Capítulo 28 – Coração cantando baixo

 
- Ah, Lexi!! Que boa notícia, meu Deus! – Lana sorriu para a câmera, onde fazia videochamada com Alexia. – Como é que você achou que eu não ia gostar de saber disso?

“Ah, amiga, tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Bruno me convidou do nada, confesso que tenho medo de dar tudo errado.”

- Vai ser uma experiência e tanto, amiga. E sua mãe, o que achou?

“Conversamos hoje cedo. Ainda estou pedindo transferência para São Paulo. Ela apoiou a minha escolha e disse que pretende ir em breve para aí.”

- Vai ser incrível ter você morando aqui, Lexi. Adorarei ajudar com o bebê. Bom... Se o Bruno não se importar.

“Ele vai ter que aceitar. Você é a minha melhor amiga e naturalmente será a madrinha do meu filho.”

- AH!!!! – Lana soltou um gritinho de felicidade. – ADOREI!

“É, e o padrinho será o Ander. Espero que a memória dele volte a tempo do bebê nascer. Falando no insuportável, cadê ele?”

- Não o vejo faz 2 dias, mas sei que está com a Gabriela. – Lana soltou um longo suspiro. – Lexi, ela ligou para ele na maior cara de pau depois de largá-lo aqui na portaria bêbado. Eu atendi a ligação.

“O Ander sabe que não pode beber. Meu Deus, 
porque ele é assim? Ou melhor, está assim?” – Lana deu de ombros, sem saber o que falar. “E o que aquela cobra falou?”

- Jogou na minha cara que Ander prefere estar com ela do que comigo e que eu causo arrepios nele.

“Que tipo de arrepio?”

- De medo ou coisa parecida.

“Ela está tentando te atingir, Lana. Não liga para ela.”

- Acho que ela conseguiu.

“Vou ligar para ele mais tarde. Amiga, não fica assim não... Ignore o Ander.”

- Vou tentar, mas logo ele chega infernizando minha vida. Acredita que dia desses ele zombou da minha comida?

“Acredito.” – Alexia riu. “E como acredito.”

- Amiga, vou desligar. Conversamos mais tarde.

“Tá bom, beijo!”

- Beijo!
 
Ander chegou em casa no início da noite. Encontrou Lana deitada com Dinorá no sofá, assistindo TV.

- Oi. – Cumprimentou, sentando-se na poltrona ao lado.

- Oi, Ander. – Dinorá miou para Ander, antes de deixar o colo de Lana e ir para o dele. – Tudo bem?

Sem muita escolha, ele acariciou o pescoço da gata e recebeu um amoroso ronrono em resposta.

- É, tudo bem. Alexia me ligou, disse que vai se mudar para São Paulo.

- Sim, fiquei tão feliz.  

- É, vai ser ótimo ter vocês duas fiscalizando a minha vida. – Lana ignorou a provocação. – Ela vai morar com alguém? Perguntei e ela mudou de assunto.

- Hã... Com o pai do bebê.

- Mas Alexia não namora. – Lana sentiu o coração disparar. – Bom, não me lembro dela estar namorando. – Ele notou o silêncio de Lana. – O bebê é de proveta? Não, não pode ser. Ela nunca quis ser mãe.

Lana foi salva por um gracejo felino de Dinorá. A gata encostou a cabeça no pescoço dele, chamando sua atenção. Ela aproveitou para ir até a cozinha beber um copo de água. Quando voltou, encontrou Ander parado na porta segurando Dinorá no colo.

- Você está fugindo de mim?

- Não.

- Parece que está. Pode me dizer quem é o namorado da minha prima? É namorado dela, não?

- É um cara que ela conheceu em uma festa. – A resposta saiu tão rápida que Ander franziu o cenho. Notou que quando Lana ficava nervosa não conseguia olhá-lo nos olhos. – Ele vai ajuda-la com um apartamento aqui em São Paulo.

- Entendi... – Ele deixou Dinorá no chão e se aproximou de Lana. – Posso te perguntar uma coisa?

- Claro. – Deu dois passos para trás, sendo pressionada contra a pia da cozinha.

- Por que você está tão nervosa?

- Não estou... – Ander passou a mão pela cintura dela. – Só deu sede... Está calor. – Ele a observou morder o lábio, trêmula e evitando o contato olho a olho. Passou o polegar pela mandíbula dela, chegando até os lábios.

- Muito calor... – Ander ameaçou beijá-la, mas parou e sussurrou em seu ouvido. – Você sabe que não está me contando a história toda. – As unhas dele arranharam sua cintura. – Vou tomar banho.

Lana teve vontade de socá-lo por seu jogo barato de sedução, mas lembrou-se que ela mesma já fizera isso com ele várias vezes. Talvez estivesse sendo punida por seus próprios atos do passado. Ao menos era isso que resolvera acreditar.

