TE QUERO PORQUE TE AMO (2ª parte)

Nossa, eu jamais poderia calcular de que tudo não se passou de um sonho, afinal, parecia tanto surreal, jurava do fundo da minh’alma ao meu psíquico de que aquilo era a prosperidade da minha felicidade!

Élder estaria deitado na cama como um anjo aprofundado ao sono, enquanto lá do outro cômodo da casa, zumbia aos meus ouvidos os choros de uma das minhas melhores riquezas desta vida, Douglas, sob um tom tão gostosinho que roubava a minha atenção materna desvinculando o meu olhar ao homem cujo tanto eu amava, tendo minhas atenções somente para Douglas.

Devido àquela vozita tão angelical dos seus quatro anos, levantei-me da cama, algo que Élder percebeu, dando uma simultânea pestanejada nos olhos caindo novamente ao sonho. Levantei e como uma mãe qualquer, socorrendo Douglas daquele choro. Voltava poucos passos para eu lhe socorrer... Putz, que merda! Justo naquele momento em que eu logo teria nos meus braços a minha maior herança, a vida me decepcionou, fazendo-me cair na real. Era um sonho! Sonho maldito, capaz de me lançar psicologicamente ao chão despertando-me impiedosamente para o mundo real. Poxa, além da minha maior herança, da qual era o meu filho, nem mesmo o homem a qual eu mais amava na vida, não estaria ali pra me auxiliar a um ombro amigo devido ao fardo amargo da vida.

Tudo, tudo não passou de um sonho, melhor um desejo de que nunca deveria vir parar no mundo real, afinal, eu precisaria viver melhor daquele momento, nem que fosse por mais um segundo da realidade, já que eu lhes amava e como...

Mas afinal, quem era eu? Coitada de mim! Douglas há anos eu já não lhe via mais, fora de Élder, que só Deus sabe de qual lugar ele haveria de estar agora. Enfim, a vida... A vida, eu tinha que levar à diante, por bem ou por mal, mas eu tinha que levá-la! Putz, isso, seria muito difícil para mim, mas fazer o quê? Naquele auge da vida, eu já não tinha mais ninguém, a não ser Dr Liberato, um ser que me demonstrado mais um monstro do que um homem, isto, porque para ele, deveria eu dar graças a Deus por tê-lo na minha vida. Segundo ele, era ele a minha salvação devido ao que estaria passando.

Bem, como na verdade eu já estaria mais sozinha no mundo como outra qualquer, preferi se unir ao pouco amparo que a vida tinha me dado, fazendo-se de conta de que estaria feliz. Apenas brincando, pois na verdade, se ousasse a enfrentá-la, a ferida que já havia-o me causado poderia ser pior!

Dos poucos segundos que havia me despertado, logo fim a perceber de que a minha última moradia estaria com os dias contatos, disso, se eu não se aliasse a ele. Minha situação poderia ser tão pior da qual poderia ter a prisão como a possível moradia pelos próximos longos anos.

Bem, já o meu filho, a possibilidade de ele vir ou não a dar-me o privilégio de morarmos juntos, estava nas mãos da justiça e de Liberato, o monstro da minha vida, porém um doutor muito respeitado pela cidade. Fazer o que? Seria beijando o diabo que eu haveria de alcançar a dignidade, da qual pouca me restava. Lá estava eu, mesma de pele branca, vivendo como uma escrava nas mãos de um ricaço em pleno século vinte um.

Empossada na pele de uma atriz, brincando de ser feliz com o desgraçado, fazia de conta de ele ter a razão em toda a asneira falada. E era obedecendo-lhe que eu demonstrava isto. Nunca o retrucando, apenas fazendo ao que podia, mas sempre na brincadeira de ser feliz. Porém, ao momento em que eu pudesse colocar algumas coisas em prática para me fazer um pouco feliz; eu fazia e com gosto. Usava, abusava um pouco do amor que o bastardo tinha por mim, fazendo com que ele desempenhasse o máximo ao meu processo judicial, trazendo Douglas para mim. Lógico que eu gostaria de trazer Élder também, mas o último era impossível, pois o desgraçado Liberato por amor doentio a minha pessoa, havia-o assassinado numa bruta covardia, arrumando um esquema cujo se um dia a polícia viesse a levar o caso adiante, seria eu a grande isca do assassinato do homem a qual eu mais havia amado. Isso não é real, pois eu o amava e tanto, que até nos dias de hoje, eu choro, sinto, sofro por sua ausência, brigando com Deus para que use do seu milagre trazendo-o de volta. Na verdade, só queria Élder e Douglas e nada mais!

