APRESENTAÇÃO

Quem não se apresenta como poeta,

não é poeta,

parou na vírgula.

Quando nos casamos,

talvez não tenha ficado bem claro:

sou poeta.

E por isso apresento novamente

a minha apreensão

e minha cara de louco

que tanto reclamas.

Sou poeta

e a poesia é útil para mim

É necessária

como são necessários tantas coisas para o corpo:

os vasos sanguíneos,

o intestino delgado...

Sou poeta!

Prazer em conhecê-la!

E sou um poeta ruminante, minha querida.

Regurgito a poesia

porque ele precisa chegar

a um tamanho ideal no fundo da garganta.

A poesia, às vezes, não favorece o ato,

mas não custa tentar,

remastigando-a demoradamente.

Não me desculpo,

sou poeta.

A ruminação é o ato de regurgitar o bolo alimentar à boca, re-mastigando-o demoradamente de modo a propiciar maior fragmentação das partículas, o que favorece a ação dos microrganismos para o melhor aproveitamento do alimento no rúmen e propicia a passagem das partículas não digeridas para adiante no trato digestivo

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 22/09/2022
Reeditado em 10/11/2022
Código do texto: T7611839
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