 
Quando Ander saiu do chuveiro, seguiu para o quarto com a toalha amarrada cintura e encontrou Lana guardando toalhas no guarda-roupas.

- Amanhã você tem consulta com o Dr. Lucas. – Lembrou ela, de costas para ele.

- Você vai comigo? – Ao se virar, deparou-se com Ander nu. O susto a fez cair de costas. – Cuidado, garota! – Ela se levantou, sem jeito, fazendo-o rir. – Ah, qual é! Minha tia disse que nós temos ou tínhamos um “romance”. – Fez as aspas com os dedos. – Você já deve ter me visto sem roupa um monte de vezes. – Ele colocou uma cueca boxer preta.

- Eu vou com você. – Desconversou, voltando sua atenção as roupas e toalhas. - Prometi para a sua tia.

- Tá bom.

- Ótimo. – Lana tentou sair do quarto, mas Ander parou na frente dela. – Deixa eu passar.

- Nós tínhamos um romance ou temos?

- E do que isso importa? Você não lembra de mim.

- Responde a minha pergunta.

- Quando você perdeu a memória nós estávamos reatando. – Respondeu, engolindo seco. – E por um momento, achei que enfim, viveríamos bem, mas... Cá estamos nós. – Lana não conseguiu evitar o pesar em sua voz.

- Por que estávamos reatando?

- Ander, seu médico pediu para pegar leve com você. Não é bom para a sua saúde um monte de informação de uma vez só.

- Você não quer me falar, não é? – Ela o empurrou, para fugir da conversa.

- Não demora, estou te esperando na sala.
 
A consulta com o médico durou em torno de 1 hora. No geral, Ander tinha se recuperado das feridas causadas pelo acidente, mas a memória continuava do mesmo jeito. Ele confidenciou a Lucas o quanto era difícil conviver com Lana e não lembrar, principalmente por causa da atração que começava a nutrir por ela ao mesmo tempo que mantinha seu envolvimento com Gabriela. No final da consulta, o médico pediu para conversar com Lana a sós e deu algumas orientações de como lidar com Ander nesse momento.

- Até que ele está melhor. Na primeira semana mal falava comigo e não gostava da gata, mas agora estamos conversando mais e também discutindo mais.

O médico não soube o motivo de não contar a acompanhante de Ander sobre a conversa completa.

- Isso é bom. E reparei que você está melhor. Da última vez que a vi tinha uma grande tristeza no olhar.

- É... Eu me sinto um pouco melhor.

- Eu estou aqui e também posso ajudá-la, Lana. – Impulsivamente, Lucas segurou a mão dela com afeto. Neste momento, um impaciente Ander surgiu na sala. Lana se afastou, visivelmente desconcertada.

- Obrigada, doutor!

Ander seguiu Lana em silêncio. Só se falaram quando entraram no carro dela.

- O que foi aquilo? – Perguntou Ander, com a voz banhada de presunção. – O meu médico é afim de você?

- Ele foi gentil comigo, coisa que não pertence ao seu novo vocabulário.

- Eu vi a gentileza no modo que ele segurou a sua mão.

- E se ele estiver dando em cima de mim, qual é o problema?

- Todos.

- Todos? – Repetiu, sem entender. – Seja mais claro, por favor.

- Ele é meu médico, você é minha ex e eu estou sem memória. Fui claro?

Lana revirou os olhos e continuou sua atenção no trânsito. Ander a olhou de lado, ainda pensando no incômodo que a cena causara nele.

- Mas sério, você vai sair com ele?

- Meu Deus do céu, Ander!

- É só uma pergunta.

- E se eu sair?

- Como você pode pensar em sair com ele sendo visivelmente apaixonada por mim? – A pergunta fez Lana segurar o volante com mais força. Ela resolveu ignorá-lo, mas Ander colocou a mão em sua coxa, alisando-a suavemente e subindo dois dedos da saia. Os dedos arranharam sua coxa, até tocarem o meio de suas pernas. – Se concentra no trânsito... Lana.

Ao ouvir Ander falar seu nome corretamente, ela o olhou, embasbacada. Ele tirou a mão do meio de sua perna com um sorriso travesso.

- Você é tão detestável.

- Ah, que isso. Estou só brincando com você.

Quando chegaram no apartamento, Ander se deitou no sofá e Lana foi para o quarto guardar o resultado dos exames dele. Seguiu para a cozinha, para preparar o almoço. Alguns minutos depois, uma voz surgiu atrás dela.

- Lana. – Ela deu um pulo, assustada. – Desculpa.

- O que é?

- O que vai fazer?

- Algo para comermos. – Ander balançou a cabeça, pensativo. – Por que a pergunta?

- Gabriela me chamou para almoçar lá.

