer, mas isso já o levou, a grandes prêmios no mundo do jornalismo, por mais sem caráter que ele seja.
...................
Antes de sua mãe entrar no carro Marcos falou:
_ Assim que chegarmos em casa a senhora vai conversar com o Lucas _ os dois estavam em frente a porta do carro. Amélia no motorista e Marcos no passageiro.
_ Já que insiste. Eu vou ter essa conversa com ele.
_ Desse jeito, eu fico mais tranqüilo.
Assim que iam entrar no carro, um tiroteio começou. Marcos não teve tempo de descobrir de onde vinham os tiros. A única coisa que pensou foi em se abaixar, mas viu que já era tarde demais ao sentir uma forte dor no peito. Ele pos a mão nele, e sentiu algo quente. Ao olhar para baixo, viu que era seu sangue. Ele levantou sua cabeça, com um olhar totalmente perdido. Aos poucos seus olhos foram se fechando, e em um instante ele desabou no chão. Sua mãe estava abaixada próximo ao carro. Os tiros cessaram. Quando levantou, não viu Marcos no outro lado. Ela então foi até onde ele estava, já olhando para o chão, esperando encontrar o que mais temia.
_ Marcos! _ gritou ela!
Amélia abaixou-se e passou a mão na cabeça dele tentando reanimá-lo.
_ Filho, acorde! Filho! _ ela olhou para o lado e gritou desesperadamente. _ Chamem uma ambulância, pelo amor de deus! _ Pos seu olhar de volta para Marcos. Sua camisa estava ensangüentada e seus olhos fechados. _ Filho! Fale comigo! Filho! Pelo amor de Deus!
................
Uma forte ventania atingia a casa da família Reiden. Lucas foi para a sala atraído pelo barulho do vento.
_ Mas o que é isso? _ disse ao ouvir a forte ventania tomando conta do lugar, que começou de repente. Um outro som chamou sua atenção. Uma porta entreaberta batia a todo instante.
_ A galeria do Marcos. _ disse Lucas ao ver a porta batendo. Lucas entrou na galeria, e percebeu a ventania lá dentro. As janelas estavam abertas, e o forte vento entrava por elas. Os panos que cobriam os quadros voavam pela sala. Lucas colocava a mão sobre o rosto para se proteger do vento. Mas de repente ele parou ao ver o que não era esperado. Um quadro havia sido descoberto. O quadro que o irmão o impediu de ver. O conteúdo do quadro realmente o chocou.
Em um ângulo lateral, Lucas e Marcos estavam pintados de mãos apertadas. Como se o quadro expressasse a alegria de dois irmãos, que se cumprimentavam, demonstrando um grande companheirismo entre eles. Lucas pareceu esquecer-se da ventania a sua volta e andou lentamente na direção do quadro. Seus olhos fixos na tela, olhando cada detalhe. Nessa hora, Lucas lembrou de uma frase que seu irmão disse durante a manhã.
“Talvez você ainda não tenha percebido, mas eu considero você uma pessoa muito especial.”
Lucas percebeu o quanto estava sendo injusto com Marcos, e se arrependeu amargamente de ter dito aquelas palavras pra ele.
Voltando a realidade, percebeu que o vento estava acabando com o lugar. Ele rapidamente fechou as janelas. Com todas elas fechadas a ventania terminou.
Quando voltou a olhar o lugar novamente, tudo estava fora do lugar. Parecia que um furacão havia atingido a galeria. Panos pra tudo o que é lado, quadros no chão, e pincéis jogados.
_ É. Hora da faxina.
..............
Almir observou que o resto da equipe começou a se mover. Ele foi rapidamente até Oliveira.
_ O que houve?
_ Houve um tiroteio aqui próximo entre nossos homens e o fugitivo. Temos que ir pra lá, agora.
_ Certo!
Na hora que Almir ia entrar em seu carro, seu celular tocou. Era o número de sua esposa.
_ O que será que ela quer numa hora dessas? _ Mas ele não podia deixar de lado. Sua esposa raramente telefonava pra ele durante o trabalho. E se ela está ligando, deve ser um assunto importante.
_ Alô! _ Logo ele percebeu que havia alguma coisa de errado com o tom da voz dela.
_ Fale mais devagar. O que houve? _ disse começando a ficar preocupado. E então ouviu uma voz quase desesperada do outro lado da linha.
_ Marcos. Ele... Ele foi baleado.
_ O que?
_ Eu estou numa ambulância agora. Estão levando ele pro hospital. Estão levando ele.
_ Me diga onde você está.
Assim que ele soube onde sua esposa estava, entrou em seu carro e saiu dirigindo em direção ao hospital.
..............
Almir entrou correndo pela porta do hospital procurando por sua mulher. Ela estava sentada em uma cadeira no corredor.