A única vantagem que até hoje eu vejo em Liberato, é que com ele, eu não pago um tostão do meu bolso devido a perseverança conquisto da parte dele! Nossa, os dias que Liberato chegava a mim, trazendo boas notícias do fórum, justamente neste dia, eu conseguia um pouco melhor fazer de conta que eu era feliz. E as notícias cujas eu tinha era que, de uma maneira ou outra, ele estaria revertendo à justiça do meu lado, prometendo que a porcentagem de pelo menos ter Douglas do meu lado era grande. Nossa, aquilo não era novidade, era anestesia à maligna dor que há anos a vida me causara! Pouco me importava se o réu do meu processo estaria sendo injustiçado com a minha situação, afinal, o importante para mim, era ter Douglas do meu lado.

Por ocasião, sem a menor importância, mas por intrometimento de uma vizinha fofoqueira, eu às vezes ficava sabendo um pouco de como os meus réus do processo estaria se saindo dos meus contra-ataques. Ela, a vizinha fofoqueira, nem sabia explicitamente que era eu, uma das partes do réu, e também nunca lhe contei, pois sempre a achei fofoqueira, e por incrível que pareça, suas fofocas eram fundamentais ao meu sucesso.

O dia do julgamento chegou, agora, eu não sei se foi tanto ficar ouvindo as azucrinações de Dr Liberato que esta causa eu já havia ganhado, que já fui para o fórum diante a uma tranquilidade da qual nem aparentava eu participar do julgamento, mas somente para buscar Douglas. Fazendo dele algo que o destino já teria nos feito e há tempos... Nos seus primeiros segundos de vida, aconchegando-me aos braços, espionado por aquela carinha angelical sob o meu olhar de leoa, não uma leoa perversa, mas protetora da cria, incorporada ao mesmo tempo de uma galinha ou qualquer outro gênero maternal.

Há poucas horas a audiência começou, momentos da qual a minha tranquilidade começou a desfalecer, ao mesmo instante em que a fatigação predominou-me à mente, coração, alma, veia e tudo o que estivesse em mim. De repente, o que era fatigação, começou a se transformar em nojo, em nojo por desperdiçar a coisa que ainda me obrigava a viver ao lado de Dr Liberato. Eu o odiava e tanto, e uma das únicas coisas que fazia-me acreditar que ainda havia um pouco de carisma por ele, era o respeito de ele ser um dos mais requisitados advogados da cidade.

Enfim, a cada minuto que o nosso julgamento ganhasse vida, era um segundo a mais de desfecho à derrota da minha glamúria aos longos anos pelo que eu esperava.

“Meus inimigos da justiça” já demonstravam vitórias garantidas em algo que deveria ser meu. Somente meu. Eu não queria acreditar naquilo. E procurava o máximo acreditar do que tudo o que eu estivesse ouvindo por tão poucos segundos, nada seria real, tudo não passava de um susto da vida, pois a vitória era minha. Aguentar o que eu aguentei para receber o que eu estaria recebendo, nem mesmo os meus inimigos mereciam.

Maldito Liberato, de doutor ele não tinha nada, mais uma vez a vida me surpreendeu, a única coisa me restada poderia eu, a partir daquele instante desfazer.

O juiz bateu o martelo, melhor, gravou uma imensa pedra de concreto sobre uma cova me enterrando covardemente viva. Perdi de vez a guarda do meu filho. Um filho, cujo pelo que eu vi nem mãe ele me considerava, “a minha adversária da justiça” aparentava ter razão, eu era apenas considerada sua babá. Afinal, nem mãe ele me considerava. Estaria sozinha novamente naquela barca!

Sem chão, mas querendo repudiar o consolo nojento de Liberato, indefesa aos seus ombros fui para a casa, derrotada novamente pelo destino, inconformada por tudo do que já havia e ainda haveria de passar.

Sob o silêncio eu aceitei, mas só de boca pra fora, por dentro, xinguei Deus e o mundo, criando “a oficina do diabo” na minha memória. Na primeira semana após a tragédia, elaborei a morte de Liberato e sobre esse mesmo plano, arrumei um jeito de organizar as heranças herdadas.

Demorou mais um dois meses pra colocar tudo em ordem. Há um mês, pelo menos algo de bom aconteceu comigo, fiquei viúva, mas sem que justiça ou medicina soubessem, duma morte que me trouxe benefício. Trouxe-me um pouco de paz, pois era a única herdeira dos seus bens. Para dizer a verdade, além da sua ausência que não me deixou saudade, a mesma, agora sim, me trouxe sorte, pois tornei-me dona de uma bruta herança, por onde, a longa distância daquela cidade, eu vim a abrir um casa de espetáculo.

Não me prostituo, só comando uma casa de belas mulheres, cujas minhas heranças se multiplicam e muito bem. Uma multiplicação a qual já implantei no meu coração a uma maneira de um dia, retornar e se aproximar do meu filho. Quem saiba, nesse dia, como o visual de uma “Bela Senhora” ele me aceite? Afinal, é só ele que me resta. Enquanto a isso não se concretize, não brinco mais de ser feliz, mas luto com as poucas garras restada, dando o melhor de mim, para que quando este dia chegar, algo de bom entre nós aconteça.