Amarelo Setembro, considerações de um professor e pesquisa (set. 2022).
J B PEREIRA - 01/09/2022
Em filmes como Verdade e Justiça, Data de lançamento: 22 de fevereiro de 2019 (Estônia), os suicidas eram enterrados fora dos cemitérios por muito tempo.
“O suicídio representa 1,4% de todas as mortes no mundo, tornando-se, em 2012, a 15ª causa de mortalidade na população geral. Entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte (OMS, 2017);
No Brasil, no período entre 2011 e 2016, houve predominância de notificações de autoagressão e tentativa de suicídio na faixa etária da adolescência (10- 19 anos)1 , juntamente com adultos jovens (20-39 anos) (MS, 2017);
O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que apresentou as maiores taxas de óbito por suicídio (10,3/100 mil hab. ) no período entre 2011 e 2016 (MS, 2017);
No Rio Grande do Sul, em 2016, a faixa etária dos 15 aos 19 anos foi a que apresentou maiores taxas de notificação de autoagressão e tentativa de suicídio (Sinan/DVE/CEVS, 2017).”
Estas afirmações estão no GUIA INTERSETORIAL DE 2019 PREVENÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA. EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. O SUICÍDIO É UM FENÔMENO COMPLEXO E MULTIFATORIAL 2019, 36 p.
O mundo mudou! Sim. Por quê? Dizem os astrônomos que está o nosso planeta em alta velocidade... E a mente e as culturas se modificaram por muitos fatos como a mídia, internet, telejornalismo, as escolhas dos adolescentes e jovens são mais rápidas e as consequências vêm juntamente acarretando ansiedades, angústias e depressão. Nunca se procurou tanto ajuda nas terapias, postos de saúde, assistência social, fundação de tantas igrejas e associações de autoajuda, avalanche de literatura de autoajuda estão nas mãos de tantas pessoas... As pessoas bebem mais, comem mais, procuraram viver mais com os avanços da ciência. Mas, há quem, uma maioria, não tem mínimas condições de higiene, moradia, alimentação, perderam o trabalho, estão na rua, imersas na violência, insegurança doméstica, nas drogas, vítimas do alcoolismo etc. Morreram mais cedo? Se não forem cuidadas, infelizmente, sim. As novas tecnologias impregnam as vidas de muitos, contudo, nem todos a sabem utilizar. E questiona-se o uso ético e ecológico das redes sociais e mídias. As guerras e pandemias inquietaram vidas e geraram isolamento, desagregação, crises financeiras, lutos, ansiedades, depressão etc. No Brasil, águas, ar e terras estão em graus variados de poluição, além da poluição visual e auditiva nos centros urbanos e avenidas de nossa cidade. Os adolescentes gritam muito após esse período de retorno às escolas; pedem socorro ou é uma manifestação de ansiedade coletiva?
“A vida é elo de ouro, por vezes a vemos como ferro, cobre e zinco. Atrás das nuvens, mesmos nos dias mais nublados e acinzentados, o sol brilha lá em cima. É preciso subir às altas montanhas ou voar, com nossa imaginação como avião, acima dos terríveis umbrais climáticos e das tempestuosas nuvens. Para outros, ainda, a vida é labiríntica e as entradas e saídas se confundem, ou parecem não existirem ou são demasiadamente proteladas ou afastadas do coração. Respire, peça ajuda, acredite mesmos nas noites frias e difíceis, há quem olhe e ore por você. O portão e a parede do lado ou à frente têm como acolher a você e dizer:
- Venha, aqui tem cama quente, gente que a ama, o mundo grita, mas eu ouvi seu gemido... Eu a/o espero por tempo neste momento de dor. A vida tem sentido mesmo na dor e tudo vai passar, com certeza...
J B Pereira
Considerar o sentido da vida a partir de nós é diferente da dor e lacunas de prazer que invadem a vida do outro, perto ou longe de nós. Nossas feridas e soluções são um ensaio para poder entender o outro. Quando dói muito, pode ser amor ou desespero ou sofrência existencial.
O que fazemos quanto tudo mais cai por terra? A dor está a saturar a interioridade cansada e frágil de nossas mentes, a contingência corporal dos encurralados pelo não sentido de si?
O primeiro trabalho em sociologia nascente se deu com a mirada do Francês Émile Durkheim, publicado em 1897.
O suicídio é tão desafiante para nós hoje quanto ao longo dos séculos. Contudo, a tecnologia nos acompanha e intricados problemas e stress com o aumento da população vêm aumentando as estatísticas preocupantes.
As causas são muitas! Tratamentos alguns... Eficácia depende com o despertar e o cuidado. O vigiar e prudência da família na atitude de envolver e compreender o acometido por depressão e com sinais da negatividade. O não sentido da vida, a dor profundamente interior e a busca de sair do estado de depressão aguda são alguns dos labirintos psíquicos e emocionais da patologia. O recurso é que dribla nossa lenta visão, pois o deprimido demora a pedir ajuda.
O quadro deprimente e angustiante pode vir associado com outros gargalos emocionais e financeiros, além de dependências de álcool e drogas. O ostracismo e o negativismo em graus variados podem ser um dos sinais de alerta.
Em cada 10 pessoas, metade caem no suicídio. Classes ricas e média tendem em parte ao suicídio.