_ Querida! _ disse ao vê-la. Amélia levantou-se e deu um abraço em seu marido.
_ Onde ele está? O que houve?
_ Eu não sei. Ele foi levado pra sala de cirurgia, e ainda não me disseram nada. _ A expressão de Amélia demonstrava uma grande aflição e um desespero contido. Almir a colocou novamente em seus braços.
_ Calma! Vai ficar tudo bem! Calma!
Nessa hora um médico aproximou-se diante deles. A expressão negativa do rosto dele parecia o prenúncio de algo que ninguém queria que acontecesse.
_ Diga como ele está? _ perguntou Amélia_ Ele está bem, não está?
O médico demorou um pouco para falar.
_ Senhora...
_ Não. Ele está bem. Ele é forte, ele é saudável. Eu sei que ele está bem. _ dizia a mãe contendo o desespero. O médico balançou a cabeça e disse o pior.
_ Fizemos o que era possível, mas _ deu uma pausa e continuou _ Ele se foi. Eu lamento.
Soltando um grito de sofrimento, Amélia foi ao chão. Seu marido a segurou. Ela o abraçou. Os dois agachados no chão. Um casal que acabava de perder uma das coisas mais importantes da vida deles.
_ Não! Não! Isso não pode ser verdade. Não pode ser verdade. _ gritava Amélia. Almir, embora mais controlado que sua mulher, não podia conter o choro.
...................
Lucas terminava de por o último quadro no lugar. Ele passou todo o final da tarde arrumando a galeria do irmão. Marcos era um pouco desajeitado com suas coisas, e era meio desorganizado.
_ Nada fora do lugar.
Lucas ouviu a porta abrir. Alguém finalmente havia chegado. Poderia ser seu pai, que normalmente chegava naquele horário. Ou sua mãe e seu irmão que foram até Bencloff e estavam demorando uma eternidade. Ele foi até a sala. Chegando lá, viu sua mãe e seu pai.
_ Mãe! Pai! Que milagre chegarem juntos. Onde está meu irmão? Eu tenho uma surpresa pra ele _ Foi quando Lucas percebeu que alguma coisa estava errada. As faces deles estavam totalmente abatidas _ O que foi? Aconteceu alguma coisa? Cadê o Marcos?
Sua mãe pos a mão sobre o rosto e começou a chorar. Ela subiu as escadas em direção ao quarto.
_ Mãe, o que aconteceu? _ perguntou enquanto ela subia as escadas. Depois ele se virou para seu pai.
_ Pai! O que está havendo aqui? _ Almir não conseguia responder _ Onde está o Marcos? _ Lucas fez uma pausa e perguntou novamente _ Cadê meu irmão?
Então calmamente ele respondeu.
_ Seu irmão _ ele olhou nos olhos de filho e terminou a frase _ faleceu.
Foi a pior frase que Lucas havia escutado na vida.
_ O que?
Ele começou a balançar a cabeça, não acreditando no que seu pai lhe contou.
_ É mentira! Isso não aconteceu. _ Almir continuou quieto. Lucas gritou:
_ Diga que não é verdade!
_ É verdade! Ele... se foi.
_ Não! Não é verdade. Não pode ser. Não é! _ Lucas correu em direção a porta, e correu para fora de casa. Ele foi para a estrada e tomou o mesmo caminho que ele e o irmão pegaram naquela de manhã. Era lua cheia, iluminando ainda mais o cenário. Lucas correu, e correu sem rumo ou direção de onde queria ir. Ele só queria encontrar a saída para aquele pesadelo. Que se continuasse a correr tudo voltaria ao normal. Quando voltasse em casa, seu irmão estaria na galeria, pintando seus quadros como sempre. Lucas entrou dentro do campo, e foi para o último lugar em que ele e o irmão estiveram. Ele então se ajoelhou no chão.
_ Marcos! Onde você está? Apareça! Irmão! _ gritava ele. _ Você não pode ter ido embora.
Ainda ajoelhado, Lucas pode ouvir o som de um carro passando pela estrada. Ele virou-se e realmente viu que um carro estava passando por lá naquela hora. O carro parou perto de onde ele estava. Ele viu a silhueta de alguém saindo do carro. Ela ficou parada em frente ao campo e lançou alguma coisa no ar. Parecia algum objeto. A pessoa voltou para o carro e continuou a dirigir pela estrada. Pela arrancada que o carro deu, Lucas conclui que ela devia estar bem tensa ou apressada. E aquela coisa que ela havia jogado estava próxima à estrada. Sem perder tempo, ele foi para perto da estrada. O gramado era alto, que dificultava um pouco as coisas.
_ Onde está?
Foi quando ele sentiu que pisou em alguma coisa dura. Ele se agachou para ver o que era, e pegou o que parecia ser...
_ Um livro?
.........................
CONTINUA...