- Ah. – Lana ficou de costas para ele novamente. – Entendi. Afinal, qual é o lance de vocês?

- Não sei. – Ander ficou ao lado dela. – Ela me disse que nós tínhamos um rolo, mas foi interrompido por você.

- Por mim? – Lana sorriu, com deboche. – Ah, claro.

- É. Ela disse que você se pôs entre nós.

Lana abriu a gaveta da cozinha e tirou alguns utensílios para começar o almoço. Queria bater a cabeça de Ander na parede até fazê-lo lembrar de tudo, mas se limitou a cortar alguns legumes.

- Você lembrou dela?

- Para ser sincero, não.

- E como tem certeza que tudo isso é verdade?

- Não tenho certeza. – E suspirou. – Nunca disse ter. Só que com ela é diferente, Lana.

- Diferente como?

- Eu não me sinto cobrado a lembrar de tudo. Com você há toda uma atmosfera que pesa muito para mim. E isso me... – Lana o olhou de soslaio. – Bem, isso me incomoda.

Na verdade, aquilo o machucava, mas não se sentia pronto a admitir em voz alta.

- Lamento que se sinta assim. Não imaginei que poderia incomodá-lo desta forma.

- É. – E afirmou com a cabeça. Dessa vez, foi ele que fugiu do contato visual com Lana. – Incomoda. Bom, eu vou para a casa da Gabriela e mais tarde volto. Sem preocupações, ok?

- Tá, idiota!
 
Ander voltou para casa no início da madrugada. Ao entrar na sala, encontrou Lana dormindo com Dinorá no sofá. Os longos cabelos cor de chocolate se espalhavam na imensa almofada azul, dando beleza a quem assistia a cena. O rapaz respirou pesado, lembrando que tivera a escolha de dormir no apartamento de Gabriela, mas preferiu voltar para a casa de Lana. Não sabia o motivo de estar sentindo falta dela, mas fora um sentimento mais forte do que ele. Não conseguiu resistir.

Tirou Lana cuidadosamente do sofá, sem acordar Dinorá e a levou para o quarto. Deitou Lana na cama e a cobriu com suas cobertas. Fazia uma noite fria em São Paulo.

- Ander...  

- Oi, Lana.

- Dorme aqui, por favor?

Ander sentiu como se já tivesse vivido aquela cena, mas como toda vez que acontecia, a lembrança era desconexa. Um emaranhado de imagens com personagens sem rostos.

- Hã... Vou tomar banho. Já deito aqui.

- Tá bom...

Ander tomou banho rapidamente, mas diferente do que dissera a Lana, não fora para o seu quarto, optando por dormir na sala, acompanhado de Dinorá. Não era seguro para ele se deitar tão perto de alguém que começava a tirar seu sono. Pela manhã, acordou com o cheiro de café vindo da cozinha.

- Bom dia! – Ela se sentou na poltrona ao lado, segurando uma caneca vermelha. Dinorá já tinha saído para seu passeio matinal.

- Ei, bom dia.

- Dormiu bem aí? – A pergunta veio carregada de provocação, o que fez Ander sorrir.

- A coluna virou um C, mas sigo firme. E você?

- Dormi bem sim. Você comeu algo ontem?

- Não. Eu tinha jantado na Gabriela. – Lana balançou a cabeça, assentindo. Não sabia se acostumaria com o nome de Gabriela virando algo normal em sua rotina com o novo Ander. – Espero que não tenha se importado de eu te tirar do sofá. – De repente, Ander lembrou de uma conversa que teve com Gabriela. – Lana, preciso te falar uma coisa.

- O que é?

- A Gabriela me chamou para morar com ela.

- Chamou? – Ander se sentou no sofá para estudar as reações de Lana. Ela bebeu um gole do café de sua caneca, em silêncio.

- Sim. - Respondeu. – Eu perguntei se podia levar a Dinorá comigo, daí ela disse que não gosta muito de gato, mas por mim, faria o sacrifício.

Lana começou a rir, mas era uma risada seca e até um tanto amedrontadora.

- Deixa eu ver se entendi bem. Você quer levar a Dinorá para morar com sua... Sua... – Ela bateu a caneca na mesa de centro, com raiva. ‑ Com aquela vagabunda mentirosa, mesmo sabendo que nem de gato ela gosta? Você acha que a vida é o que? Uma novela?

- A gata é MINHA! E você não pode falar assim da Gabriela! – Lana e Ander ficaram de pé ao mesmo tempo. Qualquer clima de reaproximação se encerrava naquele momento.

- Sua? Você mal lembra dela! A gata é NOSSA e eu falo da sua amada Gabriela da forma que eu quiser!

- Ah, é?

- É! – Descontrolada, o empurrou contra o sofá e o dominou ali mesmo. – Olha aqui... Você ouse tirar aquela gata daqui para ver o que acontece, Ander!