O que se pode fazer? Muitos já estão com estratégias e propostas para vencer os riscos do suicídio. Os especialistas percebem pela dificuldade cerebral de diminuição de hormônios saudáveis. A neurociência tem o desafio de avanças com pesquisas sobre o cérebro humano.
A depressão é o sinal vermelho a ser tratado e acompanhado pelos familiares.
“A campanha Setembro Amarelo, criada em 2014 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), tem o intuito de conscientizar sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar toda a população sobre o assunto”, segundo o site: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/setembro-amarelo
Criou-se o CVV, com o espaço de interação e ligação para 188, é super procurado para acolhida dos que sofrem ansiedade, angústias e depressão.
Saber quem ouve e entende pode fazer a diferença. Não se deixar levar por preconceitos e moralismos é o melhor caminho para acolher quem sofre tanto, tão só ou com seus familiares e nos âmbitos diversos da sociedade hedonista e individualista, competitiva e moralista.
Há uma contextualização das causas a que podem ter levado a Durkheim a escrever sua obra Suicídio no século XIX, o artigo 2 de Maxwell em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9186/9186_4.PDF, focaliza uma das premissas como: A morte parece uma só, contudo a ciência pode analisar em suas diversas formas como causalidade. O homem insurge contra o poder às vezes, mas pode facilmente se matar mais rápido do que os animais. É ente social frágil sujeito às doenças e perturbações de demais naturezas intra e extra psíquicas. Os contextos moderno e pós-moderno se nos abrem como meandros pantanosos segundo o parecer de Gilles Lipovetsky em obra: Era do vazio. Para muitos, o suicídio é a poeira debaixo do tapete que muitos tentam esconder. A anomalia visibilizada pelo desequilíbrio das sociedades e mentes humanas. Para Durkheim, pode-se ver a tipologia do suicida egoísta, altruísta e anômico em relação ao grau de pertencimento ou reconhecimento aos vínculos sociais instáveis.
Há Sinais de alerta para o comportamento suicida •Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança; •Expressão de ideias ou de intenções suicidas; •Diminuição ou ausência de autocuidado; •Mudanças na alimentação e/ ou hábitos de sono; •Uso abusivo de drogas/álcool; •Alterações nos níveis de atividade ou de humor; •Crescente isolamento de amigos/família; •Diminuição do rendimento escolar; •Autoagressão: — Mudanças no vestuário para cobrir partes do corpo, por exemplo, vestindo blusas de manga comprida; — Relutância em participar de atividades físicas anteriormente apreciadas, particularmente aquelas que envolvem o uso de shorts ou roupas de banho, por exemplo.
Vejamos os Mitos sociais sobre o suicídio, na p. 10, em 26173730-guia-intersetorial-de-prevencao-do-comportamento-suicida-em-criancas-e-adolescentes-2019.pdf
Um deles suicídio é manhã, coisa de gente rica, quem avisa não faz... As incidências de suicídio acorrem por diversos motivos e intensidades. A questão além de individual, tem peso coletivo.
Considerações finais
Não se trata de idealização do sentido da vida, nem romantização do viver como uma emoção forte de Hollywoord. A vida é complexa! E a complexidade pode ser analisa como processo em intrincadas etapas ou nós ou redes dentro ou fora da pessoa em conjunto com o ambiente e a história do mundo. Percalços e peripécias exijam uma elaboração emocional constante e, quando tensa, incomoda. E o acompanhamento do mundo eu interior exige terapias e mediações da psiquiatria para combinação de humores e canalização das ansiedades entre percalços e peripécias onde o prazer se equilibra com a dor e perdas e avanços.
Há ter tais momento de síntese e amparo, a vida como flor se estiola. E o dor impera revelando a fragilidade do ser como cristal ou castelo de areia diante das ondas do mar da vida.
O mais importante é buscar caminhos de sentido para tantos que vêm sofrendo com o mal do século XXI, cujo domínio e aflição nos atingir como humanidade e como seres históricos. Sim, seres cuja história depende de como nos relacionamos e nos sentimos como sujeitos de nossa vida e a saúde mental e emocional para vivermos juntos, com sentido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS
A PREVENÇÃO DO SUICÍDIO. <https://edoc.ufam.edu.br/bitstream/123456789/2178/1/Cartilha%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o%20ao%20Suic%C3%ADdio.pdf>. Acesso em: 05/09/2022.
GUIA INTERSETORIAL DE 2019 PREVENÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA. EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. O SUICÍDIO É UM FENÔMENO COMPLEXO E MULTIFATORIAL 2019, 36 p., disponível em: <https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20190837/26173730-guia-intersetorial-de-prevencao-do-comportamento-suicida-em-criancas-e-adolescentes-2019.pdf>. Acesso em 05/09/2022.
Hospitais e escolas participam de campanha de prevenção. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/setembro-amarelo>. Acesso em 05/09/2022.
O Pequeno Príncipe. Livro e filme. Disponível em: <https://www.amazon.com.br/Pequeno-Pr%C3%ADncipe-Vers%C3%A3o-Filme/dp/8522032092>. Acesso em: 05/09/2022.
Verdade e Justiça, filme de 22 de fevereiro de 2019 (Estônia) disponível em:< https://filmow.com/verdade-e-justica-t251485/>. Acesso em: 05/09/2022.