APRESENTAÇÃO
Quem não se apresenta como poeta,
não é poeta,
parou na vírgula.
Quando nos casamos,
talvez não tenha ficado bem claro:
sou poeta.
E por isso apresento novamente
a minha apreensão
e minha cara de louco
que tanto reclamas.
Sou poeta
e a poesia é útil para mim
É necessária
como são necessários tantas coisas para o corpo:
os vasos sanguíneos,
o intestino delgado...
Sou poeta!
Prazer em conhecê-la!
E sou um poeta ruminante, minha querida.
Regurgito a poesia
porque ele precisa chegar
a um tamanho ideal no fundo da garganta.
A poesia, às vezes, não favorece o ato,
mas não custa tentar,
remastigando-a demoradamente.
Não me desculpo,
sou poeta.
A ruminação é o ato de regurgitar o bolo alimentar à boca, re-mastigando-o demoradamente de modo a propiciar maior fragmentação das partículas, o que favorece a ação dos microrganismos para o melhor aproveitamento do alimento no rúmen e propicia a passagem das partículas não digeridas para adiante no trato digestivo