ELASTIC HEART - Capítulo 1
1ª temporada
Capítulo 1 – O primeiro amor
Era para ter sido apenas mais um dia, assim como todos os outros. Rotina pura. Estudos, Curso de Inglês e voltar para casa. Os dias eram sempre iguais. Os mesmos hábitos, a velha zona de conforto, a simples realidade. Naquele dia, porém, Taires Ortiz chegou no colégio Ribeiro Domingues e viu seu mundo ficar de ponta-cabeça.
Podemos até saber como o amor termina, mas será que sabemos quando começa? O jovem de 14 anos soube no exato momento que viu Alessa Delai sentada na grama rodeada de amigos. O amor nascia ali.
- Taires? – Dana, sua irmã mais velha o cutucou no ombro, preocupada com o silêncio do irmão caçula. – Ei, estou falando com você! – O jovem se encostou na janela, observando Alessa apaixonadamente.
- Olhe para ela... – A garota de 18 anos seguiu o olhar dele. – Acho que estou amando.
- Quem? – Perguntou, franzindo o cenho. Na rodinha de amigos, tinha pelo menos 3 garotas. Uma negra de volumosos cabelos cacheados, uma morena de cabelos lisos e uma ruiva de cabelos curtos.
- A de cabelos presos num coque.
- Ela é bonita mesmo. – Balançou a cabeça, concordando. – Agora entra logo, preciso ir para o curso. E cuidado hein?
- Ah, não começa! – Ele desceu do carro, ajeitou a mochila nas costas. – Está parecendo a mamãe!
- Eu sei, mas é que você é meu bebezinho também!
- Tenho quase 15 anos, Dana! – E revirou os olhos, ignorando o riso alto da irmã. – Até mais tarde!
Os irmãos Ortiz tinham personalidades bem opostas, mas uma conexão rara entre irmãos. Se protegiam, se cuidavam e se entendiam. Eram ótimos amigos.
- Boa aula!
Taires passou pelo corredor, rumo a entrada do colégio, mas antes, se viu observando Alessa. O olhar deles se cruzou muito rápido, mas ela não o notou. Não tinha motivos para isso. Por que Alessa ia querer saber quem era aquele garoto magro, de óculos e extremamente desajeitado? Ele não era ninguém para ela. Bom, pelo menos, não por enquanto.
Por semanas, Taires seguiu Alessa pelos corredores, mas sempre a espreita, sem se deixar notar. Ele sabia o horário de todas as aulas dela e também os momentos que ficava sozinha, ouvindo musica ou lendo. O primeiro encontro deles aconteceu no banheiro feminino. Era uma daquelas tarde chuvosas de inverno.
Alessa saiu do banheiro tranquilamente, foi em direção a pia para lavar a mão. Quando tomou caminho até a porta de saída, viu Taires parado, segurando a maçaneta com um meio sorriso.
- Ei, novato! O que está fazendo? – Exclamou, ríspida. – Sabe que aqui é um banheiro feminino, não é?
- Sei. – Respondeu, a olhando de forma apaixonada. De perto, ela era ainda mais bonita. Traços delicados, mas imponentes e totalmente sensuais. - Meu Deus, como você é linda.
Alessa franziu o cenho, confusa. Seria algum tipo de pegadinha? – Se perguntou, dando dois passos para trás.
- Olha, menino, acho melhor você me deixar passar.
- Você sabe, não é?
- Sei? Sei que você é bizarro e me olha de uma forma esquisita? Se for isso, eu sei sim.
- Vou me casar com você e teremos uma filha.
A garota demorou 2 minutos para processar aquela declaração. Sua risada foi tão alta e melodiosa que Taires sorriu e então teve a certeza que ela era realmente a mulher de sua vida.
- Essa foi... – Ela colocou a mão na barriga, ainda rindo bastante. – Foi boa. Boa não, foi ótima!
- Meu nome é Taires! – Se apresentou, esticando a mão na direção dela. – Taires Ortiz!
- Ok, Tassio. Agora sério, preciso ir embora.
- É Taires.
- Tanto faz.
Alessa tentou empurrá-lo, mas ele segurou a mão dela no ar e entrelaçou os dedos deles aos dela.
- Qual é a droga do seu problema?
- Estou apaixonado por você.
Agressiva, Alessa se soltou dele.
- Primeiro: EU NAMORO! Segundo: Você é esquisito! e terceiro: VOCÊ NEM ME CONHECE!
Taires deu um sorriso de lado, totalmente confiante e seguro no que sentia. Ela voltaria para ele. Era dele. Se pertenciam. Aquele era o primeiro de vários encontros entre os dois jovens que estavam destinados um ao outro.
(...)
Costumeiramente, Taires gostava de ir à biblioteca depois de suas aulas. Era tempo suficiente para que Dana sua irmã chegasse para busca-lo, como fazia em todas as sextas.
