LEO - DOR DE CABEÇA - CAPÍTULO 7
CAPÍTULO VII – DOR DE CABEÇA
No pátio, junto à cantina, Cristina sentou-se num dos bancos e começou a chorar. Um inspetor de alunos aproximou-se dela e quis saber o que havia.
- De onde você veio, Cris? Não estava na aula? Está tudo bem?
- Está... Pelo amor de Deus, não conta pro diretor Maurício que eu cabulei. Eu precisei sair...
- Tudo bem, mas você está chorando. O que aconteceu?
- Não dá pra explicar. Me deixa ficar na biblioteca até acabar a aula, por favor. É a primeira vez que eu faço isso. Quebra essa pra mim, Celso.
- Certo, mas me deixa ficar com você lá, ok? Você não me parece bem.
- Não precisa...
- Eu não posso deixar você sozinha lá. Desculpa, mas eu sou responsável pelos alunos que ficam fora da sala...
- Tudo bem...
Celso levou a garota para a biblioteca que felizmente estava vazia e a fez sentar-se numa das mesas. Cristina apoiou o rosto nas mãos e foi-se acalmando lentamente. O ambiente silencioso e tranquilo ajudava. Lembrou-se das cartas que estavam dentro de sua mochila e pensou em tirá-las de lá, mas não queria fazer isso na frente de Celso, que olhava para ela preocupado.
- Você está melhor. Está mais calma? - ele perguntou.
- Estou, obrigada.
- Eu sei que sou só um inspetor de alunos, mas acho que já conheço você o suficiente pra merecer sua confiança. Não quer me dizer o que houve?
Ela olhou para ele e sorriu, enxugando o rosto.
- É uma coisa tão boba, Celso. E ao mesmo tempo tão complicada...
- Brigou com o namorado novamente.
- Não, o Ted já era.
- Então o que foi?
- Acho que... eu estou apaixonada por um cara... que é apaixonado pela minha mãe!
Dizendo isso, ela começou a chorar de novo e Celso foi sentar-se ao lado dela, aflito.
- Ah, Cris, se você continuar assim, eu vou ter justamente que chamar sua mãe, na escola.
- Não! Minha mãe, não! Por favor. Eu paro de chorar, mas não chama minha mãe!
- Mas você está aí toda agoniada, desesperada... Quem é esse cara? Ele mora na cidade?
- O pior é que... nem eu sei. Acho melhor eu ir pra casa... ela disse, levantando-se.
- Eu te levo.
- Não!
- Eu te levo, sim, senhora! Não digo nada do que aconteceu aqui, desde que você não chegue em casa chorando assim. Invento que você ficou com dor de cabeça e a gente contorna, ok?
- Você é um anjo!
- Mas me garante que não é nada mais do que uma paixonite mesmo.
- Garanto.
- Tudo bem. Então vamos lá.
Dito e feito. Celso levou Cristina para casa e explicou a Gilda que a filha tinha tido uma dor de cabeça muito forte por conta do sol que tinha tomado na quadra e a deixou lá. Gilda percebeu o rosto inchado da filha e depois que Celso foi embora, ela perguntou:
- Você chorou muito. Dói tanto assim?
- Dói, mas acho que um comprimido só já resolve.
- Tudo bem. Vá pro quarto, deite-se e eu vou levar pra você, ok?
Cristina foi correndo para o quarto e teve o cuidado de tirar as cartas da mochila e guardá-las debaixo do colchão para que a mãe não as visse, quando viesse ao quarto para arrumar alguma bagunça sua. Gilda lhe deu o remédio e perguntou, passando a mão por sua cabeça com carinho:
- Cris, essa dor de cabeça tem alguma coisa a ver com o rapaz que você viu no casarão?
- Não... Como o Celso falou, eu tomei muito sol na quadra da escola. Não se preocupe, mãe. Eu vou ficar bem logo.
Gilda ficou olhando para ela por algum tempo e, finalmente, beijou-a na testa, saindo do quarto.
Mal a mãe saiu, Cristina levantou-se e pegou as cartas debaixo do colchão. Cruzou as pernas feito índio sobre a cama e começou a ler as cartas uma a uma.
Continua...
LEO – CAPÍTULO 7
“DOR DE CABEÇA”