Caras-metades: quem são, de que se alimentam?
Ele tinha muitos espelhos em casa,
De tão narcisista e apaixonado por si.
Todo dia o próprio rosto alisava,
Se piscando declarava: você é o PINGO do meu “i”.
Não acreditava na ideia de cara-metade,
Dizia que ficar apaixonado era virar zumbi.
Vivia esnobando as moças da pequena cidade,
Marcava encontros onde não costumava ir.
Nasceu de uma família que dele resolveu fugir,
Porque não o suportavam ver grudado no espelho,
Sempre a beijar a superfície, até o brilho sumir,
E assim levava a vida sendo um chato e um pentelho.
Até que o dia fatal e inevitável chegou,
Quando o infeliz arriou os 4 pneus por uma dama.
Não foram menos de mil vezes que ela o recusou,
E hoje o miserável vive desabado em melodrama.
Hoje em dia, ao se olhar nos espelhos
Não demora e começa a chorar.
E então grita, ficando de joelhos:
Por favor, a minha metade vão logo buscar.