“- EU FALEI PARA VOCÊ GUARDAR O NEGÓCIO, ALESSA! QUAL É O SEU PROBLEMA?”
“- Ale, me desculpa, eu...”
Ao reconhecer a voz de Alessa, o jovem sorriu e se escondeu trás de uma estante de livros de matemática.
“- NÃO TEM DESCULPA! VOCÊ VAI ME DAR A MERDA DO DINHEIRO PRA REPOR?”
“- Posso ver na minha casa. Não fica nervoso comigo, por favor.”
“Ótimo! Eu vou embora, você conseguiu estragar o meu dia.”
Taires esperou Alexandre sair e foi em direção a Alessa. Ela mordeu o lábio, nervosa e deslizou pelo chão, até cair por completo e esconder o rosto entre as mãos.
- Ele é um idiota. – Alessa nem precisou olhar para saber que era Taires. – Sério!
- Vai embora, garoto! – Exclamou, com o rosto marejado.
- Não. – Respondeu, se acomodando ao lado dela. – O que aconteceu?
- Nada.
- Seu namorado gritou com você daquele jeito e você me diz que não foi nada?
- Ele só estava nervoso e tem razão.
- Ele é um imbecil. – Alessa limpou as lágrimas do rosto e balançou a cabeça negativamente. – Como você não percebe isso?
- Você deveria ir embora, sabia? Se ele voltar e te ver aqui prefiro nem imaginar o que vai fazer contigo.
- Não tenho medo dele.
- Deveria. – Ela olhou de Taires de lado. – Sério, qual é o seu problema?
- Acho que sou eu que devo te fazer essa pergunta, não? Você é maravilhosa demais para perder tempo com um animal daqueles!
Alessa deu um sorrisinho de lado, achando graça da ousadia de Taires. Sabia que ele tinha razão, todos tinham. Alexandre era mesmo um imbecil, idiota e muito agressivo. Ela o amava, mas também o temia. O medo a aprisionava naquele relacionamento.
- Posso fazer uma coisa? – Perguntou Taires, suavemente.
- O que?
O primeiro contato deles foi confuso. Houve um entrelaçar de dedos bem leve, um tanto carinhoso, quase protetor. Alessa franziu o cenho, assustada. Taires a olhou de lado e sorriu, suavemente. Como imaginava, o toque deles tinha uma conexão poderosa.
- Está sentindo?
- Estou sentindo nada. – Mentiu, tentando se afastar dele, mas sem forças. – O que você quer de mim?
- Não seja mentirosa. Dá para ver nos seus olhos como você sentiu sim.
Alessa tomou impulso para levantar, mas Taires a puxou pelo cotovelo e a forçou a olhá-lo nos olhos. Os olhos dela eram de um castanho escuro que exalavam uma força, mas também havia mistério e uma súplica. A mão dele passou pelo rosto dela de forma tão leve, tão firme. Alessa respirou fundo e fechou os olhos. Teve que admitir a si mesma o quanto era fácil estar ao lado de Taires.
- Você não está sozinha, Alessa.
- Estou sim.
- Não, não está. – O castanho dos olhos dela mergulhou no azul meio acinzentado dos olhos dele. – Eu estou com você.
- Você é maluco. – Ela murmurou bem baixinho, com medo de acabar com aquele estranho momento. O dedo polegar dele passou pelo lábio dela e Alessa impulsivamente o puxou ao seu encontro. A respiração dos dois tornou-se ofegante, quase dolorosa. “O que está acontecendo comigo?” – A garota se perguntou, diminuindo ainda mais a distância entre eles. Prestes a descobrir a resposta, seu celular tocou, fazendo com que acordasse daquela estranha loucura. Era Penélope. – Oi, Pê! Não, eu ainda estou na colégio...
Taires afastou uma mecha do cabelo enrolado e deixou um beijo em sua orelha. Alessa fechou os olhos, lutando contra o desejo de se entregar. Já tinha visto em alguns filmes como aquilo acontecia, mas nada se comparava a viver aquilo.
- É... Ele está irritado, mas depois e-eu... – A mão de Taires passou pela cintura dela, a apertando de leve. – Sim. Eu sei, amiga... – Era a primeira garota que ele tocava daquela forma. Torcia para que fosse a única. Alessa levantou, num sobressalto. – Tchau, Pê! – E encerrou a ligação, guardando o celular na mochila, com pressa.
- Alessa.
- Eu vou te falar pela última vez. – O tom de voz agora era áspero. – Você é patético, medonho e simplesmente pequeno demais para mim. Não sei que tipo de loucura você colocou na sua cabeça, mas não vai rolar. NUNCA rolará!
E saiu, batendo pé. Taires a acompanhou com o olhar, pensativo. Seja lá o que tivesse acontecido, ele sabia que aquilo nada mais era do que uma autodefesa. Não desistiria de ter Alessa.