Ander não conseguiu responde-la, pois as curvas de Lana devidamente encaixadas sob ele o impediram de ter uma reação à altura.

- Não vou tirar a Dinorá daqui. – Murmurou, segurando-a pela cintura.

- Acho bom! Se você quiser ir, vá! Não posso obriga-lo a nada, mas a gata não sairá daqui! – Lana tentou se afastar, mas fora impedida. As mãos dele passaram a acariciar o corpo feminino, sentindo a suavidade e a maciez o provocarem intimamente. Ela fechou os olhos, lutando contra a vontade de se entregar. – O que você está fazendo, idiota? - Num gesto rápido, Ander se ajeitou no sofá. Agora sentado com Lana no colo, notou o nervosismo nos olhos verdes. – Ander?

Primeiro beijou o pescoço de Lana, fazendo-a reagir ao seu toque. A mão invadiu sua blusa, tocando os seios macios com firmeza e curiosidade. A outra mão adentrou seu short, brincando com o cós de sua calcinha. Lana correspondeu aos beijos no pescoço, tomando caminho até os lábios dele. Neste momento, a campainha do apartamento tocou, chamando a atenção dos dois.

- Quem é? – Perguntou Lana.

- Gabriela. O Ander está aí?

- Ah, mas eu não posso acreditar! 

Ander se perguntou mentalmente como fora possível Lana pular tão rápido de seu colo rumo a porta. Ele precisou de muita força para segurar a pequena Lana que queria a todo custo agredir Gabriela.

- QUEM DEIXOU VOCÊ SUBIR?

- Nossa, hoje o pinscher está raivoso. – Provocou Gabriela, com um meio sorriso. Ander tinha dificuldades para segurá-la pela cintura. – Amor, vim te buscar para irmos ao shopping.

- EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ!

O desdém na voz e na expressão de Gabriela fizeram Lana sentir dor no estômago de tanto ódio.

- Ander solicitou liberação ao porteiro, querida. – A garota de cabelos cor de chocolate fechou os olhos, tentou lembrar de como era preciso ter paciência e autocontrole numa situação dessas, afinal, era uma mulher madura, mas bastou ouvir a resposta dissimulada que esquecera de absolutamente tudo. Lana surpreendeu Ander com uma cotovelada no peito e avançou contra Gabriela. As duas rolaram pelo chão, entre tapas e socos.

- NÃO, LANA! – Ander tentou puxá-la, mas recebeu uma mordida na mão. – DESGRAÇADA!

Com a gritaria, os vizinhos rapidamente começaram a aparecer na porta para ver o que acontecia. O vizinho do 67 conseguiu puxar Gabriela de Lana.

- VOCÊ ME PAGA, GAROTA! – Gabriela gritou aos prantos, enquanto limpava o sangue que escorria no canto de seu lábio.

Ander agarrou Lana pela cintura, entrou em casa e a jogou na cama dela.

- FICA AI! E ISSO É UMA ORDEM!

30 minutos depois, Ander conseguiu conversar com o porteiro para que toda a confusão não fosse relatada para a administração e também esperou um carro de aplicativo na entrada do prédio. Quando voltou para o apartamento, encontrou Lana no mesmo lugar que a deixara.

- Aquilo foi mesmo necessário?

- Sim, foi. – Respondeu, com a voz totalmente indiferente. – E se você for defender aquela cachorra, é melhor ir embora junto com ela.

- Certo. – Murmurou Ander, com a voz seca. Ele ficou de pé, pronto para sair do quarto quando Lana continuou.

- Você liberou a entrada dela para vir até o meu apartamento como ele fosse seu! Desde que perdeu a memória a sua vida se resume a fazer da minha um inferno! Até parece uma vingança! Primeiro esse desprezo por mim que ninguém sabe explicar de onde vem, depois pela gata, agora esse relacionamento com a Gabriela! O que você faz com ela e do jeito que faz é problema seu, mas na minha casa, o problema é NOSSO! E na minha casa gente como ela NÃO PISA!

- Eu esperava por um motivo para sair deste apartamento e você acabou de me dar. Obrigado.

- DE NADA! VAI LÁ VIVER A FANTASIA QUE VOCÊ CRIOU!

Ander fez uma mala simples, já que a maioria de suas coisas estavam no apartamento dele e saiu sem olhar para trás. Ao ouvir a batida brusca na porta, Lana deitou a cabeça no travesseiro e chorou desconsoladamente. O peito doía e queimava como nunca doera antes. Sentia que a cada dia estava mais distante do amor de sua vida e de modo irreversível.

Questionou-se por um instante se conseguiria suportar uma vida onde Ander nunca mais lembrasse dela. Não tinha resposta.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 14/02/2021
Reeditado em 19/01/2024
Código do texto: T7184456
Classificação de conteúdo: seguro
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